sábado, 4 de janeiro de 2025

História da Paraíba

Antecedentes da conquista da Paraíba

Demorou um certo tempo para que Portugal começasse a explorar economicamente o Brasil, uma vez que os interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas Índias, e alem disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.

Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-Colônia, e especial devido a extração de  uma tinta, usada para tingir tecidos na Europa.

Esses invasores eram em sua maioria franceses, e logo que chegaram no Brasil fizeram amizades com os índios, possibilitando entre eles uma relação comercial conhecida como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por alguma manufatura sem valor.

Os portugueses, preocupados com o aumento do comércio dos invasores da colônia, passaram a enviar expedições para evitar o contrabando do pau-brasil, porém, ao chegar no Brasil essas expedições eram sempre repelidas pelos franceses apoiados pelos índios.

Com o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu criar o sistema de capitanias hereditárias. Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida em 15 grandes faixas de terras; tendo cada uma de 200 a 650 quilômetros de largura. Essas áreas, chamadas capitanias hereditárias, foram entregues a doze pessoas, que deveriam tomar conta delas e fazê-las prosperar. Cada capitania era entregue a um capitão-donatário (senhor das terras e responsáveis por sua exploração), que deveria desenvolvê-la com seus próprios recursos. Elas recebiam esse nome porque a posse passava, por herança, de pai para filho.

As terras que hoje formam a Paraíba pertenciam à Capitania de Itamaracá, cujas terras iam desde a foz do rio Santa Cruz (hoje Igaraçu) em Pernambuco, até as terras próximas ao rio Paraíba, que, nessa época, chamava-se São Domingos.

Nessas terras viviam os índios de dois grupos: no litoral, o grupo dos tupis, formado pelas tribos Tabajaras e Potiguaras. Mais para o interior, o grupo dos tapuias, formado pela tribo dos índios cariris.

                   A fundação da capitania real da Paraíba

Inicialmente essa capitania foi doada a Pero Lopes de Souza, que não pode assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila Conceição e a construção de engenhos.

Após a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando a mercê de malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de madeira.

Com a tragédia de Tracunhaém (tragédia na qual os índios mataram todos os moradores de um engenho), em 1574, a Corte Portuguesa ficou alarmada com os acontecimentos, o que levou o rei D. Sebastião a separar a Paraíba da Capitania de Itamaracá, elevando-a à categoria de Capitania Real da Paraíba, passando então a ser administrada diretamente pela Corte, que tirara para si todas as vantagens.

O Decreto Real criando a Capitania Real da Paraíba foi editado, possivelmente em janeiro de 1574. Esta foi a terceira Capitania Real do Brasil, sendo a primeira, a da Bahia e a segunda do Rio de janeiro. As terras da nova Capitania tinha os seus limites desde a foz do rio Popoca até a Baía da Traição.

Depois de expulsos do Rio de Janeiro, os franceses tentaram se estabelecer na Paraíba, onde conseguiram aliar-se aos Tupis, que dominava a região e fixaram-se na Baía da Traição, próxima a Mamanguape, onde o comércio era livre. Os franceses comerciavam pau-brasil, algodão, óleos vegetais e animais nativos, que mandavam para sua terra. Eles conseguiam conquistar os índios, em troca de ferramentas, presentes e enfeites, levando-os a não reagirem às suas invasões e até a ajudarem na derrubada de madeira.

Existia uma grande preocupação dos lusitanos em conquistar a capitania que atualmente é a Paraíba, pois havia a garantia do progresso da capitania de Pernambuco, o fim da aliança entre Potiguaras e franceses, e ainda, havia um grande interesse em estender sua colonização ao norte.

    No entanto, a Capitania Real da Paraíba nasceu de duas exigências:

·  compensação do insucesso da capitania de Itamaracá;

· necessidade de apoio ao povoamento já instalado na Capitania de Pernambuco.

 Causas do retardamento da colonização da Paraíba

Entre a criação da Capitania da Paraíba e sua efetiva conquista, decorrem mais de dez anos. Os motivos desse retardamento são gerais e particulares. Gerais porque os problemas do governo português são múltiplos, tanto na política como na economia, afastando-o de um interesse concreto em povoar terras que não davam mostras de possuírem os metais preciosos, uma das grandes ambições dos governantes europeus da época. Particulares porque uma série de circunstâncias ocorreu, ocasionando a demora da ocupação da Paraíba. Esses acontecimentos foram: ação de apresadores de índios, presença de franceses na Baía da Traição, massacre em Tracunhaém e traição aos Tabajaras.

    a)Apresadores de índios: eram aventureiros que procuravam no Nordeste a riqueza fácil e que a partir de 1560 encontraram condições de ação na Capitania de Pernambuco. Infiltrando-se entre aldeias indígenas pacíficas criaram sérios conflitos através de violência que visava contrabandear os nativos a conduzi-los escravizados em navios. Muitas amizades já consolidados entre colonos e índios foram por isso dissolvidas e em toda a região as tribos se levantaram para a guerra;

   b) Presença de franceses na Baía da Traição:  provavelmente os franceses freqüentavam os portos da Paraíba desde 1520, formando aliança com os índios Potiguaras. Essa tribo, provando não ser belicosa por natureza, recebeu os franceses em sua convivência mais íntima, permitindo a miscigenação sem fronteiras, que unia os homens loiros de Franca às mulheres Potiguaras; com eles o comércio de especiarias da terra foi franco, em troca de diferentes objetos trazidos da Europa. As razões de tal amizade foram: em primeiro lugar, os franceses procuravam homenagear os Potiguaras, naquilo que lhes era mais caro, ou seja, sua valentia, o prestígio de seus guerreiros e sua liberdade. Os potiguaras não sofriam dos franceses qualquer afronta: nem mentiras, nem apresamento, nem quebra nos padrões culturais. Em segundo lugar, conquistada a harmonia com o nativo, os franceses passavam a oferecer-lhes ensinamentos úteis, informam sobre melhores métodos de agricultura, doam ferramentas e incentivam a cultura do algodão. Quando surgiram, portanto, os primeiros conquistadores da Paraíba tentando colonizá-la, franceses e potiguaras estavam em bom entendimento para a defesa de seus interesses.

   c) Massacre de Tracunhaém: trata-se de um acontecimento histórico decisivo para a criação da Capitania da Paraíba. O seguinte episódio, ocorreu no vale do rio  Tracunhaém, que pertencia a Itamaracá e hoje se localiza a pequena distância da cidade pernambucana de goiana. Deu-se que, por ali, em 1574, transitaram dois guerreiros potiguares, provenientes de Olinda, onde, por determinação do governador geral Antônio Salema, recapturaram jovem indígena de quinze anos, filha do cacique Iniguaçu, e que fora arrebatada por mameluco das aldeias da serra da Copaoba. A beleza da índia, todavia, tanto fascinou o proprietário Diogo Dias que decidiu ficar com a moça. O rapto irritou os indígenas que insuflados pelos franceses, caíram sobre o engenho de Dias, no Tracunhaém, massacrando seus habitante, a única exceção de um irmão de Diogo. Simultaneamente, os demais centros de povoamento de Itamaracá foram atacados, com os ocupantes refugiando-se na ilha. Diante do fato, o rei D. Sebastião, para colonizar a região e por fim à fúria selvagem, fez com que Portugal ao mesmo tempo tomasse posse da terra; criou, então, a Capitania Real da Paraíba desmembrando-a da capitania de Itamaracá. Toda a ação de conquista que se tentasse, porém compromissava-se com a guerra aos Potiguaras e com a expulsão dos franceses.

    d)Traição aos tabajaras : aconteceu quando essa tribo situava-se na região do rio São Francisco. Em 1573, Francisco Caldas, com mais de 200 homens, pretendendo apresar Tapuias, chegaram até a tribo do chefe Piragibe, já com amizade firmada com os colonos. Conseguindo reforço de índios, viajou para o interior, de onde voltou semanas depois, trazendo carregamento de índios escravizados. Na verdade Francisco Caldas pretendia também cativar Piragibe e toda sua gente. O chefe Tabajara tomando conhecimento da intenção do aventureiro e depois de avisar a Assento de Pássaro, outro chefe e parente, armou uma cilada fatal, de que resultou o massacre de toda a expedição e soltura de escravos. Desde aí, Piragibe junto com Assento de Pássaro, abandonaram sua morada e emigrou com sua família e grande número de índios Tabajara, percorrendo o interior até chegar a Paraíba. Em 1585, aliou-se aos potiguares, contra a conquista da Capitania Real da Paraíba.

                       As lutas pela conquista da Paraíba

Quando foi criada a capitania real da Paraíba, o Brasil vivia o sistema de Governo Geral. Na época, o governador geral era Luís de Brito e Almeida. Este recebeu do rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim, começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para isso, o rei de D. Sebastião mandou primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.

      a) Primeira expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mais isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.

     b) Segunda expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota foi devolvida ao porto de origem, com o próprio Governador Geral, e outra conseguiu ancorar em Pernambuco onde, depois de esperar algum tempo também retornou à Bahia.

    c) Terceira expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de que se conquistasse a Paraíba, a governaria por dez anos. Essa ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.

    d) Quarta expedição (1582) : com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.

    e) Quinta expedição(1584) : esta teve a presença de flores Valdez, Felipe de Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, Que conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. 

Definindo a conquista

Em 1584, as lutas pela Paraíba registraram a participação dos espanhóis a que, indiretamente, passara a pertencer o Brasil, em razão da união das Coroas de Portugal e Espanha, subordinados a um mesmo soberano - Felipe II da Espanha. Esse acontecimento ocorrido em 1580, na Europa, explica a atuação nas peripécias paraibanas de 1584, de dois espanhóis, o almirante Diogo Flores Valdez e o alcaide Francisco Castejom.

Ao primeiro coube chefiar a Armada que veio combater os franceses no mar e fechar a desembocadura do rio Paraíba, batizado de São Domingos pelos Portugueses. Castejom encarregou-se do comando de baluarte, erguido nas proximidades do estuário do Rio da Guia, afluente da Paraíba. O fortim batizado de São Felipe e São Tiago ensejou a denominação de Forte Velho para a localidade, hoje convertida em centro de turismo.

Não foi desta feita, todavia, que a resistência indígena resultaria dominada. Edificada em local inadequado, a fortaleza viu-se cercada pelos Potiguaras que, em campo aberto, destruíram bandeiras que se aventuraram pelo interior. Quando as desavenças entre o capitão-mor Frutuoso Barbosa, português, e o alcaide Castejom, espanhol, se acentuaram, a situação dos conquistadores tornou-se insustentável. Castejom incendiou o forte e jogou a artilharia ao mar, retirando-se para Olinda, onde foi preso pelo Ouvidor Martim Leitão.

Em 1585, coube a este último organizar expedição para a conquista, somente então consumada. Devido à importância estratégica, a Paraíba fora criada como Capitania Real, isto é, diretamente subordinada à coroa, o que propiciou o emprego de recursos oficiais no empreendimento.

A expedição chefiada militarmente por João Tavares, partiu de Olinda, com aproximadamente mil homens, a cavalo e a pé. Entre os participantes das jornadas encontrava-se militares, proprietários e sacerdotes, com índios “domesticados” e escravos negros compondo a massa restante.

Quando aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras, Martim Leitão manda saltá-los, afirmando que sua luta era contra os Potiguaras.

Após o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra traição, a rejeitaram.

O cacique Piragibe, à frente dos Tabajaras, tinha planos de cercar o forte e invadir também as capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Mas houve sérios desentendimentos entre os Tabajaras e os Potiguaras, os quais levaram as duas tribos a guerrearem entre si.

Martim Leitão, sabendo desses fatos, preparou-se para tentar as pazes com o valente cacique Piragibe, pois sabia da importância de tê-lo como aliado.

Para essa missão de paz, o escolhido foi o capitão João Tavares, de espírito conciliador. Finalmente, no dia 5 de agosto de 1585, celebraram um acordo, na encosta de uma colina em frente ao rio Sanhauá, onde se construíram um forte de madeira. Nesta data, foi firmada definitivamente a conquista da Paraíba.

A conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união de um português e um chefe indígena chamado Piragibe, palavra que significa Braço de peixe.

Em virtude de ser o dia 5 de agosto dedicado a Nossa Senhora das Neves, a nova cidade recebeu o nome de Nossa Senhora das Neves, passando a chamar-se Filipéia de Nossa Senhora das Neves (29/outubro/1585) em homenagem ao Rei Felipe da Espanha.

Depois passou a chamar-se Frederikstadt (frederica) (26/dezembro/1634) por ocasião da conquista pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza o Príncipe Orange, Frederico Henrique. Em seguida, Parahyba (01/fevereiro/1654) no retorno ao domínio português, recebendo a mesma denominação que teve a capitania, depois província e por último Estado. Finalmente, João Pessoa (04/setembro/1930) homenagem prestada ao presidente do Estado assassinado em recife e que havia negado apoio ao Dr. Júlio Prestes, candidato oficial nas eleições de 1930. 

A fundação da cidade e a consolidação da conquista

    1 – O início da cidade de Nossa Senhora das Neves

Celebrado o acordo com os Tabajaras, os portugueses puderam fundar a cidade sede da capitania. Por escolha de Martim leitão, João Tavares e Frutuoso Barbosa, que percorreram a cavalo a planície situada entre o rio Paraíba e o oceano Atlântico, a nova cidade foi edificada a partir de quatro de novembro de 1585, na parte mais elevada, visava assegurar-lhe a defesa, a proximidade do rio possibilitaria através dessa exportação dos produtos elaborados ou encontrados – açúcar, peles, couro, âmbar, madeiras e algodão. Incluindo no conjunto de trocas da economia mundial, a capitania integrava o sistema econômico mercantilista.

Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade criada no Brasil, sem nunca ter sido Vila. Este privilégio lhe coube porque fora fundada pela cúpula da Fazenda Real, uma Capitania da Coroa. 

2 – Consolidação da conquista

Martim Leitão, artífice primeiro da cidade de Nossa Senhora das Neves e de sua consolidação, trouxe consigo pedreiros, carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a cidade. As primeiras medidas de Martim Leitão foram para a construção de galpões de trabalho, levantamento de um forte, projeção de uma casa para servir de almoxarifado e demais construções essenciais à moradia.

A principal fortificação teve construção iniciada em1586, no lugar denominado Cabedelo – palavra equivalente a ponta de terra – onde o rio Paraíba se encontra com o mar. Tornava-se essencial fortalecer esse sítio porque quem o controlasse teria acesso à cidade, dezoito quilômetro rio abaixo.

Datou daí a instalação da fortaleza de Santa Catarina, de Cabedelo, ou ainda do Matos, em homenagem a seu primeiro comandante, Francisco Cardoso  do Matos. A munição era assegurada pela Casa da Pólvora, a terceira e mais importante das quais tomou o lugar do forte do Varadouro, em 1710.

A colonização da Paraíba é pontilhada de momentos difíceis. Além dos problemas de subsistência do pequeno grupo pioneiro de Martim Leitão e João Tavares era necessário: 

- Proteger os locais escolhidos para dar início ao povoamento;

-  Vigiar a barra do rio Paraíba, porta aberta aos franceses e aventureiros;

-  Ter cautela com tribos Cariri, que podiam atacar vindos do interior;

-  Sustentar defesa contra investidas Potiguaras;

-  Expulsar os franceses;

-  Conservar a aliança com os Tabajaras;

-  Transferir colonos e fixa-los na Capitania;

-  Estabelecer uma economia estável.

 3 – Economia e ocupação colonial

Naquela época, a riqueza vegetal da Paraíba era a base inicial de sua economia. As madeiras exploradas eram o pau-brasil e outras, como o pau-brasil e outras, como o cedro, o jacarandá, resistentes e duráveis que s destinavam ao fabrico de barcos e móveis para a nobreza.

Logo a cana-de-açúcar, plantada nas várzeas da Capitania Real da Paraíba, foi sendo reconhecida como da melhor qualidade. Numa época em que o açúcar dava bastante lucro, não se perdeu muito tempo e, nas proximidades da capital, apareceram os primeiros canaviais. Em 1587 funda-se o Engenho Real no Tibiri, onde se inicia a plantação de cana de açúcar, integrando a Paraíba a rede do comércio colonial.

Logo os engenhos ficaram de “fogo aceso” nas várzeas da Paraíba. Tanto é que em 1610, 25 anos depois da implantação a agroindústria açucareira na capitania, já funcionavam 12 engenhos fabricando açúcar e enviando para a Europa.

O florescimento da cultura açucareira deu-se durante todo o século XVI e primeira metade do século XVII, quando veio a crise da produção regional, provocada pela concorrência do açúcar das Antilhas.

Ainda no século XVII, a ocupação do sertão foi determinada pela necessidade de prover a área açucareira de animais para o trabalho e alimento para a população. Foi então que a pecuária sertaneja surgiu, revestindo-se de grande importância geoeconômica, à medida que extensa faixa territorial pôde ser ocupada por reduzida população. Nesta área, o grande proprietário baseou sua economia em duas atividades: pecuária e cultura do algodão. A cultura do algodão que ficou conhecido como ouro branco. sua produção proporcionou um desenvolvimento considerável na economia local. O criação de gado também teve uma importância singular na Paraíba. Sua atividade econômica estava voltada para o mercado interno e, consequentemente, os lucros oriundos de sua comercialização permaneciam na mesma. Sua fase áurea ficou conhecida como ciclo do couro.

A construção do forte de cabedelo na foz do Rio Paraíba  serviu de ponto de apoio para a continuidade da conquista do norte da capitania (vales Mamanguape e Camaratuba), do Rio Grande do Norte e mais tarde da penetração para oeste rumo ao sertão.

Entre 1585 e 1634 se processou a consolidação do povoamento do litoral. Este se deteve, até meados do século XVII, na Borborema, onde a presença de densas florestas, índios e o relevo acidentado retardaram a ocupação.

O sertão já tinha sido batido pelos bandeirantes baianos, paulistas e paraibanos. a primeira penetração fora a de Elias Heckman, por ordem de Maurício de Nassau(durante o domínio holandês), em 1641, à procura de ouro. Os franceses conheceram muito cedo, por via marítima, a baía da Traição: Mamanguape já era visitada, antes da conquista, por portugueses, franceses e mamelucos de Olinda.

Foram os missionários de catequeses que avançaram primeiro para a área dos cariris, surgindo depois da de Pilar, a aldeia de Campina Grande. Teodósio de Oliveira Ledo lançou-se até o boqueirão na serra do Carnoió, onde instalou um acampamento. em vez das missões, já era a guerra. Essa bandeira trágica atravessou a chapada e, descendo, atingiu Piranhas. Foi mais além. Em 1697 seu guia já era capitão mor de Piranhas e Piancó. No final do século XVII, o apresamento e o morticínio dos índios e os maus-tratos recebidos pelos que eram escravizados provocaram a revolta indígena conhecida como Confederação dos Cariris.

4 – A organização político-administrativa

 A nova cidade teve uma administração, de 1585 a 1634, de capitães-mores ou governadores.

Nos primeiros tempos, a capitania da Paraíba era dirigida por um governador, o capitão-mor (denominação que significava que ele dirigia os capitães).

Com a dilatação da conquista, as populações do interior também tiveram os seus capitães-mores, que comandavam as ordenanças, supervisionavam o policiamento dos sertões, respondia pela paz e ordem das suas circunscrições e eram subordinados ao governador.

Havia outras autoridades: o Ouvidor-Geral que cuidava da justiça, dos juízes de órfãos e certos juízes inferiores denominados almotacés incumbidos de tomar conhecimento dos negócios pequenos. O Provedor da Fazenda presidia à arrecadação das rendas da Fazenda Real.

Existia em cada Capitania no tempo colonial (que, aliás, foi até o Império) o Senado da Câmara, órgão que zelava pelos interesses do povo perante os governos da Capitania, da Colônia e do Reino. Ainda havia na capitania da Paraíba a Casa do Conselho, com o pelourinho, onde funcionava o Tribunal de Justiça.

O período governamental era de três anos geralmente. Entretanto, poderia ser excedido, dependendo de circunstâncias. 

 Propriedade, escravidão e organização familiar

Do ponto de vista social, ou seja, da composição de classes, a capitania da Paraíba, tal como o restante da sociedade brasileira, fundamentou-se na grande propriedade territorial, a chamada sesmaria.

A primeira sesmaria paraibana foi concedida ainda no século XVI, quando seu número não passou de cinco, no século XVII, esse número cresceu, mas na primeira metade, sua localização não ultrapassou os vales dos rios Paraíba e Mamanguape, o que significa colonização ainda restrita ao litoral. Na segunda metade do século XVII e, principalmente no século XVIII, essas sesmarias alcançaram os pontos mais distantes do território Paraibano, o que representou a expansão deste, com incorporação das terras sertanejas à colonização. No século XIX, as sesmarias concedidas aos que desejavam lavrar a terra baixaram de número, tanto por o território já se encontrar quase inteiramente ocupado, quanto pela Lei de Terras, de 1850, que extinguiu o sistema sesmarial. Daí em diante, as chamadas terras devolutas somente puderam ser adquiridas mediante compra.

A sesmaria, que originou o latifúndio, monocultor com a cana-de-açúcar no litoral e brejo, e binômio pecuária – algodão, no sertão, responsabilizou-se pela ocupação da Paraíba. O proprietário, todavia, não trabalhava diretamente a terra. Desde o início recorreu=se ao braço do negro africano, para cá importado. Surgia assim, na zona da mata, onde rios, solo de tipo massapé e, principalmente demanda dos mercados externos ensejavam partidos de cana e engenhos, o latifúndio monocultor e escravista.  Sua força de trabalho residia na mão-de-obra negra, não porque o índio fosse indolente ou inapto ao trabalho, mas porque na escravidão africana residiam os maiores lucros do sistema econômico mercantilista, baseado na circulação de mercadorias.

Essa sociedade era também patriarcal. Isso porque o grande proprietário,  dispunha de poderes absolutos, nos limites de sua propriedade. A mulher, filhos, agregados e escravos deviam-lhe fidelidade. Não raro, castigos físicos acompanhavam as transgressões. A mulher teve alguma importância nesse tipo de organização social, mas seus poderes limitavam-se ao interior da casa grande. Quanto aos filhos, casavam-se mediante recomendação dos pais, verificando-se muitos casamentos entre parentes para impedir divisão da propriedade. O despotismo patriarcal  ampliava os limites da família, de modo  que, ao lado da família legítima, sobrevinha outra, ilegítima, mediante multidão de filhos naturais. 

 Algumas das Primeiras vilas da Paraíba na Época colonial

Com a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. No primeiro decênio do século XVII, a Paraíba já era considerada a terceira capitania mais desenvolvida do Nordeste, perdendo apenas para a Bahia, capital da colônia, e para Pernambuco. A cidade já contava com mais de 1.000 habitantes e a região possuía aproximadamente 20 engenhos. A seguir temos algumas informações sobre as primeiras vilas da Paraíba. Não especificamente na ordem cronológica.

PILAR

O início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando as fazendas de gado foram encontradas pelos holandeses.   Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela região. Foi elevada a categoria de vila em 14 de setembro de 1758. Em 1670, Jesuítas, acompanhados pelos índios Cariris, fundaram um colégio. Em torno do mesmo, formou-se o povoado, cuja população era constituída principalmente de garimpeiros, que para ali se deslocavam em busca do ouro existente.

A produção de açucareira trouxe grande prestígio para Pilar, em virtude dos inúmeros engenhos distribuídos pelas várzeas e baixios do território, tanto que, em 1859, teve a honra de receber a visita do Imperador D. Pedro II, hospedado no solar do Barão de Maraú, onde recebeu grandes homenagens.

Pilar foi elevada a município em 1985, quando o cultivo  da cana-de-açúcar se tornou na principal atividade da região. 

SOUSA

A fertilidade da região atraiu moradores interessados no cultivo das terras. Nesta localização, Bento Freire de Sousa e José Gomes de Sá também situaram as suas fazendas.
Assim, o povoado desenvolvia-se e, em 1730, contava com 1.468 habitantes, segundo informações do Cabido de Olinda.
Esse crescimento chamou atenção de Bento Freire que, residindo na Fazenda Jardim, tomou a iniciativa de organizar um povoado.

Conhecida como Jardim do Rio do Peixe, nome primitivo da localização, foi elevado à categoria de Vila por decisão do Reino, expressa por força de autoridade da Carta Régia de 22 de julho de 1766. Mesmo ostentando a condição de distrito, permaneceu o povoado com o seu nome primitivo. Foi através da Lei Provincial de Nº 28, de 10 de julho de 1854, que a Vila de Sousa foi elevada à categoria de cidade passando, na oportunidade, a denominar-se Sousa, em homenagem ao seu benfeitor, Bento Freire de Sousa, conhecida hoje por "cidade sorriso".

Hoje a sexta cidade mais populosa do estado e dona de um dos mais importantes sítios arqueológicos do país (Vale dos Dinossauros), onde encontra-se várias pegadas de repteis pré-históricos.    

CAMPINA GRANDE

Sua colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio  de Oliveira Ledo instalou na região um povoado. Os indígenas formaram uma aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por onde passavam camponeses. Percebe-se que as características comerciais de Campina Grande nasceram desde sua origem.

Campina foi elevada à freguesia em 1769, sob a invocação de nossa senhora da Conceição. Sua elevação à vila com o nome Vila Nova da Rainha se deu em 20 de abril de 1790. A cidade de Campina Grande tem, entre vários destaques, o Açude Velho, construído em 1828 por consequência da forte seca de 1824/1828, que assombrou o Nordeste. Sua conclusão deu-se em 1830.Em épocas passadas, o Açude Velho foi o maior reservatório da Serra da Borborema, responsável pela manutenção da Vila, e depois, cidade. Às suas margens encontramos o monumento aos Tropeiros da Borborema, um dos símbolos da cidade. Hoje Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste. 

Guarabira

Foi fundada no Engenho Morgado, do senhor Duarte Gomes da Silveira. Os primeiros habitantes da localidade foram os índios Potiguares. Eles viviam em constantes conflitos com os colonizadores (franceses e portugueses), por volta do século XVI.

José Gonçalves da Costa Beiriz foi o fundador do município que recebeu o nome de Guarabira. Antes, era chamada pelos índios de "Guaraobira" ou "Guirabira", mas a Lei 841, de 26 de novembro de 1877 elevou a localidade a categoria de cidade, com a denominação de Guarabira.

SÃO JOÃO DO CARIRI

Tendo sido povoada em meados do século XVII pela enorme família Cariri que povoava o sítio São João, entre outros, esta cidade que atualmente não se destaca muito à nível estadual foi elevada à vila em 22 de março de 1800. Sua emancipação política é datada de 15 de novembro de 1831.

POMBAL

 No final do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo realizou uma entrada através do rio Piranhas. Neste venceu o confronto com os índios Pegas e fundou ali uma aldeia que inicialmente recebeu o nome do rio (Piranhas).

Devido ao sucesso da entrada não demorou muito até que passaram a chamar o local de Nossa Senhora do bom sucesso, em homenagem a uma santa.

Em 1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem a padroeira da cidade considerada uma relíquia histórica nos dias atuais.

Foi em 03 de março de 1772 que o ouvidor da Paraíba.  José Januário de Carvalho encaminhou — em nome dos habitantes da povoação do Piancó — representação ao governador de Pernambuco Manuel da Cunha de Meneses, propondo a instalação de uma vila nos sertões da Paraíba, nos termos de uma Carta Régia autorizando a criação de novas Vilas na jurisdição de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte. 

Por carta régia de 22 de julho de 1766 foi elevada à categoria de vila, com o nome de Pombal. Homenagem ao ao famoso Marquês de Pombal. Elevada à categoria de vila deu-se a instalação oficial a 4 de maio de 1772. Data hoje considerada como sendo também a da criação do município. De imediato, fizeram-se eleições livres para o preenchimento dos cargos oficias da Câmara e elegeu-se presidente e Judiciário da Câmara o capitão-mor Francisco de Arruda Câmara.

AREIA

Areia foi a principal civilização do Alto Brejo paraibano durante o século XIX, final do século XVIII e início do século XX a tal ponto de ter tido o primeiro teatro do estado.
Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é considerada também como a de sua elevação à vila.
Sua emancipação política se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje, areia se destaca como uma das principais cidades do interior da Paraíba. Em se tratando de história e cultura, esta cidade é um patrimônio paraibano.
Em Areia, José Américo de Almeida nasceu para crescer e escrever livros como "A Bagaceira", um clássico da literatura brasileira. José Américo viveu 93 anos e morreu na cidade de João Pessoa. Além de grande figura literária, José Américo se destacou também na área política, onde chegou a ser ministro no governo de Getúlio Vargas. José Américo viveu grande parte de sua vida na praia do Cabo Branco, em João Pessoa, onde hoje se encontra um museu.

Alhandra

Inicialmente as terras que hoje comporta a cidade de Alhandra, eram habitadas pelos índios Arataquís, que viviam em constantes combates contra os Tabajaras, que ocupavam a região onde hoje se localiza a Capital João Pessoa.

Em 1758, foi elevada à categoria de 1ª Vila da Paraíba, sendo apenas instalada em 1765. e elevada à categoria de cidade com a denominação de Alhandra, no dia 24 de abril de 1959. Após Alhandra se seguiram quatro vilas, a de Pilar (1758), a de São Miguel da Baía da Traição (1762), a de Monte-Mor da Preguiça (atual Rio Tinto em 1762) e a de Jacoca, (atual Conde em 1768). Todas elas fundadas a partir de aldeias indígenas. Nota-se que todas foram criadas em um curto espaço de tempo, e todas além de serem aldeias indígenas, ficavam também na faixa litorânea. 

  Primeiros governadores da Paraíba

 1 – João Tavares (1585-1588)

Martim Leitão ao deixar a Paraíba após a sua conquista e fundação. Deixou aqui como capitão-mor, João Tavares, sendo este o nosso primeiro governador.

Foi fundado por João Tavares o primeiro engenho – o Engenho Real – às margens do Tibiri, e o forte de São Sebastião, construído por Martim Leitão para a proteção do engenho.

Os jesuítas ficaram responsáveis pela catequização dos índios. Eles ainda fundaram um Centro de Catequese e em Passeio Geral edificaram a capela São Gonçalo.

O governo de João Tavares foi demasiadamente auxiliado por Duarte Gomes da Silveira, natural de Olinda. Silveira foi um senhor de engenho e uma grande figura da Capitania da Paraíba durante mais de 50 anos. Rico, ajudou financeiramente na ascensão da cidade. Em sua residência atualmente se encontra o Colégio Nossa Senhora das Neves.

Apesar de ter se esforçado muito para o progresso da capitania, João Tavares foi posto para fora em 1588, devido à política do Rei.

 2 – Frutuoso Barbosa (1588-1591)

      Devido à grande insistência perante a corte e por defender alguns direitos, Frutuoso Barbosa foi, em 1588, nomeado o novo capitão-mor da capitania da Paraíba, auxiliado por D. Pedro Cueva, ao qual foi encarregado de controlar a parte militar da capitania.

Neste mesmo período, chegaram alguns frades franciscanos, que fundaram várias aldeias e por não serem tão rigorosos no ensino religioso como os jesuítas, entraram em desentendimento com esses últimos. Esse desentendimento prejudicou o governo de Barbosa, pois se aproveitando de alguns descuidos, os índios Potiguaras invadiram propriedades. Vieram em auxílio de Barbosa o capitão-mor de Itamaracá, com João Tavares, Piragibe e seus índios.

No caminho, João Tavares faleceu de um mal súbito. Quando o restante do grupo chegou a Paraíba, desalojou e prendeu os Potiguaras.

Com o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Barbosa ordenou a construção de uma fortaleza em Cabedelo. Piragibe iniciou a construção do forte com os Tabajaras, porém, devido à interferência dos jesuítas, as obras foram concluídas pelos franciscanos e seus homens.

Em homenagem a Felipe II, da Espanha, Barbosa mudou o nome da cidade de Nossa  Senhora das Neves para Filipéia de Nossa Senhora das Neves.

Devido às infinitas lutas entre o capitão Pedro Cueva e os Potiguaras e os desentendimentos com os jesuítas, houve a saída de Cueva e a decisão  de Barbosa de encerrar o seu governo.

 3 – André de Albuquerque Maranhão (1591-1592)

André de Albuquerque governou apenas por um ano. Nele, expulsou os Potiguaras e realizou algumas fortificações. Entre elas a construção do forte de Inhobin para defender alguns engenhos próximos a este rio.

Ainda nesse governo os Potiguaras incendiaram o forte de Cabedelo. O governo de Albuquerque se finalizou em 1592.

4 – Feliciano Coelho de Carvalho (1592-1600)

Somam-se os fatos importantes, durante o governo de Feliciano Coelho Carvalho:

a)     Ofensiva contra os índios: No ataque, o capitão-mor foi mais de uma vez a serra de Capaoba, movendo guerra aos Potiguaras e seus; na cautela, repensou o ponto fraco que cercavam a defesa da cidade de Filipéia transferindo a aldeia de Braço de Peixe, da Ilha do Bispo, para a várzea do Paraíba, dividindo-a em duas partes.

b)    Definitiva expulsão dos franceses: Em 1595 deu-se a interferência de um fato político europeu, que ativaria a exploração francesa sobre o Nordeste brasileiro: foi o começo de uma guerra entre Espanha e França. O principal efeito para a Capitania Real  da Paraíba aconteceu quando uma Armada francesa, composta de 13 naus e conduzindo cerca de 350 homens, atacou o Forte de Santa Catarina, em 1597, defendido por apenas 20 homens, a fortificação agiu heroicamente, expulsando o invasor. Essa vitória tem muito significado histórico, pois marca a definitiva expulsão dos franceses da Paraíba, permitindo a ação integradora da Capitania, no conjunto do litoral brasileiro.

c)     Auxílio à conquista do Rio Grande do Norte:  A expedição marítima que passou pela Paraíba em direção ao Rio Grande do Norte, em fins de 1597, objetivando conquistá-la, contou com a participação do capitão-mor; na primeira tentativa de ajuda, Feliciano não conseguiu fazer muito, pois os membros da expedição foram acometidos de uma epidemia de varíola, obrigando-os a retornarem à cidade de Filipéia. Assim que o mal foi afastado, Feliciano Coelho de Carvalho organizou nova expedição armada, chegando ao Rio Grande do Norte exatamente quando aquela Capitania se encontrava em plena dificuldade, diante das suspeitas de que  haveria abandono das instalações já começadas, se o reforço paraibano não tivesse chegado a tempo. Em 6 de janeiro de 1598, fundava-se o Forte dos Reis Magos.

d)     Acordo de paz com os Potiguaras: Aconteceu em 1599, depois de vários entendimentos que procuraram solucionar o problema comum à Paraíba e ao Rio Grande do Norte. No dia 11 de junho o acordo foi celebrado solenemente, com a presença das maiores autoridades do Nordeste, na época. Pelos Potiguaras, falou o índio Pau-Seco, representando o cacique Zorobabé, acompanhado por cerca de 50 guerreiros; em nome dos Tabajaras compareceram o cacique Braço de Peixe e seus filhos Pedra Verde e Braço Preto; Feliciano Coelho de Carvalho, juntamente com a população branca e mestiça da Paraíba, comandou a solenidade, ao lado das pessoas mais importantes das capitanias de Itamaracá, Pernambuco e Rio Grande do Norte, que haviam sido especialmente convidadas.

A paz com os Potiguaras e sua consequente submissão teve grande importância para o desenvolvimento da Capitania Real da Paraíba e os motivos de tão esperado      acontecimento estão relacionados a os seguintes fatos:

-       Rompimento forçado da aliança dos Potiguaras com os franceses, resultante de sua expulsão da Paraíba, em 1597, assegurado pela heróica ação dos que defendiam o Forte de Santa Catarina. Perder os franceses como amigos, significou para os índios, perder armas, navios, pólvora e incentivos;

-       As guerras movidas por Martim Leitão, João Tavares, Pero Lopes e Feliciano Coelho de Carvalho, causou significativas baixas no número de guerreiros Potiguaras, provocando também imigrações em massa, para o Norte.

-       A fundação do Forte dos Reis Magos, no Rio Grande do Norte, significou uma grande ameaça aos índios rebeldes, reforçando a defesa e o ataque dos colonizadores, aliados em suas tarefas de povoar e produzir;

-       A epidemia de varíola que alcançou os Potiguaras, em 1597, devastou grande quantidade de índios, indefesos ao “vírus” da alarmante doença. 

A Paraíba teve 11 governadores entre os anos de 1585 a 1634, até cair nas mãos dos holandeses. Seguiu o seu ritmo de progresso com a lavoura do açúcar e, juntamente com Pernambuco e Bahia, tornou-se o maior centro comercial do mundo ocidental, atraindo assim a cobiça dos invasores flamengos.

A relação dos governadores da Paraíba no período que vai da conquista ao domínio holandês, nem sempre a nomeação importava em posse do cargo, muitas das vezes ficavam aguardando a vacância para exercer as suas funções, porque os providos no cargo só o deixavam quando recebiam ordens para isso, e que foram os seguintes:

de 1585 a 1588 = João Tavares
de 1588 a 1591 = Frutuoso Barbosa
de 1591 a 1592 = André de Albuquerque
de 1592 a 1600 = Feliciano Coelho de Carvalho
de 1600 a 1603 = Francisco de Souza Pereira
de 1603 a 1605 = André de Albuquerque
de 1605 a 1608 = João de Barros de Correia
de 1608 a 1612 = Francisco Coelho de Carvalho
de 1612 a 1616 = João Rabelo de Lima
de 1616 a 1620 = Francisco Nunes Marinho de Sá
de 1620 a 1623 = João de Brito Corrêa
de 1623 a 1627 = Afonso de França
de 1627 a 1634 = Antônio de Albuquerque

 A Presença Holandesa na Paraíba

Portugal desde 1580 estava sob domínio espanhol, e consequentemente, o Brasil. A instalação da empresa açucareira no Brasil contou com a participação holandesa, desde o financiamento das instalações até a comercialização no mercado europeu. Assim, quando Felipe II proibiu a manutenção dessas relações comerciais, tirou dos holandeses uma grande fonte de lucros, levando-os a reagirem com a invasão ao Nordeste brasileiro. Para isso, os holandeses organizaram uma Companhia – a Companhia das Índias Ocidentais –, e decidiram invadir a capital, em 1624. Prenderam o Governador Geral e o enviaram para a Holanda.

Não conseguiram, no entanto, governar a região. Sob o comando de D. Marcos Teixeira, as forças brasileiras mataram vários chefes batavos, enfraquecendo as tropas holandesas. Em maio de 1625, eles foram expulsos da Bahia pela esquadra de Fradique Toledo Osório. 

As invasões holandesas atingem também a Paraíba e através de ataques contínuos a Cabedelo, onde a resistência foi muito acentuada, tentam se fixar em nossas terras, porém só concretizando em 1634, quando desembarcam ao norte da foz do Jaguaribe e conseguiram vitória sobre as tropas do governador paraibano Antônio de Albuquerque Maranhão e partindo para dominar Cabedelo, onde tiveram êxito.

Em dezembro de 1634 os holandeses entraram na cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves e passaram a administra-las até 1645.

A preocupação inicial dos holandeses consistiu em manter defesas, para estabilizar a conquista, e atrair a simpatia dos habitantes da Paraíba, cuja capital teve a denominação mudada para Frederica. A Fortaleza de Santa Catarina, no Cabedelo, foi rebatizada como Margareth.

Alguns dos nossos moradores pressentindo a derrota e não querendo se submeter aos inimigos, retiraram-se da Capitania. Porém antes da retirada, queimavam os canaviais e inutilizavam os engenhos. André Vital de Negreiros foi o primeiro a tocar fogo no engenho do seu pai e muitos seguiram-lhe o exemplo.

Para impedir possível rebelião, os holandeses tanto fortificaram a Igreja de São Francisco e o convento de Santo Antônio, a cujas portas instalaram entrincheiramentos e bateria, quanto ocuparam a inacabada Igreja de São Bento, na Rua Nova. Quando os religiosos franciscanos tentaram desobedecer às ordens dos novos senhores, foram expulsos da Capitania.   

Nova organização política, social e econômica

Os holandeses reconheceram a desvantagem de ver a terra desamparada, engenhos abandonados, outros danificados. Então se prestaram a fazer com os moradores uma espécie de pacto. Duarte Gomes da Silveira foi um dos primeiros a se apresentar ao inimigo e serviu de mediador entre os moradores e os invasores. Não traindo os seus, mas para não entregar de tudo o que lhes custara tanto trabalho.

O primeiro governador da província holandesa da Paraíba e Rio Grande do Norte foi Servaes Carpentier que em nome do Príncipe de Orange, dos Estados Gerais e da Companhia fez aos paraibanos, em ata de 13 de janeiro de 1635, as seguintes promessas: ofereceram anistia, liberdade de consciência e de culto católico, manutenção do regime de propriedade, proteção aos negócios e observâncias das leis portuguesas nas pendências aos naturais da terra.

Tais recomendações surtiram efeito, daí porque não foram poucos os que aderiram aos invasores. O padre jesuíta Manoel Morais abjurou a fé católica e embarcou para a Holanda, onde se fez calvinista e casou.

No plano administrativo, conservou-se parte da antiga administração, subordinada, porém, ao diretor geral, função inicialmente ocupada pelo conselheiro Servaes Carpentier. Funcionários denominados escabinos e escoltetos encarregou-se de administra a justiça e cobrar impostos.

No plano econômico-social, os holandeses mantiveram a escravidão. Com esse objetivo, ocuparam, preliminarmente, a província portuguesa de angola, na África, principal fonte de fornecimento de cativos. Introduzindo aperfeiçoamentos técnicos como moendas metálicas, no lugar das antigas, feitas de madeira, ofereceram empréstimos aos proprietários de engenhos. A maior parte destes, liderados por Duarte Gomes da Silveira aceitou a oferta.

A principal colaboração recebida pelos holandeses proveio dos índios Potiguaras enquadrados pelos caciques Pedro Poti e Paraupaba. Em troca, os holandeses chegaram a realizar assembleia de índios para a qual os principais do Ceará e Pernambuco enviaram representantes à vila de Itapessirica, em Pernambuco. 

A Resistência anti-holandesa

O controle holandês sobre a Paraíba durou apenas vinte anos, de 1634 a 1654, e nunca se fez total. Isso porque, desde cedo, os que não o aceitaram partiram para a luta armada que assolou a várzea do Paraíba. Nesta os flamengos nunca conseguiram firmar-se.

Já em 1636, o segundo diretor geral Ippo Eyssens, tido como arbitrário, foi morto numa emboscada, quando assistia a farinhada no engenho Santo Antônio. O principal responsável foi o capitão Francisco Rabello, o Rabellinho. Reagindo, os holandeses procuraram apresentar combate no Tibiri, que foi evitado pelos luso-brasileiros que pretendia retrair-se e recorrer a ataques rápidos e de surpresa. Era a guerrilha. Por conta desta os holandeses nunca se sentiram seguro na Paraíba, salvo durante algum tempo na Capital e, mais tarde, no interior da Fortaleza de Santa Catarina. A repressão holandesa caracterizou-se pela brutalidade. Alguns engenhos e propriedades foram confiscados. A pena capital foi igualmente aplicada, e, em 1645, o diretor geral Paul Linge, responsável por enforcamentos, mandou arrastar pela cidade o corpo de condenado que morrera na prisão.

A tensão somente aliviou entre 1638 e 1644, durante a administração dos diretores Elias Hercman e Gisberth Wirth. Por essa época, chegou ao Brasil o conde Maurício de Nassau, que se instalou no Recife, com artistas, cientistas, e estudiosos do melhor nível.

Emancipados da Espanha, em 1640, os portugueses encontravam-se com as finanças abaladas, de modo que alguns conselheiros do rei, com o padre Antônio Vieira, o maior sábio do mundo luso da época, elaboraram documento que propunha a preservação de todo Norte pelos holandeses que se absteriam de invadir o restante do Brasil e as possessões lusas no Oriente.

Esse documento ganhou a denominação de papel forte, tão convincente pareciam suas razões. Na Paraíba, os proprietários e altos funcionários, beneficiários da invasão flamenga, concordaram com os termos.

Não foi esse, porém, o caso do jovem André Vital de Negreiros. Paraibano, filho de proprietários portugueses, participou da campanha anti-holandesa de 1624, na Bahia , onde ficou por algum tempo. Em 1630, encontrava-se em Olinda, quando os flamengos dominaram a cidade. Novamente na Paraíba, entre 1634 e 1636, nunca pactuou com invasor que o respeitava.

De 1636 a 1644 permaneceu em Portugal onde, em vão, tentou mobilizar os espíritos em prol da resistência. Sem conseguir o intento, retornou ao Brasil, desembarcando na praia pernambucana de Tamandaré, acima da qual, em Santo Antônio do Cabo, fez junção com as tropas pernambucanas de João Fernandes Vieira. A luta doravante, iria travar-se em campo aberto, e, nela, Vidal de Negreiros revelaria dons de estrategista. Participante das duas batalhas dos Montes Guararapes, figurou entre os chefes que receberam a rendição holandesa, na Campina da Taborda. Anteriormente, não hesitara em atear fogo aos canaviais do próprio pai, na Paraíba. 

A Capitania da Paraíba na época da invasão holandesa

Na época da invasão holandesa, a população era dividida em dois grupos: os homens livres (holandeses, portugueses e brasileiros) e os escravos (de procedência brasileira ou africana). A mistura de raças não era bem vista pelo governo holandês, portanto, durante vinte e quatro anos de domínio holandês no Brasil, sabe-se de raras uniões entre holandeses e nativos, sendo consideradas uma exceção.

Ao contrário do que ocorreu em Pernambuco a presença dos holandeses não trouxe muitas vantagens à Paraíba. Houve apenas algum aumento na produção de açúcar, mas de caráter temporário, pois, com a volta de Meurício de Nassau para Holanda (1644), a capitania da Paraíba entrou em completa desordem.

A Capitania da Paraíba de 1635 a 1645 teve como administradores alguns governadores holandeses:

-       Servaes Carpentier: Também governou o Rio Grande do Norte, e sua residência oficial foi no Convento São Francisco de onde para execução do seu intento, expulsaram os franciscanos que lá moravam. O Convento de São Francisco, além de ser a residência oficial do governo holandês, servia também para abrigo dos mercadores neerlandeses em ocasiões necessárias, servindo também de quartel, para os soldados da guarnição que serviam na cidade.

- Ippo Elyssens: Foi um administrador violento e desonesto. Apoderou-se dos melhores engenhos da capitania. Foi morto quando assistia a uma farinhada no povoado do Espírito Santo.

-   Elias Herckman: Governador holandês importante, que governou por cinco anos. Bastante estimado pela população, pelo modo distinto como tratava os moradores, como pela capacidade administrativa demonstrada. Era homem de sensibilidade, poeta, escritor.

- Sebastian Von Hogoveen: Governaria no lugar de Elias Heckman, mas morreu antes de assumir o cargo.

-    Daniel Aberti: Substituto do anterior.

-   Gisbert De Withtambém considerado um dos melhores da província, razão pela qual foi feito um abaixo-assinado pedindo sua permanência, quando do término de seu mandato. Trabalhador incansável, não descuidou dos interesses da comunidade. Mesmo assim, o Alto Conselho holandês, designou outro para substituí-lo: Paulo de Linge.

- Paulo de Linge: Foi derrotado pelos “Libertadores da Insurreição”, e retirou-se para Cabedelo.

Restauração

O Brasil comemorou festivamente, em 1640 a restauração do trono português, livre agora do jugo espanhol. Os representantes da Holanda participaram também das alegrias, visto que eram inimigos da Espanha. Mas os nativistas almejavam a liberdade. Nunca os paraibanos aceitaram o domínio holandês  e quase não se consideravam filhos de colonos, pois tinham Portugal como pátria mãe.

A dominação holandesa de 1634 a 1645, na Paraíba, foi vista e sentida como uma imposição a que obedeciam constrangidos, mas não aceitavam. Ao assumir o lugar do Conde Maurício de Nassau, a Companhia holandesa impôs uma política contrária a que foi proposta por Nassau, confiscando fazendas e engenhos, perseguindo católicos e judeus, aumentando impostos.

Insatisfeito com a "virada holandesa", o senhor de engenho, João Fernandes Vieira, parte para a luta armada comandando seu exército de libertação. O negro Henrique Dias ofereceu-se como voluntário para lutar contra os holandeses, tendo recrutado um grande número de negros alforriados, oriundos dos engenhos conquistados pelos invasores.. O índio Potí, batizado católico em 1614 com o nome de Filipe Camarão, à frente dos guerreiros de sua tribo organizou ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos invasores. 

André Vidal de Negreiros, paraibano, filho de proprietários portugueses,  fez se chefe da Guerra de Libertação Nacional (Insurreição Pernambucana). Na Paraíba, a insurreição contra os flamengos propagou-se com tanta rapidez que, em 1645, o capitão Lopo Curado Garro, autor de relação das pugnas contra os holandeses no Nordeste, já dominava a região do Tibiri. Daí suas colunas ingressaram, nesse mesmo ano, na capital, de onde os holandeses se retiraram para a Fortaleza de Santa Catarina. Nos últimos nove anos de permanência na Paraíba, limitaram-se ao controle dessa fortificação. Após 20 ano de domínio os holandeses foram expulsos da Paraíba em 1654. 

Considerado um dos maiores Paraibanos de todos os tempos Vidal de Negreiros fez-se indiscutível chefe da Guerra de Libertação Nacional que a insurreição contra os holandeses representou. Sua carreira foi uma sucessão de êxitos. Escolhidos para levar a Portugal os resultados da insurreição contra os holandeses, foi nomeado governador dos estados do Maranhão e Grão-Pará, que constituíam territórios independentes do restante do Brasil. Em 1662, designaram-no governador de Angola, onde fortificou a capital, Luanda. Ao falecer, em 1680, seus restos mortais foram transladados para a Igreja dos Prazeres, nos montes Guararapes.

 Cultura e contribuições holandesas

O capítulo das invasões holandesa na Paraíba não deve ser  encarado apenas do ponto de vista militar. Bem mais importante fez-se a contribuição cultural dos invasores – e cultura é o que fica. Nesses termos, os flamengos contribuíram para o conhecimento da terra.

Tal deveu-se, em primeiro lugar, aos relatórios que produziram.

O primeiro, de autoria do conselheiro Servaes Carpentier, revela caráter ecológico, ao recomendar as áreas mais adequadas ao plantio da cana-de-açúcar, fumo e mandioca, além de criação de gado. Entusiasmado com a fertilidade da terra, Carpentier deteve-se, longamente, sobre as árvores, frutos e animais que nela se encontravam.

Descrição das Capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Parahyba e Rio Grande do Norte intitula-se o relatório assinado por Adriaen Verdonck, que teve um fim trágico. Segundo esse autor, a Paraíba, dispunha, em 1630, de dezoito a dezenove engenhos responsáveis por cento e cinquenta mil arrobas anuais que significavam seiscentas a setecentas caixas de açúcar, embarcadas nos navios. Contudo, havia pouco, movimento de negócios na capital.

Em matéria de produção açucareira, o melhor documento de origem holandesa é o minucioso Relatório sobre as Capitanias Conquistadas no Brasil pelos Holandeses, datado de 1639, e de autoria de Adriaen Van Der Dussen. De portos, rios, cidades, freguesias, aldeias, escravos, pau-brasil e madeiras, fortificações, religião e abastecimento ocupa-se Dussen cujo texto detalha os vinte engenhos existentes na Paraíba, com as respectivas tarefas e lavradores.

O mais completo relatório sobre a Paraíba proveniente do domínio holandês, é a Descrição geral da Capitania da Paraíba, de Elias Herckman, objeto, em 1982, de duas edições, ambas em João Pessoa. Geógrafo, poeta e cartógrafo, Herckman que na condição de Diretor da Companhia das Índias Ocidentais, governou a Paraíba de 1636 a 1639, elaborou documento verdadeiramente modelar. A primeira parte é dedicada a capital, a segunda aos engenhos do vale do Paraíba e a terceira aos costumes dos índios Tapuias. Geografia Urbana, Economia e antropologia combinam-se, dessa forma, harmoniosamente.

A crise do século XVIII e a anexação à Pernambuco

Na Paraíba, a criação da Capitania Real ocorreu em 1574. Em 1694, se tornou independente. Entretanto, em janeiro de 1756, a capitania da Paraíba foi anexada à de Pernambuco, por ordem do Marquês de Pombal.
A recuperação econômica da capitania da Paraíba após a guerra holandesa, encontrou dificuldades não apenas internas, em função da decadência em que ficou a própria capitania, mas também externas relacionadas com a depressão da economia europeia do século XVII.
O período entre 1756-1799, de anexação da capitania da Paraíba à de Pernambuco, corresponde a uma fase de expansão da economia europeia, cuja tendência não é acompanhada por Portugal. Esse país enfrenta uma das maiores crises econômicas de sua história, reflexo da queda da produção brasileira.

A dependência em relação a Pernambuco

O papel histórico que Pernambuco desempenhou, como centro da conquista portuguesa e da expansão demográfica do nordeste na segunda metade do século XVI, determinou, em parte, a sua situação de ascendência sobre as capitanias reais conquistadas, como foi o caso da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Durante todo o período colonial, o Recife foi o mais importante centro comercial desta área, contando com o porto mais bem equipado, com boas condições de armazenagem e centralizando as casas exportadoras dos comerciantes portugueses, detentores do monopólio comercial na colônia.
A conquista do litoral da Paraíba – procedentes dos núcleos de Olinda e Igarassu – só logrou sucesso a partir de 1585, com a fundação da cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves e com a instalação do primeiro engenho de açúcar.
Nos anos seguintes a produção açucareira se desenvolveu, sendo que já nas primeiras décadas do século XVIII estavam instalados mais de vinte engenhos. A produção era escoada pelo porto de Pernambuco, devido às facilidades de embarque, apesar da Paraíba contar então com o Porto em Cabedelo, o de Jacumã e o da Baía da Traição.
È preciso lembrar que a paraíba, como todo o Brasil, era colônia de Portugal. Dessa forma, era explorada duplamente: pela metrópole e pelos comerciantes de recife.

Situação da Paraíba após a guerra contra os holandeses

Com a invasão holandesa (1634-1645), a estrutura produtiva da capitania foi praticamente arrasada, abrindo um longo período de crise que culminaria com a anexação a Pernambuco.
A guerra contra os holandeses devastou a capitania. Os moradores na medida em que se retirava para Pernambuco queimavam suas fazendas, engenhos e canaviais.
Após a expulsão dos holandeses a capitania enfrentou inúmeras dificuldades para se recuperar. A situação da produção e do comércio era desanimadora. A população se queixava da ausência de navios no porto da Paraíba (provavelmente devido à sua baixa produção) e, ao mesmo tempo temendo os prejuízos de não conseguirem embarcar a sua produção, acabaram por envia-la para Pernambuco.
Na primeira metade do século XVIII o açúcar enfrenta novas dificuldades com um longo período de seca, falta de escravos e as pragas, o que leva a maior parte dos a ficar de “fogo morto” ou funcionando em precárias condições. Acrescente-se a isso o fato de apesar de sua condição de capitania real, a Paraíba nunca ter recebido qualquer estimulo de desenvolvimento por parte da Coroa portuguesa.
A recuperação da capitania era de responsabilidade do governo da metrópole, o qual, ao se omitir, transferiu ao governo de Pernambuco problema que não lhe dizia respeito, tentando assim, livrar-se dos encargos e responsabilidades que a desejada recuperação impunha.
O marquês de pombal, ministro durante todo o reinado de dom José (1755-1777), foi o responsável pelas mudanças necessárias para que Portugal superasse a crise em que mergulhara.

Monopólio, Companhia de Comércio e perda da autonomia

Essa situação consumou-se na Paraíba da segunda metade do século XVIII, e face do regime de monopólio e da Inquisição. O primeiro implicou no funcionamento de companhia de Comércio, inspiradas no modelo holandês. Tendo como consequência a perda de autonomia da capitania entre 1756-1799. Já a Inquisição relacionou-se com a expulsão dos Jesuítas. Foram ambos decisões modernizadoras e autoritárias do Marquês de Pombal, compreendendo o atraso do Reino, em relação a outros países como Inglaterra, de quem Portugal se tornara dependente, e Holanda.
Em 1756, como parte da política pombalina de contenção de gastos e concentração de recursos e, atendendo os interesses da burguesia comercial portuguesa instalada em Recife, a Coroa determinou a anexação da Paraíba a Pernambuco, que perdurou até 1799. A situação paraibana agravou-se ainda mais com a criação da companhia de comércio de Pernambuco e da Paraíba (1759) que visava explorar mais racional as riquezas dessas áreas.
Nesse sentido, a Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba, deveria monopolizar todo o comércio com a Paraíba. Esse somente poderia ser exercido pela companhia que se obrigava, no caso paraibano, a adquirir a produção de açúcar, couros, madeira, algodão e peles, comprometendo-se em contrapartida, abastecer a capitania de vinhos, azeite, manteiga, tecidos, queijos e bacalhau (denominados “do reino”).
Mas as reclamações começaram a se registrar. A companhia falhava na remessa de artigos essenciais. Com a escassez das mercadorias o preço destas aumentava. Além disso, a companhia cobrava juros elevados e os nossos moradores bem depressa foram se endividando. Como consequência, a produção açucareira entrou em colapso, arrastando consigo o comércio. Este somente poderia desenvolver-se por Pernambuco, daí porque, até a extinção da Companhia de Comércio, em 1777, não havia, na Paraíba, uma só casa de comércio para custear carregamento, adiantamento de despesas e custeio de navios. Os senhores de engenho experimentavam dificuldades porque os implementos de que necessitavam – tachos, moendas, alambiques e ferramentas – eram fornecidos a preços elevadíssimos. A companhia também falhava no fornecimento de escravos.
Por outro lado, o governo da capitania de Pernambuco, que centralizava as decisões nas esferas administrativa, militar e financeira, não tinha interesse, ou não conseguiu, porque aquela também estava passando por um período de crise, sendo impossível assim remediar a situação da economia paraibana.
A concentração das rendas da capitania da Paraíba em mãos de Pernambuco prejudicava o bom andamento dos negócios da capitania subordinada, pois Pernambuco retinha esse dinheiro sem sequer mandar anualmente a remessa para pagamento da infantaria, a que estava obrigado a atender. Por esse motivo, ficava o capitão-mor da Paraíba sem poder fazer o menor benefício na capitania, em função da centralização das rendas. O fato de se pedir para Pernambuco remeter dinheiro à Paraíba não significava um favor, como bem dissera a rainha D. Maria I, mas algo que por direito pertencia à Paraíba e, no entanto, ficava esse dinheiro retido.

O resgate da autonomia

Em 1777, com a morte de dom José I e a aclamação de sua filha dona Maria I, Pombal foi imediatamente substituído por Martinho de Castro e Melo. Este comandou a chamada viradeira – mudanças políticas e econômicas que tentaram alterar os rumos tomados pela administração pombalina. Assim, ainda em 1777, foi extinta a Companhia de Comércio de Pernambuco e Paraíba.
Convenceu-se a rainha D. Maria I de que a subordinação não melhorara a capitania, antes contribuía para o seu declínio. Ciente de que a dependência não convinha aos interesses da Paraíba, resolveu D. Maria desanexar a capitania da de Pernambuco, pela Carta Regia de 17 de Janeiro de 1799, mas só foi consumada muito depois, porque a Paraíba permaneceu ligada a Pernambuco nas questões relativas à defesa, e às finanças até pelo menos 1808.
Mesmo com o fim da anexação, a situação da Paraíba era muito difícil, com uma constante oscilação nos níveis da produção (em especial, de cana e de algodão), o aumento dos preços dos alimentos, a estagnação do comércio e a falta de assistência do Estado.
Os navios não frequentavam o porto por falta de carga, muitos engenhos estavam de “fogo morto” e a maior parte dos proprietários de terra e mesmo dos comerciantes locais compravam seus suprimentos em recife, onde hipotecavam suas futuras produções.
Consolidou-se assim na Paraíba a submissão do espaço açucareiro e também algodoeiro (cujos proprietários, em especial do sertão estabeleciam vínculos comerciais diretamente com a capital pernambucana), aos interesses do capital comercial sediado em Recife.
Restaurada a autonomia da capitania da Paraíba, não se pode afirmar que o seu desenvolvimento foi rápido. Ainda enfrentou dificuldades. A sua receita, no início do século XIX, mostra aumento razoável em comparação as receitas entre 1756 e 1798. Não somente receitas, mais também rendas, consequência do aumento de sua produção.

 Bandeirantes e os Oliveira Ledo, na Conquista do Sertão

  Verificam-se, então, duas grandes linhas de penetração do sertão paraibano. Uma, longitudinal, isto é, do sul para o norte, partiu do Rio São Francisco e, através de afluente deste, penetrou a Paraíba, através da fronteira de Pernambuco. Percorreram-na bandeirantes paulistas, baianos e pernambucanos.

     A essa corrente incorporou-se o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho que após esmagar o Quilombo dos Palmares, marchou sobre a Paraíba para fazer o mesmo com os índios da Confederação dos Cariris.

     Os bandeirantes, todavia, não ocuparam a terra, no sentido de faze-la render, economicamente. Apenas a devassaram, sufocando, onde foi o caso, a resistência indígena.A ocupação produtiva, isto é, a colonização do sertão da Paraíba, coube, além dos colonos que seguiram os bandeirantes, à família Oliveira Ledo e os sesmeiros articulados a estes desbravadores. Esses dois últimos ingressaram nos sertões da Paraíba, latitudinalmente, isto é, no sentido horizontal, de leste para oeste, com a maioria operando por conta própria e alguns sob o patrocínio do governo. Os responsáveis por expedições denominadas entradas tornaram-se conhecidos como entradistas.

     Os Oliveira Ledo, situados na origem de tantos municípios paraibanos, a partir de Campina Grande, e região do Cariri, tanto levaram para o interior seus cabedais como se responsabilizaram por entradas. O patriarca do grupo, Antônio de Oliveira Ledo, estabeleceu vias de penetração sertanejas, através de duas direções:

. A primeira, partindo da missão de Boqueirão, pelo curso do Paraíba até o Rio Taperoá, afluente daquele, cruzou o pequeno Rio Farinha e subindo o curso do Espinharas, nas vizinhanças de Patos, lançou-se para o nordeste, a fim de através do Rio Piranhas, alcançar a região do atual município de Brejo do Cruz e penetrou o Rio Grande do Norte, cuja zona do Seridó pertencia, então, a jurisdição da Paraíba.

. A segunda via de penetração de Antônio de Oliveira Ledo desviou-se para o sul, desde boqueirão, a fim de, pelas nascentes do Rio Paraíba, ingressar em território Pernambucano, onde chegando ao Pajeú, encontrou os colonos da Casa da Torre que por ali subiam, rumo ao alto sertão da Paraíba e ao Ceará.

     Dois outros Oliveira Ledo, Custódio, irmão de Antônio, e Constantino, filho de Custódio, também participaram da conquista do sertão da Paraíba. Quem, todavia, exerceu essa função com maior veemência foi outro filho de Custódio e sobrinho de Antônio, Teodósio de Oliveira Ledo.

     A penetração de Teodósio partiu do aldeamento Cariri, de Pilar, no sentido noroeste, e, virando para o sul, alcançou o Rio Taperoá. Seguindo em frente, atravessou o planalto da Borborema até Pau Ferrado, sobre o Rio Piancó, de onde inflectindo para nordeste, alcançou, no vale do Rio do Peixe, a localidade Jardim, atual Sousa. Descrevendo longo círculo, penetrou o Seridó norte-rio-grandense pela serra de Luiz Gomes e, desviando-se para o sul, alcançou a confluência do Rio Piancó com o Piranhas onde, em 1698, fundou o arraial de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Piancó.

     Esse povoado, do qual deriva a atual cidade de Pombal, constituiu o principal centro de irradiação de povoamento que compreendem não apenas o sertão da Paraíba,  mas territórios do Rio grande do Norte e Ceará.

     Assim podemos observar que Teodósio de Oliveira Ledo consolidou a Conquista do Sertão.

  5 – A resistência indígena – a Guerra dos Bárbaros

      A presença de entradistas e bandeirantes, pelo sertão da Paraíba, dispunha de outra motivação, além de espalhar o gado pelos campos do criatório. Tratava-se de prear índios, reduzidos ao cativeiro para a vendagem no litoral. Entradistas e bandeirantes como Teodósio de Oliveira Ledo, Domingos Jorge Velho, Domingos Afonso Sertão e Bernardo Vieira de Melo encontravam-se, confessadamente, comprometidos com essa empreitada.

     Fosse por isso, por defenderem suas terras ou porque recebessem estímulos dos franceses, ativos na embocadura do Rio Açu, no caso o Piranhas, que muda de nome, no Rio Grande Do Norte, os índios decidiram reagir. Essa reação, que gerou a chamada Guerra do Bárbaros, vigentes nos sertões nordestinos, de 1680 a 1730, recebeu igualmente a denominação de Confederação dos Cariris. Uma vez mais, fazia-se o tema da História da Paraíba. Só que não foram os Cariris responsáveis por esse procedimento, mais os Tarairiús.

     Três fases experimentou a Guerra dos Bárbaros. A primeira rebentou na região norte-rio-grandense do Açu, onde os indígenas se apresentaram com armas de fogo e munições contrabandeadas pelos franceses. A segunda de maior duração, teve lugar na Paraíba, ao longo de toda povoação de Bom Sucesso do Piancó. Expulsos da área, os índios refugiaram-se no Ceará, onde ocorreu a derradeira fase da guerra dos Bárbaros.

     A crueldade com que essa foi travada fez-se tão acentuada que, a certa altura, as autoridades lisboetas dirigiram-se ao governador da Paraíba pedindo explicações sobre o que aí acontecia. Aldeias inteiras estavam sendo incendiadas e seus habitantes massacrados, sem constituir exceção mulheres e crianças. Quanto aos adultos que se recusavam à escravidão eram passados pelo fio da espada.

     Na violência empregada contra os índios destacou-se Teodósio de Oliveira Ledo, cujas milícias desempenharam o papel de polícia de segurança da época. Em 1710, como rebentasse em Pernambuco a chamada Guerra dos Mascates, os senhores de engenhos de Olinda e os comerciantes “mascates” do Recife, o governador paraibano João de Maia Gama, partidário dos últimos, deslocou Teodósio  para guarnecer a fronteira do litoral paraibano com Pernambuco. Outro caudilho sertanejo, Luiz Soares, encarregou-se de proteger o lado oposto, na Fronteira com o Rio Grande do Norte.

Os mais implacáveis sertanistas acudiram as regiões do Piranhas e Piancó durante as batalhas do alto sertão da Paraíba. um deles, o coronel Manoel de Araújo, deslocou-se com gado e cento e cinqüenta homens bem armados, de fazendas do Rio São Francisco para a zona ocupadas pelos índios Coremas, que eram cariris. A rápida submissão destes ofereceu aos conquistadores que pelejavam mais acima, retaguarda que decidiu a sorte das armas. Só então os Tarairiús foram subjugados. A ocupação do sertão da Paraíba fez-se sangrenta e nele, escaramuças estenderam-se até 1750.

 6 – O Povoamento do Sertão

      Com os índios pacificados e dominados, os sertanistas puderam continuar a fundar as suas fazendas de gado, que se tornaria mais tarde núcleo de povoação.

     A princípio criando o gado para abastecer as regiões vizinhas, depois as feiras, as pousadas foram progredindo a ponto de irem se tornando em povoamento, vilas e hoje cidades.

     De acordo com o historiador Irinêo Joffily, a sequência bandeira-curral-fazenda-arraial responsabilizou-se pela formação da sociedade sertaneja na Paraíba.

     De fato, como os bandeirantes, percorrendo o curso dos rios, se deslocassem com seu gado seguia-se, inevitavelmente, a concentração deste em currais, campos cercados dotados de rústicas habitações, geralmente de pau-a-pique. Tratava-se das primitivas fazendas, localizadas em datas de terra dotadas de capelas que lhes legitimavam a posse. Se a de Nossa Senhora do Rosário representa, entre 1701 e 1721, no arraial do Piranhas, embrião da futura vila e cidade de Pombal, as capelas de cabaceiras em 1730, Jardim do Rio do Peixe (Sousa), Piancó em 1748, Patos em 1772, Catolé do Rocha e Santa Luzia em 1773 e Monteiro em 1800, significaram o elemento gerador dessas cidades.

     Outro elemento formador dos arraiais que se converteram com o tempo, em povoados, vilas e cidades, foram os sítios. Na qualidade de “maior figura patriarcal do sertão da Paraíba”, o capitão-mor José Gomes de Sá possuía fazendas arrendadas à Casa da Torre, como Acauã e Riachão, atuais distritos da região de Sousa. A cidade de Conceição fez-se, originalmente, data de terra pertencente a Pedro Monteiro, no vale do Piancó, em cujos sertões, fazendas como São Gonçalo, Lagoa Tapada e Santo Antônio (atual Piancó), também originaram sedes de distritos e municípios da Paraíba.

     A disputa pela terra gerou, no sertão, sociedade violenta que se prolongou no cangaço e lutas de famílias, até bem pouco visíveis em municípios como Catolé do Rocha, Teixeira, Misericórdia (atual Itaporanga) e Piancó.

     O povoamento da região ficou a cargo dos colonos que eram mamelucos, resultantes de cruzamento do branco com o índio, mais amplo que o cafuzo, proveniente da mistura do índio com o negro e também aí encontrado.

As ordens religiosas, os mosteiros e as igrejas na Capitania da Paraíba

 1 – Os Jesuítas

Foram os jesuítas os primeiros missionários que chegaram à capitania da Paraíba, acompanhando todas as suas lutas de colonização. Vieram desde as primeiras expedições de conquista.

Chegaram primeiro dois padres, Simão Travassos e Jerônimo Machado; depois vieram outros, entre os quais, Francisco Fernandes, Manuel Correia e Baltasar Lopes. O visitador da Companhia, Cristóvão de Gouvêa, mandou que o padre Jerônimo Machado relatasse todas as lutas da Paraíba, escrevendo-as no “Sumário das Armadas”.

Sabe-se que em 1591 já havia residência dos padres jesuítas nesta Capitania, em são Gonçalo Era o local de moradia deles.

Ao mando de Frutuoso Barbosa, os jesuítas se puseram a construir um colégio na Filipéia. Porém, devido a desavenças com os franciscanos, que não usavam métodos de educação tão rígidos como os jesuítas, a idéia foi interrompida.

Aproveitando esses desentendimentos, o rei que andava descontente com os jesuítas pelo fato de estes não permitirem a escravização dos índios, culpou os jesuítas pela rivalidade com os franciscanos e expulsou-os da capitania. Cento e quinze anos depois, os jesuítas voltaram a Paraíba fundando um colégio onde ensinavam latim, filosofia e letras. Passando algum tempo, fundaram um Seminário junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição. Atualmente essa área corresponde ao jardim do Palácio do Governo.

Em 1728, os jesuítas foram novamente expulsos. Em 1773, o Ouvidor-Geral passou a residir no seminário onde moravam os jesuítas, com a permissão do Papa Clemente XIV.

 2 – Os Franciscanos

Atendendo a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres franciscanos, com o objetivo de catequizar os índios.

O Frei Antônio do Campo Maior chegou com o objetivo de fundar o primeiro convento da capitania. Seu trabalho se concentrou em várias aldeias, o que o tornou importante.

No governo de Feliciano Coelho, começaram alguns desentendimentos, pois os franciscanos, assim como os jesuítas, não escravizavam os índios. Ocorreu que depois de certos desentendimentos entre os franciscanos, Feliciano e o governador geral; Feliciano acabou se acomodando junto aos frades.

A igreja e o convento dos franciscanos foram construídos em um sítio muito grande, onde atualmente se encontra a praça São Francisco.

 3 – Os Beneditinos

O superior dos beneditinos tinha interesse em fundar um convento na Capitania da Paraíba.

O governador da capitania recebeu o abade e conversou com o mesmo sobre a tal fundação. Resolveu doar um sítio, que seria a ordem do superior geral dos beneditinos.

A condição imposta pelo governador era que o convento fosse construído em até dois anos. O mosteiro não foi construído em dois anos, mesmo assim, Feliciano manteve a doação do sítio.

A igreja de São Bento se encontra atualmente na Rua Nova, onde ainda há um cata-vento em lâmina, construído em 1753.

 4 – Os missionários carmelitas

Os carmelitas vieram à Paraíba a pedido do cardeal D. Henrique. Quando chegaram à Paraíba o Brasil estava sob domínio espanhol. Os carmelitas chegaram fundaram um convento e iniciaram trabalhos missionários.

O convento de Nossa Senhora do Carmo deve ter sido construído na Paraíba em 1591, com a sua igreja. Ele foi todo edificado em pedra. Era um edifício simples de um só andar.

A história dos carmelitas aqui na Paraíba é incompleta, uma vez que vários documentos históricos foram perdidos nas invasões holandesas.

Em 1763, Frei Manuel de santa Teresa restaurou o convento, mas logo este foi demolido para servir de residência ao primeiro bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques.

 5 – O prestígio da Igreja e o Tribunal do Santo Ofício

    A Igreja naquela época dispunha de enorme prestígio. Habitualmente a obtenção de sesmarias era acompanhada do levantamento de capelas, pelos sesmeiros, como símbolo da posse da terra. No interior das casas grandes e fazendas não faltava o oratório, para o terço em família, sendo que também se rezava as refeições. Nas vilas e cidades, as missas faziam-se obrigatórias e o sino das igrejas regulava a vida das habitantes. As eleições eram paroquiais e, cedo, as famílias da classe dominante adquiriram o costume de converter um dos filhos em padre.

Ressalte-se que o clero regular, de franciscanos, jesuítas, beneditinos e carmelitas, dispunha de propriedades, engenhos e escravos, na sede da capitania e fora dela, com o que participava da ocupação da terra.

Com o clero secular chegou à Paraíba, em 1595, a terrível Inquisição cujo Tribunal do Santo Ofício perseguia os acusados de práticas diferentes das permitidas pela Igreja católica e, principalmente, os judeus. Instalada pelo visitador Heitor Furtado  de Mendonça, a primeira visitação do Santo Ofício fez-se tão rigorosa que alcançou o vigário da freguesia de N. S. das Neves. Acusado de ascendência árabe e práticas judaizantes, o padre João Vaz de Salem, homem rico e influente, teve seus bens confiscados. Vários desses reverteriam à ordem beneditina. 

Análise Social; Igrejas


Duarte Coelho Pereira fundou uma nova Lusitânia, composta apenas por nobres. Alguns nobres de Pernambuco se refugiaram para a Paraíba, antes que ocorresse alguma invasão holandesa. Ao chegarem, fizeram seus engenhos, onde viviam com muito luxo, desfrutando de tudo.   Ocorre que nem toda a população vivia tão bem como a nobreza, uma vez que haviam mulheres e moças analfabetas, que só faziam os afazeres domésticos   Havia também outras classes sociais, compostas por comerciantes e aventureiros, que enriqueciam rapidamente, faziam parte da burguesia, querendo chegar a fazer parte da nobreza.   Os integrantes da máquina administrativa constituíam outra classe. Eles eram considerados os homens bons, viviam uniformizados.   O fator mais importante para a sociedade foi a Igreja, devido à sua maneira de catequizar o povo.

     As principais igrejas da época colonial foram as seguintes:

-       A Matriz de Nossa Senhora das Neves;

-       A Igreja da Misericórdia;

-       A Igreja das Mercês;

-       A igreja de N. S. do Rosário dos Pretos;

-       A Capela de N. S. da Mãe dos Homens;

-       A Igreja do Bom Jesus do Martírio 

   Povoados, Vilas, Cidades e seus Padroeiros

Quase todas as povoações, vilas e cidades nasceram ao redor de uma capela que o fervor religioso erigia em homenagem a uma das muitas entidades celestiais cujo santo ou santa de sua invocação passava a padroeiro do lugar com a criação da vila. As santas eram as na escolha dos oragos que predominavam o nome de nossa senhora na variedade de sua nomenclatura hagiológica, e inúmeras freguesias consagraram Nossa Senhora da Conceição como padroeira que foram Areia, Campina Grande, Jacoca, Gurinhém, Ingá, Itabaiana, Araruna, Cabeceiras, Taperoá e Misericórdia e apenas cinco freguesias invocaram nomes de santos que foram Santo Antônio para Painço, São Sebastião para Piauí, São José para São José dos Piranhas, São Miguel para Baia da Tradição e São Paulo para Mamanguape, e as festas de padroeiras davam vida ao lugar pois as musicas, foguetórios, novenas e procissão de encerramento.

 A Economia Paraibana Colonial

A ocupação econômica do território paraibano, como aconteceu em todo o Brasil, esteve desde as origens, ligadas às necessidades do desenvolvimento mercantil metropolitano: uma economia voltada para o mercado externo, baseada no latifúndio, na monocultura e na mão-de-obra escrava. Assim implantou-se a grande produção açucareira (a partir do séc. XVI) e mais tarde a algodoeira (séc. XVIII), enquanto no agreste e no sertão desenvolveu-se a pecuária para atender as necessidades das cidades, povoados e das áreas voltadas para as culturas comerciais.

1 – Ciclos Econômicos
a) Pau-brasil

O ciclo do pau-brasil predominou em todo o período Pré-colonial. A sua exploração não fixava o homem a terra, levando apenas a instalação de feitorias. Constitui-se o primeiro produto de comércio não só na Paraíba, mas em todo o Brasil. Foi também o motivo das tentativas de fixação dos franceses no nosso litoral.
O seu valor como matéria prima de tinturaria foi atestado na Europa e na Ásia. Daí sua importância econômica. Pernambuco e Paraíba figuravam entre os pontos do Brasil onde a madeira era mais encontrada. Foi o primeiro monopólio estatal da Paraíba: pelas leis do Mercantismo só a Metrópole poderia explorá-la. Destaca-se ainda, a incômoda presença francesa, que desde cedo, contando com o apoio dos índios contrabandeavam a madeira. Haja vista, que esse tipo de exploração não exigia a ocupação do território. Tanto portugueses quanto franceses, negociavam, nas costas do Brasil, desde os primeiros anos do século XVI. Em 1634, o pau-brasil das matas de Baía da Traição e do Mamanguape era explorado mais intensamente, enquanto o curso inferior desse rio enchia-se de currais, representando fazendas para criação de gado.

b) Cana-de-açúcar

Da mesma forma, que em todo o litoral nordestino, a ocupação da faixa litorânea, baseou-se na exploração da cultura canavieira em grandes unidades produtivas: os engenhos. A conquista da Paraíba, por exemplo, é uma consequência natural da cultura da cana-de-açúcar.
E o progresso dessa indústria foi espantoso no fim do século XVI, e na Paraíba, a primeira tentativa de introdução da cultura da cana foi em 1579, na ilha da Restinga, fracassada pela invasão dos piratas franceses na região. A implantação definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu primeiro engenho, em 1587. Logo após a fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves, Martin Leitão instalou o engenho real de Tibiri. Depois de passar da zona da mata para o agreste, a lavoura migrou para as regiões úmidas do sertão.
Segundo assinala Varnhagen, em 1610 a capitania da Paraíba já possuía dez engenhos de açúcar. Por ocasião da conquista holandesa (1634), a estrutura produtiva canavieira já estava implantada a pleno vapor para abastecer o mercado externo. O número de engenhos subia a dezoito, dos quais dois na área de Mamanguape, junto aos rios Camaratuba e Miriri. Os demais distribuíam-se pelo vale do Paraíba, aproveitando a extensa rede de afluentes destes - Tibiri, Tambiá, Inhobim, Gargaú - alguns dos quais navegáveis.
Os primeiros núcleos de povoamento e expansão do processo colonizador se implantaram como função da exportação do açúcar. A conformação econômica da Paraíba, no seu primeiro século de existência, mostrava a atividade canavieira como núcleo central em torno da qual gravitava uma economia de produção de alimento para a população ali ocupada. O milho, o feijão e a mandioca eram culturas inteiramente secundárias e somente eram cultivadas em quantidades mínimas para a alimentação dos trabalhadores, escravos, índios ou pessoas livres. A introdução do boi nas terras sertanejas tinha como função prover de alimentos a força do trabalho que movia a atividade dinâmica do território.
O engenho colonial, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente por dois grandes setores: o agrícola que era formado pelos canaviais, e o de beneficiamento – a casa do engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente. Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (a cachaça), utilizada como escambo no tráfico de negros da África.
Além dos escravos, o engenho utilizava também o trabalho de homens livres nas atividades de administração e em atividades técnicas. Em torno dos engenhos desenvolveram-se uma série de pequenas atividades – os ofícios – e também áreas utilizadas para a cultura de alimentos.
O caráter da produção açucareira baseava-se numa economia monocultura, latifundiária e escravista. Em fim do século XVI, com a implantação dos primeiras sesmarias, ela foi iniciada na Paraíba, na várzea do Rio Paraíba do Norte. Já no início do século XVII, toda a área encontrava-se povoada e ocupada por numerosos engenhos.

c) Pecuária

Com a expansão da cultura canavieira, novas terras foram sendo incorporadas ao plantio, ao mesmo tempo que as necessidades de combustível (a lenha) para atender os engenhos também aumentavam. O resultado foi a destruição das florestas que cobriam todo o litoral; o que levou os colonos a procurar madeira em áreas cada vez mais distantes, aumentando assim, a necessidade de animais de carga.
Por outro lado, a expansão da cana engolia os pastos, o que impossibilitava a convivência das duas atividades. Desta forma, a atividade criatória foi se interiorizando e se desenvolveu, em especial no sertão, para abastecer os engenhos de animais de tração e de carne, que era destinado também aos pequenos centros urbanos litorâneos.
O gado chegou à Paraíba representando um novo elemento econômico para região. Bois, cavalos, cabras foram ocupando os currais das sesmarias e fizeram do sertão conhecida "civilização do couro". Os portugueses enxergaram futuro enriquecido com a criação de gado e com a escravidão indígena, o que os levou a investirem e a ocuparem cada vez mais regiões do sertão paraibano. Em meados do século XVII todo o território paraibano já estava conquistado, com uma concentração demográfica maior no litoral que no sertão.
A penetração rumo ao sertão paraibano processou-se principalmente através dos rios, ao longo dos quais foram se instalando as grandes fazendas de gado. A pecuária tinha um caráter extensivo devido à pobreza das pastagens (caatinga) aos longos períodos de estiagem e a utilização de técnicas rudimentares. A dispersão explica-se pela reduzida utilização de mão-de-obra nesta atividade.

d) Algodão

Até o início do século XIX era a agromanufaturas do açúcar o principal sustentáculo da economia paraibana. Mas o açúcar, que desde a invasão holandesa não conseguira recuperar a sua posição no mercado mundial, decaia intensamente, através de sucessivas crises, terminando por ceder a sua primazia ao algodão, que assumiu o lugar de principal produto de exportação.
A expansão da lavoura algodoeira que, primitivamente fixada no sertão, invade o brejo, chegando até a zona úmida dos canaviais, depois de excelentemente aclimatadas nas zonas acatingadas de Ingá e Itabaiana, a sudeste, e vila de Independência (Guarabira), a nordeste.
Em meados do século XIX, o desenvolvimento da cultura algodoeira daria novo á ocupação do espaço paraibano. Neste período, devido a Guerra de Secessão, os EUA foram afastados do mercado produtor internacional. Assim, a Inglaterra – maior centro têxtil – passou a estimular a plantação de algodão noutras áreas no Brasil, o nordeste tornou-se o mais importante produtor e exportador de algodão. Na Paraíba, a cultura foi responsável pela consolidação da ocupação do sertão e do povoamento do agreste e brejo. Assim como a cana-de-açúcar, o algodão, nas fases de cultivo e processamento para a exportação, também constituem um dos exemplos típicos de "plantation" tropical.
O escoamento da produção do algodão sertanejo e mesmo do açúcar do litoral era dificultado pelos longos percursos feitos por tropas de animais. Para vencer estas distâncias e garantir a rápida chegada das mercadorias aos portos, principalmente ao recife, é que foi instalada a estrada de ferro.
Na primeira metade do século XX foi concluída a ligação ferroviária de Souza a campina grande, o que permitiu a esta cidade aumentar o seu papel comercial sobre o sertão e também incrementar as exportações do algodão através do Porto de Cabedelo (na época um dos principais terminais algodoeiros do nordeste).
A ferrovia completou o processo de ocupação do território paraibano. A cana-de-açúcar, o gado e o algodão comandavam este processo, com base na implantação de uma economia agrário exportadora.




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