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Antártida

A Antártida também conhecida como “continente gelado”, tem uma área de 14,1 milhões de km², mas no inverno pode dobrar de tamanho em razão do congelamento das águas do Oceano Glacial Antártico, formado pela confluência dos oceanos Pacifico, Atlântico e Índico. Nessa época do ano, a temperatura é baixíssima, em torno de – 15°C no litoral e -65°C no interior do continente (a temperatura mais baixa do mundo foi registrada em 21 de julho de 1983 na estação Votosk, base científica da então União Soviética, hoje da Rússia:  -89,2°C). No verão, a temperatura oscila em torno de 0°C no litoral e -30°C no interior. Nesse ambiente, é difícil o desenvolvimento da vegetação, formada basicamente de musgos e liquens, que crescem apenas no curto verão.
Aproximadamente 90% das geleiras mundiais de água doce. A camada de gelo que recobre o continente é de 2 km de espessura, em média, mas pode chegar a quase 5 km em alguns lugares. O ponto mais alto do continente é o monte Vinson, com 5 140 metros de altitudes.
Desde 1911, quando um grupo liderado pelo explorador Road Amundsen atingiu a Antártida e fincou a bandeira da Noruega, outros países fizeram expedições ao continente gelado e reclamaram o domínio de determinadas áreas. Contudo, em 1959 essas reivindicações foram suspensas (mas não anuladas) com a assinatura, por doze países, do Tratado da Antártica, em Washington, DC (Estados Unidos). O tratado, que entrou em vigor em 1961, estabelecia a utilização do continente com fins pacíficos, apenas para o desenvolvimento de pesquisas científicas. Com o tempo, mais de trinta países aderiram a ele.
Em 1991, foi assinado o Protocolo de Madri (Espanha), um complemento ao Tratado da Antártida. Esse estipulou procedimentos para minimizar o impacto ambiental provocado pelas atividades humanas na região, inclusive proibindo a exploração dos recursos minerais por cinquenta anos. Como o protocolo entrou em vigor em 1998, até 2048 estão suspensas reivindicações territoriais, operação militares de qualquer natureza e a exploração do subsolo antártico. Apenas pesca é permitida, ainda assim sob controle.

                        

Na Antártida não há cidades, indústrias ou agricultura, apenas de bases científicas mantidas por 26 países, em sua maioria desenvolvido. O Brasil aderiu ao Tratado da Antártida em 1975 e também mantém uma base no continente, chamada Comandante Ferraz. Portanto, não há população vivendo regularmente no continente gelado, apenas cientistas que lá residem temporariamente para desenvolver pesquisas em várias áreas: biologia, geologia, meteorologia, oceanografia etc.

Os minerais cobrem, manganês, urânio, carvão, platina, titânio, ouro, prata e petróleo, dão origem ao Tratado da Antártida, que impõe regras para a exploração com limites para as pesquisas científicas.
Debaixo da capa de gelo há reservas de petróleo, carvão e minérios, como ferro – daí o interesse de alguns países pelo domínio de porções do continente; contudo, você viu, a exploração desses recursos está temporariamente proibida. As águas do Oceano Glacial Antártico são ricas em krill (pequeno crustáceo parecido com camarão), diversos tipos de peixe e outros animais marinhos e baleias. Há também aves, como pinguins e gaviões.
Uma atividade que vem crescendo na região é o turismo de aventura. A Antártida tem sido visitada por navegadores solitários, como o brasileiro Amyr Klink, por grupos reduzidos, em barcos pequenos, e por embarcações maiores que transportam mais de 50 pessoas em cruzeiro pelo Mar de Weddell. Algumas das atividades turísticas são a visita a base de pesquisa e a escalada do Monte Vinson. O crescente de turistas, além de não gerar nenhuma renda e nenhum benefício para a região, ainda provoca impactos ambientais, especialmente no Mar de Weddell e na Península Antártica, os locais mais visitados.

Programa Antártico Brasileiro/Proantar

O Brasil aderiu ao Tratado da Antártida em 1975, e o Programa Antártico Brasileiro (Proantar) foi criado em 1982. As pesquisas brasileiras do Proantar tiveram início no verão austral (do hemisfério sul) de 1982/1983, com a Operação Antártica I, realizada a bordo do navio de pesquisa Oceanográfica Barão de Teffé, da Marinha do Brasil, e do Navio Oceanógrafo Professor W. Besnard, da Universidade de São Paulo. Em 1993, o Brasil foi admitido como membro consultivo do Tratado da Antártida.



A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) é uma base antártica pertencente ao Brasil localizada na ilha do Rei George, no arquipélago Shetlang do Sul, próximo da península da Antártida. Essa é uma das poucas regiões habitáveis do continente (não fica permanentemente congelado), por isso concentra a maioria das bases científicas.

O nome da estação homenageia Luís Antônio de Carvalho Ferraz, um comandante da marinha brasileira, hidrógrafo e oceanógrafo que visitou o continente antártico por duas vezes a bordo de navios britânicos. Ferraz desempenhou importante papel ao persuadir o Brasil a desenvolver seu programa antártico, o PROANTAR. Foi parcialmente destruída por um incêndio no dia 25 de fevereiro de 2012. Atualmente a base encontra-se num processo de reconstrução. O projeto de reconstrução prevê uma área total de 4 500 m², com capacidade de abrigar 64 pessoas.

 Cuidados Ambientais

Com referência à proteção do meio ambiente antártico, os ecossistemas terrestres caracterizam-se pela descontinuidade, condições ambientais inóspitas, baixa diversidade específica e taxas de crescimento muito lentas. Se não forem protegidos, tais ecossistemas poderão sofrer impactos ambientais irreversíveis.
Já os ecossistemas marítimos, ao contrário dos terrestres, são contínuos, pelos seus 36 milhões de quilômetros quadrados de extensão, possuindo maior capacidade de absorver impactos. Suas condições ambientais são menos extremas e sua diversidade é bastante superior, o que não permite, entretanto, sua exploração indiscriminada.
O Tratado Antártico, que evidencia a necessidade de metodologias conservacionistas, elaborou, em 1964, as "Medidas de Conservação da Flora e da Fauna Antártica", aplicáveis a todo território e a áreas ao sul do paralelo 60ºS. Propuseram-se códigos de conduta para visitantes, procedimentos para tratamento do lixo e avaliação e controle do impacto ambiental causado pelo homem na Região Antártida.
Quanto ao tratamento de lixo, não é permitido o lançamento ao solo de quaisquer materiais estranhos ao ambiente antártico. O lixo deverá ser separado de acordo com a sua natureza e colocado em depósitos apropriados. O lixo orgânico, papéis e pedaços de madeira deverão ser incinerados em condições atmosféricas favoráveis, de modo a não interferir nas pesquisas que estão sendo realizadas em locais próximos. As cinzas restantes e os demais tipos de lixo são retirados da Antártica pelo NApOc Ary Rongel. As latas e metais dóceis são compactados e embalados em caixas plásticas resistentes; vidros e garrafas são moídos e também colocados em caixas plásticas apropriadas.
Existem normas específicas que regulam os procedimentos a serem cumpridos, relacionadas ao sistema de esgoto sanitário e águas servidas, em termos de uso e limpeza, com vistas à sua manutenção e ao bom estado de funcionamento.
A partir da Operação Antártida XIII, foi implementado um Grupo de Avaliação Ambiental, que possibilitará o cumprimento dos parâmetros previstos no "Protocolo do Tratado Antártico sobre a Proteção do Meio Ambiente", conhecido como "Protocolo de Madri", um documento elaborado pelas Partes Consultivas do Tratado Antártico, para regulamentar e controlar as atividades humanas na Antártida. O Grupo de Avaliação Ambiental acompanhará e avaliará as atividades antárticas que deverão ser planejadas e realizadas de modo a evitar ou minimizar os efeitos prejudiciais sobre as características climáticas e meteorológicas; os efeitos prejudiciais significativos na qualidade da água e do ar; as mudanças significativas no meio ambiente atmosférico, terrestre (incluindo o aquático), glacial e marinho; as mudanças prejudiciais na distribuição, quantidade ou produtividade das espécies ou populações de espécies da fauna e da flora; os perigos adicionais para as espécies ameaçadas ou em perigo de extinção e a degradação ou o risco substancial de degradação de áreas de importância biológica, científica, histórica, estética ou de vida silvestre.
Prioridade será dada à preservação do ecossistema e à pesquisa científica, incluindo as pesquisas essenciais para a compreensão do meio ambiente global.
Apesar do acordo para não-ocupação de seu território, a Antártida é atingida sobretudo pela poluição atmosférica: o exemplo mais significativo é o buraco na camada de ozônio, que é maior sobre o “continente gelado”. A destruição da camada de ozônio pode causar uma série de impactos na reprodução da vida, tanto dos seres humanos como de animais e de plantas. O aumento da poluição atmosférica, como também já foi visto, pode causar a elevação da temperatura média do planeta. Pesquisas indicam que o efeito estufa tem contribuído para o degelo de parte da calota polar, aumentando o nível dos oceanos e alterando a reprodução biológica, inclusive no continente antártico. Se todo o gelo da Antártida derretesse, o nível dos oceanos poderiam aumentar mais de 50 metros.

Fonte: Fonte: Trilhas da Geografia – João Carlos Moreira & Eustáquio de Sene, Editora scipione


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