sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Gimnospermas

Fanerógamas de óvulos nus, desprovidas de um perianto (cálice e corola) e de ovário por não haver enrolamento dos macrosporófilos durante o seu desenvolvimento. Apresentam as seguintes inovações evolutivas: formação de grãos de pólen, de óvulos formados sobre macrosporófilos ou estruturas análogas e produção de sementes

As flores (em conjuntos, por isto chamados estróbilos) são formadas apenas de microsporófilos (folhas modificadas que originarão esporos que ao germinarem originarão estruturas masculinas) ou estames reunidos em inflorescências ou estróbilos (:amentos) e de macrosporófilos (folhas modificadas que originarão esporos que ao germinarem originarão estruturas femininas) ou carpelos (:cones), também em geral agrupados entre si, mas nunca microsporófilos e macrosporófilos no mesmo estróbilo. Os esporângios femininos localizam-se nos CONES, frequentemente recobertos por escamas endurecidas (carpelos). As escamas encaixam-se perfeitamente umas nas outras e só se abrem depois da fecundação, para liberar a semente. Não esquecer que os cones são estróbilos com as flores femininas.

Os esporângios masculinos encontram-se nos órgãos chamados cones masculinos, amentos ou amentilhos, bastante semelhantes às pinhas, mas com escamas menos duras e menores (estames). 

Os estróbilos masculinos são estruturas muito mais frágeis, que se abrem para liberar os grãos de pólen. Ocorrida a fecundação originam-se pinhas que são conjuntos de sementes popularmente denominadas pinhões. Nas Coníferas, os gametas desnudos situam-se acima de escamas consideradas como as folhas modificadas da flor, formando cones. Os cones masculinos são amarelos, formados por numerosas escamas, com bolsas cheias de pólen, os cones femininos são verdosos formados por escamas nas quais existem óvulos descobertos. Em sua maturação os cones masculinos ou amentos liberam ao vento milhões de grãos de pólen, que transportados pelo vento caem nos cones femininos, fecundando aos óvulos. Fecundado, o cone feminino fecha-se formando a pinha, no interior da qual encontram-se os pinhões, produto dos óvulos fecundados. Ao final de um ano, aproximadamente, a pinha abre-se e deixa cair os pinhões que se dispersam ao vento até caírem num lugar propício para sua germinação. 

No pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia) os esporófilos masculinos e femininos encontram-se em indivíduos separados e os estróbilos são diferentes entre si. 

 a. Cone (estróbilo feminino) com óvulos 

b. Uma escama (macrosporófilos) com óvulos 

c. Amento produtor de pólen (estróbilo masculino) 

d. Ovocélula 

e. Corte através de um microsporângio 

f. Grão de pólen (:micrósporo) 

g. Zigoto 

h. Semente madura (:pinhão) na escama do cone 

i. Plântula (esporófito em início de desenvolvimento) 

j. Esporófito maduro.

Os micrósporos (:grãos de pólen) ainda dentro dos microsporângios iniciam a formação do gametófito masculino que é formado pela célula do tubo e a célula geradora. 

A parede do micrósporo desenvolve duas projeções em forma de asa que permitem que ele seja levado pelo vento. Quando ele desenvolve estas projeções passa a ser chamado propriamente de grão de pólen. Estas projeções aladas foram o fator decisivo para a conquista da terra pelas gimnospermas pois elas não dependem da água para se reproduzir como os criptógamos.

Os macrosporófilos possuem dois ou mais macrosporângios ou óvulos que dão origem às sementes. Os óvulos possuem um tegumento, uma abertura, uma câmara polínica que recebe os grãos de pólen, um ou mais arquegônios que repousam sobre um protalo ou endosperma primário. Este é haploide, pois se origina de um macrósporo do tecido do óvulo, sendo que os três restantes degeneram e são absorvidos. Então os grãos de pólen se espalham pelo vento e chegam ao óvulo por meio de tubos polínicos e então a oosfera é fecundada por um gameta masculino. 

Depois da fecundação, os zigotos dividiram-se por mitose dando o embrião, que é formado de radícula, caulículo, gêmula e cotilédones, transformando-se o protalo no endosperma secundário que é um parênquima de reserva, e o tegumento do óvulo no tegumento da semente. Em geral formam-se muitos embriões, mas só um se desenvolve. A semente ("pinhão") de gimnosperma é formada de:

1) Embrião: esporófito embrionário diploide; 

2) Endosperma: tecido nutritivo, que corresponde ao gametófito, haploide, no qual está imerso o embrião; 

3) Parede do megásporo e megasporângio: estruturas diploides que protegem o embrião e o endosperma; 

4) Casca: estrutura diploide formada pelo endurecimento do tegumento do óvulo.



Angiospermas


Angiospermas são vegetais cujos óvulos estão encerrados no interior do ovário e que, consequentemente tem suas sementes encerradas no interior dos frutos (angios=vasos e sperma=semente). O fruto contribui para a dispersão da semente, o que explica o sucesso do grupo das angiospermas. 

São plantas de portes variados, encontradas em praticamente todos os ambientes. Os principais representantes são terrestres embora existam espécies dulcícolas e marinhas (emersas ou submersas). São Cormófitos, ou seja, possuem órgãos vegetativos (Raiz, caule e folhas) bem definidos. São Vasculares ou Traqueófitas possuindo canais ou vasos condutores de água e nutrientes orgânicos ou inorgânicos (seivas). São Fanerógamos por possuírem flores e espermáfitos por produzirem sementes. São Embriófitos, ou seja, formam embriões. 0 ovário, após a fecundação, desenvolve-se num envoltório de proteção e dispersão: o fruto.

São plantas extremamente importantes, principais produtores dos ecossistemas terrestres, servindo para alimentação (cenoura, alface, mamão, feijão), aplicações industriais (jacarandá, algodão), ornamentação (orquídea) e fabricação de produtos farmacêuticos (camomila).

O processo reprodutivo das angiospermas é algo mais elaborado do que o das coníferas. A planta adulta representa a geração esporofítica. A flor contém pistilo e estames, que produzem os esporos que, germinando, originarão aos gametófitos masculinos e femininos. O esporo que originará ao gametófito masculino é produzido na antera, que fica na extremidade superior do estame. Este esporo desenvolve-se formando o grão de pólen. O pistilo é composto de três partes: o estigma (extremidade superior), estilo ou estilete e o ovário. No interior do ovário localizam-se os óvulos que abrigam a oosfera. 

A flor, portanto, é um conjunto de esporófilos, isto é, de folhas diferenciadas que elaboram esporos. É formada de:

Pedúnculo ou haste 

Perianto é formado pelos verticilos de proteção : o Cálice – formado de sépalas. a Corola – formada de pétalas. 

Androceu – formado por estames ou microsporófilos. 

Gineceu ou pistilo – formado por carpelos ou macrosporófilos. As sépalas em geral são verdes, apresentando a mesma estrutura das folhas. As pétalas apresentam cores variadas, de acordo com a natureza de seus pigmentos e comumente elaboram matérias açucaradas (o néctar), que atraem insetos e pássaros, indispensáveis a polinização. Lembrando que quando as pétalas não se diferenciam das sépalas as chamamos de tépalas e utilizamos para o conjunto de cálice e corola o nome de perigônio, calicíneo se for verde e corolíneo, se a cor única for diferente do verde.

As angiospermas podem ser divididas nestes dois grupos dependendo de quantos cotilédones suas sementes apresentam. Para um cotilédone, monocotiledônea. Para dois, dicotiledônea. Estes dois grupos se diferenciam por:

Monocotiledôneas 

Os principais exemplos são os cereais (trigo, milho, centeio, cevada, etc.), vegetais cujo fruto é um grão ou cariopse, panificável. Cada grão apresenta uma única semente aderida em toda a sua extensão a um pericarpo reduzido e, geralmente, transparente. Os grãos formam infrutescências, as espigas. 

- Um cotilédone na semente 

- Feixes vasculares espalhados pelo caule 

- Raiz fasciculada - Nervuras das folhas paralelas 

- Folhas invaginantes 

- Flores trímeras 

- Frutos com 3 lojas (ou múltiplos).

Dicotiledôneas

Os principais exemplos pertencem ao grupo das leguminosas (feijão, soja, amendoim, ervilha, etc.), plantas cujo fruto é um legume ou vagem. Este fruto é deiscente, abre-se naturalmente, deixando cair as várias sementes que apresenta no seu interior. 

- Dois cotilédones em cada semente 

- Feixes vasculares dispostos em torno de um cilindro central 

- Raiz pivotante ou axial 

- Nervuras das folhas reticuladas 

- Folhas pecioladas - Flores dímeras, tetrâmeras ou pentâmeras. 

- Frutos com 2 ou 5 lojas (ou múltiplos). 

Reprodução 

A reprodução da uma angiosperma obedece ao seguinte ciclo: nas anteras, parte do androceu, ocorre a microsporanogênese ou seja, formação de micrósporos e no ovário, parte do gineceu ocorre a macrosporanogênese, formação de macrospóros. Após a polinização que pode ocorrer pelo vento ou pelos animais o grão de pólen atinge o estigma da flor. Então o pólen germina e forma-se o tubo polínico que cresce e penetra no estilete em direção ao ovário. Por este tubo polínico o núcleo da célula vegetativa e os núcleos espermáticos ou anterozoides (originados da célula geradora presente dentro do grão de pólen) são transportados até o óvulo. Ocorre então a dupla fecundação que dará origem a um núcleo diploide e um triploide. O primeiro dará origem ao embrião e o segundo ao endosperma ou albúmen. 

Com o desenvolvimento do embrião os tecidos do óvulo desidratam e os envoltórios do óvulo tornam-se impermeáveis, a partir deste ponto a estrutura toda passa a ser chamada de semente. Dependendo de quando o embrião digere o endosperma as sementes podem ser divididas em: com ou sem albúmen. 

A principal característica das angiospermas é a presença de uma série de peças, não raro muito vistosas, que compõem a corola e o cálice (o chamado perianto) e circundam os órgãos reprodutores propriamente ditos. Além disso, os óvulos ou células femininas não se encontram a descoberto, tal como ocorre nas coníferas e demais gimnospermas, mas acham-se protegidos pelos chamados carpelos, folhas modificadas que se fecham sobre si mesmas para guardar as células incumbidas da reprodução. As angiospermas compreendem grande diversidade de árvores, arbustos e espécies herbáceas, rasteiras e aquáticas. Distribuem-se por todo o mundo e ocupam os habitats mais distintos, do Ártico aos trópicos, passando por matas, desertos, estepes, montanhas, ilhas, águas continentais e oceânicas. Sua importância econômica é fundamental, já que as angiospermas incluem a maioria das espécies arbóreas utilizadas pelo homem, todas as plantas hortícolas, as ervas produtoras de essências, especiarias e extratos medicinais, as flores, os cereais e uma grande quantidade de espécies das quais são obtidos numerosos produtos de interesse industrial.




Pteridófita

São os primeiros vegetais que apresentaram vasos de condução (traqueófitas). A palavra pteridófita origina-se do grego pteris, “dedo", phyton, "planta", e é utilizada para designar plantas com raiz, caule e folhas (cormófitos), vasculares, com xilema e floema, sem flores e sementes (criptógamos), que se reproduzem por alternância de gerações. Os primeiros representantes das pteridófitas se originaram já no Devoniano e foram as primeiras plantas a conquistarem o ambiente terrestre, no período Siluriano (há aproximadamente 420 milhões de anos). Há 300 milhões de anos, uma caminhada através de uma floresta, revelaria uma variedade grande de "árvores", que não eram coníferas ou as plantas com flores de hoje. Destacavam-se entre as árvores daquele tempo as Sphenophytas, identificadas por seus troncos retos com folhas arranjadas de modo regular. Algumas esfenófitas paleozóicas cresceram até trinta metros de altura. Hoje, as esfenófitas consistem em um único gênero, Equisetum, com as aproximadamente trinta espécies vivas conhecidas. O Equisetum é conhecido como cavalinha. Algumas destas plantas são consideradas hoje ervas daninhas e outras são tóxicas. Elas dominaram os ecossistemas da Terra até o final do período Carbonífero, durante o qual as maiores espécies formavam florestas imensas. 

As pteridófitas fossilizadas formaram o carvão mineral, até hoje utilizado como combustível e importante fonte de hidrocarbonetos. As pteridófitas (samambaias e plantas afins) constituem hoje um grupo de plantas relativamente importantes, estimando-se o total de espécies no mundo como sendo 9.000 (há quem estime 10.000 a 12.000 espécies), das quais cerca de 3.250 ocorrem nas Américas. Destas, cerca de 30% podem ser encontradas no território brasileiro. Possuem alternância de gerações obrigatória onde, ao contrário das Briófitas, a fase perene e mais desenvolvida é o esporófito, formado por raízes, caules e folhas; a fase gametofítica (protalo) é pequena e tem vida curta. A fecundação ocorre sempre com a participação da água. O protalo é uma estrutura, geralmente pequena, verde e em forma de lâmina vivendo acima do solo.

O protalo, alguns casos, pode ser saprófito e ser encontrado dentro do solo, sendo neste caso incolor. Não importando sua forma ele tem um período de vida curto não ultrapassando algumas semanas (em situações especiais caso não haja a fecundação o protalo pode viver durante anos).

As pteridófitas são encontradas nos mais variados ambientes desde ambientes desérticos até ambientes aquáticos, podendo ser, também, epífitas. Seu tamanho pode variar bastante podendo ser pequenas como a aquática Salvinia até espécies arborescentes como a samambaiaçu, Cyathea, com mais de 5m. Seus representantes atuais mais relevantes se encontram nas seguintes classes: Lycopsida (licopodium e selaginela), Equisetaceae (composta apenas pelo gênero Equisetum), e Filicatae ou Filicíneas (fetos arborescentes, salvinia, samambaias). Apresentam diferenciação em raiz, caule e folhas (cormófitos). Organização do corpo da planta em sistemas de revestimento, vascular e fundamental; presença de epiderme revestida por cutícula, tricomas, escamas e presença de estômatos. Têm tecidos condutores para o transporte de água e substâncias minerais e orgânicas, pelo que se denominam plantas vasculares. O corpo da planta é na sua maior parte constituído pela geração esporofítica (2n). 

A classe Filicinae é composta por aproximadamente 12000 espécies. Estes vegetais, conhecidos como samambaias, fetos e xaxim, podem apresentar várias formas e tamanhos, e são conhecidas pelo esporófito visível que utilizamos em decoração ou para fazermos vasos para o plantio de outros vegetais; o gametófito tem menos de um milímetro e não é conhecido pela população em geral.

As raízes se formam na porção inferior de um caule aéreo ou na superfície inferior do rizoma, caule subterrâneo paralelo ao solo; as folhas (megáfilos) compostas são chamadas de fronde (a) e apresentam pecíolo e limbo, que pode ser inteiro ou pinado, geralmente dividido em folíolos, em cujo dorso encontraremos os soros, que são conjuntos de esporângios. As frondes jovens são chamadas de báculos e expandem - se por desenrolamento; as folhas de samambaia são recurvadas nas pontas pois a parte de fora cresce mais rápido que a de dentro. Este aspecto é mais pronunciado nas folhas jovens, o que sugeriu o nome de báculo, por lembrar o cajado dos bispos.

Nos esporângios, por meiose espórica, formam-se os esporos (n). Os esporos caem diretamente no chão úmido, onde se desenvolvem. Algumas espécies de samambaias produzem esporos com formações aladas denominadas elatérios, que permitem a disseminação pelo vento. Estes, em condições normais, germinam e desenvolvem-se formando o protalo (n), que é a geração gametofítica. 

Os gametófitos (protalos), sempre haploides, podem ser monoicos ou dioicos. Aqui também o gameta masculino (anterozoide) precisa de uma gota de água para nadar até o gameta feminino.

O gametófito (n) ou protalo que é avascular, independente, clorofilado, fotossintetizante e sexuado (produz gametas por mitose). O protalo das samambaias tem cerca de 1cm, formato de coração e é monoico (hermafrodita), com anterídio e arquegônio na mesma planta. Nos anterídios formam-se os anterozoides, e em cada arquegônio forma-se uma oosfera. Quando maduros, os anterídios libertam os anterozoides. Após uma chuva ou garoa, eles nadam sobre a superfície umedecida do protalo até o arquegônio, onde um deles fecunda a oosfera. O zigoto se desenvolve no interior do arquegônio, originando uma pequena planta diploide, o esporófito, que dará origem a uma nova samambaia adulta. Está formará esporos haploides, repetindo o ciclo. 

Algumas espécies possuem importância médica ou econômica, além do uso decorativo e ornamental, e além da importância ecológica: 

 - Feto-Macho (Dryopteris filis-mas) 

- Família das Polipodiáceas. Seu rizoma contém substâncias usadas no combate a tênias e lombrigas. Erva-silvina (Polypodium vaccinnifolium). Muito comum nos troncos de mangueiras. Possui propriedades adstringentes, muito empregado no tratamento das hemoptises dos tuberculosos. Capilária (Adiantum capillus-veneris). Avenca nativa do Canadá e EUA. Suas folhas encerram uma substância com propriedades adstringentes, receitada contra falta de ar e tosse. Licopódio (Lycopodium clavatum) é uma erva cujos esporos constituem um pó amarelo que contém açúcar, uma cera e um óleo graxo, antigamente era usado como veículo na confecção de pílulas. 

 - Família Equissetáceas. Cavalinha, Rabo de cavalo, cauda de cavalo, erva carnuda ou equisseto (Equisetum arvense). Medicinal. Por conter grande quantidade de silício, é uma excelente mineralizante, sendo boa para problemas nos ossos, como osteoporose; é conhecida também como erva da terceira idade, pois além dos ossos, protege também quem tem problemas de próstata. Diurética e antiúrica, a cavalinha é usada popularmente para tratar de retenção e irritação das vias urinárias (rins e bexiga), anemias, hemorroidas, hemorragias nasais, inflamações de útero, fraturas e descalcificação de dentes e ossos, sob forma de infusão (2 a 3 xícaras/dia), auxilia no tratamento de hemorragias ( sob forma de vapor ou compressas). 

 - Outras podem destacar-se como "ervas-daninhas", como a Trapoeraba (Commelina benghalensis, Commelinaceae) - Planta originária da Ásia e disseminada na Índia, Austrália, África e Brasil. Cada vez mais frequente nas lavouras de soja do sul do Brasil.



Briófitas

Briófitas são vegetais, na maioria terrestres, apresentando características que as separam das algas e das plantas vasculares. Seus gametófitos são pluricelulares, com uma camada estéril (epiderme) que protege as células sexuais da dessecação, sendo esta uma adaptação à vida no ambiente terrestre. Com a briófitas (Bryophyta) – hepáticas, antóceros e musgos – vemos a importante passagem evolutiva da água para o ambiente terrestre. Nessa passagem surgiu a solução para uma variedade de problemas – o mais crucial dos quais foi como evitar a dessecação. Os gametas das briófitas são encerrados em estruturas protetoras multicelulares – um anterídio envolve os anterozoides (gametas masculinos) e um arquegônio envolve a oosfera (gameta feminino). Mas um vestígio de seus ancestrais aquáticos (algas) persiste, no sentido de que o anterozoide ainda precisa nadar num meio aquoso para alcançar a oosfera. O vegetal mais visível corresponde ao gametófito haploide (n), sendo que o esporófito diploide (2n) cresce sobre este e tem vida efêmera. São vegetais relativamente pequenos, com alguns representantes em águas doces. Crescem em uma variedade de substratos, naturais ou artificiais, sob diversas condições microclimáticas. Abrigam vasta comunidade biótica, como pequenos animais, algas, fungos, mixomicetos, cianobactérias e protozoários. Propiciam condições, em muitos ambientes, para o desenvolvimento de plantas vasculares devido à capacidade de reter umidade.

Características básicas: 

• Possuem clorofila a e b; 

• Possuem amido como polissacarídeo de reserva; 

• As células possuem parede (composta por celulose); 

• Presença de cutícula; 

• O esporófito parcial ou completamente dependente do gametófito; o gametófito dos musgos é fixado ao substrato pelos rizoides, estruturas análogas das raízes das plantas superiores. Os rizoides são conectados aos filoides (pequenas "folhas" dispostas em espiral) pelo cauloide, estrutura semelhante ao caule de uma planta vascular. Apesar de não possuírem tecido condutor, alguns musgos têm no interior do cauloide um canal semelhante a uma veia, que auxilia no transporte denutrientes. 

 • Esporófito não ramificado, com um único esporângio terminal; 

 • Gametângio e esporângios envolvidos por camada de células estéreis. 

• Rizoides, que apenas têm a função de aderência ao substrato, pois a absorção de água e sais minerais ocorre diretamente através das células aéreas. Este fato é explicado pela ausência de verdadeiros vasos condutores de água e açúcares nos musgos;

• Cauloide que consiste numa epiderme, parênquima e uma zona central com células alongadas, mas sem espessamentos, com função de ajudar no transporte de água e nutrientes. A falta de células espessadas no cauloide é outro dos motivos porque os musgos não atingem grandes tamanhos; 

 • Filoides fotossintéticos, com apenas uma célula de espessura, com exceção da “nervura” central – costa - que é um pouco mais espessa. Os primeiros filoides que se formam são sobrepostos, mas os seguintes formam uma espiral, em torno do cauloide. Nas partes aéreas, os musgos podem apresentar estomas. 

 As briófitas são características de ambientes terrestres úmidos, embora algumas apresentem adaptações que permitem a ocupação dos mais variados tipos de ambientes, resistindo tanto à imersão, em ambientes totalmente aquáticos, como a desidratação quando atuam como sucessores primários na colonização, por exemplo de rochas nuas ou mesmo ao congelamento em regiões polares. Apresentam-se, entretanto, sempre dependentes da água, ao menos para o deslocamento do anterozóide flagelado até a oosfera. Esta Divisão não possui representante marinho.

Morfologia: 

As briófitas apresentam alternância de gerações entre gametófito ramificado, fotossintetizante e independente e esporófito não ramificado e ao menos parcialmente dependente do gametófito. A partir da meiose ocorrida em estruturas especiais do esporófito surgem os esporos que ao germinarem originam os gametófitos. Os esporos podem originar diretamente a planta que produzirá as estruturas reprodutivas, normalmente eretas ou originar primeiro uma fase filamentosa, com filamento unisseriado, ramificado, com paredes transversais oblíquas ao eixo longitudinal (protonema), que dará origem a parte ereta. Os gametófitos podem ser divididos em rizoides, filoides e cauloides. Os mais simples não apresentam diferenciação entre filoides e cauloide e geralmente são prostrados, sendo denominados talosos, enquanto aqueles onde se distinguem essas estruturas, normalmente eretas, são denominados folhosos. No ápice dos gametófitos surgem estruturas de reprodução características, denominados arquegônios, onde se diferencia o gameta feminino (oosfera) e anterídios, onde se diferenciam os gametas masculinos (anterozoides). Nas briófitas o zigoto germina sobre a planta mãe e o esporófito resultante permanece ligado a ela durante toda a sua vida, apresentando dependência parcial ou total. Os Esporófitos nunca são ramificados e apresenta diferentes graus de complexidade segundo o grupo a que pertencem, podendo ser divididos em pé, seta e cápsula. O pé apresenta-se imerso no tecido do gametófito e é responsável pela absorção de substâncias. Sustentado pela seta encontra-se o esporângio terminal, denominado cápsula, apresentando um envoltório de tecido externo com função de proteção, sendo os esporos diferenciados por meiose a partir de camadas internas (tecido esporógeno). Em certos casos, quando a cápsula apresenta deiscência transversal, observa-se um opérculo que se destaca para permitir a passagem dos esporos. A cápsula pode estar parcial ou totalmente coberta pela caliptra que é formada por restos do tecido do arquegônio transportados durante o desenvolvimento do esporófito, e fornece uma proteção adicional. O esporófito, embora sempre dependente do gametófito pode, em certas classes de Bryophyta (Anthocerotae e Musci), realizar fotossíntese, ao menos durante o início do seu desenvolvimento. O pé apresenta-se imerso no tecido do gametófito e é responsável pela absorção de substâncias. 

Ciclo de vida de um musgo: 

No gametófito masculino há gametângios masculinos haploides chamados anterídios onde são produzidos, por mitose, os anterozoides (gametas haploides). No gametófito feminino há gametângios femininos haploides chamados arquegônios onde são produzidos, por mitose, as oosferas (gametas haploides). - Os anterozoides nadam até à oosfera que fica no interior do arquegônio (os anterozoides deixam o gametófito masculino e são transferidos ao feminino pela água da chuva ou orvalho). - Da fecundação, isto é, união entre um anterozoide (n) e uma oosfera (n), surge um zigoto (2n) - O zigoto (2n) evolui para um embrião (2n) que se desenvolve e origina o esporófito (2n). - O esporófito é constituído por um pé (2n) ou base ou haustório; uma haste (2n) ou seta e uma cápsula ou esporângio (2n) recoberto por uma tampa chamada opérculo. Sobre a cápsula há uma caliptra (n) que fazia parte do arquegônio(n). - No interior da cápsula há células-mãe-de-esporos que, por meiose (R!), originam esporos (n) os quais serão posteriormente libertados para o ambiente (a caliptra e o opérculo caem permitindo que os esporos saiam da cápsula). - Cada esporo que germina forma um protonema, o qual emite ramificações no solo; surgem rizoides e outras ramificações que formam novos gametófitos de mesmo sexo e constituição genética . Assim, um determinado esporo forma um protonema que produz apenas gametófitos masculinos e outro esporo forma um protonema que origina somente gametófitos femininos. Com isso, o ciclo de vida dos musgos se fecha.

Reprodução: 

As briófitas podem apresentar três tipos de reprodução: 

1. Gamética: em condições adequadas de umidade, os anterozoides pequenos e biflagelados são liberados pelo rompimento da parede do anterídio, enquanto as células do canal do arquegônio rompem-se, liberando um fluido que direciona os anterozoides até a oosfera, havendo então a fecundação; 

2. Espórica: a liberação dos esporos ocorre através de movimentos higroscópicos dos dentes do peristômio. Esses movimentos são devidos a variação da umidade do ar; 

3. Vegetativa: é subdividida em 4 formas de reprodução: 

Fragmentação: desenvolvimento de fragmentos do talo em outro indivíduo. 

Gemas (ou propágulos): estruturas especialmente diferenciadas, com forma definida, que darão origem a um novo indivíduo. As gemas são produzidas dentro de estruturas em forma de taça denominadas conceptáculos. 

• Aposporia: desenvolvimento do esporófito em gametófito sem que ocorra meiose. Normalmente ocorre a partir de um fragmento da seta cuja regeneração origina um gametófito. Pode resultar na formação de organismos poliploides. 

• Apogamia: desenvolvimento do gametófito em esporófito  sem que haja fecundação. Pode ocorrer não apenas a partir de gametas, mas também de felídeos ou do próprio protonema.

Classificação: 

Na Antiguidade, o termo "muscus" era utilizado por estudiosos gregos e romanos englobando, além das briófitas propriamente ditas, os liquens e algumas algas, plantas vasculares e mesmo invertebrados. Embora na Renascença alguns autores tenham estudado gêneros de interesse médico, Dillenius (1741) em sua obra "Historia Muscarum" foi o primeiro autor a estudar esses organismos de forma mais compreensiva. No entanto, o trabalho interpreta erroneamente a cápsula (esporângio) como antera e os esporos como grãos de pólen. Em função disso, Linnaeus (1753) em "Species Plantarum" classifica as briófitas como próximas a angiospermas. A interpretação correta das estruturas encontradas nesses vegetais, não apenas referentes ao esporófito, mas também ao ciclo de vida, a função de anterídios e arquegônios foi dada por Hedwig (1801), permitindo o estabelecimento de bases mais corretas para sua classificação. Atualmente briófitas são separadas pela maioria dos autores em 3 classes, Hepaticae, Anthocerotae e Musci (Schofield, 1985). Outros autores tratam essas 3 classes como Divisões. 

Classe Hepaticae: é composta por aproximadamente 10.000 espécies distribuídas em 3.000 gêneros. "Hepaticae" significa “semelhante a um fígado", nome escolhido por causa da forma de fígado do gametófito de certas espécies. 

Classe Anthocerotae: anthos (do grego, significa flor); constituída por apenas quatro gêneros e 300 espécies. O gametófito dos antóceros é taloso, pequeno (normalmente 1 a 2 centímetros de comprimento). O esporófito dos antóceros é duradouro e cresce constantemente durante a vida da planta, ocorrência exclusiva a esta classe de plantas. Isto ocorre devido a um grupo de células próximas a base que nunca param de se multiplicar. Nenhum outro tipo de planta possui esta característica.

•Classe Musci: muscus (do latim, significa musgo); é constituída por cerca de 700 gêneros e 14.000 espécies. A classe Musci (musgos) é a maior classe de briófitas. Metade das espécies de musgos são monoicas, ou seja, possuem ambas as estruturas sexuais na mesma planta. As da outra metade são dioicas (um tipo de estrutura em cada planta). Como as outras plantas realizam fotossíntese, produzindo matéria orgânica e oxigênio. Muitas briófitas apresentam importância ecológica pois pelo entrelaçamento dos rizoides retém a terra, ajudando a evitar o desbarrancamento de encostas. Existem espécies de musgos que formam as turfeiras; solos misturados às turfas tendem a ser mais úmidos, pois os musgos de turfa têm grande capacidade de absorver água do meio. Em determinados locais, a turfa seca é utilizada como combustível. As briófitas produzem várias substâncias biologicamente ativas, inclusive podendo ser usadas como fontes de antibióticos. Servem, portanto, para controlar a erosão do solo, conter inundações, indicar a presença de poluentes e de depósitos minerais. Têm sido utilizadas como indicadores de poluição atmosférica e aquática e da qualidade do solo em florestas. Podem ser usadas com fins medicinais, em decorações, como aditivo do solo e meio de cultura para orquídeas, como embalagem. Um outro emprego é na alimentação para mamíferos, pássaros e peixes.



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