segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Biodiversidade terrestre

Os ecossistemas consistem na relação dos agentes bióticos e abióticos no meio em que vivem. Sua dinâmica é complexa, pois depende de vários fatores ambientais que estão em constante mudança, como a ocorrência de chuvas, o crescimento das plantas, a alimentação dos animais selvagens, o desenvolvimento do solo, etc. Quando pensamos em vários ecossistemas interligados e definidos por uma formação vegetal dominante, estamos reconhecendo um bioma. Dos vários biomas existentes, podemos destacar a Amazônia e a Caatinga. Cada um deles possui conjuntos de ecossistemas próprios, com características comuns, que interagem dentro das condições específicas de cada ambiente. Dentro de cada área, ecossistema ou mesmo bioma, é possível calcular a respectiva biomassa, ou seja, toda a matéria viva dessa área, tanto animal quanto vegetal. Assim, quanto maior for a concentração animal e, em especial, vegetal, maior será a biomassa. Os biomas de florestas equatoriais e tropicais concentram as maiores biomassas do planeta. Tão importante quanto a biomassa para o equilíbrio do sistema terrestre é a biodiversidade, que se apresenta diretamente relacionada à diversificação das espécies em um ecossistema ou em um bioma.

Redução da biodiversidade

Diferentemente do que muitos imaginam, todos os ecossistemas e biomas possuem biodiversidade, até os mais inóspitos. Os desertos, por exemplo, mesmo apresentando condições climáticas extremas, abrigam animais e vegetais adaptados a este ambiente. Estima-se que na Terra existam entre 10 e 50 milhões de espécies animais e vegetais. Especialistas afirmam que o Brasil é o país com maior biodiversidade do planeta, com aproximadamente 20% de todas as espécies conhecidas. E ainda há muitas plantas com potencial terapêutico no território brasileiro, as quais são utilizadas por povos originários e comunidades tradicionais e também na indústria cosmética e farmacêutica. Porém, apesar de todos os benefícios ofertados pela biodiversidade terrestre, ainda há um enorme avanço na degradação dos biomas. Assim, muitas atividades humanas têm impactado diretamente a biodiversidade. Nas últimas décadas, animais e vegetais extinguiram-se em um ritmo somente menor do que o do período de extinção em massa dos dinossauros. A exploração abusiva de recursos vegetais e animais, o crescimento desordenado de algumas cidades, a poluição do ar, da água e dos solos – especialmente pela expansão da agricultura e da pecuária – são apenas alguns fatores que degradam a paisagem natural e destroem os ecossistemas. Estima-se que a perda definitiva de espécies vegetais e animais seja entre 1 000 e 30 000 por ano. Especialistas apontam que, se este ritmo for mantido, em um século teremos a extinção de mais da metade da biodiversidade na Terra.
Para reduzir o impacto nos ambientes naturais é necessária uma mudança de hábitos de parte da sociedade moderna, uma vez que o desperdício e o elevado consumo de produtos supérfluos intensificam a degradação ambiental. Como exemplo, podemos citar o avanço do garimpo ilegal, elevando a pressão sobre as florestas diante da extração de ouro, diamantes e outros minerais.

Hotspots de biodiversidade

Todo bioma possui grande importância para o funcionamento do sistema terrestre. Isso proporciona recursos e condições fundamentais para a manutenção da vida humana e de outros animais, como o fornecimento de água pura e a regulação climática. Muitos biomas mundiais se apresentam ameaçados pela ação humana e demandam maior atenção. Como forma de identificar e melhor proteger essas áreas, foi criado em 1988, pelo ecologista britânico Norman Myers (1934-2019), o termo hotspot. Atualmente são identificados no planeta 36 hotspots de biodiversidade. Para serem qualificados dessa forma, esses ambientes necessitam ter, pelo menos, 1 500 espécies endêmicas de vegetais e apresentar perda igual a ou maior que 70% da vegetação original. Somando todos os hotspots de biodiversidade, eles representam apenas 2,3% de toda a superfície da Terra. Porém, abrigam mais da metade de todas as espécies endêmicas e somam 42% do total de vertebrados do planeta. Ao todo, os hotspots perderam aproximadamente 86% de sua vegetação nativa.

Vegetação nativa

O bioma é um conjunto de ecossistemas e sua classificação é realizada conforme a vegetação predominante, que tem relação direta com o tipo climático. Com a interferência humana ao longo dos séculos nas paisagens naturais, a vegetação original passou por diversas alterações, sendo completamente extinta em algumas partes do planeta. Este é um dos fatores que fazem com que certos mapas de vegetação, ou mesmo de biomas, apresentem variações, pois o principal elemento de identificação de um bioma, que é a vegetação, foi ou continua sendo modificado. Além disso, as fronteiras entre as coberturas vegetais não são perfeitamente definidas. Há faixas que apresentam composição de ambas as vegetações, conhecidas como zonas de transição.

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