Aspectos geográficos da Paraíba
Paraíba, estado da região nordeste do Brasil, ocupa uma área de 56.340,9 km², limitando-se ao norte com o Estado do Rio Grande do Norte, ao sul com o Estado de Pernambuco, a oeste com o Estado do Ceará e a leste com o oceano Atlântico. Possui 223 municípios e tem por capital, a cidade de João Pessoa.
A
Paraíba possui, entre seus extremos, a Ponta do Seixas, importante
ponto turístico da capital do Estado. Localizado na praia do Cabo
Branco, a Ponta do Seixas é o local que marca o ponto mais oriental das
Américas.
Antecedentes da conquista da Paraíba
Demorou
um certo tempo para que Portugal começasse a explorar economicamente o
Brasil, uma vez que os interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas
Índias, e alem disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que
chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias
espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.
Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-Colônia, e especial devido a extração de uma tinta, usada para tingir tecidos na Europa.
Esses
invasores eram em sua maioria franceses, e logo que chegaram no Brasil
fizeram amizades com os índios, possibilitando entre eles uma relação
comercial conhecida como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por alguma manufatura sem valor.
Os
portugueses, preocupados com o aumento do comércio dos invasores da
colônia, passaram a enviar expedições para evitar o contrabando do
pau-brasil, porém, ao chegar no Brasil essas expedições eram sempre
repelidas pelos franceses apoiados pelos índios.
Com o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu criar o sistema de capitanias hereditárias. Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida em 15 grandes faixas de terras; tendo cada uma de 200 a 650 quilômetros de
largura. Essas áreas, chamadas capitanias hereditárias, foram entregues
a doze pessoas, que deveriam tomar conta delas e fazê-las prosperar.
Cada capitania era entregue a um capitão-donatário (senhor
das terras e responsáveis por sua exploração), que deveria
desenvolvê-la com seus próprios recursos. Elas recebiam esse nome porque
a posse passava, por herança, de pai para filho.
As terras que hoje formam a Paraíba pertenciam à Capitania de Itamaracá, cujas
terras iam desde a foz do rio Santa Cruz (hoje Igaraçu) em Pernambuco,
até as terras próximas ao rio Paraíba, que, nessa época, chamava-se São
Domingos.
Nessas terras viviam os índios de dois grupos: no litoral, o grupo dos tupis, formado pelas tribos Tabajaras e Potiguaras. Mais para o interior, o grupo dos tapuias, formado pela tribo dos índios cariris.
A fundação da capitania real da Paraíba
Inicialmente essa capitania foi doada a Pero Lopes de Souza, que não pode assumir, vindo em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila Conceição e a construção de engenhos.
Após
a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declínio, ficando a
mercê de malfeitores e propiciando a continuidade do contrabando de
madeira.
Com a tragédia de Tracunhaém (tragédia na qual os índios mataram todos os moradores de um engenho), em 1574, a Corte
Portuguesa ficou alarmada com os acontecimentos, o que levou o rei
D. Sebastião a separar a Paraíba da Capitania de Itamaracá, elevando-a à
categoria de Capitania Real da Paraíba, passando então a ser
administrada diretamente pela Corte, que tirara para si todas as
vantagens.
O
Decreto Real criando a Capitania Real da Paraíba foi editado,
possivelmente em janeiro de 1574. Esta foi a terceira Capitania Real do
Brasil, sendo a primeira, a da Bahia e a segunda do Rio de janeiro. As
terras da nova Capitania tinha os seus limites desde a foz do rio Popoca
até a Baía da Traição.
Depois
de expulsos do Rio de Janeiro, os franceses tentaram se estabelecer na
Paraíba, onde conseguiram aliar-se aos Tupis, que dominava a região e
fixaram-se na Baía da Traição, próxima a Mamanguape, onde o comércio era
livre. Os franceses comerciavam pau-brasil, algodão, óleos vegetais e
animais nativos, que mandavam para sua terra. Eles conseguiam conquistar
os índios, em troca de ferramentas, presentes e enfeites, levando-os a
não reagirem às suas invasões e até a ajudarem na derrubada de madeira.
Existia
uma grande preocupação dos lusitanos em conquistar a capitania que
atualmente é a Paraíba, pois havia a garantia do progresso da capitania
de Pernambuco, o fim da aliança entre Potiguaras e franceses, e ainda,
havia um grande interesse em estender sua colonização ao norte.
No entanto, a Capitania Real da Paraíba nasceu de duas exigências:
· compensação do insucesso da capitania de Itamaracá;
· necessidade de apoio ao povoamento já instalado na Capitania de Pernambuco.
Causas do retardamento da colonização da Paraíba
Entre
a criação da Capitania da Paraíba e sua efetiva conquista, decorrem
mais de dez anos. Os motivos desse retardamento são gerais e
particulares. Gerais porque os problemas do governo português são
múltiplos, tanto na política como na economia, afastando-o de um
interesse concreto em povoar terras que não davam mostras de possuírem
os metais preciosos,
uma das grandes ambições dos governantes europeus da época.
Particulares porque uma série de circunstâncias ocorreu, ocasionando a
demora da ocupação da Paraíba. Esses acontecimentos foram: ação de
apresadores de índios, presença de franceses na Baía da Traição,
massacre em Tracunhaém e traição aos Tabajaras.
a)Apresadores de índios: eram
aventureiros que procuravam no Nordeste a riqueza fácil e que a partir
de 1560 encontraram condições de ação na Capitania de Pernambuco.
Infiltrando-se entre aldeias indígenas pacíficas criaram sérios
conflitos através de violência que visava contrabandear os nativos a
conduzi-los escravizados em navios. Muitas amizades
já consolidados entre colonos e índios foram por isso dissolvidas e em
toda a região as tribos se levantaram para a guerra;
b) Presença de franceses na Baía da Traição: provavelmente
os franceses freqüentavam os portos da Paraíba desde 1520, formando
aliança com os índios Potiguaras. Essa tribo, provando não ser belicosa
por natureza, recebeu os franceses em sua convivência mais íntima,
permitindo a miscigenação sem
fronteiras, que unia os homens loiros de Franca às mulheres Potiguaras;
com eles o comércio de especiarias da terra foi franco, em troca de
diferentes objetos trazidos da Europa. As razões de tal amizade foram:
em primeiro lugar, os franceses procuravam homenagear os Potiguaras,
naquilo que lhes era mais caro, ou seja, sua valentia, o prestígio de
seus guerreiros e sua liberdade. Os potiguaras não sofriam dos franceses
qualquer afronta: nem mentiras, nem apresamento, nem quebra nos padrões
culturais. Em segundo lugar, conquistada a harmonia com o nativo, os
franceses passavam a oferecer-lhes ensinamentos úteis, informam sobre
melhores métodos de agricultura, doam ferramentas e incentivam a cultura
do algodão. Quando surgiram, portanto, os primeiros conquistadores da
Paraíba tentando colonizá-la, franceses e potiguaras estavam em bom
entendimento para a defesa de seus interesses.
c) Massacre de Tracunhaém:
trata-se de um acontecimento histórico decisivo para a criação da
Capitania da Paraíba. O seguinte episódio, ocorreu no vale do rio Tracunhaém,
que pertencia a Itamaracá e hoje se localiza a pequena distância da
cidade pernambucana de goiana. Deu-se que, por ali, em 1574, transitaram
dois guerreiros potiguares, provenientes de Olinda, onde, por
determinação do governador geral Antônio Salema, recapturaram jovem
indígena de quinze anos, filha do cacique Iniguaçu, e que fora
arrebatada por mameluco das aldeias da serra da Copaoba. A beleza da
índia, todavia, tanto fascinou o proprietário Diogo Dias que decidiu
ficar com a moça. O rapto irritou os indígenas que insuflados pelos
franceses, caíram sobre o engenho de Dias, no Tracunhaém, massacrando
seus habitante, a única exceção de um irmão de Diogo. Simultaneamente,
os demais centros de povoamento de Itamaracá foram atacados, com os
ocupantes refugiando-se na ilha. Diante do fato, o rei D. Sebastião,
para colonizar a região e por fim à fúria selvagem, fez com que Portugal
ao mesmo tempo tomasse posse da terra; criou, então, a Capitania Real
da Paraíba desmembrando-a da capitania de Itamaracá. Toda a ação de
conquista que se tentasse, porém compromissava-se com a guerra aos
Potiguaras e com a expulsão dos franceses.
d)Traição aos tabajaras :
aconteceu quando essa tribo situava-se na região do rio São Francisco.
Em 1573, Francisco Caldas, com mais de 200 homens, pretendendo apresar
Tapuias, chegaram até a tribo do chefe Piragibe,
já com amizade firmada com os colonos. Conseguindo reforço de índios,
viajou para o interior, de onde voltou semanas depois, trazendo
carregamento de índios escravizados. Na verdade Francisco Caldas
pretendia também cativar Piragibe e toda sua gente. O chefe Tabajara
tomando conhecimento da intenção do aventureiro e depois de avisar a Assento de Pássaro,
outro chefe e parente, armou uma cilada fatal, de que resultou o
massacre de toda a expedição e soltura de escravos. Desde aí, Piragibe
junto com Assento de Pássaro, abandonaram sua morada e emigrou com sua
família e grande número de índios Tabajara, percorrendo o interior até
chegar a Paraíba. Em 1585, aliou-se aos potiguares, contra a conquista
da Capitania Real da Paraíba.
As lutas pela conquista da Paraíba
Quando
foi criada a capitania real da Paraíba, o Brasil vivia o sistema de
Governo Geral. Na época, o governador geral era Luís de Brito e Almeida.
Este recebeu do rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis
pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim,
começaram as cinco expedições para a conquista da Paraíba. Para isso, o
rei de D. Sebastião mandou primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da
Silva.
a) Primeira expedição (1574):
O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao
chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que
houvesse nenhuma resistência, mais isso foi apenas uma armadilha. Sua
tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
b) Segunda expedição (1575):
Quem comandou a segunda expedição foi Governador Geral, D. Luís de
Brito. Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem
chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota foi devolvida ao
porto de origem, com o próprio Governador Geral, e outra conseguiu
ancorar em Pernambuco onde, depois de esperar algum tempo também
retornou à Bahia.
c) Terceira expedição (1579):
Frutuoso Barbosa impôs a condição de que se conquistasse a Paraíba, a
governaria por dez anos. Essa ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que
quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e
além de ter forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele
perdeu sua esposa.
d) Quarta expedição (1582) :
com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso
Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos
índios e dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.
e) Quinta expedição(1584) :
esta teve a presença de flores Valdez, Felipe de Moura e o insistente
Frutuoso Barbosa, Que conseguiram finalmente expulsar os franceses e
conquistar a Paraíba.
Definindo a conquista
Em
1584, as lutas pela Paraíba registraram a participação dos espanhóis a
que, indiretamente, passara a pertencer o Brasil, em razão da união das
Coroas de Portugal e Espanha, subordinados a um mesmo soberano - Felipe
II da Espanha. Esse acontecimento ocorrido em 1580, na Europa, explica a
atuação nas peripécias paraibanas de 1584, de dois espanhóis, o
almirante Diogo Flores Valdez e o alcaide Francisco Castejom.
Ao
primeiro coube chefiar a Armada que veio combater os franceses no mar e
fechar a desembocadura do rio Paraíba, batizado de São Domingos pelos
Portugueses. Castejom encarregou-se do comando de baluarte, erguido nas
proximidades do estuário do Rio da Guia, afluente da Paraíba. O fortim
batizado de São Felipe e São Tiago ensejou a denominação de Forte Velho
para a localidade, hoje convertida em centro de turismo.
Não
foi desta feita, todavia, que a resistência indígena resultaria
dominada. Edificada em local inadequado, a fortaleza viu-se cercada
pelos Potiguaras que, em campo aberto, destruíram bandeiras que se
aventuraram pelo interior. Quando as desavenças entre o capitão-mor
Frutuoso Barbosa, português, e o alcaide Castejom, espanhol, se
acentuaram, a situação dos conquistadores tornou-se insustentável.
Castejom incendiou o forte e jogou a artilharia ao mar, retirando-se
para Olinda, onde foi preso pelo Ouvidor Martim Leitão.
Em
1585, coube a este último organizar expedição para a conquista, somente
então consumada. Devido à importância estratégica, a Paraíba fora
criada como Capitania Real, isto é, diretamente subordinada à coroa, o
que propiciou o emprego de recursos oficiais no empreendimento.
A
expedição chefiada militarmente por João Tavares, partiu de Olinda, com
aproximadamente mil homens, a cavalo e a pé. Entre os participantes das
jornadas encontrava-se militares, proprietários e sacerdotes, com
índios “domesticados” e escravos negros compondo a massa restante.
Quando
aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, fogem e são
aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras, Martim Leitão manda
saltá-los, afirmando que sua luta era contra os Potiguaras.
Após o incidente, Leitão procurou formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra traição, a rejeitaram.
O
cacique Piragibe, à frente dos Tabajaras, tinha planos de cercar o
forte e invadir também as capitanias de Pernambuco e Itamaracá. Mas
houve sérios desentendimentos entre os Tabajaras e os Potiguaras, os
quais levaram as duas tribos a guerrearem entre si.
Martim
Leitão, sabendo desses fatos, preparou-se para tentar as pazes com o
valente cacique Piragibe, pois sabia da importância de tê-lo como
aliado.
Para
essa missão de paz, o escolhido foi o capitão João Tavares, de espírito
conciliador. Finalmente, no dia 5 de agosto de 1585, celebraram um
acordo, na encosta de uma colina em frente ao rio Sanhauá, onde se
construíram um forte de madeira. Nesta data, foi firmada definitivamente
a conquista da Paraíba.
A
conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união de um
português e um chefe indígena chamado Piragibe, palavra que significa Braço de peixe.
Em
virtude de ser o dia 5 de agosto dedicado a Nossa Senhora das Neves, a
nova cidade recebeu o nome de Nossa Senhora das Neves, passando a
chamar-se Filipéia de Nossa Senhora das Neves (29/outubro/1585) em homenagem ao Rei Felipe da Espanha.
Depois passou a chamar-se Frederikstadt (frederica) (26/dezembro/1634) por ocasião da conquista pelos holandeses, em homenagem a Sua Alteza o Príncipe Orange, Frederico Henrique. Em seguida, Parahyba (01/fevereiro/1654) no
retorno ao domínio português, recebendo a mesma denominação que teve a
capitania, depois província e por último Estado. Finalmente, João Pessoa (04/setembro/1930) homenagem
prestada ao presidente do Estado assassinado em recife e que havia
negado apoio ao Dr. Júlio Prestes, candidato oficial nas eleições de
1930.
A fundação da cidade e a consolidação da conquista
1 – O início da cidade de Nossa Senhora das Neves
Celebrado
o acordo com os Tabajaras, os portugueses puderam fundar a cidade sede
da capitania. Por escolha de Martim leitão, João Tavares e Frutuoso
Barbosa, que percorreram a cavalo a planície situada entre o rio Paraíba
e o oceano Atlântico, a nova cidade foi edificada a partir de quatro de
novembro de 1585, na parte mais elevada, visava assegurar-lhe a defesa,
a proximidade do rio possibilitaria através dessa exportação dos
produtos elaborados ou encontrados – açúcar, peles, couro, âmbar,
madeiras e algodão. Incluindo no conjunto de trocas da economia mundial,
a capitania integrava o sistema econômico mercantilista.
Nossa
Senhora das Neves foi a terceira cidade criada no Brasil, sem nunca ter
sido Vila. Este privilégio lhe coube porque fora fundada pela cúpula da
Fazenda Real, uma Capitania da Coroa.
2 – Consolidação da conquista
Martim
Leitão, artífice primeiro da cidade de Nossa Senhora das Neves e de sua
consolidação, trouxe consigo pedreiros, carpinteiros, engenheiros e
outros para edificar a cidade. As primeiras medidas de Martim Leitão
foram para a construção de galpões de trabalho, levantamento de um
forte, projeção de uma casa para servir de almoxarifado e demais
construções essenciais à moradia.
A
principal fortificação teve construção iniciada em1586, no lugar
denominado Cabedelo – palavra equivalente a ponta de terra – onde o rio
Paraíba se encontra com o mar. Tornava-se essencial fortalecer esse
sítio porque quem o controlasse teria acesso à cidade, dezoito
quilômetro rio abaixo.
Datou
daí a instalação da fortaleza de Santa Catarina, de Cabedelo, ou ainda
do Matos, em homenagem a seu primeiro comandante, Francisco Cardoso do
Matos. A munição era assegurada pela Casa da Pólvora, a terceira e mais
importante das quais tomou o lugar do forte do Varadouro, em 1710.
A
colonização da Paraíba é pontilhada de momentos difíceis. Além dos
problemas de subsistência do pequeno grupo pioneiro de Martim Leitão e
João Tavares era necessário:
- Proteger os locais escolhidos para dar início ao povoamento;
- Vigiar a barra do rio Paraíba, porta aberta aos franceses e aventureiros;
- Ter cautela com tribos Cariri, que podiam atacar vindos do interior;
- Sustentar defesa contra investidas Potiguaras;
- Expulsar os franceses;
- Conservar a aliança com os Tabajaras;
- Transferir colonos e fixa-los na Capitania;
- Estabelecer uma economia estável.
3 – Economia e ocupação colonial
Naquela
época, a riqueza vegetal da Paraíba era a base inicial de sua economia.
As madeiras exploradas eram o pau-brasil e outras, como o pau-brasil e
outras, como o cedro, o jacarandá, resistentes e duráveis que s
destinavam ao fabrico de barcos e móveis para a nobreza.
Logo
a cana-de-açúcar, plantada nas várzeas da Capitania Real da Paraíba,
foi sendo reconhecida como da melhor qualidade. Numa época em que o
açúcar dava bastante lucro, não se perdeu muito tempo e, nas
proximidades da capital, apareceram os primeiros canaviais. Em 1587
funda-se o Engenho Real no Tibiri, onde se inicia a plantação de cana de açúcar, integrando a Paraíba a rede do comércio colonial.
Logo
os engenhos ficaram de “fogo aceso” nas várzeas da Paraíba. Tanto é que
em 1610, 25 anos depois da implantação a agroindústria açucareira na
capitania, já funcionavam 12 engenhos fabricando açúcar e enviando para a
Europa.
O
florescimento da cultura açucareira deu-se durante todo o século XVI e
primeira metade do século XVII, quando veio a crise da produção
regional, provocada pela concorrência do açúcar das Antilhas.
Ainda
no século XVII, a ocupação do sertão foi determinada pela necessidade
de prover a área açucareira de animais para o trabalho e alimento para a
população. Foi então que a pecuária sertaneja surgiu, revestindo-se de
grande importância geoeconômica, à medida que extensa faixa territorial
pôde ser ocupada por reduzida população. Nesta área, o grande
proprietário baseou sua economia em duas atividades: pecuária e cultura
do algodão. A cultura do algodão que ficou conhecido como ouro branco. sua produção proporcionou um desenvolvimento considerável na economia local. O criação de gado também teve uma importância singular na Paraíba. Sua atividade econômica estava voltada para o mercado interno e, consequentemente, os lucros oriundos de sua comercialização permaneciam na mesma. Sua fase áurea ficou conhecida como ciclo do couro.
A construção do forte de cabedelo na foz do Rio Paraíba serviu
de ponto de apoio para a continuidade da conquista do norte da
capitania (vales Mamanguape e Camaratuba), do Rio Grande do Norte e mais
tarde da penetração para oeste rumo ao sertão.
Entre
1585 e 1634 se processou a consolidação do povoamento do litoral. Este
se deteve, até meados do século XVII, na Borborema, onde a presença de
densas florestas, índios e o relevo acidentado retardaram a ocupação.
O sertão já tinha sido batido pelos bandeirantes baianos, paulistas e paraibanos. a primeira penetração fora a de Elias Heckman, por ordem de Maurício de Nassau(durante o domínio holandês), em 1641, à procura de ouro. Os franceses conheceram muito cedo, por via marítima, a baía da Traição: Mamanguape já era visitada, antes da conquista, por portugueses, franceses e mamelucos de Olinda.
Foram os missionários de catequeses que avançaram primeiro para a área dos cariris, surgindo depois da de Pilar, a aldeia de Campina Grande. Teodósio de Oliveira Ledo lançou-se até o boqueirão na serra do Carnoió, onde instalou um acampamento. em vez das missões, já era a guerra. Essa bandeira trágica atravessou a chapada e, descendo, atingiu Piranhas. Foi mais além. Em 1697 seu guia já era capitão mor de Piranhas e Piancó. No final do século XVII, o apresamento e o morticínio dos índios e os maus-tratos recebidos pelos que eram escravizados provocaram a revolta indígena conhecida como Confederação dos Cariris.
4 – A organização político-administrativa
A nova cidade teve uma administração, de 1585 a 1634, de capitães-mores ou governadores.
Nos primeiros tempos, a capitania da Paraíba era dirigida por um governador, o capitão-mor (denominação que significava que ele dirigia os capitães).
Com
a dilatação da conquista, as populações do interior também tiveram os
seus capitães-mores, que comandavam as ordenanças, supervisionavam o
policiamento dos sertões, respondia pela paz e ordem das suas
circunscrições e eram subordinados ao governador.
Havia outras autoridades: o Ouvidor-Geral que cuidava da justiça, dos juízes de órfãos e certos juízes inferiores denominados almotacés incumbidos de tomar conhecimento dos negócios pequenos. O Provedor da Fazenda presidia à arrecadação das rendas da Fazenda Real.
Existia em cada Capitania no tempo colonial (que, aliás, foi até o Império) o Senado da Câmara, órgão
que zelava pelos interesses do povo perante os governos da Capitania,
da Colônia e do Reino. Ainda havia na capitania da Paraíba a Casa do Conselho, com o pelourinho, onde funcionava o Tribunal de Justiça.
O período governamental era de três anos geralmente. Entretanto, poderia ser excedido, dependendo de circunstâncias.
Propriedade, escravidão e organização familiar
Do
ponto de vista social, ou seja, da composição de classes, a capitania
da Paraíba, tal como o restante da sociedade brasileira, fundamentou-se
na grande propriedade territorial, a chamada sesmaria.
A primeira sesmaria paraibana
foi concedida ainda no século XVI, quando seu número não passou de
cinco, no século XVII, esse número cresceu, mas na primeira metade, sua
localização não ultrapassou os vales dos rios Paraíba e Mamanguape, o
que significa colonização ainda restrita ao litoral. Na segunda metade
do século XVII e, principalmente no século XVIII, essas sesmarias
alcançaram os pontos mais distantes do território Paraibano, o que
representou a expansão deste, com incorporação das terras sertanejas à
colonização. No século XIX, as sesmarias concedidas aos que desejavam
lavrar a terra baixaram de número, tanto por o território já se
encontrar quase inteiramente ocupado, quanto pela Lei de Terras,
de 1850, que extinguiu o sistema sesmarial. Daí em diante, as chamadas
terras devolutas somente puderam ser adquiridas mediante compra.
A
sesmaria, que originou o latifúndio, monocultor com a cana-de-açúcar no
litoral e brejo, e binômio pecuária – algodão, no sertão,
responsabilizou-se pela ocupação da Paraíba. O proprietário, todavia,
não trabalhava diretamente a terra. Desde o início recorreu=se ao braço
do negro africano, para cá importado. Surgia assim, na zona da mata,
onde rios, solo de tipo massapé e, principalmente demanda dos mercados externos ensejavam partidos de cana e engenhos, o latifúndio monocultor e escravista. Sua
força de trabalho residia na mão-de-obra negra, não porque o índio
fosse indolente ou inapto ao trabalho, mas porque na escravidão africana
residiam os maiores lucros do sistema econômico mercantilista, baseado
na circulação de mercadorias.
Essa sociedade era também patriarcal. Isso porque o grande proprietário, dispunha
de poderes absolutos, nos limites de sua propriedade. A mulher, filhos,
agregados e escravos deviam-lhe fidelidade. Não raro, castigos físicos
acompanhavam as transgressões. A mulher teve alguma importância nesse
tipo de organização social, mas seus poderes limitavam-se ao interior da
casa grande. Quanto aos filhos, casavam-se mediante recomendação dos
pais, verificando-se muitos casamentos entre parentes para impedir
divisão da propriedade. O despotismo patriarcal ampliava os limites da família, de modo que, ao lado da família legítima, sobrevinha outra, ilegítima, mediante multidão de filhos naturais.
Algumas das Primeiras vilas da Paraíba na Época colonial
Com a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. No primeiro decênio do século XVII, a Paraíba já era considerada a terceira capitania mais desenvolvida do Nordeste, perdendo apenas para a Bahia, capital da colônia, e para Pernambuco. A cidade já contava com mais de 1.000 habitantes e a região possuía aproximadamente 20 engenhos. A seguir temos algumas informações sobre as primeiras vilas da Paraíba. Não especificamente na ordem cronológica.
PILAR
O
início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando as
fazendas de gado foram encontradas pelos holandeses. Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela região. Foi elevada a categoria de vila em 14 de setembro de 1758. Em 1670, Jesuítas, acompanhados pelos índios
Cariris, fundaram um colégio. Em torno do mesmo, formou-se o povoado, cuja
população era constituída principalmente de garimpeiros, que para ali se
deslocavam em busca do ouro existente.
A produção de açucareira trouxe grande
prestígio para Pilar, em virtude dos inúmeros engenhos distribuídos pelas
várzeas e baixios do território, tanto que, em 1859, teve a honra de receber a
visita do Imperador D. Pedro II, hospedado no solar do Barão de Maraú, onde
recebeu grandes homenagens.
Pilar foi elevada a
município em 1985, quando o cultivo da cana-de-açúcar se tornou na principal atividade da região.
SOUSA
A fertilidade da região atraiu moradores interessados no cultivo das terras. Nesta localização, Bento Freire de Sousa e José Gomes de Sá também situaram as suas fazendas.
Assim, o povoado desenvolvia-se e, em 1730, contava com 1.468 habitantes, segundo informações do Cabido de Olinda.
Esse crescimento chamou atenção de Bento Freire que, residindo na Fazenda Jardim, tomou a iniciativa de organizar um povoado.
Conhecida como Jardim do Rio do Peixe, nome primitivo da localização, foi elevado à categoria de Vila por decisão do Reino, expressa por
força de autoridade da Carta Régia de 22 de julho de 1766. Mesmo ostentando a
condição de distrito, permaneceu o povoado com o seu nome primitivo. Foi através da Lei Provincial de Nº 28, de 10 de julho de 1854, que a Vila de Sousa foi elevada à categoria de cidade passando, na oportunidade, a denominar-se Sousa, em homenagem ao seu benfeitor, Bento Freire de Sousa, conhecida hoje por "cidade sorriso".
Hoje a sexta cidade mais populosa do estado e dona de um dos mais importantes sítios arqueológicos do país (Vale dos Dinossauros), onde encontra-se várias pegadas de repteis pré-históricos.
CAMPINA GRANDE
Sua colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio de
Oliveira Ledo instalou na região um povoado. Os indígenas formaram uma
aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por onde
passavam camponeses. Percebe-se que as características comerciais de
Campina Grande nasceram desde sua origem.
Campina
foi elevada à freguesia em 1769, sob a invocação de nossa senhora da
Conceição. Sua elevação à vila com o nome Vila Nova da Rainha se deu em
20 de abril de 1790. A cidade de Campina Grande
tem, entre vários destaques, o Açude Velho, construído em 1828 por consequência
da forte seca de 1824/1828, que assombrou o Nordeste. Sua conclusão deu-se em
1830.Em épocas passadas, o Açude Velho foi o maior reservatório da Serra da
Borborema, responsável pela manutenção da Vila, e depois, cidade. Às suas
margens encontramos o monumento aos Tropeiros da Borborema, um dos símbolos da
cidade. Hoje Campina Grande é a maior cidade do interior do
Nordeste.
Guarabira
Foi
fundada no Engenho Morgado, do senhor Duarte Gomes da Silveira. Os
primeiros habitantes da localidade foram os índios Potiguares. Eles viviam em constantes
conflitos com os colonizadores (franceses e portugueses), por volta do século
XVI.
José
Gonçalves da Costa Beiriz foi o fundador do município que recebeu o nome de
Guarabira. Antes, era chamada pelos índios de "Guaraobira" ou
"Guirabira", mas a Lei 841, de 26 de novembro de 1877 elevou a
localidade a categoria de cidade, com a denominação de Guarabira.
SÃO JOÃO DO CARIRI
Tendo
sido povoada em meados do século XVII pela enorme família Cariri que
povoava o sítio São João, entre outros, esta cidade que atualmente não
se destaca muito à nível estadual foi elevada à vila em 22 de março de
1800. Sua emancipação política é datada de 15 de novembro de 1831.
POMBAL
No
final do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo realizou uma entrada
através do rio Piranhas. Neste venceu o confronto com os índios Pegas e
fundou ali uma aldeia que inicialmente recebeu o nome do rio (Piranhas).
Devido
ao sucesso da entrada não demorou muito até que passaram a chamar o
local de Nossa Senhora do bom sucesso, em homenagem a uma santa.
Em
1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem a
padroeira da cidade considerada uma relíquia histórica nos dias atuais.
Foi em 03 de março de 1772 que o ouvidor da
Paraíba. José Januário de Carvalho
encaminhou — em nome dos habitantes da povoação do Piancó — representação ao
governador de Pernambuco Manuel da Cunha de Meneses, propondo a instalação de
uma vila nos sertões da Paraíba, nos termos de uma Carta Régia autorizando a criação de novas Vilas na jurisdição de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte.
Por carta régia de 22 de julho de 1766 foi
elevada à categoria de vila, com o nome de Pombal. Homenagem ao ao famoso Marquês de Pombal. Elevada à categoria de
vila deu-se a instalação oficial a 4 de maio de 1772. Data hoje considerada como sendo também a da criação do município. De imediato, fizeram-se eleições livres para o preenchimento dos cargos oficias da Câmara e elegeu-se presidente e Judiciário da Câmara o capitão-mor Francisco de Arruda Câmara.
AREIA
Areia foi a principal civilização do Alto Brejo paraibano durante o século XIX, final do século XVIII e início do século XX a tal ponto de ter tido o primeiro teatro do estado.
Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é considerada também como a de sua elevação à vila.
Sua emancipação política se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje, areia se destaca como uma das principais cidades do interior da Paraíba. Em se tratando de história e cultura, esta cidade é um patrimônio paraibano.
Em Areia, José Américo de Almeida nasceu para crescer e escrever livros como "A Bagaceira", um clássico da literatura brasileira. José Américo viveu 93 anos e morreu na cidade de João Pessoa. Além de grande figura literária, José Américo se destacou também na área política, onde chegou a ser ministro no governo de Getúlio Vargas. José Américo viveu grande parte de sua vida na praia do Cabo Branco, em João Pessoa, onde hoje se encontra um museu.
Alhandra
Inicialmente as terras que hoje comporta a
cidade de Alhandra, eram habitadas pelos índios Arataquís, que viviam em
constantes combates contra os Tabajaras, que ocupavam a região onde hoje se
localiza a Capital João Pessoa.
Em 1758, foi elevada à categoria de 1ª Vila da
Paraíba, sendo
apenas instalada em 1765. e elevada à categoria de cidade com a denominação de
Alhandra, no dia 24 de abril de 1959. Após Alhandra se seguiram quatro vilas, a
de Pilar (1758), a de São Miguel da Baía da Traição (1762), a de Monte-Mor da
Preguiça (atual Rio Tinto em 1762) e a de Jacoca, (atual Conde em 1768). Todas
elas fundadas a partir de aldeias indígenas. Nota-se que todas foram criadas em
um curto espaço de tempo, e todas além de serem aldeias indígenas, ficavam
também na faixa litorânea.