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A Argentina peronista

Em 1941, o militar Juan Domingo Perón fundou o Grupo de Oficiais Unidos (GOU), de tendências fascistas. GOU organizou, em 1943, um golpe de Estado que depôs o então presidente Ramón Castillo. Afastando do governo argentino os conservadores e sua política de proteção aos ricos proprietários de terra, que mantinha a economia sob forte dominação estrangeira. Chefiando o ministério do Trabalho, o coronel Juan Domingo Perón tornou-se o homem forte do novo regime e estabeleceu uma sólida base de apoio nas classes operárias, através da legislação trabalhista e previdenciária. Em 1945, porém, Perón foi derrubado e preso pelos militares. O seu carisma e popularidade foram fundamentais nesse momento. O povo participou de campanhas pela sua libertação e Perón acabou sendo solto, graças à mobilização popular, encorajada por seus seguidores do Exército, da Igreja e da política. Fortalecida numericamente em razão da industrialização do período da Guerra, a classe operária adquiria notável importânci

Doutrina de Segurança Nacional

A Doutrina de Segurança Nacional foi elaborada pelos EUA com a função de consolidar suas posições no continente e principalmente de protege-lo contra avanços da URSS. Ela foi a base da formação das elites militares latino-americanas após a Segunda Guerra Mundial, realizada nos EUA no National War College e no Colégio Interamericano de Defesa. Os princípios básicos da doutrina são: Desenvolvimento – promover o desenvolvimento industrial e da renda nacional dos países subdesenvolvidos, baseado na integração ao capitalismo internacional; Segurança – surge a noção de “ fronteiras ideológicas ”, ou seja, os países latino-americanos devem se preocupar com as influências ideológicas e não com a invasão de um inimigo estrangeiro. Assim, seu inimigo está dentro de seu próprio país, veiculando ideias contrárias aos interesses do capitalismo, da democracia e, sobretudo, dos EUA e, por isso, é preciso combatê-lo com todas as armas. O inimigo é, então interno (os “chamados subversivos” ), e as ativ

OEA e Tiar

A Organização dos estados Americanos (OEA) foi instituída em 1948, na Conferência de Bogotá, e no início dos anos 60 englobava todos os estados americanos, com exceção de Cuba, expulsa da organização em 1962 devido a sua adesão ao regime comunista. Com a OEA, cuja sede é em Washington, os países americanos assumiram o compromisso de garantir a paz e a segurança do continente, promover o desenvolvimento econômico, cultural e social, como também procurar soluções pacíficas para resolver os problemas que surgissem entre eles. Do ponto de vista militar o tratado Interamericano de Ajuda Reciproca (Tiar), assinado no Rio de Janeiro em 1952, é uma reafirmação da OEA, na medida em que constitui uma aliança militar de ajuda mútua entre seus membros e de defesa continental contra agressões de países de outros continentes. O Tiar subordinou as forças Armadas dos Estados americanos à geopolítica de Washington. O encerramento da Guerra Fria removeu os fundamentos estratégicos que sustentavam a polí

O imperialismo norte-americano

Enquanto a América Latina mergulhava na dependência econômica, os Estados Unidos emergiam como potência, cuja economia, em desenvolvimento acelerado, exigia constantemente a abertura de novos mercados. Após promover a ocupação de seus territórios do Oeste, os norte-americanos voltaram-se para a América Latina, apossando-se de a metade do México em 1848. No final do século XIX, os Estados Unidos começaram a aplicar seus excedentes de capital na América Central, garantindo-os com intervenções militares. Nesse processo, destacam-se a anexação da Zona do Canal de Panamá, em 1903, e a Guerra Hispano-Americana de 1898, que colocou Cuba, Porto Rico e Filipinas sob o domínio de Washington. Essa prática foi justificada pela política do big stick (grande porrete) do presidente Theodore Roosevelt (1901-1909), que proclamava os Estados Unidos como “o guardião do continente”. Ao contrário do modelo imperialista britânico, baseado na troca desigual de produtos industrializados por matérias-primas, o

O populismo latino-americano

Em certos países latino-americanos surgiram então, a partir de 1930, regimes populistas: governos fortes e centralizados sob a direção de líderes reformistas, carismáticos, autoritários, com grande apoio popular. Os principais representantes do populismo foram Getúlio Vargas (1930-1945) no Brasil, Juan Domingo Perón (1946-1955) na Argentina e Lázaro Cárdenas (1934-1940) no México. O Estado populista adotava uma política de conciliação de classes sociais, com o objetivo de alcançar um desenvolvimento econômico autônomo. Também defendia reformas sociais limitadas, para manter o apoio popular. Durantes os governos populistas, o Estado investiu em indústria de base, com a finalidade de fornecer matéria-prima a energia a baixo custo, para o setor privado. “Mas a industrialização promovida pelo populismo tinha um limite. O mercado consumidor desses países era reduzido, em razão dos baixos salários. Nenhum desses governos procurou ampliar o mercado interno, mediante uma reforma agrária ou uma

Paraguai: uma meia democracia

No início da década de 1950, o general Alfredo Stroessner tomou o poder no governo do Paraguai. A ditadura de Stroessner foi a mais longa da América do Sul. O general Alfredo Stroessner liderou um golpe de Estado em 1954 e manteve-se no poder durante 35 anos, até 1989. O apoio dos latifundiários e do governo estadunidense garantiu que fosse candidato único em sete eleições presidenciais consecutivas e, consequentemente, vitorioso em todas elas. Nesse período, o general foi eleito sucessivamente em eleições fraudulentas, nas quais era candidato único. Seu governo desrespeitou constantemente os direitos humanos, executando prisões extrajudiciais, tortura e assassinato de presos políticos. Como as demais ditaduras da América do Sul, a de Stroessner teve apoio dos Estados Unidos por meio de empréstimos e do envio de agentes treinados em táticas militares e paramilitares de combate e repressão aos movimentos de esquerda. Em seu governo, a economia paraguaia sustentava-se principalmente por

México, do domínio do PRI a instabilidade

Após a proclamação da independência, em 1821, o México passou por constantes dificuldades econômicas e políticas, com sucessivas ditaduras. Em 1848, na Guerra EUA-México, o país perdeu vasto território para os vizinhos do norte, o que agravou ainda mais a situação. Para completar, ocorreram novas intervenções estrangeiras. Em 1861, por exemplo, franceses, ingleses e espanhóis atacaram o país, para garantir o pagamento da dívida externa. Esse contexto contribuiu para a instalação da ditadura de Porfírio Dias, entre 1876 e 1911. A ditadura de Porfírio favoreceu a atuação das companhias estrangeiras e a concentração de terras, com a formação de grandes propriedades controladas por poucos mexicanos. Enquanto isso, a miséria e as dificuldades gerais da maioria da população se agravavam. No início do século XX, o México mergulhou em profundas revoltas sociais, em que se destacaram os líderes populares Emiliano Zapata e Pancho Villa. Em 1911, os revoltosos conseguiram derrubar Porfírio Dias.