Entretanto, é importante observamos que o Modernismo
brasileiro não começou a partir desse evento. Vários fatos e trabalhos foram
responsáveis pelo o que ocorreu na Semana. Entre os principais antecedentes da
semana de 22 estão: a volta de Oswald de Andrade da Europa, onde entrou em
contato com as inovações propostas pela Vanguarda Europeia, principalmente com
o Futurismo de Marinetti; a primeira exposição dos quadros expressionistas de
Lasar Segall, chocando-se com a pintura acadêmica da época; a fundação da
Revista Orpheu, símbolo do Modernismo em Portugal; a publicação de vários
livros dos autores que participariam mais tarde da Semana de 22 e o grande
estopim e a grande mola propulsora do Modernismo, segundo muitos estudiosos, a
exposição da pintora Anita Malfatti, que como já vimos recebeu uma forte
crítica de Monteiro Lobato, no artigo intitulado Paranoia ou Mistificação ?
Contexto Histórico
Ao fim da Primeira Guerra Mundial, impérios da Europa
Central dissolveram-se, e seguiu-se uma época de intensos conflitos sociais. Em
1917, a Revolução Russa colocou o proletariado no poder. Em vários países
europeus, a democracia liberal começou a entrar em crise, dando lugar a regimes
totalitários e nacionalistas, como o nazista e o fascista.
Vanguarda Europeia
PARTICIPANTES DA SEMANA DE 22
* LITERATURA:
Mário de Andrade Oswald de Andrade
Ronald de Carvalho * PINTURA: Anita Malfatti Tarsila do Amaral DI CAVALCANTE * MÚSICA:
Heitor Villa-Lobos |
A Semana foi patrocinada pelas pessoas da elite paulistana
e contou até com a presença de um autor já consagrado, membro da Academia
Brasileira de Letras. Graça Aranha, pré-modernista autor do livro Canaã, foi o responsável pela cerimônia
de abertura.
O evento não foi apenas literário, vários artistas da
música, da pintura, da escultura e de outras áreas, puderam mostrar seus
trabalhos.
A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 22
A Semana foi verdadeiramente um choque, uma afronta direta aos autores e à sociedade da época. Em outras palavras a Semana foi um escândalo público.
Mas o que será que aconteceu de tão diferente nessa semana?
Logo no primeiro dia, depois da abertura de Graça Aranha, o
músico Villa-Lobos tem sua
apresentação interrompida por vários assobios e vaias da plateia. No segundo
dia, a confusão foi ainda maior. Ronald
de Carvalho ao declamar o poema “Os
Sapos”, de Manuel Bandeira, leva
o público à loucura, repetindo bravamente o refrão do texto que se assemelha ao
coaxar dos sapos. Mário de Andrade,
quebrando todas as formalidades, recita, entre vaias, um poema nas escadarias
do teatro e, para fechar a noite com chave de ouro, Villa-Lobos entra no palco
de casaca, chinelos e guarda-chuva. A plateia escandalizada quase parte para a
agressão física.
Dizem as más línguas que entre “famílias direitas” não se
comentavam os acontecimentos da Semana na presença de crianças e mulheres,
tamanha sorte de barbaridades que lá aconteceram e que sobre a atitude de Villa-Lobos,
na realidade não era uma afronta, mas um calo que o impedia de calçar sapato.
Diante do acontecido, os organizadores ficaram
felicíssimos, pois conseguiram o que queriam, ou seja, chocar a sociedade,
destruir as estéticas tradicionais e conservadoras.
Veja a célebre foto do grupo organizador, tirada no almoço
de confraternização logo após o encerramento da semana:
Os sapos
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
_ “Meu pai foi à guerra!”
_ “Não foi! _ “Foi!”
_ “Não foi!”
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: _ “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte!
E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
(...)
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio ...
Manuel Bandeira
DESDOBRAMENTOS MODERNISTAS
REVISTAS
* Klaxon (São Paulo)
* Estética (Rio de Janeiro)
* Festa (Rio de Janeiro)
* A Revista (Minas Gerais)
* Revista
Antropofagia (São Paulo)
A revista Klaxon
foi a primeira a circular. Seu nome vem do termo em francês buzina, numa
aproximação com o que ela queria realmente provocar: barulho, muito barulho.
Seus artigos eram inovadores, exaltavam o progresso e recusavam “a arte vista
como cópia da realidade”. Os principais
organizadores da Semana participaram ativamente de sua elaboração.
As revistas Estética e Festa, divulgaram as ideias modernistas no Rio de Janeiro. A
primeira, a partir de um forte nacionalismo, buscou uma arte genuinamente
brasileira. A segunda, ao contrário da maioria, apresentou um caráter mais
espiritualista, identificado com os valores simbolistas. Uma das principais
colaboradoras da revista Festa, foi a
poetisa Cecília Meireles.
A Revista, foi uma publicação mineira de periodicidade
irregular e que contou, em seu primeiro número, com a colaboração de Carlos Drummond de Andrade.
A mais polêmica de todas foi sem dúvida a Revista
Antropofagia, que segundo seus criadores apresentou duas “dentições”,
ou seja, duas fases. A primeira com publicações mensais e a segunda com
publicações semanais.
Juntamente com as
revistas, vários manifestos foram escritos, de acordo com a ideologia adotada
pelos grupos.
MOVIMENTOS MODERNISTAS
CORRENTES
MODERNISTAS
* MOVIMENTO
PAU-BRASIL
* MOVIMENTO
VERDE-AMARELO
* MOVIMENTO
ANTROPOFÁGICO
* MOVIMENTO
ESPIRITUALISTA
Veja a capa da 1ª edição do manifesto Pau-Brasil:
Oswald queria uma poesia de exportação, daí o nome
Pau-Brasil, nome do primeiro produto exportado pelo Brasil.
O movimento
Verde-Amarelo foi um movimento de reação ao movimento Pau-Brasil, pois ao
contrário do primeiro, propunha uma arte livre das influências europeias,
buscando uma identidade realmente nacional. Para seus adeptos, o nacionalismo
de Oswald era um nacionalismo importado.
O movimento
Antropofágico origina-se no trabalho da pintora Tarsila do Amaral.
Abaporu é um termo
indígena que significa “aquele que come gente,“antropófago”. Segundo uma crença
indígena, comer o inimigo significava assimilar suas qualidades.
Esses quadros fazem parte da chamada galeria antropofágica
de Tarsila. E é com o quadro Abaporu,
que tem início o movimento.
Segundo a própria pintora, a ideia do movimento surgiu
quando ela resolveu dar esse quadro de presente ao então marido Oswald de Andrade.
O movimento antropofágico queria justamente isso, “devorar”
a cultura estrangeira, para reelaborá-la com autonomia.
O movimento
espiritualista, como o próprio nome já sugere, voltou-se para o interior do
ser humano, para o misticismo e a religião, mostrando-se um pouco distante da
irreverência dos outros movimentos. Buscava uma conciliação entre o passado e o
futuro.
Há também uma corrente
regionalista, voltada para a valorização da cultura regional, especialmente
a nordestina.
FASES
MODERNISTAS
Veja quais são:
1ª Fase (1922-1930) HERÓICA • Oswald de Andrade • Mário de Andrade • Manuel Bandeira • Alcântara Machado |
2ª Fase (1930-1945) CONSOLIDAÇÃO POESIA: •
Carlos Drummond
de Andrade •
Cecília
Meireles • Vinícius de Moraes PROSA: •
José Lins do
Rego •
Graciliano
Ramos •
Jorge Amado |
3ª Fase (1945 em diante) REFLEXÃO • Guimarães Rosa • Clarice Lispector • João Cabral de Melo Neto |
A primeira fase,
conhecida como heroica, compreende o
período de 1922 a 1930 e apresenta o desejo de liberdade, de ruptura e de
destruição do passado como características marcantes. Os principais autores
são: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Alcântara
Machado.
A segunda se
estende de 1930 a 1945 e é conhecida como a fase da consolidação das conquistas anteriores. Essa segunda fase
subdivide-se em dois grupos: a poesia,
em que se destacam: Carlos Drummond de
Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes e a prosa, representada entre outros
autores, por José Lins do Rego, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
A terceira
fase, de 1945 em diante, é conhecida como a fase da reflexão e da universalidade temática. Os principais
autores desse período são: Guimarães
Rosa, Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto.