domingo, 11 de agosto de 2024

Sistema econômico capitalista

A forma de produzir, comercializar e consumir os bens e serviços em determinado espaço geográfico está diretamente relacionada ao modo pelo qual a sociedade se apropria desse espaço, o constrói e o organiza. Esse conjunto define o modo de produção adotado por ela. Atualmente, o capitalismo é o sistema ou modo de produção hegemônico na economia global e as sociedades capitalistas são predominantes no mundo. Mas o que é capitalismo?
Capitalismo é o sistema econômico e social em que os meios de produção (fábricas, terras, máquinas etc.) são, em grande parte ou totalmente, de propriedade privada, ou seja, pertencem a alguém ou a um grupo de pessoas. Numa economia capitalista, a produção e a distribuição de riquezas são regidas pelo mercado, pela lei da oferta e da procura. Isso significa que o mercado influencia o que, quando, onde, como e quanto produzir. Quando há grande oferta e pouca procura por um produto no mercado, seu preço tende a diminuir; quando a oferta do produto é menor e a procura maior, o preço tende a subir. Por isso dizemos que os preços dos produtos que consumimos são definidos pela economia de mercado. No capitalismo, as mercadorias são produzidas por meio do trabalho assalariado, ou seja, a maior parte das pessoas vende sua força de trabalho às empresas em troca de um salário. É importante salientar, entretanto, que o capitalismo não se desenvolve da mesma forma, nem no mesmo ritmo, em todos os lugares. E essas diferenças são visíveis na paisagem.
Essas características evidenciam o principal objetivo do capitalismo: a obtenção de lucro. Todo o processo produtivo está voltado para a aquisição e o acúmulo de capital (que pode estar aplicado de diversas formas, por exemplo, em propriedades). Uma vez garantido, o capital será reinvestido na produção da mesma empresa ou em outros setores. Apesar de haver impulsionado a capacidade produtiva das sociedades, o capitalismo promoveu a divisão de classes sociais, consequência das relações de propriedade e de trabalho. Um dos resultados desse fato é a desigualdade social perceptível nas paisagens urbanas. Observe a paisagem da cidade do Recife. Que contrastes ela mostra? O Brasil faz parte do sistema econômico capitalista. Para entender como o capitalismo age na economia brasileira, precisamos voltar um pouco no tempo e compreender como ele surgiu e se desenvolveu no mundo. Estudaremos, a seguir, o contexto histórico do capitalismo em escala global para, mais adiante, compreendermos as suas consequências na economia do Brasil.
Surgimento e evolução do capitalismo O capitalismo consolidou-se na Europa Ocidental com a decadência do feudalismo e a ascensão das monarquias absolutistas. No feudalismo, a terra era propriedade dos senhores feudais. Eles distribuíam pequenas partes da terra a seus servos (camponeses), que, em troca, deveriam trabalhar para eles e lhes dar parte da produção obtida. A partir do século XI, muitas alterações ocorreram nas relações de trabalho e produção no espaço europeu e levaram ao surgimento do capitalismo:

• o renascimento urbano e comercial;
• a formação de uma nova classe de comerciantes e artesãos nas cidades;
• as modificações nas relações de trabalho no campo, causadas pelo avanço tecnológico e pela organização da produção;
• a mudança do sistema de troca de produtos por produtos (escambo) para o sistema de troca de produtos por moedas. Nesse contexto, a produção para o mercado cresceu gradualmente, incentivada por inovações nas técnicas de produção, que aumentavam a produtividade do trabalho. Assim, o comércio se expandiu em busca de novos compradores. À medida que as cidades prosperavam, os comerciantes passaram a liderar o desenvolvimento econômico e a se aliar a monarcas. Lentamente, encerrava-se o sistema feudal e iniciava-se o capitalismo comercial. Com o nascimento do capitalismo, os servos passaram a trocar o espaço agrário pelas pequenas cidades (burgos), o que possibilitou o aparecimento do trabalhador livre, configurando-se mais adiante em trabalhador assalariado. O crescimento e desenvolvimento de cidades foi uma importante transformação do espaço geográfico nesse período.

Capitalismo comercial

O capitalismo comercial vigorou na Europa entre os séculos XV e XVIII, quando o acúmulo de capitais por meio do comércio originou o capitalismo. Nessa época predominava uma política mercantilista de expansão marítima, na qual terras até então desconhecidas pelos europeus foram ocupadas. Essas empreitadas comerciais foram financiadas por comerciantes ricos e viabilizadas pelos investimentos em inovações dos transportes marítimos, com destaque para os conhecimentos desenvolvidos em Portugal, Espanha e Itália. Nesse período, chamado de Grandes Navegações, as potências europeias da época (Portugal, Espanha, Holanda e França) chegaram a lugares distantes, estabeleceram colônias e expandiram o comércio de riquezas naturais e de produtos manufaturados. Com o comércio, acumulava-se capital. As transformações no espaço geográfico mundial foram profundas entre o final do feudalismo e o início do capitalismo comercial. As Grandes Navegações proporcionaram o contato entre povos de diferentes continentes e a expansão da cultura ocidental. Iniciaram-se o intercâmbio de produtos, os avanços nas técnicas de navegação e a produção de mercadorias. Nos territórios ocupados, os países europeus começaram a dizimar os povos nativos, a escravizar e a comercializar as pessoas negras africanas e a explorar os recursos naturais. Além de fornecer recursos, as colônias eram importantes mercados consumidores dos produtos manufaturados europeus. A acumulação de capitais foi essencial para o desenvolvimento da segunda fase do capitalismo, o industrial.
Os métodos artesanais e manuais foram aos poucos substituídos pelo uso de máquinas. Esse período também é marcado pela queda das monarquias absolutistas e do clero e pela ascensão da burguesia (classe de comerciantes). Uma nova classe social também nasce na Revolução Industrial: o proletariado. Os proletários formam o grupo social que não possui capital acumulado e não dispõe de indústrias ou máquinas (meios de produção); portanto, para garantir a sobrevivência, precisam vender sua força de trabalho em troca de um salário. Capitalismo monopolista ou financeiro É a fase atual do capitalismo, iniciada na segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento da Segunda Revolução Industrial. Nela, a economia é monopolizada (uma ou poucas empresas dominam o mercado de determinados produtos) e há a expansão de grandes corporações, como os bancos e as empresas transnacionais. Estudaremos a seguir as fases industrial e financeira do capitalismo atreladas à Revolução Industrial.
A tecnologia e as mudanças no espaço geográfico Grandes transformações ocorreram nas relações de trabalho no decorrer da História, como o desenvolvimento das técnicas de produção, circulação e distribuição de mercadorias. A história do desenvolvimento tecnológico passa pelas revoluções industriais, que causaram profundas transformações econômicas e sociais. Essas etapas também imprimiram mudanças significativas nas paisagens, com intensa diversificação de atividades.

• Primeira Revolução Industrial (século XVIII): iniciada na Inglaterra. A produção de mercadorias deixou de ser manufaturada (caracterizada pela utilização de ferramentas simples) e passou a ser mecânica, com o emprego de máquinas. Predominou o uso da máquina a vapor (movida a carvão mineral) e do ferro. Houve aumento na quantidade de profissões, de mercadorias e de unidades de produção (as fábricas). As cidades cresceram e a necessidade de matérias-primas agrícolas e minerais se ampliou, ocasionando a exploração de muitos povos, sobretudo africanos. Duas principais classes sociais emergiram: capitalistas, que detinham o capital (fábricas, meios de produção e investimentos), e trabalhadores assalariados (mão de obra). A indústria passou a ser dominante na atividade econômica e foi gradativamente se espalhando pelos países mais ricos da Europa, solidificando o capitalismo industrial.

• Segunda Revolução Industrial (século XIX): a indústria expandiu-se para além do continente europeu. Surgiram novas formas de produção, como a especialização da mão de obra operária e a produção em série. Iniciou-se o uso do petróleo e da eletricidade como fontes de energia. O motor de combustão foi inventado e apareceram as indústrias siderúrgicas, metalúrgicas, automobilísticas e petroquímicas. Acentuou-se a divisão social do trabalho e foi estabelecida a produção em série, aumentando a produtividade. O capital industrial se integrou ao capital financeiro e novas instituições financeiras, como os bancos, começaram a participar diretamente da produção industrial. A evolução das grandes empresas levou à formação de gigantescos complexos industriais e industriais-financeiros, que se espalharam pelo mundo.

• Terceira Revolução Industrial (século XX): também chamada de Revolução Técnico-Científica, caracteriza-se pela maior incorporação do conhecimento científico e da pesquisa à produção industrial. Despontaram setores como microeletrônica, biotecnologia, telecomunicações, robótica, automação e informática. O uso de computadores, a evolução dos meios de comunicação e o surgimento da internet proporcionaram um grande salto na produtividade e no desenvolvimento de novas tecnologias. A atividade industrial passou a exigir trabalhadores mais qualificados, o que explica a importância e a necessidade de investimentos nas áreas de educação e pesquisa.


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