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A PANDEMIA EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO

Em dezembro de 2019, o governo da China emitiu um alerta oficial de que uma nova e desconhecida doença estava se espalhando rapidamente pelo país. O governo da China identificou, na localidade de Wuhan, o agente causador de um tipo de síndrome respiratória aguda. Tratava-se de um novo coronavírus, o SARS-CoV-2, causador da doença conhecida simplesmente como covid-19 e facilmente transmissível pelo ar. Acredita-se que ele tenha surgido da interação de humanos com animais. 
Duas semanas depois, foi identificado o primeiro caso fora da China e, em fevereiro, a doença já havia chegado à Europa, aos Estados Unidos e a outros países asiáticos. Em março de 2020, três meses depois de ter sido identificado seu agente causador, a covid-19 adoecia pessoas em todos os continentes. 
Ainda em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que se tratava de uma pandemia. A rapidez do contágio, a incapacidade dos hospitais de receber e tratar um número enorme de infectados e a quantidade alarmante de doentes graves e mortos levou diversos governos ao redor do mundo a tomar medidas drásticas para conter o contágio: fechar estabelecimentos comerciais, paralisar transportes, suspender aulas presenciais em escolas e universidades, proibir festas e atividades esportivas, entre outras iniciativas.
Os setores de turismo, cultura e lazer foram os mais diretamente atingidos. O home office, ou o trabalho realizado da própria residência, tornou-se muito comum nos setores em que era possível.
Em vários países, as pessoas compreenderam a necessidade do distanciamento social e do uso de máscaras. Mesmo assim, em março de 2021, a OMS declarou que a pandemia levou a óbito 2,6 milhões de seres humanos. Até o início de março de 2022, a covid-19 havia vitimado 6 milhões de pessoas no mundo.
Logo os pesquisadores descobriram que a doença, batizada de covid-19, era causada por um vírus da família coronavírus. Esse vírus se transmite com grande facilidade entre os seres  humanos e provoca infecções respiratórias. Por ser uma doença até então desconhecida, de fácil propagação e para a qual ainda não havia vacina, o número de infectados e mortos cresceu a uma velocidade alarmante. A integração do planeta promovida pela globalização, com a ampla circulação de pessoas, facilitou a rápida proliferação do vírus.
Enquanto pesquisadores procuravam desenvolver uma vacina para controlar a pandemia, a principal estratégia adotada pelos governos visando evitar a propagação da covid-19 foi o isolamento social e o fechamento das fronteiras internacionais.
Os cientistas, em laboratórios farmacêuticos dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Rússia e da China, entre outros países, fizeram grandes esforços e, de modo inédito, produziram vacinas em apenas um ano. A vacinação em massa reduziu drasticamente o número de doentes e mortos em vários países. No entanto, as mutações do vírus resultam em novas variantes que continuam adoecendo as pessoas.
A desigualdade no acesso às vacinas manteve a população dos países mais pobres vulnerável ao contágio, o que pode favorecer mutações do vírus e criar variantes para as quais as vacinas existentes não são tão eficazes.
As primeiras vacinas foram disponibilizadas pelos laboratórios no final de 2020, o que contribuiu de maneira significativa para a redução do número de mortes. Ainda assim, surgiram grupos de pessoas que, deixando de lado as evidências científicas, divulgavam informações falsas, negando a gravidade da doença e questionando a eficácia das vacinas.
Mais de dois anos depois de iniciada a pandemia, em julho de 2022, os registros oficiais apontavam que, em todo o mundo, mais de 560 milhões de pessoas já haviam contraído o vírus e o número de mortos era superior a 6,3 milhões de pessoas (cerca de 1,1% dos infectados). Só no Brasil, as mortes chegaram à marca de 670 mil, ou seja, mais de 10% de todas as mortes por covid-19 no planeta.
A covid-19 se impôs em um mundo que já estava marcado por uma profunda desigualdade social. Mais de 3 bilhões de pessoas não tinham acesso à saúde, 75% dos trabalhadores não contavam com políticas de proteção social (como seguro-desemprego ou auxílio-doença) e, nos países de baixa ou média renda, mais da metade dos trabalhadores vivia em situação precária. A pandemia agravou esse quadro, afetando principalmente as camadas mais vulneráveis da população mundial. Os principais atingidos foram aqueles que viviam em ambientes com péssimas condições sanitárias e com pouco ou nenhum acesso a serviços de saúde.


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