sexta-feira, 19 de julho de 2024

Pedagogia

Objetivos pedagógicos e educação

A pedagogia é uma ciência que estuda a sistematização, fundamentalmente voltada para a prática, de qualquer ação educativa relacionada a crianças e adolescentes. Seu principal objetivo é orientar o processo de ensino e aprendizagem. É o ramo do conhecimento que procura descobrir, promover e projetar todo o potencial humano e social de cada indivíduo. Recentemente, alguns autores acrescentaram à definição de pedagogia os conceitos de futuro e contrariedade. Assim, ela busca estabelecer uma meta para as teorias da educação, entendidas como horizontes ideais de projeção do indivíduo.

Todos os estudos realizados dentro do âmbito das ciências da educação, como a própria pedagogia, a psicologia, a socioantropologia e a didática, documentam com perfeição que é a infância a fase em que se estabelecem as bases que condicionarão, em grande parte, a personalidade adulta e a qualidade de vida pessoal nas faixas etárias posteriores. Nesse sentido, a pedagogia tem a tarefa primordial de promover a formação da pessoa dentro das instituições escolares e extraescolares.

A educação tem como objetivo o desenvolvimento integral e multidimensional da pessoa durante as suas etapas geracionais (infância, adolescência, juventude, vida adulta e velhice). Ela abrange também todos os âmbitos sociais nos quais o ser humano circula (família, escola, lazer e trabalho).

O processo educativo só pode ser completado com a condição de o indivíduo ter à sua disposição a via dupla da autoeducação e da heteroeducação.

A autoeducação implica o respeito pelas leis da natureza da pessoa, ou seja, as necessidades primárias, as verdadeiras motivações e os estilos de aprendizagem e de socialização do sujeito em cada etapa evolutiva.

A heteroeducação exige o respeito pelas leis culturais da comunidade em que a pessoa vive, ou seja, os conhecimentos, os modelos de vida cotidiana e os valores da comunidade social. A heteroeducação é possível graças à ação formadora dos genitores, dos docentes, dos meios de comunicação etc.

Hoje em dia, do ponto de vista das correntes mais inovadoras, o objetivo da educação é que o maior número de pessoas receba uma formação de qualidade, tanto na sua condição de indivíduo quanto na de ser social.

A pessoa

Ao longo do tempo, o conceito de pessoa passou a ser definido a partir dos valores sociais, da situação econômica, da cultura dominante, das tendências políticas e filosóficas, da religião e de outros parâmetros que fazem parte desse conjunto.

Hoje, a pedagogia está voltada principalmente para análise da pessoa de um ponto de vista holístico - entendimento integral dos fenômenos - e sistemático, que vai além da infância e da juventude, e aposta em um compromisso do indivíduo com o mundo atual e com o futuro. Por esse motivo, o principal pilar do sistema pedagógico atual é a pessoa considerada no seu todo.

Ainda que as duas guerras mundiais tenham prejudicado a pesquisa pedagógica, os estudos anteriores serviram de base à pedagogia de hoje.

Pedagogia e sujeito no séc. XXI


A sociedade atual é marcada pela globalização dos mercados, pelo colonialismo econômico, pelos meios de comunicação, pelos monopólios da informação, pela constante evolução eletrônica e pelas empresas multinacionais que encorajam um consumo que pretende homogeneizar os comportamentos coletivos. Isso acaba influenciando profundamente os sinais de singularidade do sujeito (individualidade, excepcionalidade e diversidade), tornando-os cada vez mais reduzidos.

A pedagogia deve trabalhar para que as novas gerações tenham consciência de que a sociedade de hoje, criada e imposta culturalmente, por razões de mercado, valoriza muito a indústria comercial (vestuário, alimentação, saúde etc.) e os meios de comunicação (televisão, rádio, publicidade, Internet) e é, na maior parte do tempo, contra a singularidade.

Esferas essenciais da vida pessoal

Falar de pessoas em pedagogia implica considerar todas as esferas essenciais da vida pessoal: a afetiva, a ético-social, a intelectual, a estética e a física.

• A esfera afetiva

A pedagogia deve contribuir para o desenvolvimento de uma afetividade aberta na qual o plano da satisfação e o plano da frustração possam interagir e integrar-se na experiência cotidiana do indivíduo. Dessa forma, as manifestações afetivas, positivas ou negativas, transformaram-se em energia capaz de enriquecer e modificar o próprio ambiente social e cultural, ampliando a dimensão afetiva até as fronteiras da relação com o outro e, sobretudo, reduzindo o perigo de o sujeito se fechar em si mesmo.

No plano metodológico, a educação por intermédio da brincadeira parece a mais apropriada para potencializar e expandir a vitalidade afetiva.

• A esfera ético-social

A aptidão ético-social manifesta-se na consciência que o indivíduo tem da complexidade, das contradições da vida moral e civil e das suas obrigações em relação aos outros e a si mesmo. Dentro desse âmbito a educação pretende que cada um alcance o nível de respeito e solidariedade necessário para a convivência em sociedade.

O comportamento ético-social implica todas as etapas geracionais, tanto as infantis quanto as adultas. Portanto, o objetivo da educação é a promoção de condições educativas que beneficiem não só o indivíduo, mas toda a sociedade.

• A esfera intelectual

A educação na esfera intelectual (esfera dotada de uma energia vital e uma constante tendência para a exploração e a descoberta cognitiva) tem por objetivo a preparação do indivíduo não só para resolver com facilidade os problemas que terá de enfrentar na sua vida cotidiana como para que seja capaz de perceber as várias soluções possíveis. Assim, enfrentar um conflito com inteligência – seja esse um conflito de tipo social, ambiental ou cultural – significa, em primeiro lugar, ser capaz de definir com precisão o problema cognitivo e, depois, formular uma hipótese sobre as possíveis soluções.

A educação deve fortalecer a inteligência e encorajá-la nos diversos planos do conhecimento, uma vez que existem vários tipos de inteligência. A inteligência artística, por exemplo, possui uma morfologia cognitiva de estrutura bastante diferente da inteligência tecnológica. O mesmo acontece no caso das outras formas de inteligência – cada uma se desenvolve à sua maneira e tem o seu próprio método de resolução de problemas.

• A esfera estética

A faculdade estética manifesta-se nos processos de compreensão e participação cultural em uma diversidade de universos estéticos: literário, musical, teatral, cinematográfico, plástico etc.

Em uma perspectiva de integração da histórica separação entre educação estética e educação para a produção de arte, educar a faculdade estética significa equipar o indivíduo com critérios próprios, ajudando-o a desenvolver um espírito crítico.

• A esfera física

A habilidade física identifica-se com a possibilidade de realizar atividades que impliquem movimento, como o esporte, que tenham repercussões positivas para a pessoa e que se manifestem na sua vida afetiva, intelectual e estética.

Acima de tudo, a vida física é determinante para que a esfera afetiva amadureça de forma equilibrada, libertando-a de eventuais camadas inibidoras e conflituosas causadas por complexos de inferioridade, situações frustrantes ou um acúmulo de agressividade contraído em alguns espaços asfixiantes e constringentes que permeiam parte da convivência cotidiana.

Os jogos de equipe prestam-se diretamente a descarregar a agressividade que cada pessoa possa conter. Dessa forma, a agressividade, como instinto combativo, pode ser controlada por meio da educação. Em particular, a atividade esportiva é a que tem mais probabilidades de conseguir um controle da agressividade infantil.

A atividade física contribui de forma positiva para potencializar as estruturas da inteligência, uma vez que desenvolve a capacidade de percepção espacial, a imaginação e a rapidez de reflexos.

Além disso, a atividade física, sobretudo os esportes de equipe, enriquece a esfera socioética, à medida que encorajam o esforço conjunto para a obtenção de um objetivo comum e estimulam as capacidades sociais e de relacionamento de cada indivíduo.

Dimensões

De acordo com a pedagogia, a educação esboça uma imagem da infância e da adolescência baseada em três dimensões que deveriam prolongar-se ao longo de todas as etapas da vida de um indivíduo.

São estas a dimensão social, a ecossistemática e a homérica.

• A dimensão social

O homem necessita se relacionar com o mundo que o rodeia e em especial com os outros. Essa relação começa na coexistência, fator determinante dos grupos humanos, muitíssimo importante para vida em sociedade e um dos pilares da educação. Algumas facetas do processo educativo são o reforço e a orientação da tendência a converter a mera coexistência em convivência. O centro educativo limita-se, desse modo, a oferecer uma situação de aprendizagem e um âmbito de convivência.

• A dimensão ecossistemática

A pedagogia transmite uma segunda imagem da infância e da adolescência de caráter holístico. As crianças e os jovens caracterizam-se pela intuição, pelo sentimento de aventura, mas também por uma curiosidade própria em relação a si mesmos e ao universo que os rodeia.

• A dimensão homérica

Outra parte da pedagogia reconhece nas crianças e nos jovens a vontade de adquirir conhecimento e a criatividade. Esta dimensão é a que convida os mais novos a converterem-se em pequenos Ulisses.

A personagem de Ulisses representa uma pessoa curiosa, trabalhadora e obstinadamente corajosa. Este é o objetivo educativo que a pedagogia pretende incutir na identidade existencial dos mais novos, para que estes se transformem em indivíduos exploradores, ansiosos por adquirirem conhecimentos, cultura e valores.

Barsa Planeta Internacional, 2012 

Povos originários

O momento atual, de maneira geral, é caracterizado pela rápida transformação das paisagens e pelo crescente impacto das ações humanas sobre a natureza.

Porém, existem sociedades que produzem o espaço geográfico de modo diferente, como os povos originários, que são os primeiros habitantes de um território. Os diferentes povos indígenas no Brasil, por exemplo, já viviam em nosso país antes da chegada dos portugueses, no ano de 1500.
Apesar de utilizarem os recursos naturais para garantir a sobrevivência, a ação dos povos originários transforma as paisagens de maneira mais lenta e com menores impactos ambientais. Isso acontece porque o modo de vida desses grupos está bastante integrado à natureza.
Muitas vezes, as terras nas quais os povos originários vivem e às quais têm direito são cobiçadas por outros grupos, por constituírem reservas importantes de água, vegetação e minerais, causando conflitos em diferentes lugares do mundo.
A fim de pôr em prática projetos econômicos, governos e empresas tentam forçar os povos originários a deixar as terras onde vivem, apesar das recomendações mundiais de organizações humanitárias e de leis nacionais que garantem o direito de posse.
Para essas populações, deixar as terras significa abandonar o modo de vida, perder a cultura e submeter-se a viver em situação precária nas cidades. No Brasil, os povos indígenas lutam há séculos pela manutenção de seu direito à posse da terra.
Para os povos indígenas do Brasil, a terra é um bem coletivo, isto é, pertence a todos e serve para a obtenção de recursos necessários à sobrevivência.
Nessas sociedades tradicionais, todos desenvolvem as tarefas cotidianas, e não há emprego ou trabalho remunerado.
As técnicas de trabalho e o uso dos recursos naturais são transmitidos de geração a geração e provocam poucos impactos ambientais, permitindo que a natureza se recomponha.

Os conhecimentos dos povos originários

Povos originários desenvolveram muitos conhecimentos sobre as áreas nas quais viviam. Com o passar dos anos aprenderam sobre plantas e animais, identificando quais eram comestíveis ou não. Especula-se que, inicialmente, consumiam os mesmos alimentos de pássaros e de outros animais por imitação. Ou seja, como viam que eles comiam e não morriam, copiavam. Mais tarde, entretanto, com o desenvolvimento da agricultura, passaram a adaptar aquelas espécies e torná-las mais adequadas às necessidades humanas.
Já o desenvolvimento de remédios a partir de plantas e animais foi mais demorado. Identificar determinadas espécies de plantas e seu uso só foi possível pela experimentação em situações de doenças, mas aos poucos as plantas foram selecionadas. Muitos estudos mostram que houve uma intensa troca de informações entre diferentes grupos sociais, o que acabou aumentando o repertório de plantas medicinais.
Só essas ações já seriam suficientes para reconhecer a importância dos povos originários. Mas estudos recentes mostram que eles também ajudaram a desenvolver e conservar ambientes. Ou seja, algumas formações vegetais podem ser resultado de processos naturais, como a variação da temperatura e o isolamento de uma área, mas também podem ter sido alteradas pela presença humana no passado por meio da agricultura ou mesmo pela ocupação de uma área para morar.
Um exemplo conhecido recentemente é a difusão da floresta de Araucárias no Brasil. Estudos desenvolvidos por arqueólogos indicaram que as comunidades que viviam em lugares onde depois floresceram as araucárias foram dispersoras de sementes. Como elas consumiam o fruto das araucárias, deixavam sementes dispersas por onde passavam. Elas brotaram e chegaram a formar árvores de grande porte.
No Brasil, há muitas comunidades tradicionais, como quilombolas, caiçaras e pescadores, que vivem em áreas de proteção ambiental. Seu modo de vida não altera de modo expressivo a dinâmica natural, por isso elas conseguem habitar um local sem esgotar os recursos naturais da área.
Grandes empresas têm se interessado pelos conhecimentos das comunidades tradicionais, pois elas detêm informações sobre as propriedades de algumas espécies de plantas que podem ser usadas em novos produtos. Veja alguns exemplos de plantas e seus usos:
• Medicinais: podem ser utilizadas na produção de remédios e outros medicamentos;
também auxiliam em tratamentos mais longos, como de doenças que afetam a pele, as articulações, etc.
• Ricas em nutrientes: podem ser usadas como alimento ou como complementos alimentares e vitamínicos, mas ainda não são de uso comum fora das comunidades.
• Propriedades cosméticas: podem ser usadas para produzir xampus e cremes com composições mais naturais.
Esses conhecimentos são valiosos para as empresas porque as pesquisas que levam à fabricação de novos remédios ou à produção de alimentos mais nutritivos são caras e demoradas. Por isso, é muito mais fácil e econômico iniciar as pesquisas tendo como base os conhecimentos e as técnicas das comunidades tradicionais para, então, aprimorá-las.
Em muitos países do mundo, empresas se apropriam ilegalmente de espécies animais e vegetais e do conhecimento das comunidades tradicionais, realizam estudos e acabam por desenvolver um produto novo, como um remédio, que passa a ser comercializado. No entanto, essas comunidades ficam sem receber pelo fornecimento dos conhecimentos e recursos e o país onde aquela espécie ocorre perde a possibilidade de desenvolver tecnologia e obter ganhos para sua população. Esse tipo de ação prejudicial recebe o nome de biopirataria.
Por isso, nem sempre a luta pela preservação da natureza e pela manutenção do modo de vida das comunidades tradicionais é desinteressada. Grandes empresas internacionais – especialmente dos setores farmacêutico e alimentício – ganham muito dinheiro com o conhecimento adquirido com essas comunidades.

VEGETAÇÃO E BIODIVERSIDADE

Até pouco tempo atrás, as florestas eram vistas como um obstáculo ao desenvolvimento econômico. Apesar de alguns grupos ainda pensarem dessa forma, hoje sabemos que as florestas e outras formações vegetais têm grande importância ambiental, econômica e social.

Além da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica, existem outros tipos de florestas em todo o mundo que vêm sendo bastante devastadas.

Clima e vegetação

O clima e a vegetação estão fortemente relacionados. A temperatura e a umidade do ar são de extrema importância para as comunidades biológicas, sobretudo para que as plantas possam se desenvolver. Ambientes com temperatura e umidade do ar elevadas tendem a proporcionar o desenvolvimento de uma vegetação mais densa e diversificada. Já em áreas áridas, é comum a presença de formações vegetais caracterizadas por pequenos arbustos distribuídos de forma espaçada.
Dessa maneira, é possível considerar a vegetação como o elemento mais fácil de reconhecimento de um tipo climático e, consequentemente, de toda a comunidade biológica (plantas, animais, microrganismos, etc.) que se estabelece em uma região (com condições naturais semelhantes, portanto). Porém, à medida que o ambiente natural é modificado, atualmente sobretudo pela ação humana, verificam-se transformações em todo o conjunto, sendo a vegetação o elemento visualmente mais marcante.

Ecossistemas e interações na natureza

Os seres vivos estabelecem complexas interações com a água, o clima, o solo, o relevo, a atmosfera e a vegetação. Essas interações, em diferentes escalas, formam uma grande
variedade de ecossistemas no planeta Terra.
Um ecossistema pode ser entendido como a combinação, a coexistência e a interação entre elementos bióticos (seres vivos) e abióticos (rochas, solos, climas, relevos etc.). O tamanho de um ecossistema pode variar bastante: desde um vaso com uma única planta até uma floresta ou o fundo de um rio.
Como todas as espécies animais e vegetais necessitam de quantidades específicas de calor, luz solar, água e nutrientes para completar o ciclo da vida, esses elementos – isolados ou combinados – são importantes fatores que diferenciam um ecossistema de outro.
Temperaturas muito baixas, por exemplo, limitam o crescimento de alguns tipos de plantas e animais que só sobrevivem em temperaturas mais elevadas. A presença de luz solar é outro fator que define as espécies de um ecossistema, pois isso influencia o comportamento e a distribuição dos seres vivos e, também, as suas características.

Hotspots de biodiversidade

Todo bioma possui grande importância para o funcionamento do sistema terrestre. Isso proporciona recursos e condições fundamentais para a manutenção da vida humana e de outros animais, como o fornecimento de água pura e a regulação climática. Muitos biomas mundiais se apresentam ameaçados pela ação humana e demandam maior atenção. Como forma de identificar e melhor proteger essas áreas, foi criado em 1988, pelo ecologista britânico Norman Myers (1934-2019), o termo hotspot.
Os hotspots são áreas que apresentam alto grau de biodiversidade em risco de destruição e que, por isso, foram escolhidas como prioritárias para preservação.
Para ser considerada um hotspot, uma área deve apresentar ao menos 1 500 espécies de plantas endêmicas (encontradas apenas em uma região ou área específica do planeta) e ter perdido 70% ou mais de sua área original.
Em todo o mundo, há 36 hotspots que ocupam apenas 2,3% da superfície terrestre, concentrando mais de 50% de todas as espécies vegetais e aproximadamente 43% de espécies de vertebrados endêmicos. Ao todo, os hotspots perderam aproximadamente 86% de sua vegetação nativa.

Biodiversidade terrestre

Os ecossistemas consistem na relação dos agentes bióticos e abióticos no meio em que vivem. Sua dinâmica é complexa, pois depende de vários fatores ambientais que estão em constante mudança, como a ocorrência de chuvas, o crescimento das plantas, a alimentação dos animais selvagens, o desenvolvimento do solo, etc. Quando pensamos
em vários ecossistemas interligados e definidos por uma formação vegetal dominante, estamos reconhecendo um bioma.
Dos vários biomas existentes, podemos destacar a Amazônia e a Caatinga. Cada um deles possui conjuntos de ecossistemas próprios, com características comuns, que interagem dentro das condições específicas de cada ambiente.
Dentro de cada área, ecossistema ou mesmo bioma, é possível calcular a respectiva biomassa, ou seja, toda a matéria viva dessa área, tanto animal quanto vegetal. Assim, quanto maior for a concentração animal e, em especial, vegetal, maior será a biomassa. Os biomas de florestas equatoriais e tropicais concentram as maiores biomassas do planeta.
Tão importante quanto a biomassa para o equilíbrio do sistema terrestre é a biodiversidade, que se apresenta diretamente relacionada à diversificação das espécies em um ecossistema ou em um bioma.
A biodiversidade corresponde à diversidade biológica, ou seja, a toda a variedade de vida, desde microrganismos até plantas e animais encontrados em determinada área.
Portanto, todas as formas de vida existentes no planeta Terra fazem parte da biodiversidade: você, um fungo, um pé de alface, uma abelha, um elefante, uma floresta inteira...
A biodiversidade representa um imenso potencial econômico. Muitas espécies animais e vegetais são fonte de alimento e de matéria-prima para o desenvolvimento de substâncias usadas na fabricação de medicamentos, de essências e de óleos e na produção de fibras, de biomassa etc.
A sobrevivência das populações tradicionais também depende da biodiversidade. Os povos da floresta, por exemplo, utilizam a vegetação para extrair alimentos, construir moradias e desenvolver atividades de trabalho.
Nas últimas décadas, a comunidade científica, os governos e as organizações não governamentais ambientalistas têm alertado sobre a degradação e a perda da biodiversidade no planeta. Muitas espécies vegetais e animais podem ser extintas antes mesmo de serem conhecidas e estudadas.
Em 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que o período entre os anos 2011 e 2020 seria considerado a Década da Biodiversidade. Essa ação tinha como objetivo chamar a atenção da sociedade para o aumento das taxas de perda da biodiversidade mundial e lançar planos para sua proteção e preservação.
Apesar dos esforços da ONU, em um levantamento da organização no final de 2020, foi constatado que 40% da biodiversidade do planeta está ameaçada. Até 2050, cerca de 3 500 espécies podem estar comprometidas apenas no continente americano.

Ameaças à biodiversidade

Se a história do planeta Terra, de 4,5 bilhões de anos, fosse contada em um dia, os seres humanos ocupariam os últimos 20 segundos. E, nesse pequeno tempo de nossa história no planeta, o impacto provocado nos elementos naturais e na biodiversidade é gigantesco.
As atividades humanas, da retirada da vegetação nativa à produção de bens e energia, interferem na dinâmica natural dos solos, das formações vegetais, das águas, do relevo e da atmosfera, alterando o funcionamento dos ecossistemas e ameaçando a biodiversidade planetária.
A interferência humana nos diferentes ecossistemas vem acontecendo de forma muito rápida e intensa nos últimos 70 anos. Por isso, alguns cientistas estão buscando evidências de que estaríamos entrando em uma nova época geológica, que eles denominaram Antropoceno, marcada pela influência predominante da ação humana sobre o planeta.
De acordo com o artigo da revista Nature, o período teria começado em 2020, quando a massa de tudo o que foi construído pelo ser humano no planeta superou, pela primeira
vez, a massa conjunta dos seres vivos.
A história da formação e da evolução da Terra é dividida em grandes intervalos de tempo, denominados eras geológicas. Cada era é subdividida em porções menores, os períodos e as épocas geológicas. O período em que surgiu o Homo sapiens permanece até a atualidade: período Quaternário.

Redução da biodiversidade

Diferentemente do que muitos imaginam, todos os ecossistemas e biomas possuem biodiversidade, até os mais inóspitos. Os desertos, por exemplo, mesmo apresentando condições climáticas extremas, abrigam animais e vegetais adaptados a este ambiente.
Estima-se que na Terra existam entre 10 e 50 milhões de espécies animais e vegetais. Especialistas afirmam que o Brasil é o país com maior biodiversidade do planeta, com aproximadamente 20% de todas as espécies conhecidas. E ainda há muitas plantas com potencial terapêutico no território
brasileiro, as quais são utilizadas por povos originários e comunidades tradicionais e também na indústria cosmética e farmacêutica.
Porém, apesar de todos os benefícios ofertados pela biodiversidade terrestre, ainda há um enorme avanço na degradação dos biomas. Assim, muitas atividades humanas têm impactado diretamente a biodiversidade. Nas últimas décadas, animais e vegetais extinguiram-se em um ritmo somente menor do que o do período de extinção em massa dos dinossauros.
A exploração abusiva de recursos vegetais e animais, o crescimento desordenado de algumas cidades, a poluição do ar, da água e dos solos – especialmente pela expansão da agricultura e da pecuária – são apenas alguns fatores que degradam a paisagem natural e destroem os ecossistemas.
Estima-se que a perda definitiva de espécies vegetais e animais seja entre 1 000 e 30 000 por ano. Especialistas apontam que, se este ritmo for mantido, em um século teremos a extinção de mais da metade da biodiversidade na Terra.
Para reduzir o impacto nos ambientes naturais é necessária uma mudança de hábitos de parte da sociedade moderna, uma vez que o desperdício e o elevado consumo de produtos supérfluos intensificam a degradação ambiental. Como exemplo, podemos citar o avanço do garimpo ilegal, elevando a pressão sobre as florestas diante da extração de ouro, diamantes e outros minerais.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela ONU apresentam-se como um apelo global para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e a vida terrestre. O 15º objetivo trata da vida terrestre, que, resumidamente, destaca a importância de proteger, recuperar, promover e deter a perda da biodiversidade, sendo este um dever de todos.

Vegetação nativa

O bioma é um conjunto de ecossistemas e sua classificação é realizada conforme a vegetação predominante, que tem relação direta com o tipo climático.
Com a interferência humana ao longo dos séculos nas paisagens naturais, a vegetação original passou por diversas alterações, sendo completamente extinta em algumas partes do planeta. Este é um dos fatores que fazem com que certos mapas de vegetação, ou mesmo de biomas, apresentem variações, pois o principal elemento de identificação de um bioma, que é a vegetação, foi ou continua sendo modificado.
Além disso, as fronteiras entre as coberturas vegetais não são perfeitamente definidas. Há faixas que apresentam composição de ambas as vegetações, conhecidas como zonas de transição.

Alterações nos solos e difusão de espécies exóticas

Agricultura, mineração, áreas de pastagem, pecuária, desmatamento e expansão das cidades promovem a degradação e o empobrecimento dos solos e contribuem, junto com a caça, a pesca, a jardinagem, a criação de animais domésticos, o crescimento do comércio e do turismo mundial, para o aumento da difusão de espécies exóticas, isto é, espécies que são levadas para fora de sua área de distribuição natural.
Uma espécie exótica pode ser considerada uma espécie invasora quando ela começa a se reproduzir sem controle, representando uma ameaça para as espécies nativas e para o equilíbrio dos ecossistemas. Muitas vezes, essas espécies são transportadas intencionalmente por seres humanos.
O eucalipto, por exemplo, é uma espécie exótica originária da Austrália. Portanto, ele não faz parte das formações vegetais presentes nas áreas onde está sendo plantado para atender à demanda das indústrias de papel, de celulose, de móveis e de siderurgia.
As comunidades tradicionais de áreas de Cerrado, por exemplo, são prejudicadas pela plantação de eucaliptos, que substituem espécies nativas das quais essas comunidades extraem recursos utilizados como fonte de renda, como o pequi e o bacuri.

Destruição ou fragmentação de hábitats e superexploração de recursos naturais

Hábitat é uma porção do ambiente onde um indivíduo, uma espécie ou um grupo de espécies vive e se desenvolve. A destruição e a fragmentação de hábitats dificultam a sobrevivência e a reprodução de espécies, podendo levá-las à extinção.
A construção de rodovias, ferrovias e hidrelétricas, para transporte de mercadorias e produção de energia, associada à superexploração dos recursos minerais, biológicos (plantas e animais), energéticos e hídricos, destrói ou fragmenta, isto é, separa os hábitats.
Dados divulgados pelo Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras (Ufla-MG) apontam que, em 2020, cerca de 284,8 milhões de animais silvestres morreram atropelados nas rodovias brasileiras, a maioria aves, mamíferos e répteis.
Além de colocar em risco a biodiversidade, os atropelamentos de animais silvestres são responsáveis por ferimentos graves e vítimas fatais entre motoristas e passageiros. Para ligar hábitats fragmentados, permitindo que os animais circulem em segurança, é necessária a devida sinalização das rodovias e a implantação de pontes verdes ou ecodutos. Essas medidas, adotadas em muitos países, reduzem a morte de animais por atropelamento e acidentes nas estradas.
Ponte verde: passagem que cruza rodovias e ferrovias com o objetivo de facilitar a travessia segura de animais silvestres.

Poluição e mudanças climáticas

Embora pareçam ser ameaças diferentes à biodiversidade, a poluição e as mudanças climáticas estão intimamente associadas. A liberação de substâncias tóxicas de diversas origens nas águas, no ar e nos solos prejudica os seres vivos e os ambientes e tem colaborado com o aumento da temperatura média mundial. Milhares de espécies animais e vegetais poderão desaparecer e, com isso, alterar profundamente o equilíbrio ecológico.
Em 2018, a organização não governamental Fundo Mundial para a Natureza (WWF) publicou um estudo sobre o impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade nos hotspots. A principal conclusão foi: quanto maior o aumento da temperatura média mundial, maior o número de espécies ameaçadas de extinção. O estudo diz que 2 °C a mais na temperatura média colocarão 25% das espécies vegetais e animais em risco de extinção. Os hábitats atuais dos ursos pandas-gigantes, na China, por exemplo, se tornarão mais quentes e secos, forçando esses animais a migrar para áreas mais frias, onde não há bambu, planta base de sua alimentação.

PRESERVAÇÃO DAS FORMAÇÕES VEGETAIS

A preservação das formações vegetais originais é fundamental para a manutenção da biodiversidade. Por isso foram criadas, por meio de leis, em muitos lugares do mundo,
áreas protegidas, como os parques nacionais e as reservas ecológicas.
Em partes dessas áreas, a exploração pelas comunidades tradicionais que nelas vivem é permitida. Em outras, apenas pesquisas científicas ou turismo ecológico são autorizados, por exemplo.
No Brasil, as áreas protegidas por lei são denominadas Unidades de Conservação (UCs). Essas áreas podem ser:
• Unidades de Conservação de Proteção Integral (UCPIs) – áreas onde são proibidas a presença de moradores e a extração de recursos. As atividades permitidas são apenas de pesquisa, educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.
• Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCUSs) – nessas áreas, a presença de moradores é permitida quando associada ao uso sustentável dos recursos naturais e à proteção das populações tradicionais.
Muitas das áreas que concentram biodiversidade estão localizadas em propriedades particulares. Nesse caso, a lei brasileira prevê que o proprietário pode, se desejar, transformar suas terras em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), contribuindo para a preservação ambiental.

Pegada ecológica

Na nossa sociedade, marcada pela produção e pelo consumo de bens, a interação entre os seres humanos e a natureza tem ocorrido com intensa exploração dos recursos naturais. Preocupados com essa questão, pesquisadores calcularam a quantidade de recursos naturais que cada ser humano consome para manter seu modo de vida. O resultado desse cálculo corresponde à pegada ecológica.
Aspectos relacionados à alimentação, ao vestuário, à moradia, ao transporte, ao entretenimento, entre outros, entram no cálculo da pegada ecológica. Por isso, quanto mais compramos o que não precisamos, desperdiçamos recursos e produzimos resíduos, maior será nossa pegada.
pegada ecológica também é calculada por cidade, país ou região do planeta. Assim, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar necessárias para gerar tudo o que é consumido. Ela mede a quantidade de recursos naturais renováveis utilizados, considerando a área necessária para fornecê-los.

PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETAIS

Florestas Tropical e Equatorial

Predominam nas regiões de climas quentes e úmidos com estação seca curta. São constituídas por árvores densas e exuberantes de grande porte e apresentam enorme variedade de espécies animais e vegetais. Os solos, em geral, são ácidos e de baixa fertilidade. A densa vegetação é sustentada pela grande quantidade de matéria orgânica produzida pela própria floresta.
Ocorrem em regiões da América Central, da América do Sul, da África e do sudeste da Ásia. A Floresta Amazônica é um exemplo de Floresta Equatorial e a Mata Atlântica, de Floresta Tropical.
Os principais motivos do desmatamento dessas florestas têm sido a retirada da vegetação, para a produção de madeira e de carvão vegetal, e as queimadas, para a implantação de grandes áreas de produção agrícola e pecuária. A exploração de minerais também acarreta destruição.

Floresta Temperada

Originalmente, a Floresta Temperada cobria a maior parte da Europa, o nordeste dos Estados Unidos e partes do Japão, da China e da Índia, em regiões de clima predominantemente temperado. Também é conhecida como Floresta Decídua, porque no inverno, em geral, as folhas das árvores caem. Entretanto, em algumas áreas da América do Sul e da Austrália, as folhas das florestas temperadas nunca caem.

Floresta Boreal (Taiga)

Ocorre nas latitudes altas, onde predominam os climas frios. Destaca-se nas paisagens de países como Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. É bem homogênea, constituída por coníferas (como os pinheiros). O formato de cone das copas das árvores permite o escoamento da neve, e as folhas, em forma de agulha, regulam a perda de água na estação seca. Essas espécies são exploradas para a extração
de madeira – muito utilizada, ao longo dos séculos, para a produção de lenha e, hoje em dia, principalmente para a produção de celulose, matéria-prima da fabricação de papel.

Savana

Ocorre na América do Sul, na África e na Austrália, em regiões de clima tropical, marcadas por verões chuvosos e invernos secos. As paisagens na Savana são variadas, podendo aparecer desde matas fechadas até campos abertos. As árvores têm troncos tortuosos e folhas resistentes, aspectos que resultam da adaptação às queimadas naturais. Os solos são ácidos e de baixa fertilidade para a agricultura. Em algumas regiões do mundo, como no Cerrado brasileiro, a irrigação e a correção da acidez dos solos transformaram extensas áreas de Savana em áreas agrícolas.
Na Savana africana, há animais de grande porte que se alimentam da vegetação (herbívoros), como elefantes, antílopes e zebras. No Brasil, as Savanas contam com uma diversidade de espécies vegetais bem maior que a Savana africana. Uma das explicações para essa diversidade vegetal é, justamente, a ausência de grandes herbívoros.

Vegetação Mediterrânea

Predomina na região próxima ao mar Mediterrâneo, mas também aparece em outras áreas do mundo. É formada por diversas espécies vegetais, como oliveiras, carvalhos, pinheiros e eucaliptos. Com folhas grossas e resistentes, as plantas são adaptadas aos invernos rigorosos e aos verões quentes pouco chuvosos, quando podem ocorrer grandes incêndios florestais. Na Europa, a expansão do plantio de oliveiras (para a produção de azeitonas e azeite) substituiu outras espécies vegetais originais dessa formação.

Estepe e Pradaria

As Estepes e as Pradarias são formações vegetais rasteiras nas quais predominam as plantas herbáceas. Ocorrem especialmente em regiões de relevo plano. No entanto, apesar dessas semelhanças, as Pradarias desenvolvem-se em climas mais úmidos, como o temperado e o subtropical, presentes em áreas como as Planícies Centrais da América do Norte ou os Pampas sul-americanos. Já as Estepes desenvolvem-se em regiões com períodos de baixa pluviosidade, com clima temperado continental, ou em áreas semiáridas.
A rara presença de espécies de maior porte faz com que as Estepes e as Pradarias constituam extensas áreas de pastagens naturais. Em muitas regiões do mundo, essas áreas de Estepes e Pradarias foram amplamente utilizadas para a pecuária, o que causou tanto a devastação de espécies vegetais quanto a degradação dos solos.

Tundra

Ocorre em regiões de clima polar, com temperaturas muito baixas que mantêm os solos congelados durante a maior parte do ano. Assim, a vegetação desenvolve-se somente no curto período de verão, quando ocorre o degelo. As espécies vegetais são compostas predominantemente de liquens, algas e musgos.

Deserto

As áreas desérticas podem ser classificadas como quentes ou frias. Nos dois casos, a presença de espécies vegetais é baixa, em razão, principalmente, da rara ocorrência de chuvas. Nos Desertos frios, especialmente nos cobertos por neve durante grande parte do ano, ocorre a Tundra.
Nos Desertos quentes, destacam-se as espécies vegetais que eliminam folhas (caducifólias) e as que conseguem armazenar
água (xerófitas), como os cactos. O pequeno porte das formações vegetais e a pouca quantidade de folhas, ou a ausência delas, são adaptações ao clima seco, pois reduzem a transpiração das plantas e, portanto, a perda de água.

Vegetação de Montanha

É bastante diversificada, pois varia de acordo com a altitude. Podemos encontrar desde a Floresta Temperada, na base da montanha, até a Tundra, nas áreas de maior altitude. Essa variação acontece porque, à medida que a altitude aumenta, a temperatura e a umidade diminuem, e esses fatores também impedem o desenvolvimento de árvores de grande porte.
O deslizamento retratado ocorreu em razão das fortes chuvas na região, obstruindo parte da estrada. Agora, imagine se não houvesse vegetação nessa encosta de morro. Com as chuvas, o deslizamento de terra seria bem maior. Em geral, a vegetação ajuda a proteger o solo da erosão. Ela reduz o impacto direto das chuvas e as raízes das plantas ajudam a reter o solo.
Assim, o deslizamento de terra é considerado um fenômeno natural. Ele pode ser intensificado ou acelerado pela interferência humana, especialmente quando há desmatamento, movimentação do solo e pressão de construções.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mudanças climáticas fazem parte do ambiente da Terra desde a sua origem, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Ao longo dos milênios, os climas da Terra foram se transformando em razão de um conjunto de fatores naturais. Intensas atividades vulcânicas, glaciações e queda de meteoros alteraram a vegetação, as formas do relevo, a distribuição das águas e a circulação de gases na atmosfera, substituindo áreas de climas úmidos por desertos e vice-versa. Estudos apontam que a Antártida, atualmente coberta por uma espessa camada de gelo, já foi uma floresta tropical há centenas de milhões de anos.

Em alguns momentos da história da Terra, as transformações foram mais profundas do que em outros. Ocorreram mudanças climáticas significativas tanto em escala global como em escala regional. Houve períodos em que as temperaturas foram mais altas do que as registradas atualmente e outros em que as temperaturas foram extremamente baixas, durante as chamadas eras glaciais.
A última mudança climática regional, conhecida como Pequena Idade do Gelo, ocorreu entre os séculos XVI e XVII. Nesse período, a Europa passou por sucessivas ondas de frio, que contribuíram para crises de fome e revoltas sociais.
Evidências de mudanças climáticas podem ser visualizadas na paisagem. Há milhões de anos, as árvores que cobriam a área do atual Parque Nacional da Floresta Petrificada, nos Estados Unidos, foram encobertas por lava vulcânica. Com o processo de erosão, foram revelados troncos petrificados de grandes árvores que constituíam uma floresta de clima úmido, depositados atualmente sobre um solo típico de clima mais seco.
As mudanças climáticas fazem parte de um processo natural associado à história da Terra. Portanto, para definir uma tendência de alteração das condições climáticas globais e regionais, seria necessário estudar uma sequência de repetição do fenômeno por um longo tempo.
No entanto, nos últimos anos, vêm aumentando as discussões e os estudos sobre o papel das atividades humanas na aceleração das alterações climáticas em escala mundial, regional e local. Essas alterações estão relacionadas à ocorrência de fenômenos como chuvas ácidas, aquecimento global, efeito estufa adicional e ilhas de calor.

Chuva ácida

O gás carbônico que se encontra na atmosfera torna a chuva ligeiramente ácida. A queima de combustíveis fósseis emite gases como o dióxido de enxofre e o óxido de nitrogênio, causando a poluição do ar e desencadeando reações químicas com a água das chuvas, tornando-a ainda mais ácida.
Nem sempre a chuva ácida cai no mesmo lugar em que os poluentes foram liberados na atmosfera, já que os ventos podem transportar os gases por mais de 2 mil quilômetros. Isso explica por que em algumas áreas do planeta, em que não há grandes emissões de gases poluentes, também ocorre chuva ácida. Além de prejudicar o solo e a produção agrícola, a chuva ácida acelera a corrosão (desgaste) de monumentos e edifícios.

Aquecimento global e efeito estufa

Nas últimas décadas, estudos científicos têm apresentado dados que comprovam o aumento da temperatura média da Terra, caracterizando o chamado aquecimento global. Uma pequena parcela de pesquisadores e estudiosos do tema considera que o aquecimento global é um fenômeno natural causado somente pela dinâmica natural do clima da Terra. A maioria, no entanto, afirma que essa elevação da temperatura média do planeta é agravada pelo aumento da emissão dos gases de efeito estufa (GEEs).
O efeito estufa é um fenômeno natural que garante a vida na Terra. Os gases presentes na atmosfera e o vapor-d’água formam um tipo de “escudo”, mantendo o planeta aquecido com uma temperatura média de 15 ºC. Se o efeito estufa não existisse, essa temperatura giraria em torno de –18 ºC, pois o calor irradiado pelo Sol se dissiparia de volta às camadas mais altas da atmosfera. O problema, porém, é a intensificação desse fenômeno, chamado de efeito estufa adicional, que tem relação com o aquecimento global, de acordo com a maior parte dos pesquisadores.

Ilhas de calor

O fenômeno das ilhas de calor ocorre principalmente nas grandes cidades e se caracteriza por diferenças de temperatura entre áreas do espaço urbano. Geralmente, a área central das cidades apresenta maior concentração de construções (especialmente grandes edifícios), impermeabilização do solo, uso intensivo de meios de transportes automotores e poucas áreas verdes, fatores que colaboram para que as temperaturas sejam mais elevadas nessas regiões do que nas regiões vizinhas.
Uma cidade pode apresentar várias ilhas de calor espalhadas por sua extensão, porque o espaço urbano não é homogêneo.
Em algumas áreas, há maior concentração de construções do que em outras, assim como a distribuição das áreas verdes é bastante irregular, há diferenças de altitude e concentração de veículos etc. No mesmo horário, as variações de temperatura entre uma área e outra da mesma cidade podem ultrapassar os 10 ºC.
Uma das formas mais eficazes de evitar a formação das ilhas de calor é criar e preservar áreas verdes nas cidades, pois a vegetação favorece a manutenção da umidade do ar, amenizando a temperatura. Outra possibilidade é controlar a emissão de gases poluentes por veículos e evitar a impermeabilização do solo. Em muitas cidades são implantados os “telhados verdes”, ou seja, hortas e jardins instalados em telhados de casas e edifícios.

FATORES DO CLIMA

Conheça alguns dos principais fatores climáticos que explicam as semelhanças e as diferenças entre os climas da Terra.

Latitude

Apesar de o Sol emitir sempre a mesma quantidade de energia, a intensidade dos raios solares recebida pela Terra depende do ângulo formado entre esses raios e a superfície terrestre.
Nas áreas de baixas latitudes (próximas à linha do equador e entre os trópicos de Câncer e Capricórnio), os raios solares atingem a superfície da Terra mais diretamente.
Por isso, as temperaturas médias, em geral, são mais altas. À medida que se direcionam aos polos, os raios solares vão atingindo a superfície da Terra de maneira cada vez mais inclinada.
Desse modo, o calor proveniente do Sol espalha-se por uma área maior, diminuindo sua intensidade. Em razão disso, as estações do ano são bem marcadas nas médias latitudes (entre o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico, no Hemisfério Norte, e entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico, no Hemisfério Sul), pois o movimento de translação da Terra faz variar muito o ângulo no qual os raios solares atingem essas regiões ao longo do ano.
A grande inclinação na incidência dos raios solares nas altas latitudes (áreas próximas aos polos) explica as temperaturas médias tão baixas nessas regiões. Assim, podemos dizer que a temperatura diminui conforme a latitude aumenta.
A latitude também influencia as precipitações. Com temperaturas mais elevadas nas latitudes mais baixas, o processo de evaporação é mais intenso do que nas médias e altas latitudes, o que favorece a formação de chuvas.

Zonas térmicas

Em razão das diferenças no aquecimento, a Terra pode ser dividida em três grandes zonas térmicas.

Zona tropical

Situada entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, a zona tropical corresponde às baixas latitudes, que variam entre a latitude 0º (a linha do equador) e as latitudes 23º norte (Trópico de Câncer) e 23º sul (Trópico de Capricórnio).
As temperaturas médias anuais são elevadas. A umidade do ar, em geral, é mais alta do que nas outras zonas.

Zona temperada

Corresponde às médias latitudes, ou seja, às faixas do globo entre o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico (zona temperada do norte), e entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico (zona temperada do sul). São chamadas de “médias latitudes”, por se situarem entre as latitudes 23º e 66º, tanto norte quanto sul. As temperaturas médias anuais não são elevadas, como na zona tropical, e as estações do ano são bem definidas. No inverno, pode ocorrer precipitação de neve.

Zona polar

Corresponde às altas latitudes (acima de 66º). São também duas zonas polares: a zona polar do norte, localizada ao norte do Círculo Polar Ártico, e a zona polar do sul, situada ao sul do Círculo Polar Antártico.
As temperaturas são baixas durante o ano todo, com precipitação de neve.

Relevo

O relevo interfere no clima por causa das diferentes formas da superfície terrestre e das variações de altitude.
As formas de relevo podem facilitar ou dificultar a circulação do ar na atmosfera.
A seguir, um exemplo dessa interferência.
Formas de relevo, como montanhas e serras, representam uma barreira para o deslocamento do ar. O ar úmido que vai em direção à elevação é forçado a subir. Nesse “desvio”, ele se resfria e condensa, formando nuvens e causando chuvas. Após passar as elevações, o ar, que já perdeu boa parte de sua umidade, desce e se aquece.
A temperatura do ar diminui com o aumento da altitude: em média, há diminuição de 0,5 ºC a cada 100 metros de altitude. Esse fenômeno acontece por causa da maior altitude, o que leva o ar a se tornar mais rarefeito, ocorrendo menor retenção de calor e, portanto, menores temperaturas.
Áreas localizadas em latitudes semelhantes podem, portanto, apresentar temperaturas bem diferentes, de acordo com as diferenças de altitude.

Massas de ar

As massas de ar são grandes volumes de ar que apresentam as características de temperatura e umidade das áreas em que se formam. As mudanças no tempo atmosférico estão associadas aos movimentos das massas de ar. Quando massas de ar com características diferentes se encontram, a área de contato entre elas recebe o nome de frente, que pode ser fria ou quente.
A frente fria forma-se quando uma massa de ar frio avança sobre uma massa de ar quente. Como o ar frio é mais denso, ele ocupa as áreas mais próximas à superfície e obriga o ar quente a subir. As consequências desse fenômeno são: queda de temperatura, ventos, nuvens carregadas e chuvas.
A frente quente ocorre quando uma massa de ar quente avança sobre uma massa de ar frio, provocando aumento de temperatura.

Maritimidade e continentalidade

Algumas áreas da superfície terrestre estão próximas aos oceanos e outras estão distantes, no interior do continente. Essas diferenças de localização influenciam o clima.
As águas oceânicas aquecem-se e resfriam-se mais lentamente do que as terras continentais, por isso, nas áreas próximas aos oceanos, sob influência da maritimidade, as temperaturas não têm grande variação entre o dia e a noite. Essas áreas também apresentam maiores índices de umidade, por causa da evaporação dos oceanos.
Nas áreas afastadas dos oceanos, sob influência da continentalidade, a superfície terrestre aquece-se mais rapidamente durante o dia e resfria-se rapidamente durante a noite, fazendo com que as temperaturas durante o dia e durante a noite tenham maior variação.

Vegetação

A vegetação influencia o clima de diversas maneiras. As plantas promovem o sombreamento do solo e atuam como uma barreira à incidência direta dos raios solares na superfície.
Em geral, áreas com densa cobertura vegetal apresentam médias de temperatura mais baixas do que aquelas com cobertura menos densa ou inexistente.
A vegetação também influencia a umidade do ar, uma vez que as plantas captam a água do solo pelas raízes e a transferem para a atmosfera por meio de suas folhas, durante a transpiração. A Floresta Amazônica, por exemplo, interfere no regime de chuvas não apenas da região que abrange, mas também de grande parte da América do Sul.

Correntes marítimas

Correntes marítimas são porções de água que se deslocam pelos oceanos e apresentam características próprias de velocidade, salinidade e temperatura. Suas temperaturas são determinadas pelo local onde se originam. Assim, as correntes quentes têm origem nas regiões tropicais, enquanto as correntes frias se formam em regiões mais frias, como os polos.
As correntes marítimas quentes contribuem para o aumento da evaporação das águas oceânicas e da precipitação. Também são responsáveis pelo aquecimento das regiões frias por onde passam.
As correntes marítimas frias, por sua vez, reduzem a temperatura e tornam mais seco o clima das regiões banhadas por elas. Isso acontece porque as águas frias evaporam menos, oferecendo menos umidade para o continente.

CLIMA E ATIVIDADES HUMANAS

Existem vários tipos de interações entre seres humanos e elementos naturais. Diversos recursos minerais são extraídos e transformados em produtos pela indústria; o relevo é modificado para a realização de construções; as águas dos rios são utilizadas para gerar energia, entre outros exemplos.
O clima também é um elemento natural que influencia as atividades humanas e é influenciado por elas. A prática de diversos esportes, por exemplo, depende de determinadas condições climáticas para acontecer.
Em alguns países localizados na zona tropical, como o Brasil, atividades esportivas que dependem da neve ou do gelo dificilmente são praticadas, inviabilizadas pela predominância de climas quentes. Já em países ou regiões localizados nas zonas temperada e polar, algumas competições esportivas disputadas ao ar livre são suspensas durante o inverno, como campeonatos de futebol, em razão da forte queda de neve e do frio intenso. Por outro lado, há atividades que ocorrem em condições rigorosas de clima.
Os vários tipos de moradia construídos pelos seres humanos são um exemplo da interação das pessoas com o clima. A diversidade de climas ao redor do mundo exige a construção de habitações que se adaptem a essas diferentes condições climáticas.
Em regiões de clima com médias de temperatura mais baixas, podemos encontrar moradias com telhados inclinados, para que a neve não se acumule sobre eles, evitando, assim, o desabamento ou a mudança de temperatura no interior das moradias. Esse tipo de telhado também facilita o escoamento da água quando a neve derrete.
Em outros lugares predominam as moradias de teto plano, por haver menor necessidade de escoamento de água. A cor branca, frequentemente utilizada em regiões de clima mais quente e seco, ajuda a manter as casas mais frescas, já que a absorção de calor é menor. As cores escuras absorvem mais calor do Sol que as mais claras.
Apesar dos avanços técnicos e tecnológicos dos últimos 150 anos, fenômenos climáticos mais intensos, como ondas de frio
ou calor intenso, chuvas torrenciais, furacões, grandes períodos de seca (estiagem), nevascas etc., trazem fortes consequências à vida das pessoas. Mesmo sendo previstos em laboratórios de meteorologia, com a ajuda de satélites e computadores, é impossível contê-los.

Clima e atividades econômicas

O clima interfere em diversas atividades humanas. Essa mudança influencia, por exemplo, as atividades da indústria, do comércio e do turismo, além dos preços dos produtos.
No inverno, a procura por roupas de frio é grande, e as fábricas (indústria têxtil) tendem a produzir mais artigos para atender à demanda dos consumidores por esses itens.
Os estabelecimentos comerciais expõem as roupas de inverno nas vitrines e, em geral, cobram preços mais altos, já que o interesse por esses produtos aumenta.
No verão, as roupas mais leves têm maior procura. Portanto, quando a temperatura volta a subir, as lojas fazem liquidações das roupas de inverno e mudam as vitrines. Isso vale para outros tipos de produtos, como alimentos (bebidas e sorvetes, por exemplo), ventiladores, aquecedores, aparelhos de ar-condicionado, guarda-chuvas etc.
A agricultura também é bastante influenciada pelo clima. As condições de temperatura e a umidade do ar influenciam o plantio, a colheita, a armazenagem, o transporte e a comercialização dos produtos.
As produções de trigo, cevada e centeio, por exemplo, desenvolvem-se em climas onde predominam médias anuais de temperaturas mais baixas. Por outro lado, em geral, os cultivos de cacau, cana-de-açúcar, algodão, laranja, arroz e café desenvolvem-se melhor em climas quentes, com médias de temperaturas elevadas; e os cultivos de banana e de café, por exemplo, são sensíveis a geadas.
Existem técnicas que diminuem a influência do clima sobre a produção, como o cultivo em estufas e a irrigação artificial. Atualmente, também existem pesquisas para o desenvolvimento de plantas mais resistentes ou capazes de se adaptarem a condições climáticas desfavoráveis. Essas técnicas, no entanto, são custosas e não estão acessíveis a todos os produtores agrícolas.
Na pecuária, os fenômenos climáticos podem afetar a qualidade e a quantidade dos pastos, influenciando a distribuição e a alimentação dos animais. A escassez de água pode reduzir áreas de pastagem e provocar a queda da produção de leite e de carne.

CLIMAS DA TERRA

 Equatorial

No clima equatorial, a temperatura média anual é superior a 25 °C e a amplitude térmica é pequena. Já as chuvas são abundantes e bem distribuídas ao longo dos meses do ano. Portanto, é um tipo de clima quente e úmido.

Amplitude térmica: diferença entre a maior e a menor temperatura registrada em um local ao longo de um período de tempo.

Tropical

As médias anuais de temperatura são superiores a 18 °C, e a precipitação anual é elevada no clima tropical. Apresenta, ainda, duas estações bem definidas: verão quente e chuvoso e inverno frio e seco.

Semiárido

Apresenta temperaturas elevadas, com média anual superior a 26 °C. As chuvas são escassas e concentradas, havendo longos períodos de seca. Portanto, é um clima quente e seco.

Temperado

No clima temperado, as quatro estações do ano são bem definidas: primavera, verão, outono e inverno. As médias térmicas anuais situam-se abaixo de 18 °C. As chuvas, embora não sejam abundantes, são bem distribuídas ao longo do ano.

Frio

O clima frio caracteriza-se pelas baixas temperaturas na maior parte do ano. O verão é curto e o inverno é longo e rigoroso, com intensa precipitação de neve.

Polar

No clima polar, as temperaturas são muito baixas durante o ano todo, com ocorrência frequente de precipitações em forma de neve.

Subtropical

Onde predomina o clima subtropical, a temperatura média anual é inferior a 18 °C. No inverno, em algumas áreas, as temperaturas podem ser menores do que 0 °C, com geadas e neve. As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano.

Desértico

O clima desértico caracteriza-se pela escassez de chuvas. As temperaturas podem ser altas ou baixas. Nos desertos quentes, as temperaturas podem atingir 50 °C durante o dia e cair abaixo de 0 °C à noite. Nos desertos frios, as temperaturas são baixas, apresentando temperatura média anual inferior a 14 °C.

Mediterrâneo

Nos locais de clima mediterrâneo, o verão é seco e quente e o inverno tem muita chuva e temperaturas amenas.

Frio de montanha

O clima frio de montanha ocorre em áreas de altitude elevada, como na cordilheira dos Andes, nos Alpes e no Himalaia. Apresenta baixas temperaturas o ano todo.

Distribuição da água

A água na Terra

Segundo o relatório sobre as desigualdades no acesso à água, saneamento e higiene, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em 2019, menos da metade da população global tem acesso à água potável e cerca de 35% não têm acesso à água tratada, o que resulta na perda anual de aproximadamente 10 milhões de vidas.
Em algumas cidades do continente africano, a média de consumo de água por pessoa é de dez a quinze litros por dia. Já em Nova York, nos Estados Unidos, cada cidadão chega a consumir 2 mil litros de água por dia. Além da escassez, a água é mal distribuída pelo planeta!
E para que usamos a água? Enquanto a irrigação é responsável por 73% do consumo total, 21% destinam-se à indústria e 6% ao consumo doméstico. Para enfrentar os desafios da distribuição dos recursos hídricos, é importante conhecermos melhor o funcionamento do subsistema da hidrosfera.
Muitas vezes, diz-se que a Terra poderia ser chamada de planeta Água, como na música. Isso porque 70% da superfície terrestre é coberta por água. A porção restante corresponde às terras emersas (continentes e ilhas).
De toda a água que existe na Terra, apenas uma pequena parcela corresponde às águas doces e está disponível para consumo imediato. A maior parte, quase a totalidade, corresponde às águas salgadas.
Quando pensamos em água, geralmente nos lembramos desse recurso no estado líquido, porque é assim que ela está mais presente em nosso cotidiano. No entanto, a água também se apresenta nos estados sólido e gasoso. Os estados físicos da água são importantes para compreendermos como esse recurso natural circula no planeta Terra.

Estados físicos da água

Estado sólido: gelo e neve. As moléculas de água estão organizadas e muito próximas em razão da baixa temperatura. Por isso, apresenta forma definida.
Estado líquido: rios, lagos, oceanos, chuvas. As moléculas de água estão dispersas, mas relativamente próximas umas das outras.
Estado gasoso: embora seja invisível, está presente no ar que respiramos. As moléculas de água estão dispersas e muito distantes umas das outras.

O ciclo hidrológico

A quantidade de água no planeta é a mesma há bilhões de anos. Isso só é possível porque ela está em constante movimento. As diferenças de temperatura fazem a água circular constantemente entre terras emersas, subsolo, oceanos e atmosfera, promovendo o ciclo da água – ou ciclo hidrológico. Ao utilizar a água e desenvolver diversas atividades, o ser humano interfere nesse ciclo.
Toda a camada líquida da Terra forma a hidrosfera. Ela constitui cerca de 71% da superfície do planeta e está distribuída em oceanos, mares, lagos, rios, no solo, em geleiras e até na atmosfera (em forma de vapor de água), sendo muito pequeno o percentual disponível para consumo humano. Além disso, está em constante movimentação no sistema terrestre, formando o ciclo hidrológico.

Ciclo hidrológico e interferências humanas

Precipitação (A)
O vapor-d’água condensa na atmosfera, forma nuvens e precipita-se como chuva, neve ou granizo. A precipitação nos oceanos é cerca de quatro vezes maior do que nos continentes.
Escoamento superficial (B)
A água cai em córregos, rios, oceanos, mares e lagos. Parte da água que cai sobre o solo escoa até atingir esses elementos hídricos.
Evaporação (C)
A água dos oceanos, rios, mares e lagos evapora. As plantas e os seres vivos também contribuem para esse processo, com a transpiração.
Infiltração (D)
A água penetra no subsolo, formando os reservatórios subterrâneos.

Oceanos e mares

Cerca de 71% da superfície total da Terra é ocupada pelas águas dos oceanos e mares. Essa grande massa líquida está em movimentação a todo momento no planeta inteiro. As ondas e a oscilação das marés são dinâmicas mais fáceis de serem percebidas. Já as correntes marítimas, que, dependendo do ponto de origem, deslocam grandes massas de água quente ou fria de um ponto a outro do planeta, só são registradas com a ajuda de recursos tecnológicos, pois ocorrem em grandes profundidades.
Os oceanos são grandes massas líquidas salgadas que circundam os continentes. Os mares são menos extensos do que os oceanos, apresentam menor profundidade e diferenças na temperatura, salinidade e transparência das águas.
A massa de água líquida salgada (que é imprópria para consumo humano) é convencionalmente dividida em oceanos e mares. Os oceanos têm grandes extensões e profundidades, sem limites muito bem definidos entre si.
As primeiras formas de vida desenvolveram-se nos oceanos há mais de 3,5 bilhões de anos. Atualmente, essas massas de água salgada apresentam uma rica biodiversidade, que inclui desde minúsculas algas até a baleia-azul, o maior animal do mundo. Além disso, abrigam várias espécies de algas responsáveis pela produção de mais da metade do gás oxigênio da atmosfera terrestre, que também servem de alimento para animais marinhos.
No litoral, os oceanos e os mares desgastam as rochas e transformam as feições do relevo. Também desempenham papel fundamental no ciclo da água e, portanto, no equilíbrio climático, uma vez que regulam as variações de temperatura ao absorver grande parte da radiação solar que atinge a Terra e liberar esse calor por meio da evaporação da água, formando nuvens e chuvas.
Diversas ações humanas, como superexploração dos recursos marinhos, pesca ilegal e poluição por lançamento inadequado de resíduos (plástico, derivados de petróleo, entre
outros), têm contribuído para a degradação das águas oceânicas.
Entre os principais oceanos estão o Atlântico, que banha todo o litoral brasileiro, e outros dois: o Pacífico e o Índico. A soma da superfície desses três oceanos totaliza 320 milhões de km2, o que representa aproximadamente 91% de toda a massa oceânica do planeta.
Há ainda o oceano Glacial Ártico e o Glacial Antártico, ambos localizados nos extremos polares da Terra.
Já os mares são menos extensos do que os oceanos e se situam nas proximidades
dos continentes. De modo geral, são divididos em:
  • mares abertos: apresentam ampla ligação com o oceano;
  • mares fechados: são isolados, não tendo qualquer ligação com oceanos ou outros mares;
  • mares interiores: têm estreita ligação com o oceano.

Águas continentais

Apesar de aparentar abundância, as águas continentais correspondem a menos de 3% de todo o volume de água disponível no planeta. São encontradas na superfície (rios, lagos, geleiras, pântanos) e nas áreas subterrâneas (quando penetram no solo).

Rios e bacias hidrográficas

Quando estudamos as civilizações antigas, percebemos que grande parte desses povos ocupava locais próximos a rios. Não é difícil imaginar quais seriam as razões para essa escolha estratégica, tendo em vista que usamos os recursos hídricos quase da mesma forma que esses indivíduos faziam há milhares de anos.
Os rios são cursos de água em estado líquido que drenam terrenos seguindo a declividade do relevo e movidos pela gravidade da Terra. Suas águas permitem a navegação, a irrigação dos cultivos, o abastecimento da população, além do lazer e da pesca. Mais recentemente, os seres humanos passaram a utilizá-las também para fins industriais, geração de energia elétrica, extração de minérios, entre outros.
A disposição e o traçado característicos dos cursos de água – que podem ser naturais ou artificiais – de cada bacia hidrográfica são chamados de rede hidrográfica. A organização da rede hidrográfica depende de muitos fatores, entre os quais está o relevo. 
Você sabia que em muitas cidades existem rios escondidos? No município de São Paulo, por exemplo, onde hoje podemos ver extensas e importantes avenidas, antigamente eram vistos rios e córregos que, ao longo do tempo, foram desviados e canalizados. Pesquisadores estimam que entre 300 e 500 rios corram sob casas, edifícios e ruas da capital paulista.
Rios são cursos-d’água que se formam por meio do derretimento das geleiras ou da água das chuvas, que vão penetrando pelo solo até formar estoques de água subterrânea.
Nos locais onde essa água emerge para a superfície, geralmente nas partes mais altas do relevo, formam-se as nascentes dos rios. Visíveis ou ocultos, no campo ou na cidade, todos os rios fazem parte de uma bacia hidrográfica, área constituída por um rio principal e seus afluentes, formas de relevo, vegetação, rochas e solos, além dos diferentes tipos de ocupação humana. Geralmente, a bacia hidrográfica recebe o nome do principal rio que dela faz parte.

Os recursos hídricos e as atividades humanas

Em grande parte do planeta, o modelo de ocupação e expansão urbana vem sobrecarregando os rios e seus afluentes. O adensamento humano nas áreas urbanas a partir do surgimento das indústrias, na segunda metade do século XVIII, foi fator de degradação dos rios urbanos e de seu entorno, tornando-os ambientes insalubres. O despejo de efluentes nas águas dos rios ainda é uma prática comum em muitos países, o que amplia a possibilidade de surgimento de doenças cujo vetor é, em boa parte, o esgoto gerado nas cidades.
Na tentativa de ampliar a mobilidade e o espaço para o tráfego de veículos, em grande parte das metrópoles mundiais, os rios foram canalizados ou soterrados. Além disso, em muitos pontos, a mata ciliar, que é a cobertura vegetal situada às margens de rios, foi retirada, e o solo foi asfaltado ou impermeabilizado com outro material, reduzindo a capacidade de infiltração da água e aumentando a possibilidade de enxurradas. Essas intervenções também provocam alteração no ciclo hidrológico local, modificando a integração dos subsistemas desses espaços.
A preocupação em relação ao tratamento que os humanos têm em relação aos rios não se restringe ao ambiente urbano. Distantes das cidades, muitos rios são contaminados com fertilizantes e agrotóxicos aplicados em áreas agrícolas, com metais pesados altamente tóxicos, além de sofrerem com o desmatamento das margens, o que provoca assoreamento (acúmulo de sedimentos no leito dos rios, prejudicando seu curso natural), entre outros problemas.

Águas subterrâneas

As águas subterrâneas são formadas pela infiltração das águas superficiais que ocupam espaços porosos de rochas e do solo, cumprindo importante papel no ciclo hidrológico. Ao penetrar no solo, atingem determinada profundidade, estabelecendo-se acima das rochas impermeáveis. Dependendo basicamente da profundidade, esses reservatórios são chamados de lençóis freáticos ou aquíferos.
Apesar do difícil acesso, há registros de exploração desses reservatórios por civilizações muito antigas. Vestígios apontam que civilizações orientais (China e Índia) já perfuravam poços para a extração de água desde 5000 a.C.
A água subterrânea é o recurso natural mais extraído do subsolo mundial. No Brasil não é diferente. Segundo o Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc/USP), o total médio anual de água extraída de lençóis subterrâneos no país é suficiente para abastecer 10 regiões metropolitanas do porte de São Paulo, ou seja, aproximadamente 217 milhões de pessoas. Seu uso atende a agricultura, a pecuária, o abastecimento urbano, o abastecimento doméstico e o industrial, entre outras atividades humanas.
Em determinados locais, é possível encontrar água subterrânea a poucos metros de profundidade. Em outros, é necessário perfurar o solo mais de 200 metros para encontrá-la. Há técnicas simples de extração da água subterrânea (poço comum) e outras mais complexas (poços artesianos), caso em que é necessário romper uma rígida camada de rocha basáltica para liberar a água armazenada no local. Quanto mais profundo for o poço, maior será a necessidade de tecnologia e maquinários para perfurar o solo e as rochas.

Bacia hidrográfica

Todo o circuito de escoamento das águas superficiais corresponde ao que chamamos de bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica mais extensa do planeta é a do Amazonas, mas outras também se destacam.

USOS DA ÁGUA

Pode-se definir como recursos hídricos de um país a disponibilidade de água doce em superfície, como em lagos e rios, ou no subsolo, como os aquíferos. São águas que podem ser utilizadas em alguma atividade do dia a dia, como o abastecimento da população, podendo ter valor econômico por sua utilização. Assim, nem toda água pode ser considerada um recurso hídrico.
A irrigação de áreas agrícolas é a atividade humana com maior consumo de água, cujo volume envolve muitas variáveis, como o tipo de produto cultivado, as características do clima e do solo e as técnicas aplicadas.
Até o século XIX, o consumo mundial de água subiu lentamente. A partir da década de 1950, porém, ele acelerou. Os principais fatores que explicam esse fenômeno são o aumento da população mundial, bem como o crescimento das cidades, da produção industrial e da agropecuária.
De acordo com a projeção da Organização das Nações Unidas (ONU), a demanda mundial por água potável vai crescer 55% até o ano de 2050. A situação é preocupante, pois, no ano de 2018, cerca de 850 milhões de pessoas já não tinham acesso à água potável próximo de suas moradias.
Além da desigualdade no acesso, há grandes diferenças no consumo e na distribuição de água ao redor do planeta. Há países com muita disponibilidade desse recurso, enquanto outros têm pouca disponibilidade, ou seja, há escassez de água.

Geração de energia hidrelétrica

A geração de energia elétrica a partir dos cursos de água é muito importante; afinal, a poluição atmosférica causada pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, é um grave problema ambiental nos dias de hoje. Ou seja, a energia gerada a partir desses recursos causa danos ambientais.
A energia hidrelétrica é considerada limpa, pois a água é um recurso renovável – que se renova rapidamente na natureza – e, durante a produção desse tipo de energia, não há emissão de gases poluentes. No entanto, para que seja possível produzir energia elétrica a partir da força da água, é preciso construir usinas hidrelétricas, e esse tipo de empreendimento gera muitos problemas ambientais na área onde é construído.
Analise, no esquema a seguir, como funciona a produção de energia em uma usina hidrelétrica.

Via de circulação

Tanto os mares quanto os rios podem ser utilizados como vias de circulação. As hidrovias, como são chamadas essas vias de transporte, podem ser estabelecidas em trechos navegáveis, natural ou dem artificialmente.
O uso das hidrovias traz muitas vantagens, como as que se seguem:
• O custo da infraestrutura é relativamente baixo quando comparado à construção de rodovias e ferrovias, por exemplo. Além disso, a vida útil dos veículos, dos equipamentos e dos portos é alta, especialmente se comparada à dos veículos rodoviários.
• O consumo de combustíveis para movimentar as barcaças e a emissão de poluentes na atmosfera também são relativamente baixos, conferindo menores impactos negativos ao meio ambiente.
Não são todos os países que apresentam condições propícias para a instalação de uma rede hidroviária eficiente. Podem-se citar como fatores naturais que contribuem para o aproveitamento dos rios como vias de transporte: extensas redes hidrográficas, relevo plano.
No entanto, não é preciso que essas condições naturais ocorram em todo o território para que o país se beneficie do transporte hidroviário; o sistema de hidrovias pode ser realizado apenas nas regiões que reúnam os requisitos que favoreçam esse meio de transporte. Entre todos os países, aqueles que mais aproveitam sua rede hidroviária para o transporte de carga são a China, a Rússia e os Estados Unidos.
Apesar das claras vantagens do uso das hidrovias, esse sistema de transporte tem fragilidades. Além das exigências do atendimento aos requisitos naturais para sua instalação, as hidrovias, em geral, precisam estar combinadas a outros sistemas de transporte, que levem a mercadoria do porto até seu destino.

Irrigação

A agropecuária é a atividade econômica que mais consome água. Entre as diversas necessidades desse setor, a irrigação é a mais importante. Todos sabemos que as plantas precisam de água para sobreviver e justamente os países com baixa pluviosidade são os que mais precisam irrigar seus cultivos.

Pesca

A pesca é uma atividade que acontece há muito tempo na história. Povos primitivos já a praticavam, ela continua sendo praticada atualmente e é a base econômica de diversas comunidades no mundo todo. Para as comunidades ribeirinhas, muitas vezes ela é um recurso de subsistência, pois, além de prover o alimento para a comunidade, seu excedente pode ser comercializado, gerando renda para as famílias que vivem disso.
Chamamos de pesca artesanal aquela realizada em pequena escala por comunidades. Já a pesca comercial ocorre em grande escala e abastece os grandes mercados consumidores. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os países que se destacaram na atividade pesqueira, em 2018, foram China, Indonésia, Peru, Índia, Rússia, Estados Unidos e Vietnã. Outra atividade que merece atenção é a aquicultura, isto é, a criação confinada de animais aquáticos, como peixes, mariscos, ostras e outros. Essa atividade tem crescido bastante ao longo do tempo, acima até da pesca comercial.

Usos da água na indústria

A água é utilizada como matéria-prima nas indústrias de alimentos, produtos farmacêuticos, cosméticos, bebidas, papel, madeira, metal etc. Também é utilizada para refrigeração, como na metalurgia, ou para lavagem nas áreas de produção têxtil, nos abatedouros etc.
As indústrias são responsáveis por cerca de 20% do consumo mundial de água.

OS USOS DA ÁGUA NO CAMPO

A produção agropecuária, desenvolvida no campo, é a atividade humana que mais consome água. Por isso, é importante conhecer o uso desse recurso no campo, bem como as formas de poluição a que a água está sujeita nesse meio. Para prevenir situações de poluição, são necessários, por exemplo, a utilização de técnicas agrícolas adequadas, o uso controlado de defensivos agrícolas e a preservação das matas ciliares.
Contudo, a água também pode causar problemas no campo. As águas da chuva e dos rios podem causar erosão e contribuir com o assoreamento, causado pelo acúmulo de sedimentos nos leitos dos cursos-d'água.

OS USOS DA ÁGUA NA CIDADE

Desde os tempos mais remotos, os rios têm sido importantes no desenvolvimento das sociedades, no estabelecimento de aldeias e de povoados e no surgimento das primeiras cidades. Muitas dessas cidades formaram-se perto das margens dos cursos-d'água. Isso ocorre porque os rios são utilizados para o abastecimento de água da população, para atividades produtivas (como a indústria e a pecuária) e, também, para o transporte fluvial.
Contudo, a expansão de áreas urbanas, em geral, resultou em
processos que impactam negativamente esses rios e todo o ciclo hidrológico, como o desmatamento de matas ciliares, a ocupação de áreas de nascentes e a impermeabilização do solo, em razão do asfaltamento de ruas, que impede a infiltração de água das chuvas.
A impermeabilização do solo, por exemplo, é um problema que tem graves consequências. Como as águas das chuvas não se infiltram no solo, elas escoam na superfície e chegam mais rapidamente aos leitos dos rios. Levando em consideração a ocupação das várzeas, em muitas cidades, em episódios de tempestades e chuvas intensas, nos quais podem ocorrer o transbordamento dos rios, os danos são ainda maiores, com inundações em vias de circulação ou em áreas residenciais, trazendo grandes prejuízos para a vida das pessoas. Por isso, a ocupação humana deve preservar a natureza e respeitar os seus ciclos, considerando, por exemplo, a área de inundação dos rios, para que esse processo ocorra naturalmente.
No dia a dia, somos notificados pela mídia sobre os problemas causados pelas chuvas nos centros urbanos. Esse fenômeno acontece em muitos lugares do mundo, em diferentes períodos, associados aos respectivos tipos climáticos.
No Brasil, por exemplo, as estações de chuva variam de acordo com a região e é comum ocorrerem grandes enchentes no verão. As águas das enchentes, além de transmitir doenças, provocam desmoronamentos em vertentes íngremes (inclinadas) com pouca vegetação.

Acesso à água potável

Para que a água seja utilizada pelos seres humanos sem prejudicar sua saúde, ela precisa ter determinadas condições de pureza. Conforme relatório publicado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o mundo cerca de 1,7 milhão de crianças com menos de 5 anos morrem anualmente por causa de doenças causadas por fatores relacionados à poluição, à falta de saneamento básico e ao uso de água imprópria para o consumo.
Ter água doce no território não é o único fator que determina o acesso a ela. Para que a população tenha acesso à água potável, é preciso que o poder público de cada país invista, por exemplo, na extração da água, no tratamento e em sua distribuição.
A água deve ser tratada e distribuída por um sistema de encanamentos. O esgoto, ou seja, a água já utilizada, também deve ser encanado e levado para as estações de tratamento, onde é descontaminado antes de ser lançado nos rios e nos mares. No entanto, esse sistema de tratamento não existe em boa parte das cidades brasileiras.
A falta de um sistema de saneamento que atenda toda a população leva ao despejo de uma alta quantidade de esgoto a céu aberto, que contamina a água disponível para a população. O acesso à água tratada é um dos direitos básicos dos seres humanos, assegurado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O uso sustentável da água

O ser humano utiliza a água de várias formas, mas nem sempre se preocupa com o fato de esse recurso não ser ilimitado. O desperdício e a poluição das águas (por exemplo, com o despejo de esgoto industrial e doméstico sem tratamento) configuram uso predatório desse recurso.
Podemos tirar proveito da água para atender muitas de nossas necessidades de forma sustentável, ou seja, explorando-a sem desperdício e sem contaminação.
Um bom exemplo é o uso de vias fluviais, marítimas e lacustres para o transporte de mercadorias e passageiros. O transporte por essas vias é mais barato que o rodoviário ou ferroviário e menos poluente.

A CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA

Nem todos os municípios têm uma ampla rede de coleta de esgoto e de tratamento de água. No entanto, o fornecimento desse serviço é importante para a qualidade de vida da população, uma vez que a água imprópria para consumo pode transmitir doenças.
O consumo de água nas cidades é muito grande, tanto para fins residenciais quanto para os setores secundário (indústria) e terciário (serviços). Por isso, é essencial que essa água, após o uso, passe por tratamento antes de ser lançada no meio ambiente, principalmente nos rios. Se o esgoto não for tratado, ele pode contaminar os rios, o solo e, também, os oceanos, além de afetar os seres vivos que habitam esses ambientes.
Contudo, em muitas cidades, o esgoto residencial e industrial é lançado diretamente nos rios, sem tratamento, causando poluição e contaminação das águas. Outra forma de contaminação da água é por meio do transporte hidroviário, sobretudo quando há acidentes que resultam em vazamento de substâncias tóxicas, como o petróleo.
Ao se espalharem na água, essas substâncias tóxicas acabam poluindo as regiões costeiras e intoxicando os animais marinhos e os outros seres vivos que interagem nesse ambiente. Além das águas dos rios poluídas por causa do lançamento inapropriado de esgotos, os oceanos passam pelo mesmo problema, agravado pela poluição dos navios, pelo turismo nas praias e pela falta de saneamento básico, que contribui para que o esgoto não tratado, carregado de resíduos, seja lançado nos oceanos, por meio de canais

Degradação e preservação das águas

Em todo o planeta, há inúmeros rios e trechos de oceanos poluídos pelo despejo de esgoto doméstico e de águas lançadas pelas indústrias sem tratamento adequado, além de agrotóxicos, fertilizantes e outros resíduos poluentes.
O garimpo, quando realizado em área florestal, é uma atividade que pode gerar desmatamento, contaminação do solo e das águas subterrâneas por metais pesados, além de afetar a saúde humana e de animais que vivem no local. O mercúrio, que é uma das principais substâncias utilizadas no garimpo, tem grande poder de contaminação ambiental e pode provocar problemas neurológicos em humanos 
A crescente e intensa degradação das águas em muitos países vem despertando a atenção de diferentes grupos (governos, indústrias, setor agrícola, cidadãos etc.) para a necessidade urgente de se colocar em prática ações para a preservação desse recurso natural.
Uma dessas ações é a despoluição dos rios. Um exemplo disso é a recuperação de águas nas Filipinas, país localizado na Ásia. Com uma técnica relativamente simples e barata, o canal Paco, situado em uma comunidade de Manila (Filipinas), foi despoluído, modificando, com isso, a paisagem local e melhorando as condições de vida dos moradores.
Foram construídos jardins flutuantes, com plantas aquáticas capazes de filtrar a água.
Outro problema que ocorre em rios e mares de várias regiões do mundo é a diminuição da vazão em razão da superexploração de suas águas.


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Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...