sábado, 14 de maio de 2022

O Turismo na Paraíba

O turismo é uma fonte de divisas que contribui para o desenvolvimento de uma região, de forma mais ou menos intensa, conforme sejam os recursos disponíveis, naturais e culturais, além da infraestrutura montada para este fim. Na Paraíba, esta atividade vem se desenvolvendo principalmente devido às suas potencialidades, pois ela apresenta uma diversidade de paisagem que varia desde praias de águas mornas e areias brancas, onde “o sol nasce primeiro” até as serras e depressões sertanejas. João Pessoa e Campina Grande já investem muito no setor de serviços e infraestrutura para o turismo: estrutura viária, hoteleira e de lazer. A construção do Hotel Tambaú, na década de 70, veio dar grande impulso ao turismo da capital, atraindo investimentos para esse setor e ampliando as possibilidades de desenvolvimento comercial na orla marítima.

Atualmente, esta prática vem sendo estendida para o restante do Estado, percebendo-se que alguns municípios já se preocupam em desenvolver o turismo, a exemplo de Cabaceiras, Areia, Monteiro, Sousa, Patos, Guarabira, etc., que aproveitam seus recursos naturais, artísticos, históricos e arquitetônicos para a exploração de forma racional pela a prática do turismo.

             O Ecoturismo e o turismo rural

 O ecoturismo é uma exploração econômica pouco destrutiva que objetiva gerar recursos conservando a natureza. Compatibiliza desenvolvimento econômico e conservação ambiental, enquanto o turismo rural é uma atividade fora das áreas intensamente urbanizadas.

O turismo rural ocorre quando o turista se hospeda no meio rural e participa dos trabalhos realizados nas fazendas ou sítios. O turismo rural vem sendo praticado em alguns engenhos do Brejo Paraibano. No sertão, em casas rústicas com características próprias do ambiente, explorando culinária regional e demais aspectos do panorama cultural.

Na Paraíba, e em todo o Brasil, discute-se a prática do ecoturismo a ser feita nas Unidades de Conservação. No Estado, foram criadas, pela coordenadoria de Estudos Ambientais, nove dessas unidades com dois parques, seis reservas ecológicas e um monumento natural

                                João Pessoa

 João Pessoa, além das belezas naturais, possui um acervo cultural dos mais importantes do país. São construções do séc. XVI ao XVIII como o Conjunto de São Francisco (Igreja, Convento/Claustro e Cruzeiro), mosteiro de São Bento, Igreja do Carmo, Casa da pólvora e outros, além de obras mais recentes, do final do século XIX e início do século XX – Teatro Santa Rosa, Palácio da Redenção, Palácio da Justiça e o Hotel Globo, local de grandes acontecimentos políticos e sociais da antiga João Pessoa.

Quem chega dos grandes centros urbanos, como é o caso da maioria dos turistas que visitam a capital paraibana, ficam encantados com a grande área de vegetação. É o caso do Jardim Botânico parque Arruda Câmara, mais conhecido por Bica, que ainda abriga árvores características da original Mata Atlântica.

O cartão-postal da cidade de João Pessoa, o Parque Solon de Lucena (Lagoa) também possui raras espécies de árvores e os jardins de Burle Marx. Como pode-se notar, o verde está espalhado por toda a cidade, proporcionando não só a beleza mas uma vida mais saudável aos seus habitantes e visitantes. 

O Litoral

 Para quem busca agitação, as praias urbanas de João Pessoa são a melhor opção. Além da estrutura de bares, restaurantes, e feiras de artesanato, o turismo encontra ainda passeio de barco até os recifes que acompanham quase toda a extensão da cidade. Um dos lugares mais visitados na capital é a Ponta do Seixas, o trecho de praia que mais se aproxima do continente africano em toda a América do Sul.

Os 37 quilômetros de praias de João Pessoa têm início no Cabo Branco, ponto extremo da América, onde se encontra o mirante e o farol em forma de carnaúba, planta nativa e antiga riqueza da região. Uma vista que permanece na lembrança de todo o visitante, onde se pode ver todo o litoral paraibano, a transparência das águas e sentir a brisa do mar batendo levemente em seu corpo.

À direita vê-se a Praia do Seixas, quase uma ilha nativa. Mais adiante estão as praias da Penha, Jacarapé, Praia do Sol e a última praia do município, Barra de Gramame, uma da mais desertas e onde desemboca o Rio Gramame, formando pequenas ilhas.

Já a esquerda da Praia do Cabo Branco está a parte mais movimentada da Orla, com hotéis de luxo, restaurantes que servem frutos do mar, suco de frutas tropicais e comidas regionais, bares, boates e mercado de artesanato, a arte da população local.

Logo após está a Praia de Tambaú, onde está situado o Mercado de Artesanato com 128 lojas, onde pode-se encontrar os mais variados "recuerdos" típicos. Parada obrigatória dos turistas.

Picãozinho

Picãozinho é um dos paraísos da cidade, onde encontramos uma formação de recifes com piscinas naturais que chegam a uma temperatura de 28ºC. Na lua cheia, os hotéis organizam serenatas sobre a água morna, uma integração perfeita do homem com a natureza.

Praia de Areia Vermelha

A Praia de Areia Vermelha é um dos passeios imperdíveis para fazer em João Pessoa. A praia é, na verdade, um banco de areia de coloração escura, que se forma na maré baixa, nas proximidades da Praia do Poço, no município de Cabedelo (vizinho de João Pessoa).


Detalhe do barroco tropicalista (único no Brasil) Fachada da Igreja da Guia (Lucena)

Ainda na mesorregião da Mata Paraibana, no município de Lucena, a Igreja da Guia é uma grande atração pela originalidade do barroco que apresenta, nos seus detalhes arquitetônicos, frutos tropicais, único exemplo de barroco Tropicalista do Brasil. 


Victory Resort - localizado em Lucena, marco moderno do turismo

No mesmo município, contrastando com o antigo, foi construído o Victory Marine Resort, na bonita praia do Holandês, com 162 Bangalôs e várias opções de lazer.

Além das praias, existem outras atrações turísticas na região.

No município de Cabedelo, ao norte de João Pessoa, encontramos o Mar do Macaco, a praia de Intermares onde está o parque aquático Intermares Water Park, bem como a praia do Poço. A praia do Jacaré é o local onde se pode ver o mais belo pôr-do-sol. 

Vista aérea da Fortaleza de Santa Catarina

Interior da Fortaleza de Santa Catarina

Ainda no município de Cabedelo, a Fortaleza de Santa Catarina (Forte de Cabedelo) é de grande importância histórica, o único existente dentre outros tantos construídos. Atualmente, serve de palco para apresentações folclóricas, peças de teatro, exposições etc.


Praia de Tambaba

No município do Conde, o destaque é para Tambaba, primeira praia naturista do Nordeste. Em Pitimbu encontram-se as famosas areias coloridas. O município de Conde é considerado uma vitrine tropical, com coqueiros, falésias e praias selvagens de areia branca. Já Pitimbu, volta-se à prática do eco-esportes - surf e mergulho -; suas areias são escuras, de faixa larga e uma extensão de 10 quilômetros.

No município de Baía da Traição, além das praias, existe um reduto indígena com aldeias.

O Interior do Estado

No agreste, a paisagem serrana e o clima ameno favorecem o desenvolvimento do turismo. O município de Campina Grande funciona como importante polo turístico com grandes eventos de repercussão nacional e internacional como; o Maior São João do Mundo, as feiras de Ciências e Tecnologia, o festival de Inverno, o Encontro da Nova Consciência, Além do Museu de Arte Assis Chateaubriand com um importante acervo, que atraem um grande número de turistas, acarretando um crescimento dos setores comercial e de serviços.

Maior São João do Mundo - Campina Grande

Pedra da Boca

Nos contrafortes da Serra da Confusão, entre os municípios de Araruna e Tacima, está a Pedra da Boca, cuja configuração lembra um sapo gigante prestes a abocanhar um colossal pirilampo. Lá é praticado o alpinismo, salto de pára-quedas e asa-delta.


A Pedra do Ingá com suas famosas inscrições rupestres

Ainda no Agreste, no município de Ingá, encontra-se as itaquatiaras (pedras do Ingá) na fazenda de Pedra Lavrada, considerada uma das inscrições pré-históricas mais importantes da terra, objeto de estudo para cientistas do país e exterior.

No município de Areia, o museu Pedro Américo é de grande importância turística, por conter quadros e desenhos do grande pintor filho da terra.

A Mesorregião da Borborema é rica em artesanato de couro, bordados e renda renascença, além de relíquias arqueológicas com inscrições rupestres.

Uma grande atração dessa região é o Sítio de Pai Mateus, lajedo moldado pela ação dos ventos e das chuvas (escassas) entre os municípios de Boa Vista e Cabaceiras. Outros atrativos: o banho do Rabo do Pavão no Congo; as tradicionais águas magnesianas em Monteiro, o famoso São João da cidade de Santa Luzia.

Rabo do Pavão, atração turística do Congo

No sertão, o turista além de desfrutar da fantástica paisagem bucólica, poderá visitar, em Souza, a Estação Termal de brejo das Freiras, usufruindo dos benefícios das águas magnesianas ali existentes. Ainda, no município de Sousa, tem-se uma espetacular atração: o Vale dos Dinossauros, sítio paleontológico mundialmente conhecido. 


Pegadas do dinossauros - sertanejo no vale dos dinossauros

Um dos pontos turístico religioso mais importante do interior da Paraíba é o Memorial Frei Damião, localizado na Serra da Jurema em Guarabira (Piemonte da Borborema). A estátua com cerca de 35 metros de altura é considerada a segunda maior do Brasil

O Santuário de Frei Damião, situado em Guarabira é um projeto arquitetônico composto de um museu e uma estátua, em homenagem ao frade capuchinho Frei Damião de Bozzano, um missionário do Nordeste brasileiro. Atualmente é considerada a segunda maior estátua do Brasil.

Fonte: PARAÌBA: Desenvolvimento econômico e a questão ambiental - Antonio Sérgio Tavares de Melo/Janete Lins Rodrigues; Grafiset 2003.

Atlas Escolar Paraíba - Espaço Geo-Histórico e Cultural; Grafiset - 3ª Edição.


Aspectos da Geografia da Paraíba

 Localização e Área Territorial da Paraíba    

A população paraibana chegou a 4.059.905 em 2021, segundo nova estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa um crescimento de 0,5% na comparação com a população estimada em 2020 e, em número absolutos, a alta foi de 20,6 mil habitantes.

O estado da Paraíba ocupa 56.584.6 km² de área territorial brasileira englobando 223 municípios.

Até 1994, a Paraíba possuía 171 municípios. Em 1994/1995 foram criados mais 52, perfazendo um total de 223, com suas cidades-sede, vários distritos, vilas, e inúmeros povoados. Grande parte do seu território está situado no extremo leste da região Nordeste do Brasil. Tem 98% de seu território inserido no Polígono da Seca.



Localização: Região nordeste do Brasil

Limites:         Ao norte (Rio Grande o Norte)

                       Ao sul (Pernambuco)

                       O leste (Oceano Atlântico)

                       O oeste (Ceará)


Pontos extremos:

Ao norte (Serra do vale – Belém do Brejo do Cruz)

Ao sul (Serra Pau D’arco – São João do Tigre)

O leste (Ponta do Seixas – João Pessoa)

O oeste (Serra da Areia – Cachoeira dos Índios)

Na Paraíba se encontra o ponto mais oriental das Américas, conhecido como a Ponta do Seixas, em João Pessoa, devido a sua localização geográfica privilegiada (extremo oriental das Américas), João Pessoa é conhecida turisticamente como "a cidade onde o sol nasce primeiro".

Capital: João Pessoa

Cidades principais: João Pessoa, Santa Rita, Guarabira, Campino Grande, Patos, Sousa, Cajazeiras, Cabedelo

Cidades mais populosas - João Pessoa (capital), Campina Grande, Santa Rita, Patos, Bayeux e Souza.

 Mesorregiões: Mata Paraibana - Agreste Paraibano - Borborema - Sertão Paraibano



Número de municípios: 223

Extensão territorial: 56.439 quilômetros quadrados ou 0,66% da área total do Brasil. É o 20º estado brasileiro e o 6º do nordeste.

Extensão do litoral: 138 quilômetros com 56 praias.

O IBGE dividiu a Paraíba em 4 mesorregiões: Mata Paraibana, Agreste Paraibano, Borborema e Sertão.

Cada mesorregião divide-se em microrregiões, no estado existem 23 microrregiões.



Mesorregiões da Paraíba: 

  • Mata Paraibana – Faixa de clima úmido que acompanha o litoral. A mata que existia foi substituída pela cana-de-açúcar. É a parte mais povoada e mais urbanizada do estado. 
  • Agreste Paraibano – Região de transição entre a zona da mata e a tradicional região do sertão. O clima e semiárido, embora chova mais do que na Borborema e no sertão. Economia: cana-de-açúcar, algodão, sisal, pecuária. 
  • Borborema - Localiza-se no planalto da Borborema, entre o sertão e o agreste é a região onde as chuvas são mais escassas. Economia: Extração mineral, sisal, algodão, pecuária de caprinos. É principalmente na Borborema que ocorre o fenômeno das secas. 
  • Sertão – É a região da vegetação da caatinga, de clima menos seco que a Borborema, dos rios temporários, da pecuária extensiva de corte e do cultivo do algodão, principal produto cultivado na região.

Mesorregião Paraibana 

Mesorregião Zona da Mata Paraibana



      Compreendendo o litoral, a parte leste do Estado, onde predominam as planícies litorâneas e os tabuleiros, como principais formas de relevo. Possui um regime de chuvas abundantes, especialmente nos meses de março a julho, quando o inverno é regular. As terras são férteis e próprias para o cultivo da cana-de-açúcar.

O Litoral da Paraíba se estende por cerca de 133 quilômetros. Sua extensão vai da desembocadura do rio Goiana - ao sul, onde se limita com o estado de Pernambuco - até o estuário do rio Guaju - ao norte, na divisa com o Rio Grande do Norte.

O litoral paraibano divide-se em Litoral Norte e Litoral Sul. O limite entre esses dois seguimentos é representado pelo estuário do rio Paraíba. Os municípios que compõem o Litoral Norte são: Lucena, Rio Tinto, marcação, Mamanguape, Baia da Traição e Mataraca. O Litoral Sul abrange os territórios municipais de João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, Conde, Alhandra e Pitimbu.

O relevo é representado por três unidades morfológicas espacialmente desiguais: os baixos planaltos sedimentares ou tabuleiros, com falésias na fachada oceânica; a baixada litorânea, com suas dunas, restingas, lagoas e as planícies aluviais, fluvio-marinhas e estuarinas dos rios que deságuam no Atlântico.

Toda a região do litoral caracteriza-se por uma relativa diversidade econômica responsável pela organização do seu espaço: 

·     Agroindústria sucro-alcooleira; 

·     Extração mineral (ilmenita, titanita, zirconita, cianita, ao norte de Barra de Camaratuba, calcário, na grande João Pessoa; granito, em Mamanguape; 

·     Pesca da lagosta, em Pitimbu; 

·     Agricultura e pecuária; granjas e sítios; 

·     Loteamentos para residências secundárias. 

 Mesorregião do Agreste Paraibano

  

            

      Situada na parte intermediária do Estado, a mesorregião do Agreste que sucede ao litoral, na direção oeste, corresponde inicialmente a uma depressão, com 130m de altitude, formada por rochas cristalinas, e que logo dá lugar às escarpas abruptas da Borborema, cujas altitudes ultrapassam os 600m.

No agreste, permanece o binômio gado-policultura e ainda continua como região fornecedora de alimento. Possui solo muito rico e, pela umidade que apresenta, próprio para a policultura, ou seja, cultivo de várias espécies: feijão, milho, abacaxi, fumo, inhame, mandioca, frutas e legumes diversos, prestando-se também a criação de gado.

A diversificação de produção dessa área acontece, em razão da forte diferença das condições naturais. Nas áreas mais secas predominam as pastagens naturais que favorecem a presença da pecuária extensiva.

            Os rios, nesta zona, já são quase sempre temporários, pois reduzem suas águas ou secam completamente nos períodos de grande estiagem. Um fator marcante que determina esta condição são as chuvas que começam a diminuir tornando mais seco, o clima.

            Há uma transição no aspecto da vegetação desta mesorregião, vez que, ora ela apresenta características de uma mata úmida, parecida com a mata Atlântica, ora da caatinga que vai predominar nas outras áreas: Borborema e Sertão.

Na medida que nos afastamos do Litoral em direção ao interior, serras e vales férteis apresentam roteiros que unem história, natureza e diversão. Em Campina Grande, no Alto da Serra da Borborema, o “Maior São João do Mundo” atrai milhares de turistas para 30 dias de forró. Em Fagundes a famosa pedra de Santo Antonio, palco de peregrinações religiosas em homenagens ao “santo casamenteiro”, é hoje uma das mais procuradas áreas para a prática de Treking. Em Ingá encontraremos as Itacoatiara (pedras riscadas, em Tupi), a mais enigmática presença indígena no Nordeste.

Mesorregião da Borborema


        Área de domínio do Planalto da Borborema, que se constitui num conjunto de terras elevadas, estendendo-se desde o norte do Estado de Alagoas até o sul do Estado do Rio Grande do Norte, na direção SW-NE. Apresenta algumas serras, cujas altitudes variam de 500 a 600m. Entre elas, destaca-se a Serra do Teixeira, onde fica o Pico do Jabre, no Município de Maturéia, considerado o ponto mais elevado da Paraíba, com mais de 1000m de altitude. A parte leste da Borborema recebe chuvas vindas do litoral, o que vai influenciar no seu clima e vegetação – são os brejos úmidos. O restante da Borborema está sob o domínio do clima quente e seco.

O planalto é um importante divisor de águas porque os rios que ali nascem correm em direção leste e deságuam no oceano Atlântico, enquanto os, enquanto os rios da porção oeste, não conseguindo ultrapassar a Borborema correm em direção ao Estado do Rio Grande do Norte e de lá é que alcançam o Oceano.

Na Borborema, vão dominar pastagens plantadas (palma forrageira e capim) que permitirão e facilitarão a prática de uma pecuária extensiva, principalmente a de médio porte, e, em áreas de exceção, pontuais, ocorre a presença de outras culturas. Por exemplo, o tomate nas proximidades de Boqueirão. 

Em cidades como Prata, Sumé, Serra Branca, Boqueirão e Cabaceiras, a vida desafia a cinza vegetação da Caatinga e revela roteiros de extrema importância cientifica. No Lajedo de Pai Mateus, município de Cabaceiras, os turistas podem apreciar de perto todo o capricho da natureza. O lugar é hoje visitado por gente do mundo inteiro, todos curiosos em decifrar os enigmas escondidos nas rochas. O Lajedo ficou famoso ao servir de cenário para o filme o Auto da Compadecida, Pai Mateus na verdade foi o nome de um antigo ermitão que durante muitos anos residiu sobre as pedras. Muitos séculos antes, no entanto, índios já haviam deixado suas marcas por ali. 

Mesorregião do Sertão Paraibano

A mais extensa do Estado, conforme pode ser observado no mapa, o Sertão compreende uma extensa área formada de terras baixas (250 a 300m) em relação às elevações da Borborema e das serras situadas nas fronteiras com os Estados vizinhos, onde se faz presente um clima quente e semi-úmido. As chuvas são muito escassas, a vegetação pobre, não sendo o solo próprio para a agricultura, porém mais favorável à pecuária. A maioria das culturas agrícolas precisam ser irrigadas. No Sertão, a presença das pastagens permanece e constitui um forte indicativo da atividade pecuarista. Registrando-se ainda algodão, cana-de-açúcar, arroz, feijão, milho, cultivados em parte para subsistência em áreas onde solo e clima são favoráveis ocorrendo ou não irrigação.

Quando há inverno regular, é possível colher muito algodão, cultura que se desenvolve bem nas terras do Sertão.

É um prato cheio para quem procura aventura e mistério. Religiosidade cultura e ciência se misturam em roteiros de grande beleza plástica. Achados paleontológicos de mais de 130 milhões de anos fazem do Vale dos Dinossauros, em Sousa, um lugar único no mundo. Ali, em meio ao solo rachado e transformado em pedra pelo tempo, centenas de pegadas registram a época em que os gigantes disputavam territórios. Em Vierópolis, cidadezinha a apenas 20 quilômetros de Sousa, sítios arqueológicos e trilhas pela Caatinga são boas dicas para quem busca um pouco mais de aventura. Outras opções interessantes na região são as águas termais de Brejo Das Freiras, as rochas que compõe a Serra de Teixeira – incluindo aí o ponto culminante do Estado – e o belo artesanato local, a exemplo das famosas redes de São Bento. Destaques para a Fazenda Acauã.


 


Climas da Paraíba

 Climas da Paraíba

A distribuição dos climas da Paraíba está relacionada com a localização geográfica, ou seja, quanto mais próximo do litoral, mas úmido será o clima; quanto mais longe, mais seco.

Três tipos climáticos ocorrem na Paraíba: o Clima tropical quente-úmido, com chuvas de outono-inverno (As'), o Clima semiárido quente (BSh) e o Clima quente semiúmido, com chuvas de verão (Aw'). O primeiro ocorre na baixada litorânea e no rebordo oriental da Borborema. As temperaturas médias anuais oscilam entre 24° C, na baixada, e 22° C no topo do planalto. A pluviosidade, de mais de 1.500mm junto à costa, no interior cai até 800mm, no rebordo do Borborema. Aí, em torno da cidade de Areia, volta a subir e chega a ir além de 1.400mm. O trecho mais úmido da Borborema, chamado Brejo, é uma das melhores áreas agrícolas do estado.

Essa variação climática do litoral para o interior reflete-se, também, na ocorrência de diferentes tipos de solo e vegetação do Estado. Verifica-se na Paraíba a ocorrência dos seguintes climas: 

Clima Tropical quente-úmido – Domina o litoral, a região da mata e parte do agreste. Com chuvas abundantes (média anual de 1.800 mm) e temperatura média anual de 26°C. Com essas características, esse tipo climático domina em todo o litoral. Nessa região aparecem os solos arenosos das praias e restingas.

No agreste há trechos quase tão úmidos quanto às áreas da mata e outros muitos secos. Por outro lado, em virtude da altitude em torno de 600 metros alguns municípios do Brejo, no agreste paraibano, possuem um dos climas mais agradáveis da Paraíba, com temperaturas variando de 20º a 24º.

A formação do Agreste ocorre em faixas entre o Brejo úmido e o Cariri semiárido, ou seja, em área de transição climática.

Clima semiárido – Com chuvas de verão, predomina no Cariri, no Seridó, em grande parte da Borborema e do sertão. Sua principal característica não é a ausência de chuvas, mas sua irregularidade. Depois do Brejo, em toda porção aplainada elevada da Borborema e nos vales que cortam, como os do rio Paraíba, Curimataú, Taperoá, Seridó, etc., a semiaridez do clima caracteriza a paisagem. Esse clima, quente e seco, com chuvas de verão, alcançam os índices mais baixos de precipitação do estado, com média anual de 500 mm e temperatura média anual é de 26°C. Os municípios de Barra de Santa Rosa e Cabaceiras apresentam índices inferiores a 300 mm, e constituem, juntamente com Acari - RN, o chamado "triângulo mais seco do Brasil". Sob essas condições, desenvolve-se a vegetação de caatinga das regiões do Cariri e Curimataú paraibanos;

Clima Tropical semiúmido – Chuvas de verão – outono, estende-se pela região do sertão. Chove mais do que na região semiárida, porém por conta das altas temperaturas e da evaporação a água disponível e insuficiente para o consumo. As chuvas de verão-outono alcançam, em média, 800 mm anuais determinadas pelas massas quentes úmidas oriundas da Amazônia. A temperatura média anual é de 27°C. Esse tipo de clima domina todo o Pediplano Sertanejo, embora com precipitações menos baixas que as do Cariri, também está sujeito ao fenômeno das secas, porque as suas chuvas são igualmente irregulares. A vegetação de caatinga foi sendo degradada ao longo do tempo para a ocupação do solo com o algodão, milho e ainda com o pasto para criação do gado, principal atividade econômica. 

Referências: 

Paraíba: Desenvolvimento econômico e a questão ambiental / Antônio Sérgio Tavares de Melo, Janete Lins Rodriguez – João Pessoa , Grafset,  2003

Atlas Escolar da Paraíba / Coordenadora : Janete Lins Rodrigues – João Pessoa, Grafset,  2002

 


Vegetação paraibana

 Vegetação paraibana


Destacam-se os seguintes tipos de vegetação: 

Vegetação litorânea – Localizada bem junto ao litoral, nas partes mais próximas às praias; caracterizam-se pela presença de mangues, dunas, tabuleiros, vegetação rasteira, arbusto e matas de restinga.

No litoral paraibano, destaca-se a vegetação típica das praias: pinheiro das praias, salsa da praia, coqueirais, entre outros. Em Cabedelo, há a mata de restinga. Nela encontramos árvore de porte médio, trocos com diâmetros pequenos, copas largas e irregulares. As espécies principais são o cajueiro, maçaranduba e aroeira da praia.

Na foz dos rios e até onde exista influência das marés, existem solos lamacentos, salinos e instáveis com alto teor de matéria orgânica em decomposição. Uma magnífica vegetação arbórea de mangue dá o devido destaque em algumas partes no litoral do Estado. As espécies dessa formação vegetal apresentam algumas características essenciais para essa adaptação ao meio, por exemplo, raízes suportes e respiratórias.

Algumas espécies como o mangue vermelho, mangue de botão, mangue branco e a siriúba vivem obrigatoriamente no setor pantanoso, e outras, como a samambaia-assu e a guaxuma, ocorrem nos setores marginais de solos, com características mais estáveis, só esporadicamente alcançados pelas marés.

Mata atlântica – Corresponde á área da zona da mata, os tabuleiros e as várzeas que antes eram ocupados pela vegetação da Mata Atlântica, hoje são ocupados pela cana-de-açúcar e pelas cidades. Encontrava-se nas várzeas e tabuleiros, estando bastante alterada ou mesmo inexistente na maior parte do litoral devido à expansão da monocultura canavieira.

Nas encostas orientais e nos vales úmidos que cortam o Baixo Planalto (Tabuleiro), aparecem os solos areno-argilosos e os solos férteis de várzeas. Ai predominava a chamada Mata Atlântica, infelizmente hoje reduzida a apenas 5% de sua área primitiva do Estado. Ainda existe atualmente “relíquias” desta mata, representada pela Mata do Buraquinho, Mata de Pacatuba entre outros. Nessa vegetação, encontram-se árvores altas, copas largas, troncos com grande diâmetro, folhas perenes, muitos cipós, orquídeas e bromélias. Já recobriu grande extensão do território paraibano; atualmente, quase toda devastada pelo homem ficando algumas reservas como Pau-Brasil, Jatobá e outros. 

Cerrados – Tipo de vegetação campestre, é formado por árvores e arbustos distanciados entre si, com árvores tortuosas e tufos de capim encontrados nos tabuleiros. Localizam-se nos baixos planaltos costeiros, onde predominam a mangaba, a lixeira, o cajuí e o batiputá, entre outros. 

Agreste – Na faixa de transição entre o clima tropical úmido e o clima semiárido, surge o agreste. Trata-se de uma vegetação intermediária entre a caatinga e a floresta, com espécies das duas formações.

Vegetação acaatingada com espécies de mata atlântica vegetação de transição, observa-se a presença de plantas tanto dos tabuleiros quanto dos sertões. Sua vegetação é constituída por espécies que se misturam, floresta tropical e caatinga (cactos, pequenas árvores e arbustos).

A formação do Agreste também vai ocorrer em faixas entre o brejo úmido e o Cariri semiárido, ou seja, em área de transição climática. Algumas espécies que não ocorrem ou são raras na depressão aparecem no chamado Agreste da Borborema, como umbuzeiro, catingueira, aroeira, facheiro, etc.

Mata Serrana – Vegetação das encostas úmidas das serras isoladas da região semiárida e semiúmida (Serra do Teixeira, Monte Horebe, Araruna, Santa Luzia, Cuité entre outros. São formadas por espécies de mata úmida e arbustos da caatinga.

Desenvolveram-se nessas serras, uma formação vegetal classificada como Mata Serrana, com espécies arbóreas e arbustivas da caatinga (baraúna, angico, jurema) e algumas espécies de Mata úmida como pau-d’óleo, praíba. Ocorrem ainda a tatajuba, violeta, etc.

Caatinga – Área de domínio do clima semi-árido, isto é, no Sertão, Cariri, Curimataú, Seridó, recobrindo em 65% o território.

Vegetação dominante, formada por xerófilas, cactáceas, caducifólias e aciculifoliadas. Pode ser dividida em hiperxerófila – áreas mais secas (Cariri, Seridó e Curimataú) ou hipoxerófila (proximidades do Agreste e no Sertão).

É formado por xiquexique, mandacaru, macambira, baraúnas, aroeira, angico, umbuzeiro, juazeiros e outros.

Os solos são rasos e pedregosos. A vegetação da caatinga, com muitas baraúnas, angicos e aroeiras, primitivamente arbustivo-arbórea, foi sendo degradada, ao longo do tempo, para a ocupação do solo com o algodão, milho e ainda com o pasto para a criação do gado, principal atividade econômica. A caatinga ocorre atualmente, quase como uma formação do tipo arbustiva esparsa, com predomínio de favela, marmeleiro, pereiro, jurema preta, macambira, mandacaru, xique-xique, etc. somente ao longo de alguns rios aparecem oiticicas, craibeiras e carnaúbas, testemunhando antigas matas ciliares. 

Algumas áreas protegidas por iniciativa do IBAMA, SUDEMA e grupos ambientalistas. 

  • Reserva Biológica Guariba - (4.321 hectares) nos municípios de Mamanguape e Rio Tinto. 
  • Área de Proteção Ambiental - (APA 14.640 hectares) da Barra do Rio Mamanguape nos municípios de Rio Tinto e Lucena. 
  • Reserva Florestal Mata do Amém – (103.370 hectares) no município de Cabedelo, última reserva de Mata Alta de Restinga. 
  • Parque Estadual Mapa do Pau – Ferro (600 hectares) no município de Areia. 
  • Monumento Natural Vale dos Dinossauros (40 hectares) nos Municípios de Souza. 
  • O Porquê Estadual Pico do Jabre (400 hectares) nos Municípios de Matureia de Mãe D’Água. 
  • Jardim Botânico – João Pessoa (500 hectares) – É considerado a maior área verde em ambiente urbano dos pais.

A Paraíba só possui 0,7% de área preservada. Como continua o processo desmatamento nas regiões do Cariri e do Sertão a caatinga paraibana segue com certeza o caminho da desertificação.



Hidrografia paraibana

                                       Hidrografia paraibana                                                                            

    Os rios dependem muito do relevo e do clima. Por isso existem os rios perenes e temporários de planície ou encachoeirados.


A mais forte característica dos rios paraibanos é o fato de a maioria serem temporários, ou seja, diminuem bastante de volume ou mesmo secam nos períodos de saca, principalmente no sertão, o que complica a agricultura na região.

As principais bacias hidrográficas da Paraíba estão representadas pelos rios Piranhas, Paraíba e Mamanguape. Nas bacias do litoral estão os rios Camaratuba, Miriri e Gramame. Finalmente na Bacia da Borborema Setentrional, podemos encontrar o Rio Curimataú.

Na hidrografia da Paraíba, os rios fazem parte de dois grupos, Rios Litorâneos e Rios Sertanejos.

Grupo dos Rios Litorâneos - são rios que nascem na Serra da Borborema e vão em busca do litoral paraibano, para desaguar no Oceano Atlântico. Entre estes tipos de rios podemos destacar: o Rio Paraíba, que nasce no alto da Serra de Jabitacá, no município de Monteiro, com uma extensão de 360 km de curso d'água, correndo com seus afluentes em direção ao mar, constituindo na maior “bacia hidrográfica” do Estado. Também na porção oriental podemos destacar outras bacias, a do Rio Curimataú, que continua no Rio Grande do Norte, Camaratuba e Mamanguape, entre outros.

Grupo dos Rios Sertanejos - são rios que vão em direção ao norte em busca de terras baixas e desaguando no litoral do Rio Grande do Norte. O rio mais importante deste grupo é o Rio Piranhas, que nasce na Serra de Bongá, perto da divisa com o estado do Ceará. Esse rio é muito importante para Sertão da Paraíba, pois através desse rio é feita a irrigação de grandes extensões de terras no sertão. Tem ainda outros rios, como o Rio do Peixe, Rio Piancó e o Rio Espinhara, todos afluentes do Rio Piranhas.

         Os rios da Paraíba estão inseridos na Bacia do Atlântico Nordeste Oriental e apenas os rios que nascem na Serra da Borborema e na Planície Litorânea são perenes. Os outros rios são temporários e correm em direção ao norte, desaguando no litoral do Rio Grande do Norte.




Relevo Paraibano

  Relevo Paraibano 

O revelo da Paraíba apresenta 5 áreas distintos: A baixada litorânea, os tabuleiros, a depressão sub-litorânea. O Planalto da Borborema e a Depressão Sertaneja.


         
  • Baixada litorânea – Corresponde a área mais plana baixa do relevo paraibano. Nela encontramos as praias, as restingas e os mangues. Está presente ao longo da costa formando uma faixa com cerca de 80 a 90km de largura, com altitudes que variam entre 0 e 10 metros. 
  • Tabuleiros – Compreendem os baixos planaltos costeiros. Seus limites com a baixada litorânea são as falésias viva ou mortas. 
  • Planalto da Borborema – É o acidente de releve mais importante da Paraíba. As maiores altitudes estão na divisa com Pernambuco. O ponto mais alto do relevo paraibano está na Serra do Teixeira no município de Matureia, o Pico do Jabre com 1197metros de altitude.


  • Depressão Sertaneja – Localiza-se no oeste da Paraíba e constitui uma área de terras baixas onde predomina o solo pedregoso em extensões aplainadas. Em alguns locais essas superfícies são interrompidas por morros isolados.

        

No Agreste, temos algumas depressões que ficam entre os tabuleiros e o Planalto da Borborema, onde se encontram muitas serras, como a Serra de Araruna, a Serra de Cuité e a Serra de Teixeira. Encontra-se no município de Araruna a Pedra da Boca.

No sertão, temos uma depressão sertaneja que se estende do município de Patos até após a Serra da Viração.

O Planalto da Borborema ou Chapada da Borborema é o mais marcante acidente do relevo do estado. Na Paraíba ele tem um papel fundamental no conjunto do relevo, rede hidrográfica e nos climas. As serras e chapadas atingem altitudes que variam de 300 a 800 metros de altitude.

A Serra do Jatobá é uma grande rocha de cor branca (que pode ser vista até do espaço), predominando sobre a caatinga e que forma em seu redor área permanentemente verde em função do solo arenoso e a presença de umidade, mesmo nos períodos de seca. O local tem tudo para o turismo, possibilitando voos de asa delta. A Serra do Jatobá, é apenas um pedaço (o maior), o qual se vê claramente que é uma única pedra, de uma grande região de pedras que pertencem ao município de Serra Branca. É considerada como maior batólito das Américas do Sul e Central.

A Serra de Teixeira é uma das mais conhecidas, com uma altitude média de 700 metros, onde se encontra o ponto culminante da Paraíba, a saliência do Pico do Jabre, que tem uma altitude de 1.197 metros acima do nível do mar, e fica localizado no município de Maturéia.





A conquista da Paraíba e a Capitania Real

Aspectos geográficos da Paraíba

Paraíba, estado da região nordeste do Brasil, ocupa uma área de 56.340,9 km², limitando-se ao norte com o Estado do Rio Grande do Norte, ao sul com o Estado de Pernambuco, a oeste com o Estado do Ceará e a leste com o oceano Atlântico. Possui 223 municípios e tem por capital, a cidade de João Pessoa.

A Paraíba possui, entre seus extremos, a Ponta do Seixas, importante ponto turístico da capital do Estado. Localizado na praia do Cabo Branco, a Ponta do Seixas é o local que marca o ponto mais oriental das Américas.

                Antecedentes da conquista da Paraíba

Demorou um certo tempo para que Portugal começasse a explorar economicamente o Brasil, uma vez que os interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas Índias, e alem disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.

Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-Colônia, e especial devido a extração de  uma tinta, usada para tingir tecidos na Europa.

Esses invasores eram em sua maioria franceses, e logo que chegaram no Brasil fizeram amizades com os índios, possibilitando entre eles uma relação comercial conhecida como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por alguma manufatura sem valor.

Os portugueses, preocupados com o aumento do comércio dos invasores da colônia, passaram a enviar expedições para evitar o contrabando do pau-brasil, porém, ao chegar no Brasil essas expedições eram sempre repelidas pelos franceses apoiados pelos índios.

Com o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu criar o sistema de capitanias hereditárias. Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida em 15 grandes faixas de terras; tendo cada uma de 200 a 650 quilômetros de largura. Essas áreas, chamadas capitanias hereditárias, foram entregues a doze pessoas, que deveriam tomar conta delas e fazê-las prosperar. Cada capitania era entregue a um capitão-donatário (senhor das terras e responsáveis por sua exploração), que deveria desenvolvê-la com seus próprios recursos. Elas recebiam esse nome porque a posse passava, por herança, de pai para filho.

As terras que hoje formam a Paraíba pertenciam à Capitania de Itamaracá, cujas terras iam desde a foz do rio Santa Cruz (hoje Igaraçu) em Pernambuco, até as terras próximas ao rio Paraíba, que, nessa época, chamava-se São Domingos.

Nessas terras viviam os índios de dois grupos: no litoral, o grupo dos tupis, formado pelas tribos Tabajaras e Potiguaras. Mais para o interior, o grupo dos tapuias, formado pela tribo dos índios cariris.

                   A fundação da capitania real da Paraíba

Inicialmente essa capitania foi doada a Pero Lopes de Souza, que não pode assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila Conceição e a construção de engenhos.

Após a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando a mercê de malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de madeira.

Com a tragédia de Tracunhaém (tragédia na qual os índios mataram todos os moradores de um engenho), em 1574, a Corte Portuguesa ficou alarmada com os acontecimentos, o que levou o rei D. Sebastião a separar a Paraíba da Capitania de Itamaracá, elevando-a à categoria de Capitania Real da Paraíba, passando então a ser administrada diretamente pela Corte, que tirara para si todas as vantagens.

O Decreto Real criando a Capitania Real da Paraíba foi editado, possivelmente em janeiro de 1574. Esta foi a terceira Capitania Real do Brasil, sendo a primeira, a da Bahia e a segunda do Rio de janeiro. As terras da nova Capitania tinha os seus limites desde a foz do rio Popoca até a Baía da Traição.

Depois de expulsos do Rio de Janeiro, os franceses tentaram se estabelecer na Paraíba, onde conseguiram aliar-se aos Tupis, que dominava a região e fixaram-se na Baía da Traição, próxima a Mamanguape, onde o comércio era livre. Os franceses comerciavam pau-brasil, algodão, óleos vegetais e animais nativos, que mandavam para sua terra. Eles conseguiam conquistar os índios, em troca de ferramentas, presentes e enfeites, levando-os a não reagirem às suas invasões e até a ajudarem na derrubada de madeira.

Existia uma grande preocupação dos lusitanos em conquistar a capitania que atualmente é a Paraíba, pois havia a garantia do progresso da capitania de Pernambuco, o fim da aliança entre Potiguaras e franceses, e ainda, havia um grande interesse em estender sua colonização ao norte.

    No entanto, a Capitania Real da Paraíba nasceu de duas exigências:

·  compensação do insucesso da capitania de Itamaracá;

· necessidade de apoio ao povoamento já instalado na Capitania de Pernambuco.

 Causas do retardamento da colonização da Paraíba

Entre a criação da Capitania da Paraíba e sua efetiva conquista, decorrem mais de dez anos. Os motivos desse retardamento são gerais e particulares. Gerais porque os problemas do governo português são múltiplos, tanto na política como na economia, afastando-o de um interesse concreto em povoar terras que não davam mostras de possuírem os metais preciosos, uma das grandes ambições dos governantes europeus da época. Particulares porque uma série de circunstâncias ocorreu, ocasionando a demora da ocupação da Paraíba. Esses acontecimentos foram: ação de apresadores de índios, presença de franceses na Baía da Traição, massacre em Tracunhaém e traição aos Tabajaras.

    a)Apresadores de índios: eram aventureiros que procuravam no Nordeste a riqueza fácil e que a partir de 1560 encontraram condições de ação na Capitania de Pernambuco. Infiltrando-se entre aldeias indígenas pacíficas criaram sérios conflitos através de violência que visava contrabandear os nativos a conduzi-los escravizados em navios. Muitas amizades já consolidados entre colonos e índios foram por isso dissolvidas e em toda a região as tribos se levantaram para a guerra;

   b) Presença de franceses na Baía da Traição:  provavelmente os franceses freqüentavam os portos da Paraíba desde 1520, formando aliança com os índios Potiguaras. Essa tribo, provando não ser belicosa por natureza, recebeu os franceses em sua convivência mais íntima, permitindo a miscigenação sem fronteiras, que unia os homens loiros de Franca às mulheres Potiguaras; com eles o comércio de especiarias da terra foi franco, em troca de diferentes objetos trazidos da Europa. As razões de tal amizade foram: em primeiro lugar, os franceses procuravam homenagear os Potiguaras, naquilo que lhes era mais caro, ou seja, sua valentia, o prestígio de seus guerreiros e sua liberdade. Os potiguaras não sofriam dos franceses qualquer afronta: nem mentiras, nem apresamento, nem quebra nos padrões culturais. Em segundo lugar, conquistada a harmonia com o nativo, os franceses passavam a oferecer-lhes ensinamentos úteis, informam sobre melhores métodos de agricultura, doam ferramentas e incentivam a cultura do algodão. Quando surgiram, portanto, os primeiros conquistadores da Paraíba tentando colonizá-la, franceses e potiguaras estavam em bom entendimento para a defesa de seus interesses.

   c) Massacre de Tracunhaém: trata-se de um acontecimento histórico decisivo para a criação da Capitania da Paraíba. O seguinte episódio, ocorreu no vale do rio  Tracunhaém, que pertencia a Itamaracá e hoje se localiza a pequena distância da cidade pernambucana de goiana. Deu-se que, por ali, em 1574, transitaram dois guerreiros potiguares, provenientes de Olinda, onde, por determinação do governador geral Antônio Salema, recapturaram jovem indígena de quinze anos, filha do cacique Iniguaçu, e que fora arrebatada por mameluco das aldeias da serra da Copaoba. A beleza da índia, todavia, tanto fascinou o proprietário Diogo Dias que decidiu ficar com a moça. O rapto irritou os indígenas que insuflados pelos franceses, caíram sobre o engenho de Dias, no Tracunhaém, massacrando seus habitante, a única exceção de um irmão de Diogo. Simultaneamente, os demais centros de povoamento de Itamaracá foram atacados, com os ocupantes refugiando-se na ilha. Diante do fato, o rei D. Sebastião, para colonizar a região e por fim à fúria selvagem, fez com que Portugal ao mesmo tempo tomasse posse da terra; criou, então, a Capitania Real da Paraíba desmembrando-a da capitania de Itamaracá. Toda a ação de conquista que se tentasse, porém compromissava-se com a guerra aos Potiguaras e com a expulsão dos franceses.

    d)Traição aos tabajaras : aconteceu quando essa tribo situava-se na região do rio São Francisco. Em 1573, Francisco Caldas, com mais de 200 homens, pretendendo apresar Tapuias, chegaram até a tribo do chefe Piragibe, já com amizade firmada com os colonos. Conseguindo reforço de índios, viajou para o interior, de onde voltou semanas depois, trazendo carregamento de índios escravizados. Na verdade Francisco Caldas pretendia também cativar Piragibe e toda sua gente. O chefe Tabajara tomando conhecimento da intenção do aventureiro e depois de avisar a Assento de Pássaro, outro chefe e parente, armou uma cilada fatal, de que resultou o massacre de toda a expedição e soltura de escravos. Desde aí, Piragibe junto com Assento de Pássaro, abandonaram sua morada e emigrou com sua família e grande número de índios Tabajara, percorrendo o interior até chegar a Paraíba. Em 1585, aliou-se aos potiguares, contra a conquista da Capitania Real da Paraíba.

                       As lutas pela conquista da Paraíba

Quando foi criada a capitania real da Paraíba, o Brasil vivia o sistema de Governo Geral. Na época, o governador geral era Luís de Brito e Almeida. Este recebeu do rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim, começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para isso, o rei de D. Sebastião mandou primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.

      a) Primeira expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mais isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.

     b) Segunda expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota foi devolvida ao porto de origem, com o próprio Governador Geral, e outra conseguiu ancorar em Pernambuco onde, depois de esperar algum tempo também retornou à Bahia.

    c) Terceira expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de que se conquistasse a Paraíba, a governaria por dez anos. Essa ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.

    d) Quarta expedição (1582) : com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.

    e) Quinta expedição(1584) : esta teve a presença de flores Valdez, Felipe de Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, Que conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. 

Definindo a conquista

Em 1584, as lutas pela Paraíba registraram a participação dos espanhóis a que, indiretamente, passara a pertencer o Brasil, em razão da união das Coroas de Portugal e Espanha, subordinados a um mesmo soberano - Felipe II da Espanha. Esse acontecimento ocorrido em 1580, na Europa, explica a atuação nas peripécias paraibanas de 1584, de dois espanhóis, o almirante Diogo Flores Valdez e o alcaide Francisco Castejom.

Ao primeiro coube chefiar a Armada que veio combater os franceses no mar e fechar a desembocadura do rio Paraíba, batizado de São Domingos pelos Portugueses. Castejom encarregou-se do comando de baluarte, erguido nas proximidades do estuário do Rio da Guia, afluente da Paraíba. O fortim batizado de São Felipe e São Tiago ensejou a denominação de Forte Velho para a localidade, hoje convertida em centro de turismo.

Não foi desta feita, todavia, que a resistência indígena resultaria dominada. Edificada em local inadequado, a fortaleza viu-se cercada pelos Potiguaras que, em campo aberto, destruíram bandeiras que se aventuraram pelo interior. Quando as desavenças entre o capitão-mor Frutuoso Barbosa, português, e o alcaide Castejom, espanhol, se acentuaram, a situação dos conquistadores tornou-se insustentável. Castejom incendiou o forte e jogou a artilharia ao mar, retirando-se para Olinda, onde foi preso pelo Ouvidor Martim Leitão.

Em 1585, coube a este último organizar expedição para a conquista, somente então consumada. Devido à importância estratégica, a Paraíba fora criada como Capitania Real, isto é, diretamente subordinada à coroa, o que propiciou o emprego de recursos oficiais no empreendimento.

A expedição chefiada militarmente por João Tavares, partiu de Olinda, com aproximadamente mil homens, a cavalo e a pé. Entre os participantes das jornadas encontrava-se militares, proprietários e sacerdotes, com índios “domesticados” e escravos negros compondo a massa restante.

Quando aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras, Martim Leitão manda saltá-los, afirmando que sua luta era contra os Potiguaras.

Após o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra traição, a rejeitaram.

O cacique Piragibe, à frente dos Tabajaras, tinha planos de cercar o forte e invadir também as capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Mas houve sérios desentendimentos entre os Tabajaras e os Potiguaras, os quais levaram as duas tribos a guerrearem entre si.

Martim Leitão, sabendo desses fatos, preparou-se para tentar as pazes com o valente cacique Piragibe, pois sabia da importância de tê-lo como aliado.

Para essa missão de paz, o escolhido foi o capitão João Tavares, de espírito conciliador. Finalmente, no dia 5 de agosto de 1585, celebraram um acordo, na encosta de uma colina em frente ao rio Sanhauá, onde se construíram um forte de madeira. Nesta data, foi firmada definitivamente a conquista da Paraíba.

A conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união de um português e um chefe indígena chamado Piragibe, palavra que significa Braço de peixe.

Em virtude de ser o dia 5 de agosto dedicado a Nossa Senhora das Neves, a nova cidade recebeu o nome de Nossa Senhora das Neves, passando a chamar-se Filipéia de Nossa Senhora das Neves (29/outubro/1585) em homenagem ao Rei Felipe da Espanha.

Depois passou a chamar-se Frederikstadt (frederica) (26/dezembro/1634) por ocasião da conquista pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza o Príncipe Orange, Frederico Henrique. Em seguida, Parahyba (01/fevereiro/1654) no retorno ao domínio português, recebendo a mesma denominação que teve a capitania, depois província e por último Estado. Finalmente, João Pessoa (04/setembro/1930) homenagem prestada ao presidente do Estado assassinado em recife e que havia negado apoio ao Dr. Júlio Prestes, candidato oficial nas eleições de 1930. 

A fundação da cidade e a consolidação da conquista

    1 – O início da cidade de Nossa Senhora das Neves

Celebrado o acordo com os Tabajaras, os portugueses puderam fundar a cidade sede da capitania. Por escolha de Martim leitão, João Tavares e Frutuoso Barbosa, que percorreram a cavalo a planície situada entre o rio Paraíba e o oceano Atlântico, a nova cidade foi edificada a partir de quatro de novembro de 1585, na parte mais elevada, visava assegurar-lhe a defesa, a proximidade do rio possibilitaria através dessa exportação dos produtos elaborados ou encontrados – açúcar, peles, couro, âmbar, madeiras e algodão. Incluindo no conjunto de trocas da economia mundial, a capitania integrava o sistema econômico mercantilista.

Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade criada no Brasil, sem nunca ter sido Vila. Este privilégio lhe coube porque fora fundada pela cúpula da Fazenda Real, uma Capitania da Coroa. 

2 – Consolidação da conquista

Martim Leitão, artífice primeiro da cidade de Nossa Senhora das Neves e de sua consolidação, trouxe consigo pedreiros, carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a cidade. As primeiras medidas de Martim Leitão foram para a construção de galpões de trabalho, levantamento de um forte, projeção de uma casa para servir de almoxarifado e demais construções essenciais à moradia.

A principal fortificação teve construção iniciada em1586, no lugar denominado Cabedelo – palavra equivalente a ponta de terra – onde o rio Paraíba se encontra com o mar. Tornava-se essencial fortalecer esse sítio porque quem o controlasse teria acesso à cidade, dezoito quilômetro rio abaixo.

Datou daí a instalação da fortaleza de Santa Catarina, de Cabedelo, ou ainda do Matos, em homenagem a seu primeiro comandante, Francisco Cardoso  do Matos. A munição era assegurada pela Casa da Pólvora, a terceira e mais importante das quais tomou o lugar do forte do Varadouro, em 1710.

A colonização da Paraíba é pontilhada de momentos difíceis. Além dos problemas de subsistência do pequeno grupo pioneiro de Martim Leitão e João Tavares era necessário: 

- Proteger os locais escolhidos para dar início ao povoamento;

-  Vigiar a barra do rio Paraíba, porta aberta aos franceses e aventureiros;

-  Ter cautela com tribos Cariri, que podiam atacar vindos do interior;

-  Sustentar defesa contra investidas Potiguaras;

-  Expulsar os franceses;

-  Conservar a aliança com os Tabajaras;

-  Transferir colonos e fixa-los na Capitania;

-  Estabelecer uma economia estável.

 3 – Economia e ocupação colonial

Naquela época, a riqueza vegetal da Paraíba era a base inicial de sua economia. As madeiras exploradas eram o pau-brasil e outras, como o pau-brasil e outras, como o cedro, o jacarandá, resistentes e duráveis que s destinavam ao fabrico de barcos e móveis para a nobreza.

Logo a cana-de-açúcar, plantada nas várzeas da Capitania Real da Paraíba, foi sendo reconhecida como da melhor qualidade. Numa época em que o açúcar dava bastante lucro, não se perdeu muito tempo e, nas proximidades da capital, apareceram os primeiros canaviais. Em 1587 funda-se o Engenho Real no Tibiri, onde se inicia a plantação de cana de açúcar, integrando a Paraíba a rede do comércio colonial.

Logo os engenhos ficaram de “fogo aceso” nas várzeas da Paraíba. Tanto é que em 1610, 25 anos depois da implantação a agroindústria açucareira na capitania, já funcionavam 12 engenhos fabricando açúcar e enviando para a Europa.

O florescimento da cultura açucareira deu-se durante todo o século XVI e primeira metade do século XVII, quando veio a crise da produção regional, provocada pela concorrência do açúcar das Antilhas.

Ainda no século XVII, a ocupação do sertão foi determinada pela necessidade de prover a área açucareira de animais para o trabalho e alimento para a população. Foi então que a pecuária sertaneja surgiu, revestindo-se de grande importância geoeconômica, à medida que extensa faixa territorial pôde ser ocupada por reduzida população. Nesta área, o grande proprietário baseou sua economia em duas atividades: pecuária e cultura do algodão. A cultura do algodão que ficou conhecido como ouro branco. sua produção proporcionou um desenvolvimento considerável na economia local. O criação de gado também teve uma importância singular na Paraíba. Sua atividade econômica estava voltada para o mercado interno e, consequentemente, os lucros oriundos de sua comercialização permaneciam na mesma. Sua fase áurea ficou conhecida como ciclo do couro.

A construção do forte de cabedelo na foz do Rio Paraíba  serviu de ponto de apoio para a continuidade da conquista do norte da capitania (vales Mamanguape e Camaratuba), do Rio Grande do Norte e mais tarde da penetração para oeste rumo ao sertão.

Entre 1585 e 1634 se processou a consolidação do povoamento do litoral. Este se deteve, até meados do século XVII, na Borborema, onde a presença de densas florestas, índios e o relevo acidentado retardaram a ocupação.

O sertão já tinha sido batido pelos bandeirantes baianos, paulistas e paraibanos. a primeira penetração fora a de Elias Heckman, por ordem de Maurício de Nassau(durante o domínio holandês), em 1641, à procura de ouro. Os franceses conheceram muito cedo, por via marítima, a baía da Traição: Mamanguape já era visitada, antes da conquista, por portugueses, franceses e mamelucos de Olinda.

Foram os missionários de catequeses que avançaram primeiro para a área dos cariris, surgindo depois da de Pilar, a aldeia de Campina Grande. Teodósio de Oliveira Ledo lançou-se até o boqueirão na serra do Carnoió, onde instalou um acampamento. em vez das missões, já era a guerra. Essa bandeira trágica atravessou a chapada e, descendo, atingiu Piranhas. Foi mais além. Em 1697 seu guia já era capitão mor de Piranhas e Piancó. No final do século XVII, o apresamento e o morticínio dos índios e os maus-tratos recebidos pelos que eram escravizados provocaram a revolta indígena conhecida como Confederação dos Cariris.

4 – A organização político-administrativa

 A nova cidade teve uma administração, de 1585 a 1634, de capitães-mores ou governadores.

Nos primeiros tempos, a capitania da Paraíba era dirigida por um governador, o capitão-mor (denominação que significava que ele dirigia os capitães).

Com a dilatação da conquista, as populações do interior também tiveram os seus capitães-mores, que comandavam as ordenanças, supervisionavam o policiamento dos sertões, respondia pela paz e ordem das suas circunscrições e eram subordinados ao governador.

Havia outras autoridades: o Ouvidor-Geral que cuidava da justiça, dos juízes de órfãos e certos juízes inferiores denominados almotacés incumbidos de tomar conhecimento dos negócios pequenos. O Provedor da Fazenda presidia à arrecadação das rendas da Fazenda Real.

Existia em cada Capitania no tempo colonial (que, aliás, foi até o Império) o Senado da Câmara, órgão que zelava pelos interesses do povo perante os governos da Capitania, da Colônia e do Reino. Ainda havia na capitania da Paraíba a Casa do Conselho, com o pelourinho, onde funcionava o Tribunal de Justiça.

O período governamental era de três anos geralmente. Entretanto, poderia ser excedido, dependendo de circunstâncias. 

 Propriedade, escravidão e organização familiar

Do ponto de vista social, ou seja, da composição de classes, a capitania da Paraíba, tal como o restante da sociedade brasileira, fundamentou-se na grande propriedade territorial, a chamada sesmaria.

A primeira sesmaria paraibana foi concedida ainda no século XVI, quando seu número não passou de cinco, no século XVII, esse número cresceu, mas na primeira metade, sua localização não ultrapassou os vales dos rios Paraíba e Mamanguape, o que significa colonização ainda restrita ao litoral. Na segunda metade do século XVII e, principalmente no século XVIII, essas sesmarias alcançaram os pontos mais distantes do território Paraibano, o que representou a expansão deste, com incorporação das terras sertanejas à colonização. No século XIX, as sesmarias concedidas aos que desejavam lavrar a terra baixaram de número, tanto por o território já se encontrar quase inteiramente ocupado, quanto pela Lei de Terras, de 1850, que extinguiu o sistema sesmarial. Daí em diante, as chamadas terras devolutas somente puderam ser adquiridas mediante compra.

A sesmaria, que originou o latifúndio, monocultor com a cana-de-açúcar no litoral e brejo, e binômio pecuária – algodão, no sertão, responsabilizou-se pela ocupação da Paraíba. O proprietário, todavia, não trabalhava diretamente a terra. Desde o início recorreu=se ao braço do negro africano, para cá importado. Surgia assim, na zona da mata, onde rios, solo de tipo massapé e, principalmente demanda dos mercados externos ensejavam partidos de cana e engenhos, o latifúndio monocultor e escravista.  Sua força de trabalho residia na mão-de-obra negra, não porque o índio fosse indolente ou inapto ao trabalho, mas porque na escravidão africana residiam os maiores lucros do sistema econômico mercantilista, baseado na circulação de mercadorias.

Essa sociedade era também patriarcal. Isso porque o grande proprietário,  dispunha de poderes absolutos, nos limites de sua propriedade. A mulher, filhos, agregados e escravos deviam-lhe fidelidade. Não raro, castigos físicos acompanhavam as transgressões. A mulher teve alguma importância nesse tipo de organização social, mas seus poderes limitavam-se ao interior da casa grande. Quanto aos filhos, casavam-se mediante recomendação dos pais, verificando-se muitos casamentos entre parentes para impedir divisão da propriedade. O despotismo patriarcal  ampliava os limites da família, de modo  que, ao lado da família legítima, sobrevinha outra, ilegítima, mediante multidão de filhos naturais. 

 Algumas das Primeiras vilas da Paraíba na Época colonial

Com a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. No primeiro decênio do século XVII, a Paraíba já era considerada a terceira capitania mais desenvolvida do Nordeste, perdendo apenas para a Bahia, capital da colônia, e para Pernambuco. A cidade já contava com mais de 1.000 habitantes e a região possuía aproximadamente 20 engenhos. A seguir temos algumas informações sobre as primeiras vilas da Paraíba. Não especificamente na ordem cronológica.

PILAR

O início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando as fazendas de gado foram encontradas pelos holandeses.   Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela região. Foi elevada a categoria de vila em 14 de setembro de 1758. Em 1670, Jesuítas, acompanhados pelos índios Cariris, fundaram um colégio. Em torno do mesmo, formou-se o povoado, cuja população era constituída principalmente de garimpeiros, que para ali se deslocavam em busca do ouro existente.

A produção de açucareira trouxe grande prestígio para Pilar, em virtude dos inúmeros engenhos distribuídos pelas várzeas e baixios do território, tanto que, em 1859, teve a honra de receber a visita do Imperador D. Pedro II, hospedado no solar do Barão de Maraú, onde recebeu grandes homenagens.

Pilar foi elevada a município em 1985, quando o cultivo  da cana-de-açúcar se tornou na principal atividade da região. 

SOUSA

A fertilidade da região atraiu moradores interessados no cultivo das terras. Nesta localização, Bento Freire de Sousa e José Gomes de Sá também situaram as suas fazendas.
Assim, o povoado desenvolvia-se e, em 1730, contava com 1.468 habitantes, segundo informações do Cabido de Olinda.
Esse crescimento chamou atenção de Bento Freire que, residindo na Fazenda Jardim, tomou a iniciativa de organizar um povoado.

Conhecida como Jardim do Rio do Peixe, nome primitivo da localização, foi elevado à categoria de Vila por decisão do Reino, expressa por força de autoridade da Carta Régia de 22 de julho de 1766. Mesmo ostentando a condição de distrito, permaneceu o povoado com o seu nome primitivo. Foi através da Lei Provincial de Nº 28, de 10 de julho de 1854, que a Vila de Sousa foi elevada à categoria de cidade passando, na oportunidade, a denominar-se Sousa, em homenagem ao seu benfeitor, Bento Freire de Sousa, conhecida hoje por "cidade sorriso".

Hoje a sexta cidade mais populosa do estado e dona de um dos mais importantes sítios arqueológicos do país (Vale dos Dinossauros), onde encontra-se várias pegadas de repteis pré-históricos.    

CAMPINA GRANDE

Sua colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio  de Oliveira Ledo instalou na região um povoado. Os indígenas formaram uma aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por onde passavam camponeses. Percebe-se que as características comerciais de Campina Grande nasceram desde sua origem.

Campina foi elevada à freguesia em 1769, sob a invocação de nossa senhora da Conceição. Sua elevação à vila com o nome Vila Nova da Rainha se deu em 20 de abril de 1790. A cidade de Campina Grande tem, entre vários destaques, o Açude Velho, construído em 1828 por consequência da forte seca de 1824/1828, que assombrou o Nordeste. Sua conclusão deu-se em 1830.Em épocas passadas, o Açude Velho foi o maior reservatório da Serra da Borborema, responsável pela manutenção da Vila, e depois, cidade. Às suas margens encontramos o monumento aos Tropeiros da Borborema, um dos símbolos da cidade. Hoje Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste. 

Guarabira

Foi fundada no Engenho Morgado, do senhor Duarte Gomes da Silveira. Os primeiros habitantes da localidade foram os índios Potiguares. Eles viviam em constantes conflitos com os colonizadores (franceses e portugueses), por volta do século XVI.

José Gonçalves da Costa Beiriz foi o fundador do município que recebeu o nome de Guarabira. Antes, era chamada pelos índios de "Guaraobira" ou "Guirabira", mas a Lei 841, de 26 de novembro de 1877 elevou a localidade a categoria de cidade, com a denominação de Guarabira.

SÃO JOÃO DO CARIRI

Tendo sido povoada em meados do século XVII pela enorme família Cariri que povoava o sítio São João, entre outros, esta cidade que atualmente não se destaca muito à nível estadual foi elevada à vila em 22 de março de 1800. Sua emancipação política é datada de 15 de novembro de 1831.

POMBAL

 No final do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo realizou uma entrada através do rio Piranhas. Neste venceu o confronto com os índios Pegas e fundou ali uma aldeia que inicialmente recebeu o nome do rio (Piranhas).

Devido ao sucesso da entrada não demorou muito até que passaram a chamar o local de Nossa Senhora do bom sucesso, em homenagem a uma santa.

Em 1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem a padroeira da cidade considerada uma relíquia histórica nos dias atuais.

Foi em 03 de março de 1772 que o ouvidor da Paraíba.  José Januário de Carvalho encaminhou — em nome dos habitantes da povoação do Piancó — representação ao governador de Pernambuco Manuel da Cunha de Meneses, propondo a instalação de uma vila nos sertões da Paraíba, nos termos de uma Carta Régia autorizando a criação de novas Vilas na jurisdição de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte. 

Por carta régia de 22 de julho de 1766 foi elevada à categoria de vila, com o nome de Pombal. Homenagem ao ao famoso Marquês de Pombal. Elevada à categoria de vila deu-se a instalação oficial a 4 de maio de 1772. Data hoje considerada como sendo também a da criação do município. De imediato, fizeram-se eleições livres para o preenchimento dos cargos oficias da Câmara e elegeu-se presidente e Judiciário da Câmara o capitão-mor Francisco de Arruda Câmara.

AREIA

Areia foi a principal civilização do Alto Brejo paraibano durante o século XIX, final do século XVIII e início do século XX a tal ponto de ter tido o primeiro teatro do estado.
Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é considerada também como a de sua elevação à vila.
Sua emancipação política se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje, areia se destaca como uma das principais cidades do interior da Paraíba. Em se tratando de história e cultura, esta cidade é um patrimônio paraibano.
Em Areia, José Américo de Almeida nasceu para crescer e escrever livros como "A Bagaceira", um clássico da literatura brasileira. José Américo viveu 93 anos e morreu na cidade de João Pessoa. Além de grande figura literária, José Américo se destacou também na área política, onde chegou a ser ministro no governo de Getúlio Vargas. José Américo viveu grande parte de sua vida na praia do Cabo Branco, em João Pessoa, onde hoje se encontra um museu.

Alhandra

Inicialmente as terras que hoje comporta a cidade de Alhandra, eram habitadas pelos índios Arataquís, que viviam em constantes combates contra os Tabajaras, que ocupavam a região onde hoje se localiza a Capital João Pessoa.

Em 1758, foi elevada à categoria de 1ª Vila da Paraíba, sendo apenas instalada em 1765. e elevada à categoria de cidade com a denominação de Alhandra, no dia 24 de abril de 1959. Após Alhandra se seguiram quatro vilas, a de Pilar (1758), a de São Miguel da Baía da Traição (1762), a de Monte-Mor da Preguiça (atual Rio Tinto em 1762) e a de Jacoca, (atual Conde em 1768). Todas elas fundadas a partir de aldeias indígenas. Nota-se que todas foram criadas em um curto espaço de tempo, e todas além de serem aldeias indígenas, ficavam também na faixa litorânea. 




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