Pular para o conteúdo principal

CITOGENÉTICA HUMANA


1. INTRODUÇÃO
    Esta página trata da citogenética humana, abordando conceitos e definições sobre o tema. Tem como objetivo mostrar e esclarecer ao leitor alguns tópicos que, por acaso, permaneçam como dúvidas. O estudo dos cromossomos humanos é tão recente que suas primeiras descobertas não têm meio século, por isso, é um ramo da biologia que tende a crescer, explorar novas áreas e servir de veículo para o auxílio para vários fenômenos que acontecem nos cromossomos.

2. CITOGENÉTICA HUMANA

2.1 CONCEITOS
    Para um melhor entendimento do assunto aqui abordado, faz-se necessário um conhecimento prévio dos termos aqui utilizados.
    Cariótipo: conjunto de cromossomos característicos de uma espécie.
    Cromossomos: longa molécula de DNA associada com proteínas (histona).
    Cromossomos Autossomos: são os cromossomos que equivalem nos indivíduos masculinos e femininos. (22 pares)
    Cromossomos Sexuais ou Heterossomos: são os cromossomos que se diferem nos indivíduos masculinos e femininos (1 par X e Y).
    Aberração Cromossômica: qualquer modificação no cariótipo, podem ser numéricas ou estruturais.

2.2 CARIÓTIPO HUMANO NORMAL
    Tjio e Levan estabeleceram, em 1956, que o número diploide correto de cromossomos do cariótipo humano era 46, sendo composto de 23 pares de cromossomos homólogos: 22 pares autossomas + XY (no sexo masculino) ou XX (no sexo feminino). Três anos mais tarde, foi descoberta uma alteração no cariótipo normal, era um trissomia em indivíduos portadores da síndrome de Down (comentada a seguir), descoberta por Lejeune.
    Foi a partir de então que foi possível explicar aproximadamente 12 síndromes congênitas humanas e demonstrar que cerca de 5 entre 1000 recém-nascidos apresentam algum tipo de aberração cromossômica.

2.3 TÉCNICAS DE CARIOTIPAGEM
    Diversas técnicas são usadas no estudo do cariótipo humano, são empregadas culturas de fibroblastos de medula óssea, sangue periférico e pele. As mitoses são bloqueadas com colchicina (substância que bloqueia a formação dos microtúbulos do fuso) durante a metáfase. O cariótipo é habitualmente obtido através de fotomicrografia.
    Cada cromossomo é recortado e alinhado com o seu homólogo em uma ordem decrescente de tamanho. Esta técnica é facilitada pela determinação do índice centromérico, razão entre os comprimentos dos braços longos e curtos do cromossomo.
    É possível a obtenção de células para cariotipagem e diagnóstico de aberrações cromossômicas mesmo antes do nascimento da criança. Isto é possível através da amniocentese, ou seja, punção da parede uterina com uma agulha para obtenção do fluido amniótico, que é analisado para determinar se o feto possui alguma aberração e até mesmo o sexo deste.

2.4 CROMOSSOMAS SEXUAIS
    Um dos sexos possui um par de cromossomos sexuais idênticos (XX), no caso do ser humano é o sexo feminino; o outro pode ter um único cromossoma sexual, que pode encontrar-se não-pareado (XO) ou pareado com um cromossoma Y (XY), no caso do ser humano é o sexo masculino.
    Os gametas humanos não são idênticos no que diz respeito aos crimissimas sexuais. Os indivíduos do sexo masculino (XY) produzem 50% de gametas que transportam o cromossoma X e 50% gametas que transportam o cromossoma Y, enquanto os indivíduos do sexo feminino (XX) só produzem gametas que transportam o cromossoma X, por esta razão, os indivíduos do sexo masculino são chamados de sexo heterogamético e eles que determinam o sexo da prole.

2.4.1 CROMATINA X
    Em 1949, Barr e Bertram descobriram que no núcleo interfásico de células de indivíduos do sexo feminino existe um pequeno corpúsculo de cromatina que não aparece nas células do sexo masculino. Este corpúsculo foi chamado de cromatina sexual ou corpúsculo de Barr e a partir da confer6encia de Paris, cromatina X. A cromatina X pode ser encontrada em diferentes posições no núcleo, ela deriva de um dos cromossomas X presentes na célula, o número de cromatina X é dado por: nX - 1, ou seja, número de cromossomas X menos uma unidade. Por exemplo, um indivíduo normal do sexo feminino (XX) possui apenas 1 cromatina X. nX = 2.

2.4.2 CROMATINA Y
    Estudos realizados com cromossomos Y revelaram que grande parte do cromossomo Y é heterocromático, e aparece na interfase como um um corpúsculo altamente fluorescente, denominado cromatina Y. O número de cromatina Y é igual ao número de cromossomos Y, por exemplo um indivíduo XYY tem 2 cromatina Y.

2.5 ANOMALIAS CROMOSSÔMICAS
    O funcionamento normal do sistema genético depende da estabilidade do material genético contido nos cromossomas. O cariótipo pode modificar-se levando a alterações genéticas, tais alterações podem ser no número de cromossomas quanto na sua estrutura.
    As alterações no número de cromossomos pode levar a euploidia ou aneuploidia. A euploidia é uma modificação onde todos os cromossomos do cariótipo estão aumentados ou diminuídos. E a aneuploidia é uma alteração no fato da presença de números anormais de um ou mais cromossomos do cariótipo.
    A aneuploidia pode ser resultado de uma falha na separação de um par de cromossomas¹ durante a meiose. Nos indivíduos ditos monossômicos, um dos cromossomos do par não chegou ao polo da célula; e nos trissômicos, existe um cromossoma a mais, existindo 3 cromossomas do mesmo tipo. Quando a não-disjunção ocorre na meiose, todas as células ficam comprometidas, ou seja, todas as células apresentam o mesmo cariótipo, cariótipo anormal. Caso a não-disjunção ocorra na mitose, somente certas células somáticas são anormais.

2.5.1 ALTERAÇÕES NO NÚMERO DE CROMOSSOMAS

  • Síndrome de Down
        A síndrome de Down é uma anomalia cromossômica ligada à presença de um cromossomo idêntico aos do par 21, por esta razão a S. Down é chamada de trissomia do 21. É a mais frequente das anomalias cromossômicas.
        O portador da S. Down apresenta um fenótipo característico: fenda palpebral oblíqua, baixa estatura, cabelos lisos e macios, retardo no desenvolvimento e mental e outras.

  • Síndrome de Klinefelter
        A síndrome de Klinefelter é causada pela constituição genética anômala. O cariótipo mais frequente é do tipo 47, XXY. Os indivíduos portadores desta síndrome apresentam pênis normal ou diminuído, testículos sempre pequenos e duros, são estéreis.

  • Síndrome de Turner
        Caracterizada pela falta total ou parcial de um cromossomo X O cariótipo é do tipo 45,XO, fenotipicamente são fêmeas. Os portadores apresentam estatura retardada, ovários rudimentares, não apresentam menstruação e não apresentam características sexuais secundárias.

    2.5.2 ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DOS CROMOSSOMAS
        A aberração cromossômica é uma desorganização na estrutura cromossômica que pode ser observada ao microscópio. Quando ocorre uma mutação gênica, ocorre alteração na sequência de bases do DNA; tais alterações podem ser observadas através da expressão do gene, e podem ser intra ou intercromossômicas.
        As principais aberrações cromossômicas são:    

  • Deleção ou deficiência: envolve a perda de material cromossômico;

  • Duplicação: um segmento do cromossoma é representado duas ou mais vezes, se o fragmento duplicado incluir o centrômero ele pode ser incorporado ao cariótipo como um cromossoma extra;

  • Inversão: envolve a inversão de 180° de um segmento cromossômico.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Zabala - Os ‘materiais curriculares’

  Os ‘materiais curriculares’ e outros recursos didáticos O PAPEL DOS MATERIAIS CURRICULARES Os materiais curriculares, corno variável metodologicamente são menosprezados, apesar de este menosprezo não ser coerente, dada a importância real que têm estes materiais. Uma olhada, mesmo superficial, permite que nos demos conta de que os materiais curriculares chegam a configurar, e muitas vezes a ditar, a atividade dos professores. A existência ou não de determinados meios, o tipo e as características formais, ou o grau de flexibilidade das propostas que veiculam são determinantes nas decisões que se tomam na aula sobre o resto das variáveis metodológicas. A organização grupai será cie um tipo ou de outro conforme a existência ou não de suficientes instrumentos de laboratório ou de informática; as relações interativas em classe serão mais ou menos cooperativas conforme as caraterísticas dos recursos; a organização dos conteúdos dependerá da existência de materiais com estruturações disc

A Revolução Francesa

O Antigo Regime – ordem social que garantia os privilégios do clero e da nobreza – foi sendo abalado e destruído lentamente por uma série de fatores, como as revoluções burguesas na Inglaterra, o Iluminismo, a Revolução Industrial e a Independência dos Estados Unidos da América. Mas o fator que aboliu de vez o Antigo Regime foi a Revolução Francesa (1789-1799), uma profunda transformação sócio-política ocorrida no final do século XVIII que continua repercutindo ainda hoje em todo o Ocidente. O principal lema da Revolução Francesa era “liberdade, igualdade e fraternidade”. Por sua enorme influência, a Revolução Francesa tem sido usada como marco do fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea. Embora não tenha sido a primeira revolução burguesa ocorrida na Europa, foi, com certeza, a mais importante. 1. Situação social, política e econômica da França pré-revolucionária a) Sociedade A França pré-revolucionária era um país essencialmente agrícola. O clero e a nobreza possuíam en

SIMBOLISMO EM PORTUGAL E NO BRASIL

  O Simbolismo, assim como o Realismo-Naturalismo e o Parnasianismo, é um movimento literário do final do século XIX. No Simbolismo , ao contrário do Realismo , não há uma preocupação com a representação fiel da realidade, a arte preocupa-se com a sugestão. O Simbolismo é justamente isso, sugestão e intuição. É também a reação ao Realismo/Naturalismo/Parnasianismo, é o resgate da subjetividade, dos valores espirituais e afetivos. Percebe-se no Simbolismo uma aproximação com os ideais românticos, entretanto, com uma profundidade maior, os simbolistas preocupavam-se em retratar em seus textos o inconsciente, o irracional, com sensações e atitudes que a lógica não conseguia explicar. Veja as comparações: Parnasianismo 1. Preocupação formal que se revela na busca da palavra exata, caindo muitas vezes no preciosismo; o parnasiano, confiante no poder da linguagem, procura descrever objetivamente a realidade. 2. Comparação da poesia com as artes plásticas, sobretudo com a escultura. 3. Ativid