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Governo Constitucional de Vargas (1934-1937)

Nessa fase do período getulista, dois grupos políticos, com ideologias totalmente diversas, destacaram-se na vida pública brasileira: os integralistas e os aliancistas.

Integralismo

Em 1932, o escritor Plínio Salgado, Miguel Reale e outros intelectuais e políticos lançaram um manifesto à nação contendo os princípios do integralismo. Era uma espécie de cópia, adaptada ao Brasil, das ideias nazifascistas. Assim, foi criada a Ação Integralista Brasileira (AIB), organização política que se expandiu pelo país, conquistando a simpatia de muitos empresários, parte da classe média, parte do clero e de oficiais das Forças Armadas.
O integralismo defendia o combate ao comunismo, o nacionalismo exacerbado, o Estado todo-poderoso, a disciplina e a hierarquia dentro da sociedade, a censura às atividades artísticas e a entrega do poder a um único chefe integralista.
Seguindo o exemplo nazifascista, os integralistas submetiam-se à rígida disciplina militar e vestiam uniformes com camisas verdes. Desfilavam pelas ruas como tropa militar, gritando a saudação indígena Anauê! Atacavam de forma agressiva os adversários de outras organizações políticas. Seu lema era Deus, Pátria e Família. Fundaram mais de mil núcleos da Ação Integralistas pelo país. Depois de um período de ascensão, a AIB foi extinta pelo governo em 1937.

Aliancismo 

O principal grupo político contrário ao integralismo era a Aliança Nacional Libertadora (ANL), cujos membros eram chamados de aliancistas.
A ANL reunia grupos de várias tendências: sociais-democratas, socialistas, anarquistas, comunistas. A principal corrente dentro da ANL era o Partido Comunista. Em abril de 1935, Luís Carlos Prestes foi eleito presidente de honra da Aliança.
Frente de oposição ao fascismo e ao imperialismo, a ANL tinha propostas populares e revolucionárias, tais como: nacionalização das empresas estrangeiras; não pagamento da dívida externa brasileira; realização de reforma agrária, dando terras aos trabalhadores do campo e combatendo o latifúndio; garantia das liberdades individuais. A ANL cresceu rapidamente, contando com mais de 6 mil sedes espalhadas pelo país.
Temendo a expansão dos aliancistas e a repercussão de suas ideias. O governo federal, apoiado pelas classes dominantes, decretou o fechamento da sede da ANL, em junho de 1935. O chefe de polícia de Vargas, Filinto Müller, acusava o movimento de ser controlado por “perigosos comunistas” e financiado por estrangeiros.

Intentona Comunista (1935)

A repressão do governo provocou a reação de setores militares comunistas que participavam da ANL. Em novembro de 1935, eclodiu a chamada Intentona Comunista, uma tentativa de golpe militar para a conquista do poder que, efetivamente, ficou restrita a batalhões do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro. Todas foram prontamente dominadas pelas forças governamentais.
A intentona Comunista serviu de pretexto para o governo tornar-se ainda mais autoritário. Em nome do “perigo comunista”, foram presos milhares de sindicalistas, operários, militares e intelectuais acusados de atividades subversivas contra o governo.
Fonte: Gilberto Cotrim - História Global - Editora Saraiva.

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