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O Apartheid na África do Sul

A União da África do Sul foi criada em 1910 a partir de uma composição política entre regiões dominadas pelos bôeres (descendentes dos antigos colonos holandeses estabelecidos na região desde o século XVII) e por colonos britânicos. tratava-se de um Estado semi-independente que continuava fazendo parte da Comunidade Britânica e reconhecia a monarquia sediada em Londres.
O regime de segregação racial seria oficializado em 1948, com a chegada ao poder do Partido Nacional. A África do sul passou a desenvolver um das políticas mais violentas que o mundo conheceu: o apartheid.
Política de segregação étnica oficializada na África do Sul entre o período de 1948 a 1990. A palavra "apartheid" significa literalmente "separação", em relação à divisão estabelecida entre a minoria branca no comando político do país e a maioria racial dos negros e minorias mestiças e asiáticas. Em sua origem, tal política excluía as populações negras, mestiças e amarelas da participação política, que formavam uma grande maioria de 80% da população total sul-africana. 
Tal política antidemocrática, tendo base legal sofreu poucas transformações ao longo de sua história, caracterizando-se uma tentativa de perpetuação da minoria branca no poder, formada em sua maior parte por descendentes de holandeses (os chamados africâneres) em detrimento da total supressão dos direitos civis da maioria étnica. As disparidades entre os grupos étnicos da África do Sul foi bem anterior à oficialização legal do segregacionismo. 
o governo sul-africano transformou tal separação em um elaborado sistema legal de segregação e estabelecia a existência de quatro grupos: brancos, negros, mestiços e asiáticos. o apartheid atingia a habitação, o emprego, a educação e os serviços públicos. Foi implantado para favorecer a permanência no poder da minoria branca.
As leis do apartheid determinavam:
- negros não podiam ter participação política, ou seja, eram proibidos de votar e serem eleitos;
- negros não tinham direito à propriedade e eram obrigados a viver em terras reservadas. e nas cidades habitariam em bairros separados dos brancos;
- eram proibidos casamentos mistos;
- brancos e negros estavam proibidos de frequentarem juntos qualquer estabelecimento comercial, exceto se tivesse autorização oficial;
- os trabalhadores negros eram obrigados a obter autorização para circular nas zonas reservadas aos brancos.
Em 1961, a África do sul obteve sua independência completa e desligou-se da Coroa britânica. Daí em diante, a política do apartheid foi radicalizada. Outra leis aprovadas classificavam os negros em diversos grupos étnicos e linguísticos. Com essas leis foram criados, em 1971, Estados étnicos em terras reservadas para os negros africanos. Esses territórios reservados, denominado bantustões, que significa "pátria dos bantos", eram justamente as terras menos férteis e sem riquezas minerais. Somente nos miseráveis bantustões os negros teriam direito a cidadania.
Nas grandes cidades os negros eram obrigados a morar na periferia dos centros industriais, as townships. Eram bairros enormes e pobres, sem transporte público, sem os serviços básicos, como água encanada, eletricidade ou asfalto. Os trabalhadores negros eram obrigados a usar passaporte para transitar nas áreas dos brancos. O governo estabeleceu o uso separado de bibliotecas, parques, praias e transporte públicos.
A oposição ao regime segregacionista tomou corpo na década de 1960, quando o Congresso Nacional Africano (CNA), uma campanha de desobediência civil.
A indignação mundial levou diversos países a romper relações diplomáticas e econômicas com a África do Sul. A economia do país entrou em crise, por causa das sanções internacionais adotadas para pressionar o governo sul-africano. Os protestos prosseguiam nas ruas das principais cidades. Ao mesmo tempo, ampliavam-se os apoios ao movimento pela libertação do principal líder da luta contra o apartheid: Nelson Mandela.
O Congresso Nacional Africano já havia sido formado em 1912, três décadas e meia antes do apartheid, tendo como bandeira política a luta contra as restrições políticas e civis desde então impostas aos negros. Após o apartheid, todas as organizações políticas negras foram consideradas ilegais pelo governo minoritário branco. Nelson Mandela, o líder do então legalmente extinto Congresso Nacional Africano, assim como vários outros membros das organizações negras, passaram a ser perseguidos e presos. Na prisão de Nelson Mandela em 1962, este recebeu a sentença de 5 anos. Porém, sob acusações posteriores de sabotagem e traição, foi sentenciada a prisão perpétua ao líder político negro. 
Diante das pressões internacionais contra o segregacionismo étnico. Em 1990, sob o governo de Frederick Willem de Klerk, Nelson Mandela foi libertado e o fim do apartheid foi formalizado oficialmente, tendo a volta das organizações políticas negras à legalidade e a abertura do Parlamento à participação política dos negros, assim como a extensão irrestrita dos direitos civis a todos os cidadãos sul-africanos. 
O presidente de Klerk e Mandela ganharam conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Apesar do fim do apartheid, permanecem os grandes contrastes sociais entre as populações brancas e negras, tendo estas últimas permanecido em condições de miséria por durante séculos desde a colonização europeia da África.





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