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O Plano Condor

Montada no início da década de 1970, a Operação Condor foi uma ação militar com o objetivo de destruir todos aqueles que eram considerados adversários políticos das ditaduras instaladas na América Latina. Os países participantes foram Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. A ação foi conjunta, financiada com dinheiro, apoio logístico e treinamento oferecidos pelo governo dos Estados Unidos. A troca de informações sobre perseguidos políticos entre os governos militares sul-americanos, já existia desde a década de 1960. Porém, a Operação Condor só foi formalizada em 1975, XI Conferência dos Exércitos Americanos, realizada em Montevidéu, capital do Uruguai. Quem propôs sua criação foi o general Jorge Rafael Videla, comandante do exército argentino que se tornaria chefe do governo militar de seu país.
No decorrer dos anos 1980, quase todos os países da América Latina passaram por processos de redemocratização e poucos mantiveram governos ditatoriais. O retorno à democracia e a divulgação de informações sobre os anos de poder armado permitiram que se desvendasse inclusive a existência de mecanismos de colaboração (como o Plano Condor entre as polícias políticas dos países do Cone Sul), que se ajudavam mutuamente na perseguição e, em muitos casos, execução de adversários políticos. Embora muitos documentos sobre o período ainda não sejam públicos, é possível, hoje, saber como o poder foi brutalmente exercido pelas ditaduras militares e quais foram suas estratégias para controlar o Estado.
Com a Operação Condor, a polícia política de um país podia atuar livremente nos outros países envolvidos, prendendo, sequestrando e torturando pessoas. Um dos episódios mais conhecidos envolvendo a Operação Condor foi o atentado que matou o general Carlos Prats, militar chileno que se exilara em Buenos Aires após o golpe de Estado ocorrido em seu país. Outro caso foi o assassinato do general boliviano Juan José Torres, que governou a Bolívia de outubro de 1970 até agosto de 1971, quando foi derrubado por um golpe de Estado. No Brasil, a Operação Condor permitiu o sequestro do casal de uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Dias, em Porto Alegre.
Documentos liberados nos EUA e a descoberta do chamado “Arquivo do Terror” em Assunção, Paraguai, revelam que o serviço secreto chileno montado em dezembro de 1973, foi estruturado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) brasileiro. Os encarregados pela repressão política no Brasil ofereceram aos chilenos cursos de planejamento, organização e técnicas de interrogatório – neste caso, ensinaram aos militares chilenos um tipo de tortura chamado “pau de arara”, típico no Brasil.


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