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México, do domínio do PRI a instabilidade

Após a proclamação da independência, em 1821, o México passou por constantes dificuldades econômicas e políticas, com sucessivas ditaduras. Em 1848, na Guerra EUA-México, o país perdeu vasto território para os vizinhos do norte, o que agravou ainda mais a situação. Para completar, ocorreram novas intervenções estrangeiras. Em 1861, por exemplo, franceses, ingleses e espanhóis atacaram o país, para garantir o pagamento da dívida externa. Esse contexto contribuiu para a instalação da ditadura de Porfírio Dias, entre 1876 e 1911.
A ditadura de Porfírio favoreceu a atuação das companhias estrangeiras e a concentração de terras, com a formação de grandes propriedades controladas por poucos mexicanos. Enquanto isso, a miséria e as dificuldades gerais da maioria da população se agravavam. No início do século XX, o México mergulhou em profundas revoltas sociais, em que se destacaram os líderes populares Emiliano Zapata e Pancho Villa.
Em 1911, os revoltosos conseguiram derrubar Porfírio Dias. As lutas camponesas pela reforma agrária, entretanto, continuaram esbarrando nos interesses das elites, culminando com o assassinato de Zapata, em 1919, e de Villa, em 1923.
Somente no governo de Lázaro Cardenas (1934-1940) foram adotadas medidas para a reforma agrária e a nacionalização de empresas estrangeiras. A partir de então, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) passou a controlar a política mexicana conquistando estabilidade política nos anos 1950 e 1960.
Nos anos 1970, para fazer frente às novas pressões populares, o governo mexicano ampliou os gastos públicos e a emissão monetária. Isso provocou aumento da inflação e instabilidade econômica na década seguinte. Somente nos anos 1990 o PRI perderia o controle político mexicano.

A instabilidade mexicana

No México, nos anos 1990, o governo do presidente Andrés Salinas de Gortari, do PRI, adotou diversas medidas para atrair capitais internacionais. Assinou, por exemplo, com Estados Unidos e Canadá, a Nafta, que passou a vigorar oficialmente em 1º de janeiro de 1994. Mesmo com o tratado, esse ano foi marcado por profunda crise econômica, com fugas de capitais do país.
Com 80% das exportações mexicanas dirigidas para os Estados Unidos, graças ao Nafta, a subordinação continuava sendo pesado fardo para concretizar mudanças na área social. Um quadro de miséria e revolta marca a sociedade mexicana, com vários movimentos atuando no país, dentre eles os zapatistas de Chiapas.
Exigindo pão, saúde, educação, autonomia e paz para os camponeses, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) travaram vários enfrentamentos com forças oficiais. Conflitos que provocaram centenas de mortos. No final dos anos 1990, existiam sinais de diálogo entre governo e rebeldes. Mas uma solução para o problema ainda estava longe de ser obtida.
Na área politica predominou a turbulência. Na campanha eleitoral de 1994 ocorreu o assassinato de dois membros do partido do governo, o PRI. Morreu o candidato que estava à frente nas pesquisas eleitorais, Luís Donaldo Colosio, e em seguida o secretário do partido, José Francisco Massieu. As notícias de envolvimento do governo nos assassinato, especialmente de Raúl Salinas, irmão do presidente, junto com escândalos de corrupção, provocaram mais instabilidade à economia mexicana.
Em dezembro de 1994 assumiu a presidência Ernesto Zedillo, candidato vitorioso do PRI. Seu mandato foi abalado por crises econômicas, situação social crítica e continuados escândalos envolvendo membros de seu partido. Nas eleições de 2000, Zedillo não conseguiu fazer o seu sucessor. Venceu Vicente Fox, do Partido de Ação Nacional (PAN); colocava, assim, fim a 71 anos de governo do PRI.
No ano seguinte, no início do governo, Fox destacou a necessidade de buscar acordos comerciais com outros países e blocos econômicos para escapar do atrelamento do México à economia norte-americana.


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