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A Igreja popular (do golpe de 1964 até a redemocratização)

De início, parcela significativa da Igreja mostrou-se simpática ao movimento militar de 1964. Para a maioria do clero, era preciso conter o avanço comunista. Por isso, o então cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Agnello Rossi, estava na primeira fila da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em março de 1964. No entanto, não demoraram a surgir vários conflitos entre a Igreja e o Estado. Desde a vitória da revolução cubana, em 1959, muitos militantes católicos passaram a ver no socialismo uma opção viável para a luta contra a miséria do povo brasileiro. Quando a polícia começou a prender os militantes da Ação Católica e os colaboradores do MEB (Movimento de Educação de Base), por suas eventuais simpatias com o socialismo, a Igreja mobilizou-se em sua defesa. Os conflitos cresceram em intensidade a partir de 1968: numerosos padres foram presos, torturados e expulsos do Brasil; o bispo de Nova Iguaçu, Dom Adriano Hypólito, foi sequestrado e maltratado; houve órgãos da Igreja censura

A presidência de Juscelino Kubitschek (1956-1961)

  Em 3 de outubro de 1955, no final do mandato de Vargas, que era cumprido por seus substitutos, realizaram-se novas eleições presidenciais. Os vencedores – com cerca de 35% dos votos – foram os candidatos da Coligação PTB-PSD, partidos de origem getulista: Juscelino Kubitschek de Oliveira (PSD) elegeu-se presidente, e João Goulart (PTB), vice-presidente. Golpismo da UDN Mais uma vez, a UDN – grande adversária do getulismo – era derrotada. Inconformados, os udenistas lideraram uma tentativa de impedir a posse de Juscelino e Goulart. Alegavam que os candidatos vitoriosos recebiam apoio do comunismo internacional e não tinham obtido a maioria absoluta dos votos (ou seja, 50% e mais um voto). O então presidente da República, Café Filho, mostrou-se favorável a essa tese e uniu-se ao golpistas, bem como a parte das Forças Armadas. No entanto, militares ligados ao ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott – de perfil legalista –, desmontaram a conspiração, forçaram o afastamen

A gestão de Café Filho e a crise sucessória

Durante os quinze meses de seu mandato (de agosto de 1954 a novembro de 1955), o presidente Café Filho enfrentou um castigado pela crise econômica. Além da crise política gerada pelo suicídio de Vargas, a inflação estava em alta e os preços do café no mercado internacional continuavam caindo. Diante da crise econômica que atingia o país, a recessão aumentou e, com isso, as lideranças sindicais apoiadas pelos comunistas se fortaleceram. Os comunistas, mesmo atuando na ilegalidade, organizaram uma gigantesca greve operária em São Paulo, em setembro de 1954. Diante da possibilidade eleitoral da aliança nacionalista PSD-PTB – partidos fundados por Getúlio Vargas –, militares como o tenente-coronel Golbery do Couto e Silva e o general Humberto de Alencar Castelo Branco, além do deputado udenista Carlos Lacerda, procuraram impedir a realização das eleições. No início de 1955, corriam rumores de que as Forças Armadas preparavam um golpe de Estado para impedir a candidatura Kubitschek. Em sete

Populações e Terras Indígenas no Brasil

A história dos indígenas brasileiros é marcada pela luta por suas terras, desde a época em que foram invadidas por europeus, a partir do século XVI. Quanto às populações que habitavam o interior, de penetração penosa e arriscada, as notícias são escassas e imprecisas. A maioria das estimativas aponta, contudo, para a existência de 2.000.000 a 5.000.000 de indígenas à época da chegada dos portugueses às praias brasileiras. Dois séculos após a vinda das primeiras caravelas, esse número não alcançava 2.000.000 de índios. Atualmente, os índios representam 0,2% da população brasileira. Portanto, em cinco séculos desapareceram mais de 800 etnias e milhares de indígenas, vítimas chacinas, das doenças trazidas da escravização e da catequese jesuíta, todos promovidos pelos europeus. Atualmente, há mais de 250 povos indígenas no território brasileiro no território brasileiro, sendo que cerca de 40 deles tem parte da população em países vizinhos. Cada povo tem cultura, tradições e manifestações p

Anos de Chumbo: a luta armada

Logo após o golpe de 1964, jovens universitários de esquerda acusaram a direção do Partido Comunista (PCB) de não resistir ao golpe militar e agir com moderação e cautela. Muitos deles julgavam que o momento era de luta armada contra a ditadura. A luta armada contra o regime militar foi influenciada por outros vários outros movimentos revolucionários na América Latina, no início dos anos 1970. A principal fonte de inspiração para os revolucionários brasileiros era o triunfo da Revolução Cubana. Militantes dos grupos de esquerda acreditavam que era possível derrubar a Ditadura com a Luta Armada. Estavam certos de que os trabalhadores apoiariam e se engajariam em um movimento revolucionário liderado por essas vanguardas. Vários grupos revolucionários que pegaram em armas contra a ditadura militar brasileira formaram-se nesse período, quando o Brasil era governado pelo general Emílio Garrastazu Médici. Destaca-se a ALN e a VPR. - Aliança Libertadora Nacional. O Partido Comunista Brasileir

O MST

Desde meados dos anos 1980, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, tornou-se um dos mais importantes movimentos sociais no Brasil contemporâneo. Herdeiro das lutas camponesas dos anos 1940-1960, ele surgiu da confluência de vários conflitos rurais nos anos 1970, quando “camponeses sem terra” ocuparam terras no noroeste do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, agricultores que estavam sendo desalojados no sudoeste do Paraná para construção da usina de Itaipu formaram o Movimento dos Agricultores Sem Terra do Oeste do Paraná. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja católica, conseguiu articular esses e outros movimentos rurais, contribuindo para a construção do MST, em 1984. O MST inaugurou novas formas de luta e deu início a uma nova identidade social: o “sem-terra”, em que se considera desde aquele que perdeu sua pequena propriedade no Rio Grande do Sul, o desalojado no Paraná, até o desempregado egresso das grandes cidades e o “morador” nos latifúndios do Nordes

As Ligas Camponesas

Em meados da década de 1950, os trabalhadores rurais do Nordeste, ameaçados de expulsão das terras em que trabalhavam como parceiros ou arrendatários, começaram-se a se organizar para garantir o acesso à terra e conquistar melhores condições de trabalho e de vida. Essa mobilização deu origem as Ligas Camponesas, associações que reuniam, principalmente, pequenos proprietários rurais e trabalhadores não assalariados (boias-frias, parceiros, arrendatários, etc.). A primeira e mais famosa das ligas foi fundada em 1954, em Vitória de Santo Antão, no estado de Pernambuco, reunindo cerca de 1200 pessoas. Antes dela, em 1945 já haviam surgido ligas camponesas em algumas regiões do país, mas foram resultado de ações isoladas de militantes do Partido Comunista que não tiveram continuidade. Apesar da forte repressão que sofriam por parte dos fazendeiros e da polícia, a partir de1958 as Ligas Camponesas se espalharam pelo Nordeste e, posteriormente, chegaram a Minas Gerais e ao interior do Rio de