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O Golpe no Uruguai

Também o Uruguai ficou sob regime ditatorial, entre 1973 e 1985. No Uruguai, a ditadura civil-militar foi precedida por um cenário de intensa polarização política. De um lado, governos civis autoritários e, de outro, o grupo guerrilheiro de esquerda Tupamaros. O grupo Tupamaros surgiu no início dos anos 1960, impulsionado pela crise econômica pela qual o país passava e pela crescente insatisfação popular. Em 1965, para reprimir as ações dos guerrilheiros, a polícia e o serviço secreto uruguaio passaram a ser treinados por membros da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). Entre 1968 e 1972, governos civis autoritários decretaram estado de sítio no país, suspenderam vários direitos dos cidadãos e intensificaram o combate aos Tupamaros.

Em 7 de junho de 1973, o presidente uruguaio Juan María Bordaberry, com apoio dos militares, deu um golpe de estado no país. Em cadeia de rádio e televisão foi divulgado o decreto presidencial, dissolvendo o Congresso e substituindo-o por um Conselho de Estado, formado por dez militares e dez civis. Bordaberry, eleito democraticamente, dera plenos poderes para que os militares combatessem os guerrilheiros tupamaros logo que assumiu, no início de março do mesmo ano. 

Os militares que foram encarregados de combater a guerrilha urbana dos Tupamaros intervieram, pela primeira vez, na vida política do país, desmantelaram a guerrilha e apoderou-se do poder. Então, em 1973, os militares impuseram uma ditadura que perdurou até 1985. Nesse período, os direitos civis foram frequentemente desrespeitados, os partidos políticos foram proibidos, os sindicatos, considerados ilegais e foram implantadas a censura e a perseguição de opositores.

Decididos a seguir o modelo militar brasileiro, mantiveram como presidente primeiro Bordaberry e, depois Aparício Méndez, os dois civis, formalmente como chefes de Estado. Torturas, assassinatos, sequestros de oposicionistas na Argentina e no Brasil e censura foram tônica política do período.

Na área econômica, o Plano Nacional de Desenvolvimento de 1973-1977, formulado em 1972, foi posto em prática. A economia do Uruguai cresceu, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou e o comércio exterior foi reestruturado. A política econômica se orientava pelas exportações não tradicionais e pela entrada, no país, de investimentos estrangeiros.

No entanto, nem a repressão, o arrocho salarial, a abertura ao capital estrangeiro conseguiram superar a crise. A economia continuou a declinar. Contudo, os benefícios da política econômica beneficiavam os grupos da elite, que passaram a concentrar cada vez mais a riqueza em suas mãos. O valor dos salários dos trabalhadores caiu muito e a má distribuição de renda provocou a exclusão econômica e social dos trabalhadores e das camadas mais pobres da sociedade, ao mesmo tempo que garantia o enriquecimento de empresários e de membros da elite.

Calcula-se que, entre 1972 e 1976, cerca de 1 milhão de uruguaios emigraram para Argentina, Estados Unidos e Austrália. Durante o regime militar uruguaio, houve indícios de que as polícias políticas e os serviços de informação militares deste país atuaram em com os serviços semelhantes da Argentina, Brasil, Bolívia e Chile nos sequestros e assassinatos de presos políticos.
Os tupamaros eram um grupo de guerrilheiros de esquerda que lutavam para transformar o Uruguai num país socialista. A repressão foi tão brutal quanto a da Argentina e do Chile, deixando um grande número de militantes mortos e desaparecidos, além de provocar o exílio de grande número de oponentes do regime.

O Movimento de Liberação Nacional Tupamaros foi um movimento político de esquerda uruguaio que atuou como guerrilha urbana durante os anos 1960 e início dos anos 1970. Desde 1989, os Tupamaros se integraram à coalizão política Frente Ampla, da qual faziam parte muitos representantes do Movimento de Participação Popular. Fotografia de 1985, por ocasião da libertação dos presos políticos.



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