O povoamento da América
Segundo muitos cientistas, foi no continente africano que surgiram os “primeiros humanos”. Da África, nossos ancestrais deslocaram-se para outras regiões da Terra, ocupando os mais variados ambientes no decorrer de milhares de anos. Uma dessas regiões foi a América.
O povoamento da América é um assunto fascinante pesquisado por muitos estudiosos. Essas pesquisas apontam que os humanos habitam a América, no mínimo, há mais de 10 mil anos. Isso é demonstrado por diversos vestígios, como pontas de lança, artefatos de pedra, ossos de mulheres e homens etc. Todos esses vestígios são utilizados para formular hipóteses sobre o modo de vida dos primeiros povos americanos.
Há várias hipóteses sobre a ocupação humana da América. Estudiosos elaboraram algumas hipóteses sobre esse deslocamento. Hipóteses são suposições que os pesquisadores fazem e, depois, procuram comprovar em suas pesquisas. Vamos conhecer algumas delas.
• Hipótese asiática – segundo essa hipótese, as primeiras migrações para o continente americano ocorreram pelo Estreito de Bering. Com o volume dos oceanos mais baixo, grupos humanos teriam se deslocado da Ásia para a América atravessando uma passagem de terra e gelo que ligava a Sibéria (Ásia) e o Alasca (América). Para suportar o frio intenso da região, frequentemente abaixo de -35 °C, esses humanos teriam confeccionado roupas e sapatos com peles grossas de animais para resistir à neve. Essa versão do povoamento é conhecida como teoria de Clóvis. Ela se originou das pesquisas realizadas no sítio arqueológico de Clóvis ou Folson, no estado do Novo México, Estados Unidos, em 1937. Os vestígios deixados pelos grupos humanos que aí viveram, basicamente pontas de pedra lascada e ossadas dos animais que caçavam, constituíram a chamada cultura Clóvis.
• Hipótese malaio-polinésia – existe também a possibilidade de que os primeiros povoadores tenham construído embarcações para vir para a América pela Polinésia, que é um conjunto de ilhas situado no Oceano Pacífico.
• Hipótese da dupla origem – outros pesquisadores defendem uma terceira hipótese, que é uma combinação das anteriores: os primeiros seres humanos teriam migrado para a América atravessando o Estreito de Bering e, também, navegando pelo Oceano Pacífico.
Alguns estudiosos, com base na idade dos fósseis encontrados, afirmam que as primeiras migrações do ser humano para a América ocorreram aproximadamente entre 12 mil e 20 mil anos atrás. Entretanto, outros pesquisadores, como a arqueóloga brasileira Niéde Guidon, defendem que as mais antigas travessias foram realizadas entre 40 e 70 mil anos atrás, e que o ser humano chegou a América por diferentes vias de acesso.
Entre os principais sítios arqueológicos a fornecer dados que permitem questionar a teoria de Clóvis está o de Monte Verde, no Chile.
Em Monte Verde, no Chile, foram descobertas centenas de artefatos de pedra e restos de alimentos mais antigos que as lascas de pedra encontradas em Clóvis. Além de ferramentas de pedra, o sítio de Monte Verde reúne um vasto tesouro da arqueologia americana. Lá foram encontradas fundações de casas em madeira, ossos de animais, plantas comestíveis, como batatas selvagens, nozes e cogumelos, além de diferentes espécies de plantas medicinais.
As descobertas arqueológicas no sul do Chile fizeram surgir novas hipóteses:
• O povoamento da América do sul pode ter sido anterior ao da América do Norte.
• Os povoadores da América entraram no continente por vários caminhos, não só pelo Estreito de Bering.
• Os alimentos vegetais eram importantes em Monte Verde.
Outros sítios arqueológicos, pesquisados em vários países da América, revelaram vestígios de datas mais antigas que os de Monte Verde, chegando talvez a cerca de 50 mil anos.
Diversidade cultural
Os primeiros grupos humanos que chegaram à América foram, aos poucos, se espalhando por esse continente. Durante um ou dois milênios, ocuparam e se adaptaram aos diversos ambientes naturais, desde o norte até o sul. Esses grupos foram povoando áreas que correspondem, atualmente, às florestas do leste dos Estados Unidos, aos desertos do México, à bacia do Rio Amazonas, aos vales das montanhas andinas e ao litoral do Brasil. Alcançaram, até mesmo, as ilhas da Terra do Fogo, no extremo sul do continente, que atualmente pertencem ao Chile e à Argentina.
Ao modificar a natureza e a paisagem, cada povo desenvolveu sua cultura, que se manifestava em um conjunto de bens materiais e imateriais, como o jeito próprio de construir instrumentos, organizar a vida social e homenagear seus deuses.
A seguir, vamos estudar alguns aspectos da história dos primeiros povoadores de áreas que hoje compõem o território brasileiro. As descobertas arqueológicas que ocorreram no Brasil foram importantes para a compreensão da história dos primeiros povos que viveram nessas terras. Além disso, até agora, os fósseis humanos encontrados no atual território brasileiro estão entre os mais antigos da América.
Vestígios arqueológicos no Brasil
No Brasil, os mais antigos vestígios desses povos datam do período paleolítico: sambaquis, utensílios primitivos e pinturas rupestres. O conjunto de vestígios encontrados em determinada região é chamado de sítio arqueológico, e sua análise cabe à Arqueologia, a ciência que estuda os povos pré-históricos. Através desse estudo desenvolveu-se o conhecimento do período anterior à chegada de Cabral ao Brasil, em 1500.
Sambaquis são volumosos montes de conchas e esqueletos de peixes, associados a objetos de pedra, às vezes com mais de 10 metros de altura. Distribuídos por todo o litoral brasileiro, destacadamente no Sul, atestam que ali viveram grupos humanos que se alimentavam de animais marinhos há mais de 10 000 anos.
Utensílios primitivos também foram encontrados em diversos pontos do litoral e do interior do Brasil: pontas de flechas, machados e outros instrumentos, além de potes de barro, alguns decorados e usados como urna para os mortos, dentro dos quais foram achados esqueletos.
Pinturas rupestres, compostas de desenhos de figuras humanas e de animais, cenas de caça e pesca, foram encontradas nas paredes de grutas e cavernas e em lajes de pedras em lugares abertos. São famosas as pinturas rupestres de cavernas em Minas Gerais e em São Raimundo Nonato, no Piauí.
As descobertas arqueológicas no Brasil
Desde o século XIX são realizadas pesquisas arqueológicas no brasil. Entre 1834 e 1846, o dinamarquês Peter Lund, pesquisando na região de Lagoa Santa, no interior de Minas Gerais, encontrou vestígios de grupos de caçadores que viveram no local há milhares de anos.
Lagoa Santa
Em 1834, o pesquisador dinamarquês Peter Lund (1801-1880) encontrou fósseis de cerca de trinta pessoas na Gruta do Sumidoro, que fica no município de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais.
Depois, vieram muitas outras descobertas. Uma delas foi realizada na mesma região de Lagoa Santa, entre 1974 e 1975, pela equipe coordenada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire. Mas foi apenas na década de 1990 que um dos esqueletos descobertos em Lagoa Santa pela equipe de Annette recebeu atenção especial dos pesquisadores. O esqueleto era de uma mulher que viveu há cerca de 11 mil anos, talvez o mais antigo de toda a América. Esse achado foi batizado de “Luzia” pelo arqueólogo brasileiro Walter Neves.
Segundo Walter Neves, os estudos sobre Luzia indicam que seus antepassados chegaram à América há pelo menos 15 mil anos, possivelmente pelo Estreito de Bering. Além disso, Neves e sua equipe analisaram esse crânio e identificaram traços semelhantes aos de africanos e de nativos australianos. Entretanto, mais recentemente, outros pesquisadores questionaram essa hipótese, defendendo que Luzia apresenta traços similares aos de povos da Sibéria e do norte da China.
Os estudos também indicam que o chamado povo de Luzia se abrigava nas grutas da região, onde também foram encontrados pinturas rupestres de peixes, veados, figuras humanas, aves, entre outros vestígios.
As pesquisas na região de Lagoa Santa permitiu conhecer os hábitos dos povos que habitavam a região há milhares de anos. Esses povos são conhecidos como Homens de Lagoa Santa.
Hoje existem muitos outros sítios arqueológicos sendo estudados. Vamos conhecer com mais detalhes os de São Raimundo Nonato e Pedra Pintada, dois dos principais sítios arqueológicos do país.
São Raimundo Nonato
Além das descobertas em Lagoa Santa. No início dos anos 1970, sob a coordenação de Niède Guidon, uma equipe de pesquisadores começou a estudar um sítio arqueológico na região de São Raimundo Nonato, no interior do piaui. O resultado das pesquisas provocou verdadeira revolução nos estudos arqueológicos brasileiros.
Pesquisas realizadas pela arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, em São Raimundo Nonato e municípios adjacentes, no estado do Piauí, sugerem que homens e mulheres habitavam aquela porção do atual território brasileiro há, pelo menos, 50 mil anos. Essas pesquisas foram decisivas para a criação, em 1979, do Parque Nacional Serra da Capivara, cujo objetivo é proteger os monumentos arqueológicos e o ambiente natural da região. Em 1991, esse parque foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O parque abriga mais de mil sítios arqueológicos, onde foram encontrados diversos vestígios de ocupação humana. Entre eles, podemos destacar fósseis humanos de 10 mil anos, objetos confeccionados com pedras lascadas e polidas (como machado, pilão e ponta de flecha), além de uma significativa concentração de pinturas rupestres que têm de 6 mil a 12 mil anos.
Para a arqueóloga Niède Guidon, os grupos humanos que habitaram a região formavam comunidades de caçadores-coletores, abrigavam-se em grutas, tinham o domínio do fogo e sabiam construir instrumentos de pedra.
A análise de fósseis de plantas indicou que na região existia densa floresta tropical, habitada por cavalos, tigres dente-de-sabre, lagartos, capivaras, preguiças e tatus gigantes. Muitos desses animais podem ter sido fonte de alimentação para os povos que habitavam a região. Esses povos praticavam a caça e utilizavam o fogo para cozinhar, defender-se e atacar os inimigos.
Entre os sinais que deixaram, os arqueólogos identificaram mais de 25 mil figuras rupestres, em mais de 200 abrigos. Foram encontrados ainda fragmentos de fogueiras, machados, facas e raspadores. Acredita-se que esses vestígios podem chegar a ter 48 mil anos de idade.
Muitos pesquisadores, entretanto, questionam os resultados das pesquisas realizadas em São Raimundo Nonato. Como lá não foram encontrados fósseis humanos com idade superior a 8 mil anos, eles acreditam que as fogueiras e as pedras polidas podem ter sido produzidas pela ação de incêndios ou raios e não por seres humanos. A polêmica está relacionada a algumas pedras lascadas e restos de fogueiras que podem ter mais de 50 mil anos. A dúvida vai persistir até a descoberta de um vestígio ósseo que comprove a presença humana em períodos mais remotos.
Caverna de Pedra Pintada
Em 1996, pesquisadores norte-americanos, brasileiros e franceses, sob a coordenação da arqueóloga Anna Roosevelt, comprovaram que seres humanos na região da Amazônia há pelo menos 11 200 anos.
Os vestígios foram encontrados na Caverna da Pedra Pintada, no município de Monte Alegre, à margem esquerda do rio Amazonas. Entre os inúmeros vestígios da presença humana, havia fragmentos de objetos, pinturas rupestres, lascas de cerâmica e restos de fogueiras e de ossos de animais carbonizados.
A partir desses vestígios, os pesquisadores constataram que os habitantes da Pedra Pintada dominavam o fogo e eram caçadores. Para a pesquisadora, diversos sítios no Brasil constituem provas mais do que convincentes de que a ocupação da América se deu há mais de 20 mil anos.
Inscrições rupestres
As inscrições rupestres estão entre as expressões artísticas mais antigas criadas pelos seres humanos. Essas inscrições são encontradas em superfícies rochosas, como as paredes e o teto de cavernas e grutas. Rupestre significa “feito em rocha”. A forma mais comum de arte rupestre são as pinturas. Elas eram feitas com tintas fabricadas pela mistura de certos pigmentos, obtidos de alguns minerais e vegetais. Por exemplo:
• com ferrugem (cujo nome científico é óxido de ferro) e manganês, eram produzidas as cores vermelha, amarela e ocre;
• com urucum e carvão, eram obtidas as cores vermelha, preta e marrom.
Além de revelar o senso artístico desses povos, os especialistas supõem que as pinturas rupestres também tinham função educativa. Eram provavelmente usadas para ensinar aos mais jovens como realizar as atividades do dia a dia: caçar, pescar, defender-se dos perigos etc.
Um aspecto interessante das inscrições rupestres é que elas podiam ser complementadas ao longo de várias gerações. Isso significa que uma pessoa, por exemplo, fazia um desenho ou pintura e, muitos anos depois, outra pessoa acrescentava detalhes a ele.
No continente americano, foram encontradas milhares de inscrições rupestres. O Parque Nacional Serra da Capivara, por exemplo, reúne uma das maiores concentrações de pinturas rupestres do mundo.
Povos do litoral
Por volta de 6 mil anos atrás, parte do litoral brasileiro (do Espirito Santo ao Rio Grande do Sul) foi habitada por povos seminômades, com certa unidade cultural em função da adaptação ao ambiente litorâneo. Deixaram como vestígios de sua presença os sambaquis, palavra de origem tupi que significa “monte de mariscos”.
Os sambaquis foram utilizados para enterrar os mortos com seus objetos pessoais (enfeites, utensílios e armas), o que indica uma provável preocupação religiosa com a morte.
Os estudos dos sambaquis revelam aspectos da cultura dos povos litorâneos de nossa Pré-história. Esses povos formavam aldeias com cerca de 100 a 150 habitantes em média. Viviam da coleta, da caça e principalmente da pesca. Utilizavam instrumentos feitos de pedra (enfeites, facas, flechas, machados) e de ossos (arpões, agulhas, anzóis). Tinham o domínio do fogo e assavam os alimentos, que eram divididos entre os membros do grupo.
Durante cerca de 5 mil anos, os povos do sambaquis expandiram-se com brilho e vigor. Sofreram, por fim, o ataque dos índios tupi-guaranis, vindos do interior do território brasileiro.
Primeiros povoadores
O atual território brasileiro é uma das regiões da América habitada há pelo menos 10 mil anos.
Caçadores-coletores
Os povos caçadores-coletores viviam da caça, da pesca e da coleta de alimentos. Não praticavam a agricultura, mas tinham o domínio do fogo e fabricavam instrumentos variados, feitos de pedra e de ossos.
Embora existam muitas semelhanças entre os modos de vida dos primeiros povos caçadores-coletores, também é possível identificar diferenças entre eles. Aliando trabalho e criatividade, esses povos desenvolveram culturas próprias.
A maioria das informações que temos sobre eles vem de inscrições rupestres e dos vestígios de seus instrumentos, alimentos e habitações. No estado de São Paulo, por exemplo, os pesquisadores acharam diversos tipos de ponta de flecha. Em Minas Gerais e no Piauí, descobriram uma grande quantidade de pinturas rupestres que provavelmente foram elaboradas por esses povos.
Já no Rio Grande do Sul, foram encontradas facas de pedra em forma de bumerangue e boleadeiras, que é um instrumento composto de duas ou três bolas de pedra amarradas por um cordão, feito geralmente de couro. As boleadeiras eram lançadas nas patas do animal para derrubá-lo. Até hoje elas são usadas por alguns gaúchos que vivem no campo e criam animais.
Sambaquieiros
Por volta de 8 mil anos atrás, parte do litoral brasileiro era habitada por povos seminômades. Alguns desses povos deixaram como vestígios de sua presença os sambaquis.
Sambaqui (palavra de origem tupi que significa “monte de conchas”) é um acúmulo de conchas de moluscos e restos de animais, como peixes e aves, que essas comunidades depositaram em determinados locais ao longo do tempo.
Existem sambaquis que atingem até 30 metros de altura e 400 metros de comprimento por 100 metros de largura.
Os sambaquis eram utilizados para enterrar os mortos e seus objetos pessoais (enfeites, utensílios e armas). Isso indica que, provavelmente, já existia entre os sambaquieiros uma preocupação religiosa com a morte. Esses povos também costumavam construir suas habitações sobre os montes de conchas.
Os estudos dos sambaquis sugerem que, até por volta de mil anos atrás, muitos desses povos formavam aldeias com cerca de 150 habitantes. Viviam da coleta, da caça e, principalmente, da pesca. Utilizavam instrumentos feitos de pedra (enfeites, facas, flechas, machados) e de osso (arpões, agulhas, anzóis). Tinham também o domínio do fogo e assavam os alimentos.
A expansão territorial dos sambaquieiros durou cerca de 5 mil anos e foi interrompida pela ocupação de grande parte do litoral e parte do interior por aldeias da etnia Tupi.
Destruição dos sambaquis
No final do século XV, com a chegada dos europeus ao continente americano, muitos sambaquis foram destruídos.
Alguns portugueses tiravam as conchas dos sambaquis para fabricar cal (material usado na construção de habitações). Atualmente, a preservação dos sambaquis continua sendo ameaçada. Eles são destruídos com o objetivo, por exemplo, de abrir caminho para novas construções ou de extrair materiais para a produção agrícola. Também é comum os sambaquis se deteriorarem por causa do trânsito de pessoas e de veículos, sobretudo em áreas litorâneas exploradas pelo turismo.
Apesar desse processo de destruição, ainda existem sambaquis no litoral brasileiro, muitos deles estudados por equipes de arqueólogos e historiadores. Os sambaquis estão localizados desde o estado do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Têm idades variadas, embora seja difícil dizer exatamente quando foram formados.
Alguns, como o de Capelinha (São Paulo), têm cerca de 8 mil anos. Outros, como os de Paranaguá (Paraná), têm entre 6 mil e 7 mil anos.
Agricultores
A região amazônica teve destaque na introdução da agricultura nas terras que atualmente compõem o território brasileiro. Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, é provável que povos da Amazônia tenham desenvolvido formas iniciais de agricultura a partir de 6000 a.C. Por volta de 1000 a.C., esses povos já adotavam modos de vida plenamente agrícolas. Isso contribuiu para que a população aumentasse e migrasse para outras regiões do atual Brasil.
Entre as plantas cultivadas por esses povos estavam a mandioca, a pupunha, o abacaxi, o maracujá, o cacau, o feijão, o amendoim, o tomate, a abóbora e o açaí. Atualmente, essas plantas são amplamente consumidas e comercializadas em vários continentes, como na África, na Ásia e na Europa.
Ceramistas
A região amazônica também teve um importante papel na introdução da cerâmica. Foram encontradas cerâmicas no atual estado do Pará que datam de cerca de 5000 a.C. As cerâmicas amazônicas são consideradas as mais antigas das Américas. Os povos ceramistas da Amazônia confeccionavam objetos como potes, vasos, panelas, tigelas etc.
Embora exista uma forte relação entre o desenvolvimento da cerâmica e o da agricultura, isso não quer dizer que todo povo ceramista fosse agricultor. Havia, inclusive, povos caçadores-coletores que produziam cerâmicas.
Entre os povos amazônicos, vamos destacar aqueles que viviam no atual município de Santarém e na Ilha de Marajó, ambos pertencentes ao atual estado do Pará, há cerca de 2 000 anos. Nessas regiões, foram encontradas cerâmicas originais e bem elaboradas.
Cerâmicas santarena e marajoara
Os povos santarenos e marajoaras produziram diversos objetos de cerâmica, como recipientes decorados, urnas funerárias e estatuetas com forma de seres humanos (antropomórficas) e de animais (zoomórficas).
Os santarenos criaram cerâmicas com pinturas, desenhos em relevo e esculturas que eram moldadas separadamente e aplicadas nas bordas dos vasos. Já os marajoaras produziram objetos de cerâmica enfeitados com pinturas em preto e vermelho sobre um fundo branco. Para alguns estudiosos, essas pinturas estão entre as mais belas do mundo.