Localização e algumas características
A Ásia tem uma superfície de aproximadamente 44 milhões de quilômetros quadrados. Constitui com a Europa um único bloco continental, denominado Eurásia. A divisão entre a Europa e a Ásia leva em conta aspectos histórico-culturais. A Rússia, por exemplo, apresenta parte de seu território no continente europeu e parte no continente asiático.
O continente asiático apresenta 11 fusos horários e é banhado pelos oceanos Glacial Ártico, Índico e Pacífico. Há diversos mares e golfos no interior e na costa asiática. Entre eles destacam-se o mar Vermelho — que se comunica com o mar Mediterrâneo através do canal de Suez (figura 2) —, o mar Cáspio, o mar Negro, o mar da China e o do Japão.
O contorno irregular da Ásia forma penínsulas de grande importância: as penínsulas Arábica, do Decã, Malaia, Indochinesa, da Coreia, Kamtchatka e da Anatólia. No litoral do sudeste asiático, situam-se vários arquipélagos de origem vulcânica: o arquipélago da Indonésia (ilhas Java, de Bornéu, de Sumatra), o das Filipinas e o do Japão. Esses arquipélagos fazem parte do Círculo de Fogo do Pacífico, zona de intensa atividade vulcânica e sujeita a abalos sísmicos frequentes. Outra região de importância estratégica é o estreito de Taiwan, também conhecido como estreito de Formosa. Situado entre a China e Taiwan, tem intensa navegação comercial e constitui uma zona de tensão entre os dois países. Outras zonas de tensão estão presentes no mar da China Oriental e no mar da China Meridional, envolvendo Japão, Indonésia, China, Malásia, Filipinas, Vietnã e Coreia do Sul. O canal de Suez, no Egito, foi inaugurado em 1869. Trata-se de um canal artificial com 163 quilômetros que liga o mar Vermelho (cidade de Suez) ao mar Mediterrâneo (cidade portuária de Port-Said). Apesar das reformas realizadas posteriormente, a profundidade do canal não permite a passagem de grandes petroleiros. No Oriente Médio existem dois golfos de intensa navegação comercial: o golfo Pérsico e o golfo de Omã. O limite entre eles é o estreito de Ormuz. Através de suas águas, a produção de petróleo é escoada para o resto do mundo. Por essa razão, a região do golfo Pérsico é alvo de constantes conflitos e constitui uma área estratégica mundial.
O relevo e a atividade sísmica
Na Ásia são encontradas as mais elevadas montanhas e as depressões mais profundas da Terra. Entre Israel e Jordânia, na região do Oriente Médio, situa-se o mar Morto, cujas águas estão a 412 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Na cordilheira do Himalaia localiza-se o ponto culminante do relevo terrestre, o monte Everest, com 8.848 metros de altitude, na fronteira entre o Nepal e a China. Essa cordilheira é uma cadeia montanhosa de formação recente na história geológica da Terra (começou a se formar há cerca de 70 milhões de anos, enquanto a história do planeta iniciou-se há cerca de 4,6 bilhões de anos). A cordilheira do Himalaia descreve um arco de 2.800 quilômetros de extensão, constituindo uma “muralha” entre a China e a porção meridional do continente. Muitos dos picos mais altos da Terra estão localizados no Himalaia, como o K2, o Nanda-Devi, o Kanchenjunga e outros, além do Everest. Dezenas de outros picos, mais de 70, ultrapassam a altitude de 7.300 metros.
Diversos países do continente asiático estão sujeitos à instabilidade geológica. As zonas de instabilidade estão concentradas no sul e no leste do continente, próximo às regiões montanhosas e no litoral. Essa instabilidade, responsável pela ocorrência de terremotos, vulcanismo e maremotos, deve-se à colisão das placas tectônicas no continente ou no oceano. Em dezembro de 2004, um abalo sísmico de magnitude 9,15 na escala Richter (o segundo maior da História), originado no fundo do oceano Índico, provocou um tsunami (onda gigante) que causou a morte de aproximadamente 250 mil pessoas e deixou cerca de 1,8 milhão de desabrigados, a maior parte deles na Índia e no Sri Lanka. O fenômeno ocorreu em razão do choque das placas indo-australiana e euro-asiática. Nesse choque entre as duas placas, uma delas é projetada para o alto e desloca a massa de água do oceano que está sobre ela, formando as ondas gigantescas.
Entre esses planaltos e as cadeias montanhosas, situam-se extensas planícies aluviais, formadas pela acumulação de sedimentos transportados pelos rios. A planície da Sibéria, na Rússia, entre os Montes Urais e o planalto Central Siberiano, é a mais extensa do continente (7 milhões de quilômetros quadrados). No norte da Índia, ao sul do Himalaia, localiza-se a planície Indo-Gangética, que é atravessada pelos rios Indo e Ganges e tem grande importância econômica. Essa planície originou-se da acumulação de sedimentos provenientes da erosão das montanhas, trabalho realizado pelas águas que vertem para os rios Indo, Ganges e Brahmaputra. Os deltas e os vales desses rios são muito importantes para a atividade agrícola, pois são muito férteis. No leste da Ásia, destacam-se a planície Chinesa e a da Manchúria. Em parte da planície Chinesa, aparece o solo loess, de grande fertilidade, o que permite desenvolver atividade agrícola em larga escala, onde são cultivados o trigo, a soja, o milho e a batata. Excetuando-se a planície da Sibéria, todas as demais do continente concentram bastante população em função da grande fertilidade dos solos. No sudeste da Ásia, localiza-se a planície da Indochina, que também apresenta grande importância econômica em razão da fertilidade de seus solos. Entre os rios Tigre e Eufrates, em território iraquiano, localiza-se a planície da Mesopotâmia, que constitui parte da região denominada Crescente Fértil, onde se desenvolve intensa atividade agrícola. Acredita-se que foi nessa região que pela primeira vez se estruturou a prática da agricultura, há aproximadamente 10 mil anos. Outra unidade de relevo presente no continente asiático são as depressões. Além da maior depressão absoluta do mundo, o mar Morto, várias outras estão espalhadas ao redor de outros mares e lagos asiáticos, como o mar Cáspio, ao norte do Irã, e o mar de Aral, entre o Usbequistão e o Casaquistão.
A hidrografia
Apesar de haver rios e lagos de grande dimensão no continente, a escassez de água doce já é um problema para alguns países e deverá se ampliar no futuro. A Ásia abriga cerca de 60% da população mundial e apenas 36% dos recursos hídricos (figura 7). O crescimento industrial tem aumentado o consumo e, ao mesmo tempo, a poluição das águas. Além disso, a necessidade de ampliação de áreas irrigadas para agricultura e pecuária deverá comprometer outras fontes de abastecimento. O sul da Ásia concentra o maior despejo de água de esgoto não tratada do mundo. A cordilheira do Himalaia e o planalto do Tibete são os dois grandes dispersores de águas da Ásia. A maioria dos rios asiáticos nasce na parte central do continente. Os rios asiáticos, de modo geral, têm regime misto: são alimentados pelas águas provenientes tanto do derretimento das neves (nival) como das chuvas (pluvial), especialmente as de verão no sul e sudeste asiáticos, onde ocorrem as monções de verão, proporcionando elevados índices pluviométricos. Como vimos, muitas áreas densamente povoadas do continente encontram- -se nos vales e nas desembocaduras dos rios de maior extensão, como o Ganges, o Indo, o Yang-tse (rio Azul), o Huang-Ho (rio Amarelo) e o Mekong. O rio Ganges nasce no Himalaia e deságua no golfo de Bengala, onde forma o maior delta do mundo. Ele apresenta grande importância econômica, pois, na época das cheias, suas águas fertilizam as terras por onde passam. Além disso, é bastante conhecido pelo seu significado religioso. Os praticantes do hinduísmo, por exemplo, banham-se em suas águas em busca de purificação. O Ganges e seus afluentes formam uma bacia hidrográfica com aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados, a mais povoada do globo, com densidade demográfica de cerca de 400 hab./km2 . O rio Indo nasce no planalto do Tibete e deságua no mar Arábico. Com a construção de uma rede de canais, as áreas secas atravessadas por seu curso médio foram transformadas em regiões agrícolas.
Dois importantes rios que banham a planície da China são o Yang-tse e o Huang-Ho. Este, com 5.200 quilômetros de extensão, atravessa áreas de solo loess e deságua no mar da China Oriental. O Yang-tse nasce no planalto do Tibete e também deságua no mar da China Oriental. Com 5.500 quilômetros, é o mais extenso rio asiático e nele foi construída a maior hidrelétrica do mundo: Três Gargantas. Na planície da Indochina, o principal rio é o Mekong, com 4.180 quilômetros de extensão. Ele nasce na China, na região do Tibete, corta a península de norte a sul e deságua no mar da China Meridional. Em suas margens cultiva-se principalmente arroz. No norte da Ásia, os rios mais importantes são os que atravessam a planície da Sibéria. Entre eles se destacam o Ienissei e o Ob. Esses rios, que têm as águas congeladas no inverno, causam grandes inundações na época do degelo. Na parte ocidental da Ásia, correm os rios Tigre e Eufrates, que cortam a planície da Mesopotâmia, no Iraque. No continente asiático, observa-se também um grande número de lagos e mares interiores. Entre eles se destacam o mar Cáspio, entre o Irã, o Turcomenistão, o Casaquistão, a Rússia e o Azerbaijão; o mar de Aral, entre o Casaquistão e o Usbequistão; o lago Baikal, na Rússia; e o lago Balkash, no Casaquistão. No fim da década de 1960, os técnicos da ex-URSS decidiram utilizar as águas dos rios Sirdaria e Amudaria e do mar de Aral para irrigar as plantações de algodão, vegetais oleaginosos, frutas e outras culturas, nas áreas secas do Casaquistão e do Usbequistão. O desastre ambiental decorrente desse projeto foi alarmante e amplamente divulgado nos anos 1990, depois do fim da URSS. Em 2001, com ajuda financeira do Banco Mundial, foi implantado um programa de recuperação do mar de Aral (em sua porção norte) que vem apresentando resultados positivos.
O clima e a vegetação
A Ásia é um continente de grandes contrastes climáticos. Nela estão localizadas tanto áreas bastante chuvosas quanto desérticas ou regiões de clima polar e regiões de clima tropical.
Para compreender os vários tipos de clima do continente, devem-se considerar os seguintes fatores:
• latitude, uma vez que as terras asiáticas estendem-se desde a linha do equador (baixa latitude) até a região polar Ártica (alta latitude);
• grande extensão territorial, que permite a atuação dominante de massas de ar continentais (secas) em seu interior e proporciona a maior influência da continentalidade, tornando os invernos mais rigorosos no interior da Ásia;
• altitude, pois é o continente que apresenta as altitudes médias mais elevadas (sem considerarmos a Antártida);
• formas de relevo, cujas montanhas muitas vezes formam barreiras que impedem a passagem das massas de ar úmido;
• ventos monçônicos na porção meridional do continente, que sopram ora do continente para o oceano (secos), ora do oceano para o continente (úmidos). De acordo com a influência desses fatores, a Ásia apresenta diversos tipos climáticos. Próximo ao oceano Glacial Ártico (altas latitudes) e nos planaltos e nas montanhas (altitudes elevadas) predomina o clima Frio.
No norte da Ásia, o clima Frio, subdividido em frio ártico (polar) e frio continental, apresenta temperaturas acima de 10 °C apenas durante cerca de quatro meses do ano. Nos outros meses, as temperaturas são bem inferiores. A cidade de Verkhoianski, na Sibéria, por exemplo, registrou as temperaturas mais frias do globo, próximas dos 70 graus abaixo de zero. As vegetações correspondentes a esse tipo de clima são a Tundra (frio ártico) e a Floresta de Taiga ou de Coníferas (frio continental), cuja espécie predominante é o pinheiro, que se desenvolve até mesmo nos solos mais secos.
Na Mongólia, na China e no Oriente Médio, existem extensas áreas de clima Desértico. Os desertos do Oriente Médio são quentes, como ocorre nos desertos da Arábia e do Irã. Os desertos da parte central são frios. É o caso do deserto de Gobi, na Mongólia e na China, e do Takla Makan, na China. Em razão da aridez desse clima, nessas porções ocorrem as vegetações de estepes e desértica. Nos desertos, em terrenos onde há alguma umidade em virtude da pequena profundidade de um lençol de água, formam-se os oásis, com diversas espécies vegetais, entre as quais se sobressai a tamareira. No sul e no sudeste da Ásia, ocorre o clima de Monções, que é influenciado pelos ventos monçônicos. A principal característica do clima de Monções (Tropical) é a variação das precipitações pluviométricas, marcando duas estações, uma seca (inverno) e outra chuvosa (verão), considerando a dinâmica das estações no hemisfério norte.
No verão, os ventos monçônicos sopram do oceano para o continente, carregando grande umidade, o que ocasiona chuvas prolongadas, indispensáveis para a irrigação da cultura do arroz e de outros produtos. Nesse período, ocorrem fortes enchentes nas planícies litorâneas do Índico e em parte do Pacífico. No inverno, os ventos monçônicos sopram do continente para o oceano. Nesse período, as temperaturas no interior do continente são mais baixas do que as do oceano, o que provoca correntes de ventos continentais secos e frios. O clima Equatorial aparece em quase todas as ilhas que compõem a Indonésia, no extremo sudeste do continente. Em razão da umidade e das altas temperaturas, a vegetação, em alguns trechos das regiões abrangidas pelos climas de monções e equatorial, é formada pelas Florestas Tropical e Equatorial.
Problemas ambientais
O crescimento econômico da Ásia — em especial da China, da Índia e de alguns países do Sudeste Asiático — tem colocado o continente no centro do debate ambiental internacional. O recente desenvolvimento econômico exigiu maior consumo de energia, maior queima de combustíveis fósseis para a produção industrial, e elevação do consumo de água, sobretudo para irrigação de lavouras. No mesmo compasso, milhões de pessoas passaram a se alimentar melhor e ingressaram na sociedade de consumo com a elevação do padrão de vida. Isso foi acompanhado por uma intensificação da ocupação e do uso da terra e, em particular, do solo em diferentes regiões do continente asiático, com diversas consequências ambientais, como contaminação de cursos d’água e do solo por agrotóxicos, compactação do solo pela utilização de máquinas agrícolas, redução da cobertura vegetal e poluição marinha e do ar.
A poluição não está associada somente ao crescimento econômico. Diversas localidades degradadas do continente são produto da pobreza, da ausência de investimento em saneamento básico e da intensa utilização de lenha como combustível doméstico, por exemplo. Atualmente, entre as cidades mais poluídas no mundo, cerca de metade está no continente asiático.
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