Nomadismo e sedentarismo
Vista aérea de área de cultivo de milho e silos de armazenamento, com cidade ao fundo, em Sertanópolis (PR), 2020. Caçar animais e coletar frutos e sementes foram práticas humanas de sobrevivência durante cerca de 90% da história do Homo sapiens. Essas atividades, apesar de proporcionarem um diferente estilo de convivência em grupo, apresentavam uma relação direta com a natureza. A vida desses grupos humanos dependia das condições naturais dos locais em que viviam, já que não havia conhecimento aprofundado sobre os fenômenos da natureza. Somente por volta de 10000 a.C., alguns grupos humanos começaram a domesticar animais e cultivar plantas. A partir de então, o modo de vida começou a mudar, com alguns grupos humanos deixando de ser nômades para viver de modo sedentário. O domínio de técnicas de cultivo de plantas foi um importante marco na história da humanidade, conhecido como Revolução Agrícola. Com base nele, surgiram os primeiros vilarejos e, posteriormente, as cidades.
Cidades na Antiguidade
Com o sedentarismo promovido pela agricultura (com o cultivo de cereais, sobretudo trigo e cevada), as comunidades passaram a se organizar em um estilo de vida que proporcionava o crescimento populacional em escala maior. A domesticação de animais trouxe a condição de explorar, além da carne, o couro e a lã. Como vimos, a fixação de grupos humanos à terra fez surgir os vilarejos e as cidades, com seus próprios modelos de organização social e relação com os demais aglomerados populacionais vizinhos. As primeiras cidades de que se tem registro surgiram na Mesopotâmia (atual Iraque, na Ásia), entre os rios Tigre e Eufrates, região de terras excelentes para a agricultura, chamada de Crescente Fértil. Ur, talvez a cidade mais famosa dessa região, tornou-se conhecida pelos imponentes monumentos edificados. Já a Babilônia, surgida após a queda de Ur, por volta de 2300 a.C., tornou-se a maior cidade do mundo antigo no século VII a.C. Com a formação das cidades e a crescente necessidade de desenvolvimento de técnicas mais eficientes para a agricultura e a pecuária (agropecuária), foram criadas condições ainda mais eficazes para a produção. As cidades passaram a desenvolver equipamentos de infraestrutura mais modernos, com o objetivo de atender ao crescente volume populacional e às necessidades ainda maiores desses grupos humanos.
Campo e cidade
Esse limite físico era comum em determinadas civilizações na Antiguidade. Na atualidade, como é possível definir onde termina o campo e onde começa a cidade, já que não existem muralhas dividindo esses espaços? Sabemos que tanto o campo como a cidade são espaços que apresentam paisagens modificadas pela ação humana. Apesar da presença de uma cobertura, em muitos casos, verde, nas regiões em que existem atividades agropecuárias a vegetação original já foi substituída por práticas que levam ao cultivo de vegetais e à criação de animais. Visualizar o campo, para muitos, pode passar a falsa sensação de que o espaço natural está preservado.
Rural e urbano
Em um sentido mais amplo, além das atividades exercidas por moradores em idade produtiva no campo e na cidade, surgem os conceitos rural e urbano. Neles está inserido, além do espaço físico, o estilo de vida das pessoas que vivem nessas localidades.
Vimos até o momento que tanto o campo como a cidade assumem funções gerais próprias. Enquanto no campo as atividades ligadas à agropecuária são mais presentes, na cidade, a formação de áreas residenciais, a instalação industrial e a prestação de serviços e comércio são visualmente mais perceptíveis. Porém essa é uma regra que não se aplica a todas as realidades. Apesar de muitos ainda verem o meio rural como atrasado e com pouca tecnologia e o meio urbano promissor e modernizado, essa percepção é falha. Profundas transformações ocorreram nos meios rural e urbano nas últimas décadas. Com o avanço das tecnologias de comunicação, além do estreitamento das redes de transporte, a conexão entre esses espaços ficou ainda mais forte. Enquanto, de um lado, os moradores do campo passaram a absorver hábitos urbanos, como o modo de se vestir, as gírias ao falar e o consumo de produtos comuns em grandes centros, muitos moradores das cidades passaram a cultivar hábitos rurais considerados mais saudáveis, utilizando produtos não industrializados e produzindo hortaliças nos próprios jardins e varandas. Um exemplo dessa maior relação entre campo e cidade está no setor industrial, que, até meados do século XX, se instalava exclusivamente em cidades. Porém, aos poucos, passou a se apropriar também de terras historicamente utilizadas para o cultivo de plantas ou a criação de animais. Esse processo provoca modificações na paisagem e no estilo de vida dos habitantes locais.
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