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PRODUÇÕES CONTEMPORÂNEAS - EM PORTUGAL E NO BRASIL

 

As principais produções contemporâneas em Portugal e no Brasil.

Agustina Bessa-Luís é considerada pela crítica uma das grandes revelações da moderna Literatura Portuguesa. Ficou conhecida no meio literário a partir de sua vitória num concurso promovido por um importante editora portuguesa, seu livro foi escolhido por unanimidade entre mais de trinta outros concorrentes.

O livro A Sibila conta a história de três gerações da família Teixeira, com destaque para as figuras femininas da casa, em especial para Quina, uma mulher forte e decidida. A palavra sibila do título refere-se à Quina e significa, pessoa com inquietação espiritual, uma espécie de feiticeira.

Veja a imagem de José Saramago, outro importante autor português contemporâneo:

 

Nos últimos tempos, José Saramago é um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos para outras línguas, tanto que em 1999, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Entre suas principais obras estão: O evangelho segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento.

O livro O evangelho segundo Jesus Cristo, provocou um grande escândalo na época em que foi publicado, dizem as más línguas que Saramago só não foi excomungado pela igreja católica porque era ateu. Nesse livro, Saramago reconta o evangelho de Jesus Cristo, sob um outro prisma, a narrativa é toda construída a partir de um processo de humanização da figura de Jesus Cristo, em detrimento de seu caráter divino.

O livro Memorial do Convento é uma narrativa histórica que investiga o período da Inquisição (séculos XVII e XVIII) em Portugal. De uma maneira geral, predominam na obra de Saramago os parágrafos longos e uma extrema preocupação vocabular.

Veja as principais Vanguardas da poesia modernista no Brasil:

VANGUARDAS MODERNISTAS

Concretismo

Poesia-Práxis

Poesia Social

Poesia Marginal

A poesia concreta, acreditando que o verso tradicional já estava ultrapassado, propôs uma poesia voltada para os aspectos materiais da palavra, ou seja, para seus recursos gráficos. Nessa concepção a palavra é tida como objeto, como coisa concreta.

Veja os três representantes dessa poesia:

 

Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.

Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos foram os idealizadores da poesia concretista. Suas ideias começaram a circulara a partir da revista Noigandres (palavra de origem provençal que significa “antídoto contra o tédio”). Mas essa poesia só foi lançada oficialmente em 1956, por ocasião da Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

O poema Beba Coca-Cola é um dos símbolos da poesia concretista:

O poema de Décio Pignatari transforma, a partir do jogo de palavras e significados, uma das mais conhecidas propagandas do mundo numa antipropaganda.

A poesia-práxis surgiu em consequência de alguns desentendimentos entre os concretistas. Alguns poetas abandonaram o grupo e voltaram-se para a força energética da palavra. Segundo eles, a palavra era capaz de gerar outras palavras e significados. Nessa concepção a palavra é tida como energia, como um corpo vivo. O  termo práxis vem do grego e significa ação.

Mário “Chami” foi o principal representante da poesia- práxis, veja um de seus textos:

Agiotagem

um

dois

três

o  juro: o prazo

o  pôr / o cento/ o mês/ o ágiop o r c e n t á g i o.

dez

cem mil

o  lucro: o dízimoo ágio/ a moral/ a monta em péssimo e m p r é s t i m o.

muito nada

tudo

a quebra: a sobra

a monta/ o pé/ o cento/ a quota h a j a  n o t a agiota.

                                                                 Mário Chamie

Os poetas que se dedicaram à poesia social, contrários aos exageros formais do concretismo, buscaram um retorno ao verso mais tradicional, à linguagem simples e às questões sociais da época.

Veja o poema Não há vagas, de Ferreira Gullar.

                        Não há vagas

O preço do feijão não cabe no poema. O preço

do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação do leite da carne do açúcar do pão.

O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos.

Como não cabe no poema o operário

que esmerila seu dia de aço e carvão

nas oficinas escuras - porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço

O poema, senhores, não fede nem cheira.

                         Ferreira Gullar

A poesia marginal recebe essa denominação porque não era publicada pelas grandes editoras, ou seja, estava à margem delas. Na maioria das vezes os próprios poetas produziam as cópias para serem distribuídas em locais públicos. Com o passar do tempo muitos dos chamados poetas marginais tiveram suas obras aceitas pelas mesmas editoras que no passado recusavam-nas.

Veja o poema O assassino era o escriba, de Paulo Leminski, um ex-marginal:

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era do tipo sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular com paradigma da 1ª conjugação.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dívidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.

Casou com a regência.

Foi infeliz.

Era possessivo como um pronome.

E ela era bitransitiva.

Tentou ir para os EUA.

Não deu.

Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.

Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski


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