sábado, 10 de dezembro de 2022

A revolução sandinista


Nem só de golpes de direita viveu a América Latina nos anos da Guerra Fria. Em 1979, um pequeno país da América Central desafiou o poderio norte-americano e fez sua revolução nitidamente popular chegar à vitória: a Nicarágua. A revolução sandinista marcou mais um capítulo na longa história de luta da Nicarágua pela sua soberania. A ingerência dos Estados Unidos sobre a vida política da Nicarágua vem desde o século XIX. No começo do século XX, o governo de Washington ampliou sua influência, interessado em proteger seu monopólio sobre o canal entre os oceanos Atlântico e Pacífico, inaugurado no vizinho Panamá em 1914.A ostensiva presença norte-americana na Nicarágua gerou a criação de movimentos nacionalistas de resistência.
O principal líder guerrilheiro, Augusto César Sandino, foi morto em 1934 por ordem do então comandante da Guarda Nacional nicaraguense, Anastásio Somoza Garcia. Em 1936, Somoza venceu as eleições presidenciais e inaugurou uma ditadura dinástica que atravessaria quatro décadas. Em 62, três anos depois da revolução cubana, o intelectual marxista Carlos Fonseca lançou o movimento guerrilheiro Frente Sandinista de Libertação Nacional, FSLN, com o objetivo de derrubar a ditadura da família Somoza e implantar um regime socialista no país. Em poucos anos a Frente Sandinista conquistou a simpatia da população, especialmente dos camponeses, que viviam em condições miseráveis e permanentemente aterrorizados pela Guarda Nacional Somozista. Nos anos 70, com a exacerbação da tirania e da corrupção do governo, até mesmo os setores burgueses e da classe média começaram a manifestar simpatia pelos sandinistas.
A crise atingiu um dos pontos mais altos em 1978, quando o jornalista Pedro Joaquín Chamorro, diretor do jornal La Prensa, foi assassinado por agentes de Somoza. Foi o estopim de uma insurreição nacional liderada pelos sandinistas. Os guerrilheiros derrotaram a Guarda Nacional e tomaram o poder em julho de 79. Anastásio Somoza Debayle, ditador desde 1967, conseguiu fugir do país, mas seria morto num atentado em 1980 em Assunção, no Paraguai.
O novo governo, encabeçado por Daniel Ortega e formado por sandinistas e setores liberais, expropriou todos os bens da família Somoza, nacionalizou bancos e companhias de seguro e passou grande parte da economia para o controle do Estado. A convivência pacífica de liberais e sandinistas duraria pouco. Em 1980, Violeta Chamorro e Alfonso Robelo, os dois liberais da junta, romperam com o governo e passaram para a oposição. Estava cada vez mais claro que os sandinistas caminhavam na direção de um regime socialista simpático a Cuba e à União Soviética.


Gorbatchev e o fim da Guerra Fria

Quando Mikhail Gorbatchev assumiu o comando político da União Soviética, em 1985, era evidente o descompasso entre o bloco socialista e o capitalista, devido ao crescimento econômico e tecnológico desse último. Em países como Estados Unidos, Japão e Alemanha efetivava-se uma dinâmica produtiva fundada na alta tecnologia, na eletrônica, na biotecnologia, na química fina.
Esse novo momento do desenvolvimento capitalista, chamado por muitos de Terceira Revolução Industrial, exigia grande volume de capitais pra manter as intensas e custosas pesquisas, e a rapidez e o dinamismo na produção de bens. Contando com imensas riquezas e o domínio mercado internacional, as grandes potências capitalistas viviam, assim, nos anos 1980, situação bem diferente da lentidão burocrática do regime soviético. A concorrência e a iniciativa privada, características típicas da economia capitalista, deixavam para trás as estruturas de produção planificadas, sob o comando burocrático dos soviéticos.
Para enfrentar esse quadro, Gorbatchev colocou em prática amplo processo de transformações, fundado em três pilares básicos: a distensão internacional, com acordos que pudessem interromper a corrida armamentista; a reestruturação econômica, chamada perestroika; e a abertura política, acabando com o centralismo do poder, denominado glasnost.
No início das reformas, enquanto Gorbatchev intensificava as pressões para o desarmamento, o governo do presidente norte americano Ronald Reagan voltava a estimular a corrida armamentista. Para isso, lançava o projeto Guerra nas Estrelas, uma espécie de escudo aéreo composto por sofisticados aparelhos capazes de destruir qualquer míssil lançado em direção aos Estados Unidos.
No plano interno, Gorbatchev estabeleceu o fim do regime de partido único, provocando o surgimento de novas agremiações. Libertou opositores do regime, viabilizou o abrandamento da censura e permitiu que os problemas fossem discutidos abertamente pela população. Ao mesmo tempo, os burocratas tradicionais, sentindo-se ameaçados em suas funções, prestígio e privilégios, tudo faziam para emperrar ainda mais a produção nacional, ampliando as já enormes dificuldades da população soviética. essa atitude irradiava descontentamento e provocava desprestígio ao governo do líder Gorbatchev.
Nesse embate, formaram-se duas poderosas facções política: os conservadores, contrários às mudanças defendidas por Gorbatchev; e os ultra-reformistas, defensores da aceleração da perestroika. Entre os principais líderes dessa última facção, destacava-se Boris Yeltsin, presidente da Rússia, principal república a formar a União soviética.
Ao mesmo tempo que Gorbatchev enfrentava pressões internas e avançava nos acordos de distensão, suas reformas se espalharam pelo Leste europeu, quebrando a unidade do bloco socialista. As reformas iniciadas em Moscou logo se refletiram na Europa socialista, onde os movimentos democráticos ganharam força para mudar todo o panorama político do antigo bloco soviético. Esse processo iniciado por Gorbatchev culminou no fim da própria União Soviética, em 1991. 
A partir daí, os Estados Unidos, vencedores da Guerra Fria, tornaram-se a única superpotência mundial e encontraram novos inimigos contra os quais lutar, como os fanáticos do Islã, de um lado, e os narcotraficantes, de outro lado. Ou seja, novos elementos para a mesma fórmula do Bem e do Mal dos tempos da Guerra Fria. É um mundo que enfrenta novos problemas, como o ressurgimento de conflitos nacionais e étnicos; a disputa entre blocos econômicos; e as grandes máfias que controlam o crime organizado internacional. 


Administração Gerald Ford (1974-1976)

Gerald Ford, vice de Nixon, completou seu mandato, no qual se destacaram a derrota norte-americana na Guerra do Vietnã e a contínua desmoralização do Partido Republicano. A derrota árabe na Guerra de Yom Kippur fez a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) aumentar o preço do barril de petróleo, que gerou a crise do petróleo de 1973 e trouxe um novo componente para o já tenso Oriente Médio. A crise provocou, em especial a partir de 1974, recessão mundial e grandes dificuldades para Ford manter com segurança a hegemonia dos Estados Unidos.


Boris Yeltsin

Boris Yeltsin, político russo, foi o primeiro presidente da Rússia após o desmembramento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Ministro de Mikhail Gorbachev, Yeltsin foi demitido em 1987 por pressionar o governo a acelerar as reformas políticas. Passou para a oposição, acabando por se tornar presidente do Soviete Supremo da Rússia, em 1989.
Em 1991, foi eleito para o recém-criado cargo de presidente da Rússia, defendendo reformas mais radicais que as de Gorbachev, o então secretário-geral do Partido. Yeltsin conduziu o desmembramento da URSS e a formação da Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Eleito em 1991 para a presidência da recém-criada Federação Russa, Boris Yeltsin acelerou a transição do socialismo burocrático de Estado para o capitalismo, abolindo os controles de preços e privatizando as empresas estatais. A rapidez e a profundidade das mudanças, entretanto, agravaram os problemas da economia. Entre 1991 e 1998, o PIB registrou quedas sucessivas, o que aconteceu também nos países do Leste europeu.
Enquanto isso cresciam a inflação e o desemprego. A crise levou à rápida expansão do crime organizado. Grupos criminosos se apoderaram de grande parte da economia do país, além de controlar o contrabando, a prostituição e outras atividades ilegais.
Intensificaram-se também as tensões regionais. Em janeiro de 1995, por exemplo, tropas russas invadiram a Chechênia para esmagar uma revolta dos separatistas muçulmanos. O conflito foi suspenso em 1996 por um acordo de paz, mas as tensões étnicas continuaram latentes na região.
Em 1998, A economia russa entrou em colapso, provocando a queda das Bolsas de Valores em todo o mundo. A moeda do país o rublo, foi desvalorizado em 75% e, no ano seguinte, o desemprego chegou a 14,2 %. Em mais uma operação de salvamento, o FMI emprestou ao governo russo cerca de 22 bilhões de dólares, mas a crise não foi totalmente superada, Yeltsin que se reelegera presidente da Rússia em 1996, renunciou no fim de 1999, sendo sucedido por Vladimir Putin.



Revolução Chinesa

Com cerca de 400 milhões de habitantes a china no final do século XIX era um país submetidos aos interesses das principais potências imperialistas. Essa sujeição era tão intensa que, nas praças públicas das cidades chinesas, os ocidentais davam-se o direito de fincar cartazes onde se lia. “É proibida a entrada de cães e de chineses no jardim.” Cobiçada por suas riquezas naturais, pela grande população e pelo potencial de matérias-primas, a China acabou subjugada pelas potências capitalistas no século XIX com guerras e tratados desiguais. Após a Guerra do Ópio e a assinatura do Tratado de Nanquim, Hong Kong passou a ser controlada pelos britânicos em 1842. A cidade representava um ponto fundamental de ligação entre a Europa e a China.
Para exercer sua dominação, as nações imperialistas contavam com o apoio de uma propaganda massiva e a conivência dos imperadores chineses da dinastia Manchu, que dominavam o país desde o século XVII.
Esse contexto marcado por privilégios e humilhações levou inúmeros chineses a organizares atos de rebeldia. Em 1900, por exemplo, os Boxers, membros de uma sociedade secreta que praticava o boxe sagrado, iniciaram uma revolta nacional contra os estrangeiros, mas acabaram massacrados pelos exércitos das potências ocidentais que haviam se unido contra eles. Os Boxers foram vencidos. A semente, porém, estava lançada.
Aos poucos, as camadas populares foram se engajando na luta pela democracia. Finalmente, em 1911, o antigo império chinês desabou. A revolta que pôs fim à monarquia chinesa foi liderada por Sun Yat-sem, nomeado então presidente da República recém proclamada. Sun Yat-sem, junto com seus seguidores, fundou o Kuomintag, Partido Nacional do Povo.
A República chinesa, no entanto, não conseguiu fazer frente às potências estrangeiras e nem aos chefes militares locais, chamados “os senhores da guerra”. Eles possuíam enorme poder nas províncias e controlavam, juntamente com outros grandes proprietários de terra, cerca de 88% das terras produtivas.
Em 1921, com a disposição de organizar os operários, os artesãos e os 30 milhões de collies existentes no país, foi criado o Partido Comunista Chinês (PCC). Seus principais fundadores foram o intelectual Chen-Tu-xiu, o educador Peng-Pai e o ativista político Mao Tse-tung. A princípio, esse partido aliou-se ao Partido Nacional do Povo. Essa aliança, porém durou pouco.

Disputas pelo poder

Em 1927, o general Chiang Kai-shec assumiu o comando das tropas do Partido Nacional do Povo, disposto a submeter os chefes militares locais e impor-se ao país todo. Durante as lutas que então se travavam. Chiang Kai-shec voltou-se também contra os comunistas, ordenando que os massacrassem. A partir daí, a união entre os nacionalistas e os comunistas cedeu lugar a uma guerra entre eles.
Um dos episódios marcantes dessa guerra foi a Longa Marcha, uma caminhada de 10 mil quilômetros que o principal líder comunista, Mao Tse-tung, empreendeu com mais de 100 mil pessoas em direção ao noroeste do país com o objetivo de escapar ao cerco inimigo. Durante a caminhada, muitas pessoas morreram, outras ficaram pelo caminho organizando os camponeses, que haviam se transformado na principal base de apoio dos comunistas. Apenas 9 mil chegaram ao destino final, a província de Shensi, onde se ergueu o quartel-general das tropas maoístas.
A prolongada guerra entre nacionalistas e comunistas foi interrompida apenas duas vezes. A primeira, em 1937, quando se uniram para lutar contra o Japão que havia invadido a Manchúria, no norte do país. A segunda, durante a Segunda Guerra Mundial, para enfrentar as forças nazifascistas.
Com o final da Segunda Guerra, os japoneses foram expulsos do território chinês e as tropas de Chiang Kai-shec, com o apoio bélico dos Estados Unidos, lançaram uma ofensiva contra os “vermelhos” de Mao Tse-tung, reiniciando, então, o conflito armado.
A revolução popular liderada por Mao criou um modelo socialista independente, tendo os camponeses como base. Mesmo sem a ajuda da maior potência comunista, a União Soviética, dirigida na época por Stálin, as forças de Mao conseguiram a vitória.
Os comunistas venceram os nacionalistas e, em 1949, conquistando o poder e proclamaram a República Popular da China. Chiang Kai shec e o que restava de seu governo, refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwan), onde instalaram a China Nacionalista.


Bloco socialista - União Soviética

Após a Segunda Guerra, o mundo se bipolarizou: de um lado, estavam os países que passaram a seguir o modelo soviético; do outro, os que continuaram sob influência norte-americana. Eram dois sistemas distintos – o socialismo e o capitalismo –, que as superpotências representavam e defendiam. Sem travar um confronto bélico direto, Estados Unidos e União Soviética viveram momentos de tensão durante a Guerra Fria clássica, opuseram seus sistemas econômicos durante a Coexistência Pacífica e, já na década de 70, iniciaram uma política de "afrouxamento" – a Détente. Enquanto isso, vários presidentes e líderes estiveram à frente dessas superpotências.
O primeiro país a adotar o socialismo como forma de governo e de organização da sociedade foi a união soviética, com a Revolução de 1917. Nas décadas de 20 e 30 fortaleceram-se os Partidos Comunistas de vários países, mas suas tentativas revolucionárias, como na Hungria em 1926, fracassaram. Só após a Segunda Guerra Mundial é que a maioria dos países do leste europeu se tornou comunista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os comunistas se destacaram nos movimentos de resistência contra a ocupação nazista. À medida que o exército soviético avançava, libertando a Europa da ocupação alemã, governos comunistas iam sendo instalados nos países dessa região. Em alguns países, o socialismo se implantou nos anos seguintes ao fim da guerra. Em 1948 já tinham governo socialista a Albânia, a Bulgária, a Tchecoslováquia, a Hungria, a Polônia, a Romênia e a Iugoslávia.

Expansão soviética

Apesar das perdas humanas e materiais, a URSS sai da guerra como grande potência econômica e militar. Aumenta a centralização política, a pretexto de uma rápida recuperação econômica e do perigo de uma nova guerra, desta vez contra as potências ocidentais, tendo os Estados Unidos à frente. A economia é restaurada através da planificação centralizada, com prioridade para a indústria pesada. Em 1950 a produção industrial e agrícola atinge os níveis anteriores à guerra. As regiões industriais no oeste do país são reconstruídas e tem início a exploração da Sibéria. Intensifica-se a mecanização agrícola e as áreas de cultivo são ampliadas. Entra em execução um plano de massificação do ensino básico e técnico e tem início o rearmamento. O V Plano Quinquenal, entre 1951 e 1955, é voltado para a realização de obras energéticas e de irrigação e transporte fluvial. São executados projetos de armas modernas, centradas em artefatos nucleares e foguetes, e começa a pesquisa espacial.

Governo Stálin: o fim do ideário socialista.

Na disputa pela sucessão no governo russo, após a morte de Lênin, Stálin obteve vitória e passou a controlar a União Soviética. Durante seu governo ele tomou medidas que centralizaram diversos papéis nas mãos do Estado. Com esse inchaço de atribuições do governo, os ideais socialistas foram se perdendo com o passar do tempo. Além disso, Stálin foi responsável por exercer forte repressão sobre seus inimigos políticos.
Primeiramente, Stálin aboliu a NEP e criou os planos quinquenais. Neles eram estabelecidas as metas da economia russa em um prazo de cinco anos. De forma geral, Stálin priorizou o desenvolvimento industrial dando maior ênfase na expansão das indústrias de base (mineração, máquinas e energia). Com o alcance de números positivos, os planos quinquenais posteriores buscaram desenvolver os demais aspectos da indústria nacional.
No campo, a socialização das terras foi parcialmente adotada. Dividindo atribuições, as terras cultiváveis foram subdivididas em sovkhozes (fazendas do Estado) e kolkhozes (fazendas cooperativas). Muitos camponeses tiveram suas terras apropriadas pelo governo de Stálin, o que gerou alguns conflitos no meio rural. Aqueles que se negaram a entregar suas terras eram mortos ou deportados para a Sibéria e a Ásia Central.
Sob o aspecto político, Stálin exerceu forte controle sobre as atividades do Partido Comunista. Os setores intelectuais e políticos da época só tinham espaço na medida em que concordavam com as ideologias stalinistas. Dessa forma, o stalinismo se firmou com trações claramente ditatoriais que contrariavam as ideias libertárias e igualitárias do socialismo.
A ditadura stalinista prendia e torturava seus opositores, mandando para trabalhos forçados na Sibéria, internando-os em hospitais psiquiátricos ou fuzilando-os. Além disso, manteve rígida censura sobre os meios de comunicação.
Em 1953, depois de governar o país por 29 anos, Stálin morreu e foi sucedido por Nikita Kruschev.

O governo de Kruschev

Durante os onze anos e seu governo (1953-1964), Kruschev deu inicio à desestalinização da União Soviética, ou seja, a anulação gradativa das medidas autoritárias baixadas por Stálin.
No XX Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956, Kruschev ousou afirmar que “Stálin era homicida, megalomaníaco e inimigo do povo” e, a seguir, enumerou vários crimes praticados pelo ditador.
No plano externo, Kruschev notabilizou-se por defender a política de coexistência pacífica, segundo a qual os países capitalistas e socialistas deveriam conviver em paz.
Foi também durante o seu governo que o astronauta soviético Iúri Gagárin realizou o primeiro voo em torno da Terra.

O governo Brejnev

Em 1964, Kruschev foi deposto sob acusação de “abuso de poder” e sucedido por Leonid Brejnev, que governou o país até 1982.
Brejnev procurou dar continuidade à aproximação com os Estados Unidos, assinando com esse país importantes acordos do ponto de vista da preservação da paz mundial.
Durante seu mandato, entretanto, o gasto com a produção de armas aumentou enormemente, a KGB (polícia secreta) continuou tão poderosa quanto antes, os funcionários do governo passaram a ter mais privilégios e mordomias e a corrupção alastrou-se pela sociedade.
No plano econômico, a partir de meados da década de 70, o país mergulhou numa grave crise:
· A URSS, um dos maiores produtores de matérias-primas, combustíveis e grãos para alimentação, passou a ter de importá-los, pois houve uma queda acentuada da produção agrícola e industrial;
· A qualidade dos serviços de saúde, educação e transporte decaiu;
· Havia escassez de habitação, empregos qualificados e bens de consumo.
No início dos anos 80, os problemas socioeconômicos continuaram crescendo. Em conseqüência, o alcoolismo, o consumo de drogas e o crime aumentaram.
Com a morte de Brejnev, em 1982, o país foi governado por Andropov e depois por Tchernenko, mas a realidade soviética permaneceu inalterada, com a morte deste último, em 1985, o poder passou às mãos de Mikhail Gorbatchev.

O governo Gorbatchev e a crise soviética

Profundo conhecedor dos problemas soviéticos, Gorbatchev propôs-se a combatê-los por meio de um vasto programa de reformas.
Às reformas econômicas deu o nome de perestroika – palavra que quer dizer reestruturação – e as reformas sociopolíticas e culturais chamou de glasnost, que significa transparência.
A perestroika visava estimular o crescimento e aumentar a eficiência da economia soviética.
Para isso, propunha a descentralização das decisões econômicas (redução da interferência do Estado na economia), autorizava a existência de pequenas empresas privadas no país, permitia a atuação das multinacionais em alguns setores da economia e estimulava a renovação tecnológica e a competitividade entre as empresas.
A glasnost objetivava democratizar a sociedade, combatendo o autoritarismo dos antigos dirigentes políticos, a corrupção e a ineficiência na administração pública.
Os presos políticos foram soltos (vários deles saíram do país), funcionários desonestos foram afastados, a imprensa falada e escrita passou a veicular críticas ao governo, livros proibidos foram publicados... Concedeu-se, enfim, liberdade de pensamento e expressão.
À medida que as reformas de Gorbatchev foram se intensificando, cresciam as divergências entre os conservadores (elementos da “velha guarda” do Partido Comunista, que desejavam o fim das reformas) e os ultra-reformistas, como Boris Ieltsin, que pretendiam o aprofundamento das reformas.
Gorbatchev, que defendia uma posição intermediária, viu-se em meio a um fogo cruzado.
Em agosto de 1991, a “velha guarda” do Partido Comunista da União Soviética desfechou um golpe de Estado, afastando Gorbatchev do poder. Mas a população soviética, liderada por Boris Ieltsin, reagiu e conseguiu recolocá-lo à frente do governo.
Entretanto, Gorbatchev já não conseguia ter controle sobre o processo de reformas que ele próprio iniciara. Assim que reassumiu o governo, defrontou-se com uma nova tempestade: as repúblicas soviéticas reivindicavam independência.
Em 21 de dezembro de 1991, várias dessas ex-repúblicas fundaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) da qual fazem parte, por exemplo, Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão e Uzbequistão.
Com a criação da CEI, a União Soviética, que existiu por 69 anos, foi oficialmente extinta. Reconhecendo o desmoronamento da União Soviética, Gorbatchev afastou-se do governo em 25 de dezembro de 1991.


A Revolução Cubana (1959)

Cuba antes da revolução

Cuba conseguiu libertar-se da Espanha em 1898, com um exército comandado por José Martí e composto em sua maioria por ex-escravos que, apesar de portarem facões, vencerem soldados armados de fuzis e baionetas. Do domínio espanhol à tutela norte-americana, Cuba foi disputada desde o século XV. Como colônia espanhola, passou de importante porto à área produtora de açúcar e tabaco.
Apesar de politicamente independente, o país passou a ser quase totalmente dominado pelos norte-americanos. Estes compravam a maior parte do açúcar cubano, o principal produto de exportação da ilha, e se aproveitavam disso para impor sua tutela. Essa dominação foi oficializada em 1901, através da imposição da Emenda Platt, por meio da qual os norte-americanos se reservavam o direito de instalar bases militares no país e de intervir militarmente toda vez que considerassem seus interesses ameaçados. Governos autoritários, corruptos e comprometidos com os Estados Unidos forneceram o meio ideal para a insatisfação nacional e ações radicais no século XX.

A Revolução

Quase toda a riqueza de Cuba estava nas mãos de poucas famílias nativas e de empresas norte-americanas instaladas no país. Enquanto isso, milhões de cubanos alimentavam-se mal, moravam em barracos e viviam de empregos temporários. Os camponeses, por exemplo, tinham trabalho garantido apenas entre dezembro e maio; e a imensa maioria não sabia ler.
Foi nesse cenário marcado por intensa desigualdade social que um grupo de revolucionários, liderado pelo jovem advogado cubano Fidel Castro, iniciou uma luta sem tréguas contra o ditador Fulgêncio Batista (1934-1958). Fidel Castro liderou a luta dos cubanos contra a ditadura de Fulgêncio Batista. Depois do fracassado ataque contra o quartel de Moncada, em 1953, Fidel exilou-se no México, onde criou o Movimento 26 de Julho, cujo objetivo era a revolução nacionalista. Depois de uma tentativa fracassada de chegar ao poder, os revolucionários embrenharam-se na Sierra Maestra e, apoiados pelos camponeses para a guerra de guerrilhas.O apoio camponês foi decisivo para a revolução, conquistada por meio da propaganda, além da proposta de reforma agrária. Entre os guerrilheiros estavam Raúl Castro, irmão de Fidel, e Ernesto "Che" Guevara, médico, revolucionário e líder político.
Em janeiro de 1959, quase dois anos depois de iniciada a guerrilha, Fidel e seus companheiros, entre os quais estava o médico argentino Ernesto “Che” Guevara, conseguiram conquistar o poder, obrigando Batista a fugir do país.

Ernesto "Che" Guevara

O argentino Ernesto "Che" Guevara chegou a ser ministro da Indústria de Cuba, mas defendia a ideia de estender a Revolução Cubana – revolução anti-imperialista – para todo o continente latino-americano. Em 1965, deixou Cuba para organizar guerrilhas na América Latina, defendendo que o guerrilheiro era a vanguarda armada do povo na luta contra a opressão. Encontrava-se na Bolívia, quando foi morto em 8 de outubro de 1967. Deixou suas ideias nas obras A Guerra de Guerrilhas (1960) e O Socialismo e o Homem em Cuba (1965).

A implantação do socialismo

No início, a Revolução Cubana não apresentava uma ideologia clara. No entanto, depois de chegar ao poder, Fidel Castro passou a modificar a estrutura social do país. O novo governo demonstrou seus compromissos com a igualdade e justiça social, propondo a nacionalização dos setores básicos e de empresas estrangeiras, diversificação econômica, o fim do analfabetismo, investimentos na saúde e educação, reforma urbana, proscrição das grandes propriedades improdutivas e sua redistribuição como pequenas áreas e cooperativas controladas pelo Estado. No plano externo, houve o restabelecimento das relações com a União Soviética e demais países do bloco socialista. Aos poucos, Cuba construía o primeiro modelo socialista da América.
As primeiras medidas do novo governo foram:
· a reforma agrária com distribuição de terras a 200mil famílias;
· redução em 50% nos aluguéis, de 25% nos livros escolares e 30% nas tarifas de eletricidade;
· nacionalização de usinas, indústrias e refinarias.

As relações tensas com os EUA e a radicalização política

Os norte-americanos consideraram-se prejudicados por esta última medida. Como represália, deixaram de comprar o açúcar cubano. O governo de Fidel firmou, então, acordos comerciais com os países do bloco comunista, passou a vender o açúcar para eles.
Os EUA reagiram rompendo relações diplomáticas com Cuba em janeiro de 1961. Três meses depois, 1500 homens treinados pela Agência Central de Inteligência (CIA) invadiram a baía dos porcos, no litoral sul de Cuba, com o apoio aéreo dos Estados Unidos. A invasão da baía dos Porcos, em 1961, foi uma tentativa frustrada de invasão, realizada por exilados cubanos, treinados e equipados pela CIA (Agência Central de Inteligência) em Miami, para derrubar o novo regime. A invasão da baía dos Porcos fracassou e centenas de norte americanos foram presos.
Em 1962, ocorreu a “Crise dos Mísseis”, quando o então presidente norte-americanos John Kennedy bloqueou a ilha por mar, ameaçando invadi-la sob a alegação de que os soviéticos tinham ali instalado mísseis nucleares. Tal fato gerou uma grave tensão entre Moscou e Washington, mas o risco de confronto armado e a consciência de suas consequências desastrosas levaram os líderes das duas potências ao entendimento. O conflito foi resolvido por meio de um acordo entre EUA e URSS que determinava a retirada dos mísseis soviéticos, em troca do compromisso de os norte-americanos não invadirem a ilha.
Neste mesmo ano, Cuba foi expulsa da OEA (Organização dos Estados Americanos) sob a alegação de que estava exportando os ideais socialistas para todo o continente. Com isso, os EUA visavam isolar o governo de Fidel Castro. Entretanto, nas décadas seguintes os países latino-americanos foram reatando pouco a pouco suas relações com Cuba.

Aprofundamento revolucionário

Superada a crise dos mísseis, o regime cubano foi lentamente se fechando com o aprofundamento revolucionário, realizando expurgos no Partido Comunista, nova reforma agrária e estímulo à mecanização agrícola e à industrialização. Na política externa, com o objetivo inicial de criar "novos Vietnãs", Cuba colaborou com a luta pela libertação de Angola e da Etiópia. A Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) foi criada em 1967 para auxiliar os movimentos revolucionários, como a Revolução Sandinista e as lutas populares em El Salvador e na Guatemala.

Cuba: um balanço

As maiores conquistas da Revolução Cubana estão no campo da saúde pública, da medicina e da educação.
Na saúde houve enormes ganhos, com uma sensível melhoria nas condições sanitárias da população. A prática da medicina preventiva em todo o território conduziu a uma redução drástica das mortes por tuberculose, malária e tifo – fato comum antes de 1959. A poliomielite foi erradicada graças a vacinação em massa. Foram construídos hospitais-escolas, hospitais especializados e institutos médicos providos de equipes de saúde com sólida formação científica. Foram criadas também muitas clínicas rurais, de tal forma que toda a população passou a ter acesso a atendimento médico hospitalar gratuito. A mortalidade infantil caiu, e a expectativa de vida aumentou bastante – a dos homens é e 74 anos e as mulheres, de 78 (2000).
Quanto à educação, aumentou consideravelmente o número de escolas primárias e secundárias destinadas ao ensino de adultos, bem como o de faculdades. Segundo dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa de analfabetismo em cuba no ano 2000 era de apenas 3,6%, uma das menores da América Latina.
Já no campo econômico, Cuba continuou dependente das exportações de tabaco, níquel e, sobretudo, de açúcar. Com a extinção da União Soviética, em 1991, a economia cubana foi fortemente abalada, a começar pelo fato de que 80% do petróleo usado em Cuba vinha de lá. Cuba ficou também sem os créditos, as taxas preferenciais para o açúcar cubano, os combustíveis, as máquinas, as peças, a “proteção” e tudo o mais que recebia da União Soviética.
Nas décadas de 70 e 80, o quadro internacional de distensão possibilitou o fim do isolamento cubano. Relações diplomáticas foram restabelecidas com a Venezuela, Panamá, Colômbia e Espanha. Paralelamente, um acordo contra a pirataria aérea foi firmado com o governo norte-americano. A tensão nas relações com os Estados Unidos retornou durante o governo de Ronald Reagan que, em 1985, acolheu milhares de novos exilados cubanos, além de reforçar o embargo à ilha. Fidel adotou uma postura contrária à onda reformista que atingiu o Leste europeu a partir do final da década de 80.
A relação de dependência de Cuba à União Soviética durou até 1991, com o fim do socialismo soviético. Fidel tentou adiar a abertura econômica ao máximo, mas a crise interna e a manutenção do embargo americano o forçaram a adotá-la a partir de 1993, buscando atrair investimentos estrangeiros, porém sem abertura política – como ocorreu na China.
Um dos fatores mais importantes para as dificuldades econômicas de Cuba é o boicote imposto pelos Estados Unidos em 1961, que se manteve mesmo após o fim da União Soviética em 1991. Em 1996, o presidente norte-americano Bill Clinton sancionou a Lei Helms-Burton, que impôs sanções aos países que comercializassem ou investissem em Cuba. Foi uma tentativa de forçar outros países – sobretudo os da Europa – a participarem do boicote comercial contra Cuba.
A partir de 1995, Cuba abriu-se para o turismo, buscando atrair dólares. Também permitiu investimentos externos em alguns setores da economia.



A desintegração do bloco socialista

A abertura que Mikhail Gorbatchov introduziu na União Soviética e a pressão dos povos – em geral, desejosos de acabar com a ditadura do Partido Comunista em seus países – fizeram com que, de junho a dezembro de 1989, subissem ao poder no bloco socialista vários governos reformadores. A desintegração do bloco socialista, a partir desse ano, se deu por várias vias: negociações entre as autoridades e oposição na Polônia, Hungria e Bulgária; revolução popular violenta na Romênia e manifestações de massa pela democracia na Tchecoslováquia e Alemanha Oriental.

O novo Leste europeu

Após 1980, cresceram os descontentamentos na Europa oriental, devido às limitações e dificuldades da economia planificada, além de divergências com relação às determinações impostas por Moscou. No finai de 1989, a região iniciou uma série de profundas transformações graças à Perestroika, que fez com que a União Soviética afrouxasse os laços regionais. Além disso, a população exigia mudanças substanciais, tanto políticas, quanto econômicas. Veja, a seguir, como se deu a transição em alguns dos países do Leste Europeu.
Em junho de 1989, aconteceram eleições na Polônia. No ano seguinte, novas eleições levaram o líder do Sindicato Solidariedade, Lech Walesa, opositor do regime comunista, à presidência. O Partido Comunista húngaro converteu-se em Partido Socialista e a República Popular Húngara transformou-se em república parlamentar. Também na Bulgária os reformadores iniciaram políticas econômicas de choque para se adaptar à nova situação. Na Romênia, um enfrentamento civil terminou com a execução do ditador Ceaucescu e sua esposa. Na Tchecoslováquia, um candidato não comunista, o escritor Vaclav Havel, chegou à presidência (Revolução de Veludo). Posteriormente, o país foi dividido em dois: República Tcheca e Eslováquia. Na RDA, Honecker foi substituído; Krenz decretou a abertura do Muro de Berlim e, pouco depois, Modrow formava um governo reformador. Na Albânia, 'farol do socialismo puro', pressões sociais levaram a reformas. Na Iugoslávia, explodiram antigos problemas étnico religiosos e nacionalistas, gerando violentas guerras civis e a fragmentação do país.

Polônia

Como fruto dos descontentamentos, o sindicato Solidariedade é fundado em 1980 na cidade de Gdansk, reunindo os trabalhadores de um estaleiro chamado Lenin. Sob a direção de Lech Walesa, em poucos meses filiaram-se a ele cerca de 9 milhões de trabalhadores. Seu surgimento colocou em discussão a questão do socialismo democrático, pois ele se opôs ao governo, exigindo maiores liberdades políticas e a eliminação dos privilégios dos burocratas. No ano seguinte, foi declarado ilegal pelo governo.
Somente em abril de 1989, sob influência da Perestroika, é que o sindicato Solidariedade obteve sua legalização. Em junho do mesmo ano, o partido a ele ligado ganhou as eleições gerais. Foi a primeira vez, desde 1945, que se formou um governo não comunista no Leste Europeu. Essas últimas transformações políticas na Polônia, no entanto, foram acompanhadas por reformas econômicas que criaram uma crise de difícil administração. A produção industrial caiu 23% e a inflação chegou a 225% em 1990.

Alemanha Oriental

No final da Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em áreas de influência entre a União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França. Mais tarde, o setor soviético acabou se transformando na República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) e o restante constituiu a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental).
Em meio à crise e sob influência das mudanças ocorridas na União Soviética, graças à Perestroika e à Glasnost, a Alemanha Oriental passou por rápidas transformações a partir do início de 1989. A crise política, no entanto, continuava a crescer e muitos alemães orientais fugiam para o ocidente, enquanto cresciam as críticas e as manifestações populares. Num ato que simbolizou a quebra de uma ordem antiga, em novembro, manifestações derrubaram o muro de Berlim, o mais importante símbolo da Guerra Fria.
Em março de 1990, pela primeira vez desde 1945, foram realizadas eleições com a participação de vários partidos, vencidas pelos democratas cristãos. Acelerou-se a reunificação das Alemanhas, completada em outubro. Finalmente , em junho de 1991, Berlim voltou a ser a capital da Alemanha reunificada.

Iugoslávia

A Iugoslávia representa, neste início dos anos 90, uma das regiões mais tensas e violentas do Leste Europeu. O país mergulhou em uma guerra civil cujos desdobramentos poderão adquirir dimensões incontroláveis.
Após 1945, sob o governo de Josep Broz Tito, a Iugoslávia viveu a socialização da economia e a busca de uma harmonia entre as diversas etnias do país. Eram mais de 20 povos convivendo em um espaço territorial menor que o do estado de São Paulo. Limitadamente, entretanto, continuavam a existir manifestações nacionalistas e, com a morte de Tito, em 1980, avolumaram-se os confrontos populares, às greves e os atentados.
Em 1990, nas eleições gerais, os comunistas foram derrotados em quatro das seis repúblicas iugoslavas, mas vencedores em duas outras, Sérvia e Montenegro. Isso lhes permitiu controlar o governo do país, já que nelas vive a maior parte da população iugoslava. Cresceram as lutas nas outras repúblicas e duas delas declararam unilateralmente a independência - a Croácia e a Eslovênia. A Sérvia opôs-se e enviou tropas às repúblicas separatistas, dando inicio à guerra civil. Somente nos primeiros meses de 1991, calcula-se que mais de 5 mil pessoas morreram nos combates entre sérvios e croatas.

Romênia

Governada pelo chefe comunista Nicolae Ceausescu por 25 anos, a Romênia enfrentou grandes agitações políticas em 1989. Diante da evolução e do crescimento de manifestações que exigiam democratização, Ceausescu ordenou que a política secreta atirasse contra manifestantes na cidade de Timisoara (18/12/1989). Deixando milhares de mortos, a repressão motivou protestos por todo o país, ganhando a adesão de parte do exército e levando a Romênia à guerra civil. Em 25 de dezembro, Ceausescu e sua esposa Elena foram presos e fuzilados.
Em maio de 1990, foi formado um novo governo, que organizou eleições livres para a presidência, vencendo o comunista lon Iliescu. Nos meses seguintes, emergiram sucessivos conflitos e descontentamentos devidos à inflação crescente (200% ao ano) e aos baixos salários.

Hungria

Na Hungria, o Partido Comunista mudou de orientação política em outubro de 1989, transformando-se em Partido Socialista. Esse foi o ponto de partida para uma reforma constitucional que culminou com eleições livres pluripartidárias.
Na economia, foi o primeiro país do Leste Europeu a permitir a entrada de capital estrangeiro. Entre fevereiro de 1990 e setembro de 1991, o país recebeu metade dos 4,5 bilhões de dólares de investimentos multinacionais feitos na região. Hoje o setor privado já detém 45% da economia nacional e mais de 180 mil novos negócios privados foram abertos em 1991. Há, entretanto, dados preocupantes, como a inflação que subiu para 28% em 1990 e está estimada em 36% para 1991, além da taxa de desemprego de 5% e da dívida externa, que é de 21 bilhões de dólares.

Tchecoslováquia

Depois de crescentes pressões populares contra o governo comunista, o primeiro-ministro Ladislav Adamac renunciou. Foi então que, em dezembro de 1990, o movimento pró-democracia do Fórum Cívico formou um novo governo pluripartidário de minoria comunista. Foram eleitos para presidir o parlamento e a nação, respectivamente, Alexander Dubcek e Vaclav Havei.
Em janeiro de 1991 tiveram início as primeiras privatizações nacionais e em 1o de outubro houve entrada de capitais estrangeiros. Nessa época foi fechada a maior transação econômica de toda a Europa Oriental: um acordo com a Volkswagen alemã para investimentos de 6,4 bilhões de dólares. Embora as reformas tenham criado quase 1 milhão de desempregados, no final de 1991 o crescimento econômico havia sido retomado. Hoje debate-se o desmembramento do país, com a formação de uma nova federação e a possibilidade de inclusão da Boêmia como uma terceira república.
Nos demais países do Leste Europeu, Bulgária e Albânia, também ocorreram mudanças significativas, que incluem transformações econômicas e democratização. Dentro desse quadro de crise geral da Europa Oriental, foi extinta, em julho de 1991, a maior organização militar do mundo socialista, o Pacto de Varsóvia, o que pôs fim à influência militar soviética na região.
No final do mesmo ano, também foi extinto o Comecon, que realizava a Planificação das relações comerciais entre os países socialistas. Durante 40 anos, esse organismo interligou a economia de seus membros, funcionando sob princípios muito diferentes dos da economia de mercado capitalista e colocando os países do Leste Europeu sob influência da União Soviética. Com seu fim surgiram inúmeros problemas, como a dificuldade de vender seus produtos para os países desenvolvidos por serem de qualidade inferior, sem condições de concorrer com os produtos das modernas indústrias ocidentais.
Uma iniciativa importante para ajudar a resolver as dificuldades dos países do Leste Europeu foi a criação do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), em abril de 1991. Com um capital inicial de 13 bilhões de dólares, sua finalidade é fornecer empréstimos e integrar a economia desses países à área de influência da Comunidade Econômica Europeia.



Administração Mikhail Gorbatchev (1985-1991)

A saída de antigos líderes do Partido e a renovação dos quadros dirigentes possibilitaram o fortalecimento político de Gorbatchev e de seu programa de mudanças. Em seu governo, ocorreram reformas nas Forças Armadas, na legislação eleitoral, na administração popular, na economia e na política externa, mas foi em 1985 que os planos mais amplos de transformações foram lançados – a Perestroika e a Glasnost. Gorbatchev acreditava que esses planos estabeleceriam um "socialismo humanitário".

As mudanças pretendidas por Gorbatchev

No plano político, Gorbatchev propôs a separação entre o Partido Comunista e o Estado, a desburocratização do Estado, com fusões ou extinção de ministérios e organismos, a reforma da legislação eleitoral e o retorno do poder para os sovietes. No plano econômico, defendeu o fim do planejamento rígido central e do sistema de preços ditado pelo governo; autogestão das empresas estatais e liberdade para competirem entre si no mercado; o fim da política de subsídios e a permissão para a existência de pequenos negócios privados.

Repercussões das reformas

Bem vistas no exterior, as reformas provocaram a reação da oposição conservadora (comunistas ortodoxos, burocratas do antigo modelo político e militares). Apesar das dificuldades, as mudanças caminhavam e, em 1988, Gorbatchev conseguiu ser eleito presidente. O fim do monopólio do Partido abriu as portas ao multipartidarismo e às eleições diretas, que só aconteceram no início dos anos 90. Os "ventos de liberdade" dessa política estimularam, nas repúblicas soviéticas, movimentos nacionalistas e separatistas, como os dos povos bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia).

Política externa

A Glasnost e a Perestroika colaboraram no avanço das relações entre Estados Unidos e União Soviética, levando à assinatura de novos acordos referentes à desativação de armas nucleares. Começava a mais abrangente fase de distensão de todo período da Guerra Fria, que poria fim ao bloco soviético, à bipolarização e à própria União Soviética.

A Glasnost foi a política de transparência, de abertura e de maior liberdade na política, economia e cultura. A Perestroika, o programa de reestruturação econômica para superar os entraves burocráticos.


Período Leonid Brejnev (1964-1982)

 

Retorno da burocratização, do centralismo político-administrativo e da repressão às dissidências – enfim, do velho modelo stalinista – foram características do período Brejnev. Essa política causou uma perda de competitividade tecnológica com o Ocidente, principalmente na produção de bens de consumo. O ritmo produtivo caiu, apresentando reduções nas taxas de crescimento industrial e agrícola, assim como na produtividade do trabalho.

Política externa 

O rigor também se fez presente nas relações da União Soviética com os países do seu bloco, sendo a Primavera de Praga o melhor exemplo dessa nova orientação na política externa. Os contatos com os Estados Unidos foram restabelecidos a partir de 1973 (período da Détente). A melhoria nas relações possibilitou o primeiro vôo espacial conjunto – Soiuz-Apolo, em 1975. 

Primavera de Praga 

Na então Tchecoslováquia, desde o início de 1968, reformas pretendiam modernizar a economia e transformar o papel do Estado. Com apoio de intelectuais, operários e estudantes, o presidente Dubcek buscou uma via própria e mais humanizada de socialismo. Esse reformismo encontrou seu maior opositor na União Soviética de Brejnev. A fim de manter sua hegemonia no Leste europeu, tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia. Dubcek e seus companheiros foram presos, extraditados para Moscou e expulsos do Partido. 

Invasão no Afeganistão 

Temendo que a Revolução Islâmica atingisse territórios estratégicos de seu interesse e procurando ajudar o governo afegão a sufocar uma rebelião muçulmana, a União Soviética ocupou militarmente o Afeganistão, em 27 de dezembro de 1979. Essa invasão atrapalhou as conversações sobre a limitação de armas nucleares. A retirada das tropas soviéticas só aconteceu em 1988. 

O fim do governo Brejnev 

A morte de Brejnev, em 1982, levou ao poder líderes idosos e com problemas de saúde, da "ala tradicional" do Estado soviético: Iúri Andropov (1982-1984) e Konstantin Tchernenko (1984-1985).



Nikita Kruschev

 

Líder do Partido Comunista soviético de 1953 a 1964

Kruschev, bolchevique desde 1918, chegou em 1953 ao poder. As principais fases de sua carreira política foram:  primeiro-secretário do comitê do partido do território e cidade de Moscou, entre 1935 e 1938; primeiro-secretário do partido na Ucrânia entre 1938 e 1945 e, posteriormente, entre 1947 e 1949; membro do Politburo (desde 1952 do Presidium) entre 1939 e 1964; comissário político do Exército Vermelho entre 1941 e 1945; primeiro-secretário do comitê do PCUS em 1953; presidente do conselho de ministros e também primeiro-ministro, controlando os postos de poder na União Soviética impulsionado pela destituição de Nikolai Bulganin (1958). De 1953 a 1959, Kruschev dispensou os dirigentes de Stálin (exceto Anastasi I. Mikoyan, chefe do Estado de 1964 a 1965), substituindo-os por partidários seus. Seu discurso no XX Congresso do PCUS de 1956 provocou a ruptura definitiva do partido com Josef W. Stálin e iniciou um período de relativa liberalização: o terror stalinista foi condenado, o poder dos órgãos de segurança foi limitado e, em parte, o Estado de direito (desestalinização) foi restabelecido. A reforma econômica impulsionada por Kruschev pretendia melhorar o nível médio de vida e aumentar o comércio com o Ocidente. No entanto, continuou com a política hegemônica sobre os países situados na esfera soviética (em 1956, reprimiu o levante na Hungria). Enquanto a União Soviética se rearmava, Kruschev propunha a coexistência pacífica aos países ocidentais, mas estimulava os movimentos de libertação nos países do Terceiro Mundo, tentando integrá-los em sua estratégia imperialista. Com o lançamento do primeiro satélite soviético, o Sputnik (1957), a Rússia inaugurou, antes dos Estados Unidos, a era da exploração espacial, causando comoção no Ocidente. A fase de distensão acabou com a construção, em 1961, do Muro de Berlim e com a crise cubana de 1962 (Fidel Castro tentou instalar mísseis de médio alcance na ilha). O fracasso das reformas econômicas e o agravamento do conflito com a República Popular da China (1964) levaram Kruschev à demissão, substituído por Leonid I. Brejnev.



 

Josef Stalin

Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e líder da União Soviética de 1922 a 1953. Seu verdadeiro nome era J. V. Dzhugachvili. Stalin personificou a história e o caráter da União Soviética. Com seu sistema de governo, o "stalinismo", que conduziu à prática generalizada do terror, não apenas assegurou seu domínio pessoal durante 30 anos na União Soviética e a conversão do país numa potência mundial como também estabeleceu as bases para a queda e a desintegração do comunismo. Filho de um sapateiro e de uma lavadeira, foi expulso do seminário ortodoxo em 1899, devido a suas atividades como membro do Partido Operário Social-Democrata Russo. Após a ruptura do partido em 1903, filiou-se à ala bolchevique liderada por Vladimir I. Lenin. Como revolucionário profissional, foi escalando posições até ingressar em 1912 no Comitê Central, quando adotou seu primeiro pseudônimo, "Koba", depois substituído por "Stalin". Foi um dos principais dirigentes responsáveis pela revolução de 1917 e, em 1922, alcançou o cargo de secretário-geral do PCUS. Quando da morte de Lenin, em 1924, impôs-se tanto a seus rivais de "esquerda", aglutinados em torno de Leon Trotski, Grigori Sinoviev e Lev Kamenev, como de "direita", agrupados em torno de Nicolai Bucharin e Alexei Rikov. Em 1929, havia conseguido alcançar o poder absoluto. Sob o lema "a construção do socialismo num só país", opôs-se em 1925 à ideia de revolução mundial proposta por Trotski.
Através do 1° Plano Quinquenal, promulgado em 1929, tornou realidade um gigantesco processo de modernização e industrialização da nação. O programa foi acompanhado pela coletivização obrigatória do campo a partir de 1928, concretizada na "liquidação dos Gulags", na deportação de numerosos camponeses e nas terríveis fomes que provocaram milhares de vítimas. A resistência interna começou a surgir com o triunfo de um sistema totalitário, que alcançou o ponto culminante nas grandes "depurações" de 1934-1938, aliadas ao sistema de campos de trabalho (Gulags) que se estendeu a todo o país. Sob a ameaça da Alemanha nacional-socialista, Stalin assinou o pacto de não-agressão com Hitler, em 1939, assegurando um futuro de paz a curto prazo para a União Soviética. Com a definição das respectivas esferas de influência, estabeleciam-se as bases para a divisão do Leste europeu: após o início da Segunda Guerra Mundial, foi ocupada a Polônia Oriental, conquistado o estreito de Carélia à Finlândia durante a campanha de Inverno (1939-1940) e finalmente anexadas, em 1939-1940, as Repúblicas Bálticas e a Bessarábia.
A invasão da União Soviética por tropas alemãs em 1941 obrigou Stalin a uma intervenção direta na Segunda Guerra Mundial. Ainda que a cúpula do Exército tivesse sido vítima em sua quase totalidade de suas "depurações", Stalin conseguiu apelar ao patriotismo russo para mobilizar o povo contra a invasão. A sangrenta vitória de Stalingrado (1942-1943) alterou o rumo da guerra. No entanto, o conflito custou à União Soviética 20 milhões de mortos. No auge de seu poder, participou nas conferências de Teerã (1943), Yalta (1945) e Potsdam (1945), exercendo uma grande influência na política europeia do pós-guerra e ampliando a hegemonia soviética, mais tarde daria origem à Guerra Fria. Assegurou o predomínio da União Soviética nos países do leste e do sul da Europa e na Ásia mediante o estabelecimento de democracias populares comunistas nos Estados-Satélite, ainda que não tenha podido impedir que Tito prosseguisse na Iugoslávia seu caminho para o socialismo. O Ocidente, sob a direção dos EUA, respondeu com a criação de seu sistema de defesa face à "cortina de aço soviética", por meio da OTAN (1949) e de diversas alianças.
A Guerra da Coréia (1950-1953) foi o primeiro confronto direto entre os blocos. Seu poder absoluto sobre o partido e o Estado era complementado com o culto a sua pessoa, que começou a desmoronar-se três anos depois de sua morte, com a "desestalinização", finalizada por Nikita Kruchev. Georgi Malenkov foi o sucessor à frente do conselho de ministros e como secretário-geral do PCUS, sendo substituído posteriormente por Kruchev.



GEORGE W. BUSH

George Walker Bush, politico norte-americano (New Haven, Connecticut, 1946). Eleito presidente dos Estados Unidos em 2000, pelo Partido Republicano. Filho do ex-presidente George Bush, foi governador do Texas. Disputou a presidência em 2000 e após longo e polêmico processo de contagem de votos, contestado judicialmente pelo adversário Al Gore, foi declarado presidente eleito e assumiu o cargo em janeiro de 2001. 
Ao assumir o poder, George W. Bush teve de enfrentar a desaceleração do crescimento econômico que caracterizou os dois mandatos de Bill Clinton. Houve queda na produção industrial e crescimento do desemprego, que em 2003 chegou a 6,1% da força de trabalho, ou 9 milhões de desempregados,, número alto para os Estados Unidos.
Bush tentou reverter a situação e promoveu o retorno da política neoliberal de Ronald Reagan. Assim, cortou impostos dos grupos mais ricos e diminuiu gastos do governo com previdência social.
Coerente com essa política, deu prioridade aos interesses das grandes corporação, em detrimento da defesa do meio ambiente. Assim, recusou-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução para a emissão de gases que causam o efeito estufa.
Perguntado sobre o fato de os Estados  Unidos, com apenas 5% da população mundial, produzirem metade da poluição mundial, respondeu: "Se necessário, poluiria a outra metade para manter nossas indústrias em expansão".
O maior foco de problemas para Bush, entretanto, estava no Oriente Médio. Durante anos, sucessivos governos estadunidenses apoiaram o Estado de Israel contra as legítimas aspirações do povo palestino de ter seu próprio Estado. Ao mesmo tempo, aliaram-se a governos corruptos e ditatoriais entre os países árabes, levados pelo seu interesse no petróleo da região.
Essa política gerou ressentimentos e ódio contra os Estados Unidos entre grupos militantes e, de forma difusa, em todo o mundo árabe. Nove meses depois de tomar posse na Presidência, Bush se deparou com a mais explosiva manifestação desses ressentimentos.  aviões sequestrados por terroristas da organização Al-Qaeda
Na manhã de 11 de setembro de 2001, quatro aviões com passageiros foram sequestrados nos Estados Unidos. Dois deles foram lançados contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e o terceiro contra o Pentágono, em Washington. O quarto avião caiu na zona rural do estado da Pensilvânia. O ataque terrorista deixou 3 mil mortos. Ninguém assumiu sua autoria. As investigações do governo norte-americano apontaram para a Al-Qaeda (A Base, em árabe), uma organização terrorista islâmica, liderada pelo saudita Osama bin Laden e instalada no Afeganistão, no Sudoeste da Ásia. 
Ainda em 2001, George W. Bush fez do combate ao terrorismo a prioridade de seu governo, e ordenou uma ofensiva contra o Afeganistão. O regime islâmico do Taliban, que protegia a Al-Qaeda, foi derrubado e substituído por um governo pró-ocidental. Bin Laden desapareceu. Em 2002, George W. Bush se voltou contra o Iraque, que acusava de desenvolver armas químicas, bacteriológicas e nucleares. Sob a ameaça de um ataque militar, obrigou esse país a aceitar um plano de inspeções e desarmamento da Organização das Nações Unidas (ONU). A política antiterror recebeu forte apoio nos Estados Unidos, mas enfrentou intensa oposição no exterior. No plano interno, a principal crítica foi a de que ignorou os problemas da economia norte-americana.



Bill Clinton: anos de prosperidade

Seu nome completo é William Jefferson Clinton (seu apelido foi, primeiramente, Blythe). É o segundo presidente mais jovem na história dos Estados Unidos, depois de John F. Kennedy.
Foi professor no Arkansas, tendo sido eleito em 1978, aos 32 anos de idade, governador de seu Estado natal. Foi reeleito sucessivamente para o cargo de 1983 a 1992.
Candidatou-se às eleições presidenciais de 1992, vencendo o presidente anterior, o republicano George Bush.
Em 3 de novembro de 1992, os norte-americanos elegeram o candidato do Partido Democrata, Bill Clinton, como o 42º presidente dos Estados Unidos.  Sua posse, em 20 de janeiro de 1993, foi revestida de um caráter de verdadeira celebração, após 12 anos de governos republicanos. 
Apesar de o Senado e a Câmara de Representantes terem passado também a ser dominados por seu partido, Clinton – primeiro democrata a ocupar a Presidência dos EUA após 12 anos de governos republicanos – foi incapaz de pôr em prática durante o primeiro mandato sua política social e econômica, deparando com a resistência de grupos de pressão organizados, além de ideologias políticas. Exemplos disso são a reforma da saúde, a segurança interna ou a redução da dívida pública.
Naquele momento, a situação econômica dos Estados Unidos já era melhor: havia crescimento econômico e o desemprego começava diminuir. Esse crescimento se deveu à orientação do governo Clinton e ao fato de os gastos militares terem diminuídos para 3% do PIB (Produto Interno Bruto), permitindo novos investimentos nos setores produtivos (antes de Clinton, os gastos militares chegaram a 6% do PIB).
Com a perda da maioria democrática em ambas as câmaras em 1994, que não foi recuperada nas eleições de 1996, sua política interna, em profunda divergência com a da oposição republicana, sofreu sérias restrições.
Na política externa, teve de enfrentar um número crescente de conflitos regionais. Contudo, depois de um começo titubeante, Clinton reafirmou o papel dos Estados Unidos como potência mundial, sempre sob a proteção da Otan, comandando o processo de paz no conflito da Bósnia (acordos de Dayton, 1995).
Sustentado por esse crescimento, em 1996 Clinton se reelegeu para um segundo mandato. Ao vencer as eleições presidenciais de 1996, tornou-se o primeiro presidente democrata a conseguir a reeleição depois de Franklin D. Roosevelt. Seus oito anos no poder seriam marcados pela prosperidade econômica.
Apesar disso, Clinton não conseguiu eleger seu sucessor: nas eleições de 2000, o candidato republicano George W. Bush (filho do ex-presidente George Bush) acabou vencendo Al Gore, vice-presidente no governo Clinton e candidato do Partido Democrata, em uma tumultuada apuração de votos.



GEORGE BUSH (1989-1993)

George Bush, político norte-americano. Foi o 41º presidente dos EUA, eleito pelo Partido Republicano (1989-1993), depois de servir como vice-presidente nos dois governos de Ronald Reagan (1981-1989).
O impacto causado pelo degelo das relações com a União Soviética facilitou a eleição do republicano George Bush, que assumiu o lugar de Ronald Reagan em 20 de janeiro de 1989. Bush comprometeu-se a dar sequência às medidas para sanear a economia norte-americana e continuar o diálogo com a União soviética.
As boas relações com a União Soviética foram mantidas. Quanto a recuperação econômica, porém, Bush enfrentou sérios problemas. O projeto para aumentar a arrecadação e assim resolver o déficit orçamentário foi responsável pela derrocada republicana na Câmara e no Senado nas eleições de 1990.
Em dezembro de 1989, Bush autorizou a invasão do Panamá, para depor o "homem forte" do governo, general Manoel Noriega, acusado no tráfico internacional de drogas. A intervenção norte americana foi alvo de duras críticas, principalmente por parte dos países latino-americanos. Temia-se a retomada da velha política do big stick, quando às vésperas da devolução ao Panamá do controle do canal, prevista para 1999.
O grande teste de Bush na política externa teve início em agosto de 1990, quando o ditador do Iraque, Saddam Hussein, invadiu o Kuwait. Bush imediatamente enviou tropas para o Golfo Pérsico e em Janeiro de 1991 iniciou os bombardeios sobre o Iraque, liderando uma coalizão de 28 países. A guerra contra o Iraque, que arrasou o país, só terminou no fim de fevereiro, com a retirada das forças iraquianas do Kuwait.
Com a vitória no conflito, a popularidade de Bush atingiu níveis elevados, indicando boas possibilidades para a sua reeleição. Mas esse favoritismo entrou em queda em 1992, um ano particularmente difícil para os Estados Unidos.
Na economia, a concorrência industrial dos japoneses, principalmente no setor automobilístico, aprofundou a recessão e aumentou os níveis de desemprego industrial. A crise atingiu duramente as camadas menos favorecidas da sociedade e seu descontentamento veio à tona em 29 de abril de 1992, na cidade de Los Angeles.
Nesse dia, um júri formado por doze brancos absolveu quatro policiais brancos que haviam agredido um negro, em 03/03/1991. A cena da brutal agressão, filmada por um cinegrafista amador, havia sido amplamente divulgada pela televisão. Daí a revolta que o veredicto provocou: 58 mortes, 1 200 prédios incendiados, 3 000 presos e 1 bilhão de dólares de prejuízos. Este foi o trágico saldo do conflito, que acabou se estendendo por mais treze cidades.
Análises isentas apontaram a conjuntura econômica e social, extremamente desfavorável à comunidade negra, como a causa principal desses violentos incidentes.


Ronald Reagan (1981 a 1989)

Primeiro repórter, depois ator de cinema e, entre 1947 e 1952 e em 1959, presidente do sindicato de atores, Reagan entrou em 1962 na política como membro do Partido Republicano. De 1967 a 1974, foi governador do Estado da Califórnia e, em 1981, eleito presidente, em substituição a Jimmy Carter e, depois, reeleito em 1984. 
Reagan representou a volta dos republicanos à Presidência nas eleições de 1980, cujo vencedor foi Ronald Reagan, um político de posições conservadoras, afinado com o neoliberalismo. No ano anterior, a Inglaterra também havia escolhido o caminho neoliberal, com a ascensão de Margaret Thatcher ao posto de primeiro-ministro.
Contribuiu para a expansão da economia norte-americana. Poucos dias após sua posse, ainda em 1981, foi vítima de um atentado a bala. Recuperado, viu sua popularidade subir, ganhando apoio popular para suas reformas. Durante seus dois mandatos, criou condições favoráveis para o crescimento econômico, conseguindo manter baixa a inflação e aumentar o nível de emprego. Reagan implantou uma política conservadora, destinada a sanear a economia, baseada na redução dos impostos e dos juros elevados, tendo como contrapartida a diminuição dos benefícios sociais e um aumento do déficit público. Pretendia, desse modo, financiar as despesas de rearmamento (baseado sobretudo na construção de mísseis de médio alcance e na iniciativa de defesa estratégica/SDI).
Para atender seu eleitorado, formado basicamente pela parcela mais rica do país. Reagan colocou em prática uma política econômica conservadora, conhecida como reaganomics, que se caracterizou por: cortes nos gastos públicos, especialmente nos serviços previdenciários; diminuição de impostos, que atingiram o nível mais baixo desde a Segunda Guerra Mundial; liberação das importações, estimuladas pela supervalorização do dólar.
A princípio essa orientação levou ao aumento do produto nacional bruto (PNB) e à redução do desemprego, provocando euforia na sociedade norte-americana.
Em 1987, já no segundo mandato de Reagan, a violenta queda da Bolsa de Valores de Nova York mostrou uma dura realidade: a economia norte-americana não estava tão sólida quanto anunciava o governo. Ao contrário, o Estado gastava muito mais do que arrecadava com os impostos, criando um déficit orçamentário superior a 160 bilhões de dólares. Paralelamente, as facilidades de importação não só geraram uma balança de comércio desequilibrada, como desestimularam o investimento produtivo em vários setores da economia.
Diante disso e na tentativa de sanar a economia norte-americana, o governo procurou: adotar medidas protecionistas para incentivar a retomada do desenvolvimento industrial interno; reduzir os gastos militares; manter a política de juros altos para continuar atraindo investimentos externos.
Política externa
Anticomunista, seguiu inicialmente uma política de confronto com os Estados do bloco comunista e com os regimes revolucionários do Terceiro Mundo, especialmente na América Central (por exemplo, a Nicarágua). 
Como Reagan representasse a ala mais conservadora do Partido Republicano, logo no início do seu mandato a guerra fria foi retomada. Os recursos militares americanos foram ampliados com o objetivo de efetivar a controvertida Iniciativa de Defesa Estratégica (conhecida como projeto Guerra nas Estrelas), um programa para desenvolver um escudo espacial destinado a tornar o país invulnerável. Os mísseis inimigos seriam eliminados por sofisticados canhões a laser, instalados em satélites, antes de atingir seu alvo em terra. Esse projeto foi intensamente criticado pela União Soviética, o que dificultou ainda mais as relações entre as duas potências.
Contudo, com as transformações incentivadas por Mikhail Gorbachev na União Soviética, tanto na política externa como na interna, Reagan tornou-se um firme defensor do fim do confronto entre os dois blocos. Procurou a aproximação com a União Soviética, o que possibilitou o fim da Guerra Fria. Para alguns especialistas, essa aproximação causou também o desmantelamento da URSS. 
Se internamente Reagan se viu diante de graves problemas, principalmente econômicos, na política externa seu governo também foi bastante agitado. Isso porque os Estados Unidos, devido à sua posição de líder do mundo capitalista, mantém tropas em várias partes do globo para garantir seus investimentos econômicos e seus acordos políticos, acabando por se envolver em diversos conflitos.
Em 1986, Reagan autorizou uma intervenção militar na Líbia, acusando este país de patrocinar atentados terroristas e de ser o patrocinador do terrorismo internacional.
Foram frequentes os conflitos entre o governo americano e o presidente líbio Muamar Kadafi. As relações conflituosas entre Estados Unidos e Líbia antecederam o governo Reagan, porém com sua posse, as provocações se multiplicaram, de ambas as partes.
O caso mais grave tiveram início em abril de 1986, quando foi atribuído aos líbios um atentado à bomba que destruiu uma discoteca em Berlin Ocidental, frequentada por soldados norte-americanos. Dois deles foram mortos e 204 pessoas saíram feridas. Em represália, os Estados Unidos bombardearam Trípoli e Bengazi, na Líbia, fazendo inúmeras vítimas civis, entre elas uma filha adotiva de Kadafi, de 16 meses. Em janeiro de 1989, dois caças da Marinha norte-americana atingiram dois caças da MIG da Líbia, alegando que estes faziam voo suspeitos, já em espaço aéreo internacional.
Em novembro de 1986 veio a público, em denúncia da imprensa, que armas norte-americanas eram vendidas ao governo extremista do aiatolá Khomeini, em troca da libertação de reféns americanos, presos por xiitas. O dinheiro dessa transação era desviado ilegalmente para ajudar os "contras", grupo de direita que lutava para derrubar o governo sandinista da Nicarágua, na América Central. O escândalo abalou o prestígio de Reagan, ficando claro para o mundo que ele não só tinha conhecimento dessas transações, como também as autorizara. Uma comissão do Congresso norte-americano acabou inocentando o presidente, que recebeu apenas uma reprimenda por não ter controle efetivo sobre seus assessores.
De forma ilegal, o governo Reagan manteve, com armas, equipamentos e assessoria militar, o grupo dos "contras", que tentava derrubar, sem sucesso, o governo de Daniel Ortega. Com o escândalo Irã/"contras", o Congresso norte-americano passou a negar verbas ao governo para continuar sustentando a guerrilha de direita.
Os acordos para a eliminação do armamento nuclear de médio alcance na Europa (1987) e a reunião com Mikhail Gorbachev em 1988 foram passos fundamentais para a implantação de uma nova ordem na política mundial. Foi sucedido por George Bush.



Governo Jimmy Carter (1976-1980)

A conjuntura anterior propiciou o retorno dos democratas à Casa Branca, mas os desafios eram grandes. Na política interna, o quadro econômico era de recessão, inflação e elevado desemprego, em especial pelas dificuldades na indústria automobilística, profundamente atingida pela crise do petróleo.
A recessão não foi evitada pelo presidente democrata Jimmy Carter, pois o aumento dos preços internacionais do petróleo, decretado a partir de 1973 pela OPEP, atingiu diretamente as indústrias automobilistas norte americanas, gerando desemprego em massa, agravado por uma inflação de 12% ao ano.
Carter desenvolveu uma política externa baseada na defesa dos direitos humanos, bem representada na suspensão do apoio dos Estados Unidos às ditaduras militares latino-americanas. No Oriente Médio, Carter promoveu a aproximação entre Israel e Egito, com o Acordo de Camp David (1979). Reatou oficialmente as relações entre Estados Unidos e China e passou a rever os acordos relacionados ao Canal do Panamá. 
Seu prestígio. porém foi seriamente abalado devido à invasão da embaixada norte-americana em Teerã por militantes iranianos, em protesto pela entrada do ex-xá Reza Pahlevi nos Estados Unidos para tratar um câncer. Nessa ocasião, foram feitos cinquenta reféns que permaneceram encarcerados, durante mais de um ano.
Tentando controlar a situação, Carter adotou algumas medidas: embargou a compra do petróleo iraniano; suspendeu a ajuda financeira ao Irã; congelou todos os bens iranianos nos Estados Unidos; rompeu totalmente relações diplomáticas com o Irã.
Essas medidas, no entanto, foram insuficientes para resolver o problema. Tentou-se um resgate aéreo, mas a operação foi um fracasso. O sério problema dos reféns só foi solucionado em 1981, durante o governo Reagan, através da mediação da Argélia, Estados Unidos e Irã entraram em acordo e os reféns foram libertados.
Enquanto isso, a União Soviética, temendo que a revolução islâmica do Irã atingisse territórios estratégicos de seu interesse, ocupou o Afeganistão, em 27 de dezembro de 1979. Carter denunciou à invasão como uma grave ameaça a paz, mas não tomou nenhuma medida mais concreta, o que desagradou grande parcela dos norte-americanos.
Esta sucessão de fracassos comprometeu irremediavelmente a reeleição de Jimmy Carter, que cedeu a presidência ao republicano Ronald Reagan na eleições de novembro de 1980.


Período Nixon (1968-1974)

O desgaste do governo do democrata Lyndon Johnson facilitou a vitória do republicano Richard Nixon, em 1968, e sua reeleição em 1972. Na política externa, Nixon e seu secretário de Estado, Henry Kissinger, retomaram a reaproximação com o bloco socialista (Détente), sem abrir mão das tradicionais ofensivas.
O processo de aproximação dos Estados Unidos com a China forçou a União Soviética a encarar a antiga aliada asiática como nova rival. O interesse na concretização das relações sino-americanas somado à ampliação das pressões da opinião pública (particularmente da juventude influenciada pelas manifestações de (Maio de 1968) contra a participação americana no conflito asiático, forçaram Nixon a negociar a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã.
De certa forma, o sucesso na corrida espacial, com a chegada do primeiro homem à Lua em julho de 1969, abafou os problemas internos da nação. Isso permitiu ao presidente intensificar a participação americana no Sudeste Asiático, estendida para o Camboja. No seu governo foram reatadas as relações diplomáticas com a China Popular e assinado vários acordos com a União Soviética, durante visitas pessoais de Nixon a ambos os países.
No Chile, o governo do socialista Salvador Allende, eleito democraticamente, terminou sob violento golpe militar comandado pelo general Augusto Pinochet, em 1973. O apoio formal norte-americano garantiu a emergência de mais esta ditadura militar na América Latina.
Mas a repulsa internacional contra a intervenção no Vietnã, principalmente pelo uso de armas mortíferas, como o napalm, contra populações civis indefesas, aumentou as pressões sobre a Casa Branca. O secretário de Estado, Henry Kissinger, estabeleceu então os primeiros acordos de paz em dezembro de 1972.
O segundo mandato de Nixon foi interrompido em 1974 por causa do Escândalo Watergate. O caso Watergate foi uma tentativa do partido Republicano (de Nixon) de espionar a sede do Partido Democrata, instalada no edifício Watergate, em Washington, durante a campanha para sua reeleição, em 1972. O escândalo durou dois anos, mas após uma série de graves denúncias contra o presidente, balizada pela incansável busca por provas comandada por repórteres do jornal Washington Post, Nixon renunciou, evitando o processo de impeachment.
O vergonhoso episódio, revelando os abusos do poder e a corrupção, abalou a crença da população americana média na infalibilidade de seus administradores e do próprio sistema.


Período Lyndon Johnson (1963-1968)


Lyndon Johnson completou o mandato como vice de Kennedy e foi reeleito para o período de 1964-1968. Adotou uma forte ofensiva contra o socialismo, afastando-se da União Soviética e envolvendo ainda mais os Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Durante seu governo, foram enviados mais de 500 mil soldados para o Vietnã, o que provocou reações e protestos internos contra a intervenção norte-americana no conflito asiático. Em 1968 eclodiram protestos contra o envolvimento do país no Vietnã. O americano médio, que até então apoiara incondicionalmente a política exterior, foi atingido em cheio pelo recrutamento obrigatório cada vez mais intenso.
De outro lado, buscando preservar sua hegemonia no continente latino americano, em constante ebulição sociopolítica, realizou a intervenção militar na República de Sant Domingo, evitando o surgimento de um novo Estado socialista na América.
Na política interna, o destaque foi a ampliação do movimento negro contra o segregacionismo. Apesar do desenvolvimento de alguns programas sociais, a questão racial agravou-se.
Na década de 1960, o movimento negro se dividiu em dois grupos. O primeiro, sob o comando do pastor Martin Luther King, integrava a ala pacifista: defendia a "desobediência civil" e a não violência como estratégias para conquistar a integração racial. A outra ala, mais radical – como o grupo conhecido como Panteras Negras –, era partidária da violência e do confronto com os brancos. 
Luther King adotara a doutrina do indiano Mahatma Gandhi, que defendia a desobediência civil como meios de conquistas sociais. Com o boicote, no sul do país, aos meios de transporte exclusivo dos brancos, movimentos políticos de intelectuais e de sindicatos, atentado e marchas pelos direitos civis, pouco a pouco parte da maioria branca passou a dar apoio a causa negra e algumas decisões favoráveis foram obtidas nos tribunais.
Nem a defesa da integração pacífica nem o Nobel da Paz recebido em 1964 evitaram o assassinato de Martin Luther King, em 1968. O ambiente de protestos contra a Guerra do Vietnã e contra a própria Guerra Fria, os choques entre brancos e negros e os assassinatos de Martin Luther King e do candidato à presidência Robert Kennedy em 1968 sinalizaram tensões na sociedade americana, substituindo o apoio incondicional nacional dos anos 50.
Cresceram os movimentos pacifistas, alternativos e revolucionários, quer estimulando a deserção, quer exigindo uma sociedade mais justa ou pregando o fim do capitalismo e do imperialismo norte-americano.


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