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A gestão de Café Filho e a crise sucessória

Durante os quinze meses de seu mandato (de agosto de 1954 a novembro de 1955), o presidente Café Filho enfrentou um castigado pela crise econômica. Além da crise política gerada pelo suicídio de Vargas, a inflação estava em alta e os preços do café no mercado internacional continuavam caindo.
Diante da crise econômica que atingia o país, a recessão aumentou e, com isso, as lideranças sindicais apoiadas pelos comunistas se fortaleceram. Os comunistas, mesmo atuando na ilegalidade, organizaram uma gigantesca greve operária em São Paulo, em setembro de 1954.
Diante da possibilidade eleitoral da aliança nacionalista PSD-PTB – partidos fundados por Getúlio Vargas –, militares como o tenente-coronel Golbery do Couto e Silva e o general Humberto de Alencar Castelo Branco, além do deputado udenista Carlos Lacerda, procuraram impedir a realização das eleições. No início de 1955, corriam rumores de que as Forças Armadas preparavam um golpe de Estado para impedir a candidatura Kubitschek.
Em setembro, Lacerda divulgou uma nota em seu jornal, Tribuna da Imprensa, em que acusava João Goulart, ex-ministro do Trabalho de Vargas e atual candidato à vice-presidência pelo PTB, de perigoso incitador de greves.
Apesar dessa campanha difamatória, Juscelino e Goulart conseguiram mais votos do que seus adversários: Juarez Távora (candidato à presidência pela UDN), Ademar de Barros (pelo PSP) e o integralista Plínio Salgado.
Após o resultado das urnas, entretanto, ainda persistia a ameaça de um golpe, com o apoio militar de setores da Marinha e Aeronáutica, descontentes com a vitória de Juscelino. Somente a intervenção do general Henrique Teixeira Lott, então ministro da Guerra, tornou possível que o processo sucessório continuasse de acordo com a Constituição. Em novembro de 1955, ele e outros treze generais impuseram estado de sítio na capital federal, forçando Carlos Lacerda a exilar-se do país e garantindo a posse do presidente eleito, em Janeiro de 1956.

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