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A Argentina peronista

Em 1941, o militar Juan Domingo Perón fundou o Grupo de Oficiais Unidos (GOU), de tendências fascistas. GOU organizou, em 1943, um golpe de Estado que depôs o então presidente Ramón Castillo. Afastando do governo argentino os conservadores e sua política de proteção aos ricos proprietários de terra, que mantinha a economia sob forte dominação estrangeira.
Chefiando o ministério do Trabalho, o coronel Juan Domingo Perón tornou-se o homem forte do novo regime e estabeleceu uma sólida base de apoio nas classes operárias, através da legislação trabalhista e previdenciária.
Em 1945, porém, Perón foi derrubado e preso pelos militares. O seu carisma e popularidade foram fundamentais nesse momento. O povo participou de campanhas pela sua libertação e Perón acabou sendo solto, graças à mobilização popular, encorajada por seus seguidores do Exército, da Igreja e da política.
Fortalecida numericamente em razão da industrialização do período da Guerra, a classe operária adquiria notável importância eleitoral, uma vez que a migração interna substituíra a vinda de imigrantes estrangeiros. Assim, nas eleições presidenciais de 1946, a vitória peronista marcou o início de uma nova era – a do Justicialismo, doutrina populista inspirada no nazi-fascismo e apresentada como uma terceira posição entre o comunismo e o capitalismo.
Nesse período, a Argentina acumulava divisas com suas exportações. Esse superávit permitiu que Perón adotasse uma política de fortalecimento das indústrias nacionais. Assim, com o financiamento do Estado, o parque industrial argentino cresceu e garantiu mais postos de trabalho. Perón aproximou-se dos sindicatos e introduziu políticas sociais paternalistas que beneficiavam os trabalhadores. Ao mesmo tempo em que atendia às reivindicações trabalhistas, fortalecia os sindicatos que apoiavam o governo.
Aproveitando a prosperidade econômica, o apoio operário foi mantido por uma política social paternalista, administrada com eficiência por Eva Perón, esposa do presidente, que assumiu o duplo papel de “fada madrinha” dos humildes (os “descamisados”) e porta-voz das reivindicações dos trabalhadores. Para tanto, o governo aumentou o controle do Estado sobre a economia e nacionalizou os serviços públicos – ferrovias, telefones, gás e transportes urbanos. Ao mesmo tempo, liquidou a oposição, impondo o unipartidarismo e estatizando os meios de comunicação e os sindicatos.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), uma das grandes organizações trabalhistas, aliou-se ao governo. Já os grupos que contestavam o governo – partidos de oposição, imprensa, setores conservadores e os socialistas – sofriam perseguições.
No início da década de 1950, a economia desacelerou e o custo de vida se elevou. A inflação galopante não permitia mais continuar a política distributiva sem afetar os lucros das classes dominantes. A morte de Evita em 1952 aprofundou a crise, robustecida por denúncias de corrupção no governo e pelo rompimento com a Igreja, acusada de interferir nos assuntos de Estado.
Com isso, a oposição ao regime ficou mais forte entre as Forças Armadas, a Igreja e os setores conservadores. Em 1955, o governo Perón foi derrubado pelos militares e ele partiu para o exílio.
Em 1973 os peronistas, agrupados na Frente Justicialista de Liberdade, lançaram a candidatura de Perón à presidência. Ele retornou ao país e à presidência da República, mas faleceu no ano seguinte. Sua segunda mulher Isabelita Perón, vice de Perón, assumiu a presidência.


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