Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não renováveis (petróleo e gás natural) e renováveis (como o álcool e o biodiesel) para o transporte. Já em relação à energia elétrica outras fontes são usadas, como será estudado a seguir. A energia pode ser gerada de diferentes fontes. As fontes fósseis são resultado da queima de materiais como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral. A energia de fonte nuclear usa o urânio para gerar energia. As fontes de energia renováveis usam a força dos ventos, o calor do Sol e a água acumulada pelas chuvas para encher reservatórios que movimentam hidrelétricas, por exemplo. O conjunto de fontes de energia de um país forma sua matriz energética. No Brasil, são empregadas fontes renováveis e não renováveis tanto para o transporte quanto para gerar energia elétrica.
Petróleo e gás natural
A principal fonte de energia utilizada para o transporte é o petróleo. Seus
derivados – como o óleo diesel e a gasolina – movimentam motores de aviões,
navios, caminhões, automóveis e ônibus. Existem carros, trens e ônibus movidos
a eletricidade, mas eles representam uma pequena fatia no conjunto dos sistemas de transportes.
Desde 1953, o Brasil conta com uma empresa
que atua nas áreas de exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo,
gás natural e seus derivados. Essa empresa desenvolveu tecnologias importantes para retirar
petróleo do mar, até mesmo de camadas que estão no interior da superfície marinha,
chamada pré-sal, e podem estar a cerca de 7 mil
metros de profundidade. A descoberta de petróleo em águas profundas no oceano mudou a posição do Brasil
entre os países que detêm reservas dessa fonte
de combustível. A exploração dessas reservas
garante autonomia ao país, apesar das mudanças
recentes que permitem que elas sejam exploradas
por empresas internacionais.
Já o gás natural veicular é empregado em
automóveis que rodam bastante porque é caro
instalar um equipamento para adaptar o motor a
esse combustível. Por isso, ainda que seja mais
eficiente que a gasolina na queima e que polua
menos, é pouco usado para o transporte urbano.
Álcool
O álcool produzido a partir da cana-de-açúcar é uma fonte energética importante desde a implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975.
Esse programa visava desenvolver uma alternativa ao consumo de petróleo, procurando diminuir a dependência do Brasil em relação à importação desse combustível.
O plantio da cana-de-açúcar e sua transformação em álcool combustível –
etanol – garantem ao Brasil uma fonte energética renovável para produzir combustível. O etanol polui menos que a gasolina e, principalmente, que o óleo diesel.
Por isso, sua utilização deve ser estimulada como uma forma de diminuir a poluição, em especial em grandes cidades.
Nos últimos anos, foi definido que a gasolina vendida no Brasil deve ter em
sua composição um percentual de álcool, que em 2017 era de 27%. Desse modo,
o governo procura estimular a utilização desse combustível.
Biodiesel
Em relação ao óleo combustível, as experiências em curso remetem ao uso de
óleo vegetal biodiesel e ao reaproveitamento de óleo de cozinha. No primeiro caso,
o objetivo é produzir um substituto para o óleo diesel tradicional, derivado do
petróleo, a partir de uma matéria-prima renovável.
O biodiesel pode ser produzido a partir de dezenas de espécies vegetais, como
a mamona, o dendê (palma), o girassol, o babaçu, o amendoim e a soja, entre
outras, todas bem adaptadas às diferentes condições geográficas brasileiras.
No caso do reaproveitamento do óleo de cozinha, são dois os objetivos: evitar
a degradação ambiental que ocorre quando se lança o óleo sem tratamento ao
ambiente e usar uma fonte renovável.
Produção de energia elétrica
As indústrias utilizam grandes quantidades de energia elétrica para movimentar suas máquinas. A atividade industrial é a que mais
consome energia elétrica no
Brasil. Em seguida, aparecem os
setores residencial e comercial.
A fabricação em larga escala
de aço, alumínio e outras matérias-primas pelas indústrias de
base consome mais energia do
que muitas cidades de porte médio. Por isso, essas indústrias são
conhecidas como eletrointensivas.
Geração e distribuição da energia elétrica no Brasil
Para acender uma lâmpada em uma residência é preciso energia elétrica, que
resulta de um processo de produção dividido em três partes: a geração,
que no Brasil predominantemente é por
hidrelétricas (grandes e pequenas), mas
também conta com termelétricas que
queimam combustíveis fósseis; a transmissão, que consiste em levar a energia
da fonte geradora aos consumidores, em
geral por meio de cabos sustentados em
torres que suportam elevada tensão elétrica; e a distribuição, ou seja, uma estação que converte a energia de alta-tensão em uma energia que pode ser usada
em residências, iluminação pública, indústrias, entre outros usos. Sem essa
conversão os equipamentos elétricos não
suportariam a carga elétrica.
Com a presença de indústrias no século XIX, principalmente no estado de
São Paulo, surgiram algumas hidrelétricas de investidores privados que funcionavam junto às fábricas. Mais tarde, a produção de energia passou a ser centralizada pelo governo, seja federal, seja estadual.
A partir da década de 1990, novas regras foram criadas. Os governos federal
e estaduais permitiram a volta de investidores privados para a geração de energia,
que são fiscalizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Porém, a
transmissão permaneceu quase totalmente dirigida pelos governos, mas a distribuição está tanto com agentes públicos, quanto com agentes privados, estes em
maior número.
A energia elétrica gerada no Brasil está conectada pelo Sistema Interligado
Nacional (SIN). Desse modo, ela pode ser gerada na Amazônia e ser usada em São
Paulo – a eletricidade é transportada por meio de um conjunto de cabos e torres
de energia, denominado rede de transmissão. Cabe ao Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) analisar a demanda de energia e ajustar seu fluxo.
No Brasil, a energia elétrica é obtida
pelo aproveitamento do movimento da
água (usinas hidrelétricas) e do calor
(usinas termelétricas). As fontes renováveis também são usadas, mas em
menor quantidade.
Hidrelétricas
O Brasil continua sendo um dos poucos países industrializados do mundo em
que grande parte da energia elétrica é
obtida em usinas hidrelétricas. Nessas
usinas, a água do rio é represada por
meio de uma barragem de concreto, para
então cair de uma grande altura sobre
imensas turbinas que, ao girar, produzem
energia elétrica.
O aproveitamento de usinas hidrelétricas no Brasil decorreu das condições
naturais do território. O regime
tropical de chuvas, predominante na
maior parte do país, associado à presença de uma grande rede hidrográfica resulta em elevada capacidade de produção de energia hidrelétrica. O relevo também é um fator que influencia a
instalação de uma usina hidrelétrica. Porém, se as chuvas não ocorrem por muito
tempo, a geração de energia pode ser prejudicada.
Térmicas: combustíveis fósseis e nuclear
As usinas termelétricas tradicionais utilizam combustíveis fósseis, como carvão,
petróleo ou gás natural, para gerar eletricidade. O ar quente gerado pela queima
do combustível movimenta as turbinas, produzindo energia elétrica.
Pouco utilizado no país, o carvão é empregado em Santa Catarina, onde está
a maior produção nacional.
Já o uso de óleo diesel, um dos produtos do refino do
petróleo, tem aumentado nos últimos anos para alimentar as termelétricas, que
foram mais usadas por causa da falta de chuvas e da consequente queda na produção das hidrelétricas. Por sua vez, o gás natural para geração de energia está
crescendo em virtude do acordo com a Bolívia, que dispõe de importantes reservas de gás natural em seu território.
Um dos resultados desse acordo foi a construção de um gasoduto de mais de
3 mil quilômetros de extensão, capaz de transportar para o território brasileiro 30
milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Novas descobertas
de gás natural no Brasil ampliam as perspectivas de usar
essa fonte de energia.
As centrais nucleares são
termelétricas que utilizam elementos radioativos – tais
como o urânio – para fazer
funcionar seus reatores e gerar
calor. Existem apenas duas unidades em funcionamento no
Brasil. A terceira unidade está
em construção, também em
Angra dos Reis(RJ).
Energias renováveis
O uso de energias renováveis no Brasil ainda é pouco estimulado. Apesar disso, tem aumentado.
A energia solar é um tipo de energia renovável que pode ser usada tanto para
gerar eletricidade quanto para aquecer água.
No primeiro caso é preciso ter uma
placa especial que recolhe a energia solar e a transforma em energia elétrica –
chamada de placa fotovoltaica. No segundo caso é preciso instalar coletores no
telhado das residências para que o sol aqueça a água. A água é aquecida ao percorrer uma série de serpentinas instaladas nos coletores.
A energia solar pode ser estimulada no Brasil, que tem, em grande parte do
território, muita insolação. Ela pode ser uma alternativa para áreas afastadas que
ainda não integram a rede de distribuição de energia ou mesmo para áreas urbanas,
diminuindo a necessidade de construção de novas hidrelétricas e termelétricas.
Está crescendo o uso do lixo na produção de energia. Atualmente, as principais tecnologias para produção de energia a partir do lixo são a fermentação do
lixo orgânico, que gera gás para queima, e a incineração controlada do lixo, que
pode gerar resíduos prejudiciais à saúde se feita sem cuidados.
A fermentação pela decomposição do lixo orgânico geralmente é feita em
biodigestores, ou acontece naturalmente em aterros sanitários, que, por meio de
uma rede de tubos, podem drenar o gás gerado e utilizá-lo em termelétricas. No caso da incineração direta do lixo, a energia é gerada pela queima de
resíduos, também em usinas termelétricas. Nesse caso, o que pode ser reciclado
é separado, e o que não pode é queimado.
Em estados como Piauí, Ceará e Maranhão ocorre o aproveitamento da
energia eólica. O Brasil possui grande potencial de uso dessa fonte de energia. Uma das vantagens dessa fonte é que ela não gera poluição. As
enormes pás giram movidas pelo vento e geram eletricidade.
As fontes tradicionais geram mais impactos ambientais que as renováveis (leia
a seção Fique por dentro). Apesar do potencial de fontes renováveis, o Brasil ainda
as utiliza pouco, se comparado a outros países. Por isso, é preciso reduzir o consumo de energia, economizando no dia a dia e evitando o desperdício.