As greves dos metalúrgicos de 1979-80 demonstraram, em pleno regime militar, que as organizações sindicais tinham conquistado uma força política no cenário nacional. Greves bem organizadas poderiam “parar” o país, obrigar os empresários a negociar com os trabalhadores e pressionar o governo a estabelecer uma mediação entre patrões e empregados. Sindicatos de diversas categorias, inclusive do setor de serviços, como professores e bancários, se fortaleceram a partir da década de 1990, tornando-se uma voz importante na luta por direitos trabalhistas. Os atos públicos, as passeatas e, principalmente, as greves foram instrumentos de pressão para exigir reajustes salariais e respeito aos direitos constitucionais.
O setor empresarial reagiu às pressões dos sindicatos fortalecendo as instituições que os representam, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a federação dos bancos (Febraban) e a associação dos fabricantes de automóveis (Anfavea). Nas eleições presidenciais de 1989, por exemplo, os sindicatos de trabalhadores e as federações empresariais apoiaram diferentes candidatos e participaram ativamente das campanhas.
Na década de 1990, com o avanço da automação das fábricas, houve a redução do número de empregos e o aumento das disputas por vagas de trabalho. Ao mesmo tempo, com a diminuição dos empregos formais, ou seja, que possuem um contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), menos trabalhadores passaram a ter acesso a importantes direitos trabalhistas, como 13 o salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e férias remuneradas. Com a estabilidade econômica e as políticas sociais implementadas entre 2000 e 2010, houve a ampliação de empregos e de trabalhadores contratados formalmente.
Contudo, uma reforma das leis trabalhistas, aprovada em 2016, reduziu significativamente esses direitos que protegiam os trabalhadores. Apesar da precarização, novas formas de reivindicação de direitos têm surgido, como os protestos dos entregadores de aplicativos. Em 1 o de julho de 2020, uma greve mobilizou milhares de entregadores em vários estados do país a fim de exigir o aumento do valor das corridas, seguro contra roubo e acidente e assistência à saúde.
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