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Mostrando postagens de dezembro 23, 2022

Conferência de Bandung - Os países não alinhados

Enquanto os EUA e a URSS disputavam áreas de influência, as potências imperialistas europeias, desgastadas pela guerra, não conseguiram impedir o processo de independência de suas colônias na Ásia e na África. Muitos dos governantes dessas novas nações independentes não pretendiam se "alinhar" a um dos dois blocos, o norte-americano ou o soviético. Um acontecimento de destaque na luta contra a dominação colonialista e o subdesenvolvimento ocorreu em abril de 1955, na Indonésia: a Conferência Afro-Asiática de Bandung. Convocada pelos líderes da Indonésia, índia, Birmânia (atual Mianmá), Ceilão (hoje Sri Lanka) e Paquistão – países que haviam alcançado poucos anos antes sua independência ̶ , essa conferência constituiu um marco importante na organização política dos países do chamado Terceiro Mundo (países subdesenvolvidos ). No documentário final da conferência, firmado pelos representantes dos 29 países participantes, destacavam-se os seguintes pontos: · Rejeição à div

EUA - Da crise à vitória na Guerra Fria

O presidente republicano Richard Nixon (1969-1974) realizou a retirada das tropas americanas do “ atoleiro vietnamita ”, que já tinha custado a vida de 55 mil soldados, além dos trezentos mil feridos. Na política interna, o governo foi atingido por um escândalo de espionagem eleitoral, conhecido como Caso Watergate , que levou o presidente Nixon a renunciar, em 1974. A presidência foi assumida pelo republicano Gerald Ford (1974-1975), que completou o mandato de Nixon e retirou as últimas tropas do Vietnã. A derrota no Vietnã e o escândalo Watergate mergulharam o país numa grave crise política e social. Essa crise foi agravada pelas dificuldades econômicas e pelo desemprego, causados principalmente pelos duzentos bilhões de dólares gastos na Guerra do Vietnã. A crise vivida pelo país levou a eleição do democrata Jimmy Carter (1976-1980), com um programa de governo baseado no respeito aos direitos humanos. Contudo, nessa época, os Estados Unidos se debilitaram ainda mais no plano inte

A Argentina peronista

Em 1941, o militar Juan Domingo Perón fundou o Grupo de Oficiais Unidos (GOU), de tendências fascistas. GOU organizou, em 1943, um golpe de Estado que depôs o então presidente Ramón Castillo. Afastando do governo argentino os conservadores e sua política de proteção aos ricos proprietários de terra, que mantinha a economia sob forte dominação estrangeira. Chefiando o ministério do Trabalho, o coronel Juan Domingo Perón tornou-se o homem forte do novo regime e estabeleceu uma sólida base de apoio nas classes operárias, através da legislação trabalhista e previdenciária. Em 1945, porém, Perón foi derrubado e preso pelos militares. O seu carisma e popularidade foram fundamentais nesse momento. O povo participou de campanhas pela sua libertação e Perón acabou sendo solto, graças à mobilização popular, encorajada por seus seguidores do Exército, da Igreja e da política. Fortalecida numericamente em razão da industrialização do período da Guerra, a classe operária adquiria notável importânci

Doutrina de Segurança Nacional

A Doutrina de Segurança Nacional foi elaborada pelos EUA com a função de consolidar suas posições no continente e principalmente de protege-lo contra avanços da URSS. Ela foi a base da formação das elites militares latino-americanas após a Segunda Guerra Mundial, realizada nos EUA no National War College e no Colégio Interamericano de Defesa. Os princípios básicos da doutrina são: Desenvolvimento – promover o desenvolvimento industrial e da renda nacional dos países subdesenvolvidos, baseado na integração ao capitalismo internacional; Segurança – surge a noção de “ fronteiras ideológicas ”, ou seja, os países latino-americanos devem se preocupar com as influências ideológicas e não com a invasão de um inimigo estrangeiro. Assim, seu inimigo está dentro de seu próprio país, veiculando ideias contrárias aos interesses do capitalismo, da democracia e, sobretudo, dos EUA e, por isso, é preciso combatê-lo com todas as armas. O inimigo é, então interno (os “chamados subversivos” ), e as ativ

OEA e Tiar

A Organização dos estados Americanos (OEA) foi instituída em 1948, na Conferência de Bogotá, e no início dos anos 60 englobava todos os estados americanos, com exceção de Cuba, expulsa da organização em 1962 devido a sua adesão ao regime comunista. Com a OEA, cuja sede é em Washington, os países americanos assumiram o compromisso de garantir a paz e a segurança do continente, promover o desenvolvimento econômico, cultural e social, como também procurar soluções pacíficas para resolver os problemas que surgissem entre eles. Do ponto de vista militar o tratado Interamericano de Ajuda Reciproca (Tiar), assinado no Rio de Janeiro em 1952, é uma reafirmação da OEA, na medida em que constitui uma aliança militar de ajuda mútua entre seus membros e de defesa continental contra agressões de países de outros continentes. O Tiar subordinou as forças Armadas dos Estados americanos à geopolítica de Washington. O encerramento da Guerra Fria removeu os fundamentos estratégicos que sustentavam a polí

O imperialismo norte-americano

Enquanto a América Latina mergulhava na dependência econômica, os Estados Unidos emergiam como potência, cuja economia, em desenvolvimento acelerado, exigia constantemente a abertura de novos mercados. Após promover a ocupação de seus territórios do Oeste, os norte-americanos voltaram-se para a América Latina, apossando-se de a metade do México em 1848. No final do século XIX, os Estados Unidos começaram a aplicar seus excedentes de capital na América Central, garantindo-os com intervenções militares. Nesse processo, destacam-se a anexação da Zona do Canal de Panamá, em 1903, e a Guerra Hispano-Americana de 1898, que colocou Cuba, Porto Rico e Filipinas sob o domínio de Washington. Essa prática foi justificada pela política do big stick (grande porrete) do presidente Theodore Roosevelt (1901-1909), que proclamava os Estados Unidos como “o guardião do continente”. Ao contrário do modelo imperialista britânico, baseado na troca desigual de produtos industrializados por matérias-primas, o

O populismo latino-americano

Em certos países latino-americanos surgiram então, a partir de 1930, regimes populistas: governos fortes e centralizados sob a direção de líderes reformistas, carismáticos, autoritários, com grande apoio popular. Os principais representantes do populismo foram Getúlio Vargas (1930-1945) no Brasil, Juan Domingo Perón (1946-1955) na Argentina e Lázaro Cárdenas (1934-1940) no México. O Estado populista adotava uma política de conciliação de classes sociais, com o objetivo de alcançar um desenvolvimento econômico autônomo. Também defendia reformas sociais limitadas, para manter o apoio popular. Durantes os governos populistas, o Estado investiu em indústria de base, com a finalidade de fornecer matéria-prima a energia a baixo custo, para o setor privado. “Mas a industrialização promovida pelo populismo tinha um limite. O mercado consumidor desses países era reduzido, em razão dos baixos salários. Nenhum desses governos procurou ampliar o mercado interno, mediante uma reforma agrária ou uma