Durante muito tempo, as mulheres foram impedidas de realizar uma série de atividades e não tiveram acesso a direitos básicos. A violência contra as mulheres ainda é uma realidade, mas, graças ao movimento feminista, direitos e novos espaços de atuação e reflexão foram conquistados.
O movimento feminista no Brasil surgiu no final do século
XIX, quando as mulheres exigiam o direito à educação, ao voto e à
participação política. No início do período republicano, trabalhadoras se
organizaram para exigir melhores salários e denunciar as condições
especialmente difíceis das mulheres operárias. Ao longo do século XX, o debate em torno da opressão e da desigualdade de gênero cresceu.
Nos anos 1960, ativistas feministas organizaram campanhas e debates em torno de temas ligados a mercado de trabalho, direito sobre o corpo, violência doméstica, estupro, etc.
As participantes do movimento inspiraram-se em ideias como as da intelectual francesa Simone de Beauvoir. Em sua obra O segundo sexo, lançada em 1949, ela demonstrou que a atribuição de diferentes papéis a homens e mulheres não é biológica, mas construída socialmente, apresentando a famosa frase “não se nasce mulher; torna-se mulher”.
Nesse contexto, a reflexão crítica sobre os papéis historicamente impostos às mulheres também incluiu questões de raça e classe, ou seja, levou em consideração as particularidades das mulheres negras e mais pobres.
As feministas contestaram a desigualdade de gênero em diversos campos, como o político, o dos direitos civis e o do trabalho, e alcançaram importantes conquistas. Duas delas foram o lançamento da pílula anticoncepcional, em 1960, o que possibilitou a milhões de mulheres o controle da fertilidade, e, no Brasil, a aprovação da lei do divórcio, em 1977.
O movimento feminista ganhou força no Brasil em 1975 com a instituição pela ONU do Ano Internacional da Mulher, concentrando-se informalmente em associações e coletivos de mulheres. Destacaram-se no período os grupos de ativistas que denunciavam a violência doméstica e o assassinato de mulheres cometidos pelos próprios companheiros.
Durante o período da ditadura militar, além da participação
em guerrilhas e movimentos estudantis, coletivos femininos começaram a surgir
nas periferias e em bairros das grandes cidades. Esses movimentos
organizavam-se para lutar por melhores condições de vida, contra a
carestia, e, principalmente, pelo direito à creche pública, gratuita e de qualidade. Essa
pauta era considerada necessária para a emancipação feminina, pois, tendo um lugar
onde deixar os filhos, mais mulheres poderiam obter empregos fora
de casa.
Foi a partir dos anos 1990 que centenas de organizações da
sociedade civil passaram a protagonizar a defesa de políticas públicas
e reformas institucionais que ampliem os direitos das mulheres. Além
disso, inúmeras organizações trabalham com apoio a mulheres vítimas de
violência ou que não tenham acesso garantido a assistência médica e
psicológica.
A presença de mulheres negras foi fundamental para ampliar a
compreensão do movimento feminista sobre as diversas formas de opressão. Passou-se, assim, a reconhecer que a discriminação e a
violência de gênero estavam relacionadas com o racismo e o preconceito
étnico contra mulheres negras. Além disso, o movimento feminista
negro trouxe importantes contribuições teóricas, graças à divulgação do
pensamento de intelectuais negras como Carolina Maria de Jesus
(1914-1977), Maria Beatriz Nascimento (1942-1995) e Lélia Gonzalez
(1935-1994).
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