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GOVERNO NILO PEÇANHA (1909-1910)

Nilo Peçanha, foi eleito vice-presidente da República em 1906 e, com o falecimento de Afonso Pena, assumiu a presidência em 14 de junho de 1909. Sem tempo nem clima político para governar, Nilo Peçanha deixou para a história a criação do Serviço de Proteção aos índios, entregando a sua direção ao até então coronel Cândido Rondon, cujo trabalho junto aos silvícolas credenciavam-no para o cargo. Restaurou o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e fundou em diversos estados Escolas de Aprendizes Artífices.
Nilo Peçanha
Ele lançou o lema "Paz e Amor" como forma de tentar criar um governo de conciliação das forças políticas que lutavam entre si na época, mas houve muitos protestos e mortes na Capital Federal durante o seu período no Governo.
A campanha sucessória, já quente desde o fim do mandato de Afonso Pena, pegou fogo com a ruptura entre São Paulo e Minas Gerais. O café pendeu para buscar apoio junto à terra do Senhor do Bonfim, enquanto o leite encontrava abrigo nos pampas gaúchos. A política café com leite sofria assim o seu primeiro abalo. Paulistas e mineiros, que durante anos estiveram unidos em torno de um mesmo candidato, fazendo a conhecida "política do café-com-leite", desta vez estavam em lados opostos.
Tornou-se uma acirrada disputa entre os candidatos Hermes da Fonseca, sobrinho do ex-presidente Deodoro da Fonseca e ministro da Guerra do governo de Afonso Pena, e Rui Barbosa. Hermes da Fonseca foi apoiado por Minas Gerais, pelo Rio Grande do Sul e pelos militares, enquanto o candidato Rui Barbosa recebeu o apoio de São Paulo e da Bahia. A campanha de Rui Barbosa ficou conhecida como "campanha civilista", ou seja, como uma oposição civil à candidatura militar de Hermes da Fonseca. O estado de São Paulo proporcionou os recursos financeiros necessários à campanha de Rui Barbosa, que percorreu o país procurando o apoio popular, fato inédito na vida republicana brasileira.
Houve em seu curto período como presidente vários incidentes em comícios e protestos públicos, onde chegaram a ocorrer mortes. Interviu nos Estados da Bahia, Maranhão, Sergipe e Amazonas.
Rui Barbosa pregava a necessidade de reformas políticas e moralização nas eleições, e prometia o antimilitarismo. Sua campanha passou a ser conhecida por Campanha Civilista, gozando de grande popularidade nos principais centros urbanos. O marechal Hermes da Fonseca, por sua vez, tinha grande apoio dos setores mais conservadores das oligarquias contrários às ideias reformistas de Rui Barbosa.
O Marechal Hermes da Fonseca, apoiado pelo presidente Nilo Peçanha, contando com o apoio do exército, respaldado pela sua atuação como Ministro da Guerra, quando reequipou e reforçou a Marinha com compra de dois encouraçados, o Minas Gerais e o São Paulo; do outro, o civilista Rui Barbosa, elogiado pelo brilho da oratória, entretanto, ofuscado pela sua participação na crise do encilhamento.
Embora recebesse grande votação, Rui não conseguiu vencer a máquina oligárquica, que fraudou as eleições, e Hermes da Fonseca tornou-se o sucessor de Nilo Peçanha. A eleição de 1910 foi a primeira a ser realmente disputada durante a República Velha.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de março de 1924.
Fonte: Nelson Campos – Jorge Hélio; História do Brasil; Editora Lowes
Luís Cesar Costa – Leonel Itaussu Melo; História do Brasil; Editora Scipione

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