O leitor não deveria tentar entender os
textos, mas se deixar levar pelas sensações.
Em Portugal, esse movimento literário
tem início, em 1890, com a
publicação do poema Oaristos, de Eugênio
de Castro. (Oaristo é um termo grego que significa “diálogo íntimo” ou “diálogo
amoroso”).
Entre as principais características parnasianas estão:
* |
Espiritualismo e Misticismo |
* |
Sugestão |
* |
Imprecisão |
* |
Sinestesias |
* |
Musicalidade |
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Maiúsculas alegorizantes |
Espiritualismo
e Misticismo = Para os simbolistas a arte era uma forma de religião. Os
textos simbolistas apresentam muitas vezes uma visão cristã. Era comum a
distinção entre corpo e alma e o desejo de purificação, de sublimação: anulação
da matéria para a libertação da alma. Era também comum a utilização de
vocábulos ligados ao místico e ao religioso, como missal, breviário, hinos,
salmos, entre outros.
Sugestão
= Para a arte simbolista mais importante que nomear as coisas era
sugeri-las. Segundo os simbolistas os leitores é que deveriam adivinhar o
enigma de cada poema.
Imprecisão
= Atrelada à característica anterior, a realidade deveria ser expressa de
maneira vaga e imprecisa. O Simbolismo buscava a essência do ser humano, os
estados da alma, o inconsciente.
Sinestesias
= Na poesia simbolista era comum a presença de sinestesias. A sinestesia é
uma figura de linguagem que consiste na fusão de várias sensações, sem que
necessariamente haja lógica:
“Nasce a manhã, a luz tem cheiro ... Ei-la que assoma Pelo ar
sutil ... Tem
cheiro a luz, a manhã
nasce ...
Oh sonora
audição colorida do aroma!”
Alphonsus de Guimaraens
Musicalidade
= A poesia deveria se aproximar da música. Para conseguirem essa aproximação os
simbolistas usaram em grande escala as figuras de linguagem associadas à
sonoridade, como as rimas, o eco, a aliteração, entre outras. Daí a expressão
simbolista: “A música antes de qualquer
coisa”.
Veja um exemplo de aliteração. Lembre-se de
que a aliteração é a repetição de sons consonantais:
“E as cantinelas de serenos sons amenos fogem fluidas fluindo à fina flor dos fenos”.
Eugênio de
Castro
Maiúsculas
alegorizantes = Correspondem à utilização de letras maiúsculas no meio do
texto sem que haja alguma razão gramatical para o seu uso. Elas são usadas para
enfatizar as palavras:
“Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume ...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume ...”
Cruz
e Souza
Arte Poética
Paul Verlaine (tradução de Augusto de Campos)
Antes de tudo, a Música. Preza
Portanto, o Ímpar. Só cabe usar
O que é mais vago e solúvel no ar,
Sem nada em si que pousa ou que pesa.
Pesar palavras será preciso,
Mas com algum desdém pela pinça:
Nada melhor do que a canção cinza
Onde o Indeciso se une ao Preciso.
(...)
Pois a Nuance é que leva a palma,
Nada de Cor; somente a nuance!
Nuance, só, que nos afiance
O sonho ao sonho e a flauta na alma!
(...)
Que teu verso seja a aventura
Esparsa ao árdego ar da manhã
Que enchem de aroma o timo e a hortelã...
E todo o resto é literatura.
Nesse poema encontramos várias
características simbolistas, entre
elas a musicalidade, a presença do sonho e a imprecisão na forma de expressar a
realidade.
SIMBOLISMO EM
PORTUGAL – AUTORES
Veja os três maiores representantes do Simbolismo
português:
-Eugênio de
Castro
-Antônio Nobre
-Camilo
Pessanha
A importância de Eugênio de Castro para o Simbolismo português deve-se mais ao fato
de ter sido ele o autor do marco inicial do movimento. Antônio Nobre publicou um único livro, com um nome bem sugestivo Só. Só
é um livro marcado pelo saudosismo e sentimentalismo, além de apresentar uma
rica musicalidade.
Mas Camilo
Pessanha é o grande representante do Simbolismo português:
Veja um fragmento de um de seus textos:
“Passou o Outono já, já torna o frio ...
_ Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado ...
_ O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?(...)”
SIMBOLISMO NO
BRASIL – AUTORES
No Brasil, o Simbolismo tem início em 1893, com a publicação de Missal (textos em prosa) e Broquéis (poesias), de Cruz e Souza. Didaticamente, permaneceu no cenário literário até 1902 quando ocorre a publicação do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, considerado o texto introdutor do Pré-Modernismo.
Missal é o nome de um livro que contém orações utilizadas nas missas e broquéis vem de broquel, tipo de um escudo espartano, numa clara aproximação com o parnasianismo e seu gosto por objetos antigos.
O Simbolismo surgiu como reação à objetividade e descritivismo
parnasianos. Entre nós, no entanto, foi abafado pela produção parnasiana que
correspondia mais intensamente aos anseios da burguesia em ascensão.
À confiança ilimitada na ciência, sucederam um descrédito e um
desânimo sem formas definidas; ao racionalismo e ao materialismo, a valorização
da intuição e as manifestações espirituais e metafísicas.
O Simbolismo no Brasil não teve muita aceitação por parte do público leitor. A maior parte dos leitores preferia os textos parnasianos. Os parnasianos tinham a imprensa como aliada, pois seus poemas vendiam muito mais. É por isso que se costuma dizer que o Brasil não teve um momento tipicamente simbolista, ele ficou meio à margem da literatura oficial da época.
Veja os maiores representantes do Simbolismo brasileiro:
* Cruz e Sousa
* Alphonsus de Guimaraens
Cruz e Sousa é considerado não só o maior poeta do Simbolismo brasileiro, mas também um dos maiores representantes do Simbolismo mundial:
Violões que choram
Ah! Plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
(...)
Sutis palpitações à luz da lua.
Anseio de momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os sons dos violões vão soluçando.
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
(...)
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas (...)”
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Na obra de Afonso Henriques da Costa Guimarães, o tema constante
é a morte da mulher amada ao qual os outros — natureza, religião, arte — se
relacionam. Influenciado pelo poeta simbolista francês Verlaine, Alphonsus
privilegia a camada sonora do signo, trabalhando as aliterações, onomatopeias,
repetições. Em versos simples manifesta uma constante preocupação mística
atestada, também, em seus poemas dedicados à Virgem Maria em Setenário das dores de Nossa Senhora. “Ismália”
é um de seus poemas mais conhecidos:
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
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