domingo, 24 de setembro de 2023

Os primeiros habitantes da América

O povoamento da América

Segundo muitos cientistas, foi no continente africano que surgiram os “primeiros humanos”. Da África, nossos ancestrais deslocaram-se para outras regiões da Terra, ocupando os mais variados ambientes no decorrer de milhares de anos. Uma dessas regiões foi a América.

O povoamento da América é um assunto fascinante pesquisado por muitos estudiosos. Essas pesquisas apontam que os humanos habitam a América, no mínimo, há mais de 10 mil anos. Isso é demonstrado por diversos vestígios, como pontas de lança, artefatos de pedra, ossos de mulheres e homens etc. Todos esses vestígios são utilizados para formular hipóteses sobre o modo de vida dos primeiros povos americanos.

Há várias hipóteses sobre a ocupação humana da América. Estudiosos elaboraram algumas hipóteses sobre esse deslocamento. Hipóteses são suposições que os pesquisadores fazem e, depois, procuram comprovar em suas pesquisas. Vamos conhecer algumas delas.

• Hipótese asiática – segundo essa hipótese, as primeiras migrações para o continente americano ocorreram pelo Estreito de Bering. Com o volume dos oceanos mais baixo, grupos humanos teriam se deslocado da Ásia para a América atravessando uma passagem de terra e gelo que ligava a Sibéria (Ásia) e o Alasca (América). Para suportar o frio intenso da região, frequentemente abaixo de -35 °C, esses humanos teriam confeccionado roupas e sapatos com peles grossas de animais para resistir à neve. Essa versão do povoamento é conhecida como teoria de Clóvis. Ela se originou das pesquisas realizadas no sítio arqueológico de Clóvis ou Folson, no estado do Novo México, Estados Unidos, em 1937. Os vestígios deixados pelos grupos humanos que aí viveram, basicamente pontas de pedra lascada e ossadas dos animais que caçavam, constituíram a chamada cultura Clóvis.

• Hipótese malaio-polinésia – existe também a possibilidade de que os primeiros povoadores tenham construído embarcações para vir para a América pela Polinésia, que é um conjunto de ilhas situado no Oceano Pacífico.

• Hipótese da dupla origem – outros pesquisadores defendem uma terceira hipótese, que é uma combinação das anteriores: os primeiros seres humanos teriam migrado para a América atravessando o Estreito de Bering e, também, navegando pelo Oceano Pacífico.

Alguns estudiosos, com base na idade dos fósseis encontrados, afirmam que as primeiras migrações do ser humano para a América ocorreram aproximadamente entre 12 mil e 20 mil anos atrás. Entretanto, outros pesquisadores, como a arqueóloga brasileira Niéde Guidon, defendem que as mais antigas travessias foram realizadas entre 40 e 70 mil anos atrás, e que o ser humano chegou a América por diferentes vias de acesso.

Entre os principais sítios arqueológicos a fornecer dados que permitem questionar a teoria de Clóvis está o de Monte Verde, no Chile.

Em Monte Verde, no Chile, foram descobertas centenas de artefatos de pedra e restos de alimentos mais antigos que as lascas de pedra encontradas em Clóvis. Além de ferramentas de pedra, o sítio de Monte Verde reúne um vasto tesouro da arqueologia americana. Lá foram encontradas fundações de casas em madeira, ossos de animais, plantas comestíveis, como batatas selvagens, nozes e cogumelos, além de diferentes espécies de plantas medicinais.

As descobertas arqueológicas no sul do Chile fizeram surgir novas hipóteses:

• O povoamento da América do sul pode ter sido anterior ao da América do Norte.

• Os povoadores da América entraram no continente por vários caminhos, não só pelo Estreito de Bering.

• Os alimentos vegetais eram importantes em Monte Verde. 

Outros sítios arqueológicos, pesquisados em vários países da América, revelaram vestígios de datas mais antigas que os de Monte Verde, chegando talvez a cerca de 50 mil anos.

Diversidade cultural

Os primeiros grupos humanos que chegaram à América foram, aos poucos, se espalhando por esse continente. Durante um ou dois milênios, ocuparam e se adaptaram aos diversos ambientes naturais, desde o norte até o sul. Esses grupos foram povoando áreas que correspondem, atualmente, às florestas do leste dos Estados Unidos, aos desertos do México, à bacia do Rio Amazonas, aos vales das montanhas andinas e ao litoral do Brasil. Alcançaram, até mesmo, as ilhas da Terra do Fogo, no extremo sul do continente, que atualmente pertencem ao Chile e à Argentina.

O povoamento da América provocou impactos naturais e a extinção de parte da fauna original. Nessa fauna havia, por exemplo, tigres-dentes-de-sabre, mamutes, mastodontes, leões-americanos e cavalos nativos. Também havia preguiças-gigantes, que podiam pesar 8 toneladas e alcançar 6 metros de altura. No entanto, a maioria dessas espécies foidesaparecendo devido, entre outros fatores, à caça promovida pelos grupos humanos.

Ao modificar a natureza e a paisagem, cada povo desenvolveu sua cultura, que se manifestava em um conjunto de bens materiais e imateriais, como o jeito próprio de construir instrumentos, organizar a vida social e homenagear seus deuses.

A seguir, vamos estudar alguns aspectos da história dos primeiros povoadores de áreas que hoje compõem o território brasileiro. As descobertas arqueológicas que ocorreram no Brasil foram importantes para a compreensão da história dos primeiros povos que viveram nessas terras. Além disso, até agora, os fósseis humanos encontrados no atual território brasileiro estão entre os mais antigos da América.

Vestígios arqueológicos no Brasil

No Brasil, os mais antigos vestígios desses povos datam do período paleolítico: sambaquis, utensílios primitivos e pinturas rupestres. O conjunto de vestígios encontrados em determinada região é chamado de sítio arqueológico, e sua análise cabe à Arqueologia, a ciência que estuda os povos pré-históricos. Através desse estudo desenvolveu-se o conhecimento do período anterior à chegada de Cabral ao Brasil, em 1500.

Sambaquis são volumosos montes de conchas e esqueletos de peixes, associados a objetos de pedra, às vezes com mais de 10 metros de altura. Distribuídos por todo o litoral brasileiro, destacadamente no Sul, atestam que ali viveram grupos humanos que se alimentavam de animais marinhos há mais de 10 000 anos.

Utensílios primitivos também foram encontrados em diversos pontos do litoral e do interior do Brasil: pontas de flechas, machados e outros instrumentos, além de potes de barro, alguns decorados e usados como urna para os mortos, dentro dos quais foram achados esqueletos.

Pinturas rupestres, compostas de desenhos de figuras humanas e de animais, cenas de caça e pesca, foram encontradas nas paredes de grutas e cavernas e em lajes de pedras em lugares abertos. São famosas as pinturas rupestres de cavernas em Minas Gerais e em São Raimundo Nonato, no Piauí. 

As descobertas arqueológicas no Brasil

Desde o século XIX são realizadas pesquisas arqueológicas no brasil. Entre 1834 e 1846, o dinamarquês Peter Lund, pesquisando na região de Lagoa Santa, no interior de Minas Gerais, encontrou vestígios de grupos de caçadores que viveram no local há milhares de anos.

Lagoa Santa

Em 1834, o pesquisador dinamarquês Peter Lund (1801-1880) encontrou fósseis de cerca de trinta pessoas na Gruta do Sumidoro, que fica no município de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais.

Depois, vieram muitas outras descobertas. Uma delas foi realizada na mesma região de Lagoa Santa, entre 1974 e 1975, pela equipe coordenada pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire. Mas foi apenas na década de 1990 que um dos esqueletos descobertos em Lagoa Santa pela equipe de Annette recebeu atenção especial dos pesquisadores. O esqueleto era de uma mulher que viveu há cerca de 11 mil anos, talvez o mais antigo de toda a América. Esse achado foi batizado de “Luzia” pelo arqueólogo brasileiro Walter Neves.

Segundo Walter Neves, os estudos sobre Luzia indicam que seus antepassados chegaram à América há pelo menos 15 mil anos, possivelmente pelo Estreito de Bering. Além disso, Neves e sua equipe analisaram esse crânio e identificaram traços semelhantes aos de africanos e de nativos australianos. Entretanto, mais recentemente, outros pesquisadores questionaram essa hipótese, defendendo que Luzia apresenta traços similares aos de povos da Sibéria e do norte da China. 

Os estudos também indicam que o chamado povo de Luzia se abrigava nas grutas da região, onde também foram encontrados pinturas rupestres de peixes, veados, figuras humanas, aves, entre outros vestígios.

As pesquisas na região de Lagoa Santa permitiu conhecer os hábitos dos povos que habitavam a região há milhares de anos. Esses povos são conhecidos como Homens de Lagoa Santa.

Hoje existem muitos outros sítios arqueológicos sendo estudados. Vamos conhecer com mais detalhes os de São Raimundo Nonato e Pedra Pintada, dois dos principais sítios arqueológicos do país.

São Raimundo Nonato

Além das descobertas em Lagoa Santa. No início dos anos 1970, sob a coordenação de Niède Guidon, uma equipe de pesquisadores começou a estudar um sítio arqueológico na região de São Raimundo Nonato, no interior do piaui. O resultado das pesquisas provocou verdadeira revolução nos estudos arqueológicos brasileiros. 

Pesquisas realizadas pela arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, em São Raimundo Nonato e municípios adjacentes, no estado do Piauí, sugerem que homens e mulheres habitavam aquela porção do atual território brasileiro há, pelo menos, 50 mil anos. Essas pesquisas foram decisivas para a criação, em 1979, do Parque Nacional Serra da Capivara, cujo objetivo é proteger os monumentos arqueológicos e o ambiente natural da região. Em 1991, esse parque foi reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O parque abriga mais de mil sítios arqueológicos, onde foram encontrados diversos vestígios de ocupação humana. Entre eles, podemos destacar fósseis humanos de 10 mil anos, objetos confeccionados com pedras lascadas e polidas (como machado, pilão e ponta de flecha), além de uma significativa concentração de pinturas rupestres que têm de 6 mil a 12 mil anos.

Para a arqueóloga Niède Guidon, os grupos humanos que habitaram a região formavam comunidades de caçadores-coletores, abrigavam-se em grutas, tinham o domínio do fogo e sabiam construir instrumentos de pedra.

A análise de fósseis de plantas indicou que na região existia densa floresta tropical, habitada por cavalos, tigres dente-de-sabre, lagartos, capivaras, preguiças e tatus gigantes. Muitos desses animais podem ter sido fonte de alimentação para os povos que habitavam a região. Esses povos praticavam a caça e utilizavam o fogo para cozinhar, defender-se e atacar os inimigos.

Entre os sinais que deixaram, os arqueólogos identificaram mais de 25 mil figuras rupestres, em mais de 200 abrigos. Foram encontrados ainda fragmentos de fogueiras, machados, facas e raspadores. Acredita-se que esses vestígios podem chegar a ter 48 mil anos de idade. Segundo Niède Guidon, esses vestígios indicariam que a ocupação na América do Sul ocorreu bem antes do que se imaginava.

Muitos pesquisadores, entretanto, questionam os resultados das pesquisas realizadas em São Raimundo Nonato. Como lá não foram encontrados fósseis humanos com idade superior a 8 mil anos, eles acreditam que as fogueiras e as pedras polidas podem ter sido produzidas pela ação de incêndios ou raios e não por seres humanos. A polêmica está relacionada a algumas pedras lascadas e restos de fogueiras que podem ter mais de 50 mil anos. A dúvida vai persistir até a descoberta de um vestígio ósseo que comprove a presença humana em períodos mais remotos.

Caverna de Pedra Pintada

Em 1996, pesquisadores norte-americanos, brasileiros e franceses, sob a coordenação da arqueóloga Anna Roosevelt, comprovaram que seres humanos na região da Amazônia há pelo menos 11 200 anos.

Os vestígios foram encontrados na Caverna da Pedra Pintada, no município de Monte Alegre, à margem esquerda do rio Amazonas. Entre os inúmeros vestígios da presença humana, havia fragmentos de objetos, pinturas rupestres, lascas de cerâmica e restos de fogueiras e de ossos de animais carbonizados.

A partir desses vestígios, os pesquisadores constataram que os habitantes da Pedra Pintada dominavam o fogo e eram caçadores. Para a pesquisadora, diversos sítios no Brasil constituem provas mais do que convincentes de que a ocupação da América se deu há mais de 20 mil anos.

Inscrições rupestres

As inscrições rupestres estão entre as expressões artísticas mais antigas criadas pelos seres humanos. Essas inscrições são encontradas em superfícies rochosas, como as paredes e o teto de cavernas e grutas. Rupestre significa “feito em rocha”. A forma mais comum de arte rupestre são as pinturas. Elas eram feitas com tintas fabricadas pela mistura de certos pigmentos, obtidos de alguns minerais e vegetais. Por exemplo:

• com ferrugem (cujo nome científico é óxido de ferro) e manganês, eram produzidas as cores vermelha, amarela e ocre;

• com urucum e carvão, eram obtidas as cores vermelha, preta e marrom.

Além de revelar o senso artístico desses povos, os especialistas supõem que as pinturas rupestres também tinham função educativa. Eram provavelmente usadas para ensinar aos mais jovens como realizar as atividades do dia a dia: caçar, pescar, defender-se dos perigos etc.

Um aspecto interessante das inscrições rupestres é que elas podiam ser complementadas ao longo de várias gerações. Isso significa que uma pessoa, por exemplo, fazia um desenho ou pintura e, muitos anos depois, outra pessoa acrescentava detalhes a ele.

No continente americano, foram encontradas milhares de inscrições rupestres. O Parque Nacional Serra da Capivara, por exemplo, reúne uma das maiores concentrações de pinturas rupestres do mundo.

Povos do litoral

Por volta de 6 mil anos atrás, parte do litoral brasileiro (do Espirito Santo ao Rio Grande do Sul) foi habitada por povos seminômades, com certa unidade cultural em função da adaptação ao ambiente litorâneo. Deixaram como vestígios de sua presença os sambaquis, palavra de origem tupi que significa “monte de mariscos”.

Os sambaquis foram utilizados para enterrar os mortos com seus objetos pessoais (enfeites, utensílios e armas), o que indica uma provável preocupação religiosa com a morte.

Os estudos dos sambaquis revelam aspectos da cultura dos povos litorâneos de nossa Pré-história. Esses povos formavam aldeias com cerca de 100 a 150 habitantes em média. Viviam da coleta, da caça e principalmente da pesca. Utilizavam instrumentos feitos de pedra (enfeites, facas, flechas, machados) e de ossos (arpões, agulhas, anzóis). Tinham o domínio do fogo e assavam os alimentos, que eram divididos entre os membros do grupo.

Durante cerca de 5 mil anos, os povos do sambaquis expandiram-se com brilho e vigor. Sofreram, por fim, o ataque dos índios tupi-guaranis, vindos do interior do território brasileiro.

Primeiros povoadores

O atual território brasileiro é uma das regiões da América habitada há pelo menos 10 mil anos.

Caçadores-coletores

Os povos caçadores-coletores viviam da caça, da pesca e da coleta de alimentos. Não praticavam a agricultura, mas tinham o domínio do fogo e fabricavam instrumentos variados, feitos de pedra e de ossos.

Embora existam muitas semelhanças entre os modos de vida dos primeiros povos caçadores-coletores, também é possível identificar diferenças entre eles. Aliando trabalho e criatividade, esses povos desenvolveram culturas próprias.

A maioria das informações que temos sobre eles vem de inscrições rupestres e dos vestígios de seus instrumentos, alimentos e habitações. No estado de São Paulo, por exemplo, os pesquisadores acharam diversos tipos de ponta de flecha. Em Minas Gerais e no Piauí, descobriram uma grande quantidade de pinturas rupestres que provavelmente foram elaboradas por esses povos.

Já no Rio Grande do Sul, foram encontradas facas de pedra em forma de bumerangue e boleadeiras, que é um instrumento composto de duas ou três bolas de pedra amarradas por um cordão, feito geralmente de couro. As boleadeiras eram lançadas nas patas do animal para derrubá-lo. Até hoje elas são usadas por alguns gaúchos que vivem no campo e criam animais.

Sambaquieiros

Por volta de 8 mil anos atrás, parte do litoral brasileiro era habitada por povos seminômades. Alguns desses povos deixaram como vestígios de sua presença os sambaquis.

Sambaqui (palavra de origem tupi que significa “monte de conchas”) é um acúmulo de conchas de moluscos e restos de animais, como peixes e aves, que essas comunidades  depositaram em determinados locais ao longo do tempo.

Existem sambaquis que atingem até 30 metros de altura e 400 metros de comprimento por 100 metros de largura.

Os sambaquis eram utilizados para enterrar os mortos e seus objetos pessoais (enfeites, utensílios e armas). Isso indica que, provavelmente, já existia entre os sambaquieiros uma preocupação religiosa com a morte. Esses povos também costumavam construir suas habitações sobre os montes de conchas.

Os estudos dos sambaquis sugerem que, até por volta de mil anos atrás, muitos desses povos formavam aldeias com cerca de 150 habitantes. Viviam da coleta, da caça e, principalmente, da pesca. Utilizavam instrumentos feitos de pedra (enfeites, facas, flechas, machados) e de osso (arpões, agulhas, anzóis). Tinham também o domínio do fogo e assavam os alimentos.

A expansão territorial dos sambaquieiros durou cerca de 5 mil anos e foi interrompida pela ocupação de grande parte do litoral e parte do interior por aldeias da etnia Tupi.

Destruição dos sambaquis

No final do século XV, com a chegada dos europeus ao continente americano, muitos sambaquis foram destruídos.

Alguns portugueses tiravam as conchas dos sambaquis para fabricar cal (material usado na construção de habitações). Atualmente, a preservação dos sambaquis continua sendo ameaçada. Eles são destruídos com o objetivo, por exemplo, de abrir caminho para novas construções ou de extrair materiais para a produção agrícola. Também é comum os sambaquis se deteriorarem por causa do trânsito de pessoas e de veículos, sobretudo em áreas litorâneas exploradas pelo turismo.

Apesar desse processo de destruição, ainda existem sambaquis no litoral brasileiro, muitos deles estudados por equipes de arqueólogos e historiadores. Os sambaquis estão localizados desde o estado do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo. Têm idades variadas, embora seja difícil dizer exatamente quando foram formados.

Alguns, como o de Capelinha (São Paulo), têm cerca de 8 mil anos. Outros, como os de Paranaguá (Paraná), têm entre 6 mil e 7 mil anos.

Agricultores

A região amazônica teve destaque na introdução da agricultura nas terras que atualmente compõem o território brasileiro. Segundo o arqueólogo Eduardo Góes Neves, é provável que povos da Amazônia tenham desenvolvido formas iniciais de agricultura a partir de 6000 a.C. Por volta de 1000 a.C., esses povos já adotavam modos de vida plenamente agrícolas. Isso contribuiu para que a população aumentasse e migrasse para outras regiões do atual Brasil.

Entre as plantas cultivadas por esses povos estavam a mandioca, a pupunha, o abacaxi, o maracujá, o cacau, o feijão, o amendoim, o tomate, a abóbora e o açaí. Atualmente, essas plantas são amplamente consumidas e comercializadas em vários continentes, como na África, na Ásia e na Europa.

Ceramistas

A região amazônica também teve um importante papel na introdução da cerâmica. Foram encontradas cerâmicas no atual estado do Pará que datam de cerca de 5000 a.C. As cerâmicas amazônicas são consideradas as mais antigas das Américas. Os povos ceramistas da Amazônia confeccionavam objetos como potes, vasos, panelas, tigelas etc.

Embora exista uma forte relação entre o desenvolvimento da cerâmica e o da agricultura, isso não quer dizer que todo povo ceramista fosse agricultor. Havia, inclusive, povos caçadores-coletores que produziam cerâmicas.

Entre os povos amazônicos, vamos destacar aqueles que viviam no atual município de Santarém e na Ilha de Marajó, ambos pertencentes ao atual estado do Pará, há cerca de 2 000 anos. Nessas regiões, foram encontradas cerâmicas originais e bem elaboradas.

Cerâmicas santarena e marajoara

Os povos santarenos e marajoaras produziram diversos objetos de cerâmica, como recipientes decorados, urnas funerárias e estatuetas com forma de seres humanos (antropomórficas) e de animais (zoomórficas).

Os santarenos criaram cerâmicas com pinturas, desenhos em relevo e esculturas que eram moldadas separadamente e aplicadas nas bordas dos vasos. Já os marajoaras produziram objetos de cerâmica enfeitados com pinturas em preto e vermelho sobre um fundo branco. Para alguns estudiosos, essas pinturas estão entre as mais belas do mundo.


Pré-história

 Investigando nossas origens

A Pré-história corresponde ao período que vai do surgimento do homem primitivo (hominídeo) até a invenção da escrita.

Começa há 3,5 milhões de anos, quando surgem os macacos hominídeos, antecessores do homem moderno. A domesticação de animais, o surgimento da agricultura, a utilização dos metais e a descoberta da escrita marcam o fim dessa fase.

O termo Pré-história tem sido criticado, pois pode sugerir que o homem desse período não deva ser incluído na História. Ora, o homem, desde seu aparecimento, é um ser histórico, ainda que ele não utilizasse a escrita. Ela não deve significar que os acontecimentos da pré-história são menos importantes do que os ocorridos em qualquer outro momento do passado; ou que uma sociedade é superior a outra, seja pelo domínio da escrita, de equipamentos técnicos seja por qualquer outro motivo.   

Fontes para estudo da Pré-história

O homem pré-histórico deixou uma série de vestígios de sua existência e de seu modo de vida: fósseis, instrumentos, pinturas etc. Entre as ciências que pesquisam essas fontes pré-históricas destacam-se a paleontologia Humana e a Arqueologia Pré-histórica.

A Paleontologia Humana estuda os fósseis dos corpos dos homens pré-históricos, geralmente ossos e dentes, partes mais resistentes, que se preservaram ao longo do tempo.

A Arqueologia Pré-histórica estuda objetos feitos pelo homem pré-histórico, procurando descobrir como eles viviam. Instrumentos de pedra e metal, peças cerâmicas, sepulturas são alguns desses objetos.

Evolução dos hominídeos

Todos os seres humanos descendem do mesmo ancestral comum, o hominídeo, cujos fósseis mais antigos foram localizados no continente africano. As primeiras espécies encontradas foram o Australopithecus e o Homo habilis.

O Australopithecus possuía uma arcada dentária e um esqueleto idênticos aos do homem atual. Além disso, já andavam sobre dois pés e possuía um cérebro pequeno. Já o Homo habilis foi o primeiro a fabricar e utilizar instrumentos para diversos fins, além de já ter domínio sobre o fogo.

Os restos de hominídeos mais antigos são os do Australopithecus afarensis, de cerca de 3 milhões de anos, encontrados em Afar (Etiópia) em 1925. A evolução do afarensis resulta em pelo menos duas outras linhagens: o Australopithecus africanus e os Paranthropus boisel e robustus. Os Paranthropus não deixam vestígios de evolução. O Australopithecus africanus evolui para o Homo erectus ou Pitecanthropus, há cerca de 2 milhões de anos.

Homo erectus

É o primeiro a usar objetos de osso e pedra como ferramentas e como arma, a empregar o fogo e, provavelmente, a falar. Parece ter sido o Homo erectus a última escala evolutiva até o homem atual. Foi ele quem primeiro abandonou a África, com seu nomadismo, espalhando-se pelo mundo. Antes de chegar à espécie atual – o Homo sapiens – , o homem passou por uma série de transformações, conforme atestam os fósseis encontrados em Neanderthal, na Alemanha, e em Cro-Magnon, na França.

 Evolui, há 700 mil anos, para o Homo neanderthalensis (o homem de Neanderthal) e, há 500 mil anos, para o Homo sapiens, do qual descende o homem atual. A evolução histórica dos hominídeos até o Homo sapiens não ocorre de forma linear. Agrupamentos inteiros do gênero Homo desaparecem em conseqüência de variações climáticas, condições geográficas e outros fenômenos naturais.

Após uma longa evolução, que se iniciou há cerca de 1 milhão de anos, os descendentes dos primeiros hominídeos espalharam-se pela Ásia, África e Europa

Regiões de origem da espécie humana

Há pelo menos duas teorias sobre o local onde surgem os antepassados do homem. A primeira sustenta, com base na descoberta do afarensis, que a origem é a África, de onde teria começado a se espalhar pelo mundo há 200 mil anos. A segunda apoia-se nos achados de restos do Homo erectus em Java, Indonésia (1,8 milhão de anos), e do Homo sapiens em Jinniushan, China (200 mil anos), e diz que a evolução de uma espécie ocorre em diferentes regiões da Terra, em momentos nem sempre coincidentes.

Divisão da Pré-história

As fontes pré-históricas indicam que, nesse período, existiram diferentes culturas. Deduz-se que os objetos inicialmente tiveram formas variadas e foram feitos de diferentes materiais: madeira, osso, pedra lascada, pedra polida, metal.

A partir de constatações dessa natureza, dividiu-se a pré-história em três grandes períodos: 

• Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada – período em que predominou a sociedade de homens caçadores.

• Neolítico ou Idade da Pedra Polida – período em que se desenvolveu a agricultura e a criação de animais.

• Idade dos Metais – período em que se desenvolveu a fundição de metais.

Essa divisão tradicional da pré-história baseia-se em uma concepção evolucionista do processo cultural do homem. Porém essa divisão é muito criticada, pois pressupõe que todas as sociedades passaram pelas fases por ela estabelecidas, o que nem sempre ocorreu. Apesar das falhas, é uma classificação adotada no mundo inteiro.

Paleolítico
A sociedade dos caçadores-coletores

Durante o Paleolítico, o homem tinha como principais atividades para obter alimentos: a coleta de frutos, grãos e raízes; a caça e a pesca. Aprendeu a confeccionar seus primeiros instrumentos com pedaços de madeira, osso e pedra. Os instrumentos de madeira não se conservaram, restando os de osso e pedra lascada, que constituem os predecessores mais antigos de machados, facas, perfuradores e raspadeiras.

O controle do fogo foi uma das maiores realizações humanas do Paleolítico. Representou a primeira grande conquista do homem sobre o meio ambiente. Passaram então a utilizá-lo para se aquecer, iluminar a noite, defender-se dos animais, cozinhar os alimentos. Ao longo do tempo, o controle do fogo permitiu, por exemplo, a fundição de metais e o cozimento de argila. O domínio do fogo e a utilização das primeiras ferramentas possibilitaram ao homem vencer dois grandes inimigos: o frio e a fome.

Para garantir sua sobrevivência, o homem teve de aprender a cooperar e a se organizar socialmente. Da eficiência dessa cooperação social dependia, por exemplo, o sucesso de uma caçada a um animal feroz e perigoso.

O modo de vida nômade foi dominante em diversas comunidades, mas acabou evoluindo para formas sedentárias à medida que o homem desenvolveu soluções para superar as dificuldades da natureza. Surgiram, então, os primeiros clãs, formados por conjuntos de famílias cujos membros descendiam de ancestrais comuns. Cada clã era autossuficiente, produzindo o necessário para garantir a sobrevivência de seus membros. Não havia a preocupação de produzir excedente para trocar com outros clãs ou de acumular riquezas. As trocas eram realizadas apenas eventualmente. Assim, o tempo dedicado ao trabalho limitava-se ao da obtenção do alimento necessário para o grupo. O resto do tempo era preenchido com brincadeiras, festas, danças, cerimônias, rituais, refeições, banhos etc.

O homem do paleolítico desenvolveu surpreendentes manifestações artísticas: figuras entalhadas em pedra, pinturas rupestres, modelagem em barro. A atividade artística parece ligada a rituais mágicos, pois as pinturas e as esculturas, no geral, representam animais que seriam caçados. Provavelmente, o homem paleolítico acreditava que, dessa forma, poderia dominá-los antecipadamente.

Neolítico
A revolução agropastoril

A característica fundamental do Neolítico está nas novas formas de relação do homem com o meio ambiente. De modo geral, durante o Paleolítico o homem apenas colhia da natureza os bens para satisfazer suas necessidades.

No Neolítico ocorreu uma transformação radical: o homem passou a intervir decisivamente no meio ambiente. Cultivando plantas e domesticando animais, conseguiu controlar as fontes de sua alimentação. Assim, a sobrevivência humana foi se libertando das mãos coletoras, passando a depender cada vez mais das mãos produtoras.

Essa mudança de comportamento representou uma das mais extraordinárias revoluções culturais da História, pois influenciou decisivamente no modo de vida do homem. No decorrer de um longo processo, à medida que as atividades agrícolas e pastoris se consolidavam, o homem foi abandonando a vida nômade e adotando sistematicamente o modo de vida sedentário. Com a revolução agropastoril, as comunidades puderam produzir mais alimentos do que o necessário ao consumo imediato. Passaram então, a estoca-los, procurando garantir o abastecimento nos períodos de escassez. O aumento da produção alimentar impulsionou o crescimento da população, que, em relação ao Paleolítico, multiplicou-se cerca de 20 vezes.

Entre as principais transformações que marcaram o período Neolítico, podemos destacar:

• Aperfeiçoamento dos instrumentos de pedra – facas, machados, foices e enxadas, pilão para transformar o grão em farinha etc. passaram a ser feitos de pedra polida.

• Cerâmica – a necessidade de cozinhar e armazenar os alimentos levou o homem a criar recipientes que suportassem o calor do fogo e pudessem conter líquidos. Assim, ele desenvolveu a técnica de moldar argila, dando-lhe forma, e produziu os primeiros utensílios cerâmicos.

• Tecelagem – o homem do neolítico desenvolveu técnicas de fiar e tecer, acrescentando às suas vestimentas de couro roupas feitas de linho, algodão e lã.

• Casas e aldeias – utilizando madeira, barro, pedra e folhagem seca, o homem passou a construir sua moradia, o que representou um incremento no processo de sedentarização que vinha se desenvolvendo em decorrência da revolução agropastoril.

• Vida espiritual – com a intensificação das atividades agropastoris, o homem neolítico adquiriu novos temores e preocupações relacionados, por exemplo, à variação do tempo durante o ano, à fertilidade do solo, à saúde e à reprodução de rebanhos etc. Para enfrenta-los, invocava a proteção de forças “sobrenaturais”, realizando ritos mágico-religiosos. Os menires e os dolmens provavelmente foram utilizados para reverenciar essas forças.

• Uso da roda – calcula-se que foram usadas grandes toras rolantes para transportar enormes blocos de pedra dos menires e dolmens ao local desejado. Essas toras representam o início rudimentar do emprego da roda, uma das mais extraordinárias invenções humanas.

Idade dos Metais

Uma nova revolução tecnológica

A Idade dos Metais caracterizou-se pelo desenvolvimento e difusão do processo de fundição de metais (cobre, bronze e ferro).

Por volta de 4000 a. C., as primeiras sociedades do Oriente Próximo começaram a desenvolver a metalurgia, ou seja, a utilização sistemática de metais para a fabricação dos mais variados objetos. O primeiro metal foi o cobre. De início era martelado a frio, depois fundido no fogo e colocado em moldes de barro ou pedra. Cerca de 2000 anos mais tarde, desenvolveu-se a liga do cobre com o estanho, obtendo o bronze, um metal mais resistente. O bronze passou a ser utilizado na fabricação de lanças, espadas, capacetes, ferramentas e objetos de adorno. Os metais, muitas vezes, eram extraídos de terras distantes das oficinas metalúrgicas.

O desenvolvimento da metalurgia representou enorme conquista tecnológica, pois possibilitou a produção de instrumentos e objetos resistentes, das mais variadas formas. Os metais, em geral, são tão duros quanto a pedra, mas podem ser modelados na forma de se desejar, ou seja, podem ser fundidos. A fusão do metal tornou possível a confecção de vários objetos, como panelas, vasos, enxadas, machados, pregos, agulhas, facas e lanças de metal. O trabalho metalúrgico exigiu habilidade, conhecimentos especializados e disponibilidade de tempo.

Durante a Idade dos Metais, a agricultura e as pequenas vilas começaram a dar origem às sociedades de grande poder, como a do Egito e as da Mesopotâmia.

Civilização
Novo estágio do desenvolvimento social

Em várias regiões do mundo, as comunidades primitivas sofreram grandes transformações culturais a partir da revolução neolítica. O conjunto dessas transformações marca novo estágio do desenvolvimento social conhecido como civilização.

O termo civilização começou a ser utilizado na França, em meados do século XVIII, com um sentido evolucionista de progresso. Segundo esse conceito, a humanidade passaria por etapas sucessivas de evolução social. Assim, alguns cientistas montaram classificações evolutivas em que procuraram enquadrar todas as sociedades, desde o Paleolítico até os dias atuais. Nessas classificações, civilização corresponderia às “altas culturas”, que seriam superiores às culturas consideradas “primitivas”, “selvagens” ou “bárbaras”.

Grande parte dos historiadores, antropólogos e demais estudiosos da atualidade rejeitam essas noções de superioridade ou inferioridade cultural entre os povos. As sociedades humanas são diferentes, mas não podem ser hierarquizadas numa classificação linear. No entanto, o termo civilização continua bastante utilizado nos estudos históricos apenas para referir-se a uma forma própria de organização social. Nesse sentido, nas palavras do historiador Jaime Pinsky, civilização não é elogio, e pré-civilizado não pode ser tomado como ofensa.

Alguns eventos costumam ser associados ao surgimento das sociedades civilizadas, entre os quais destacamos:

• Aparecimento de classes sociais – surgem ricos e pobres, exploradores e explorados, senhores e escravos.

• Formação do Estado – organiza-se um governo que administra a sociedade e controla a força militar (exército).

• Divisão social do trabalho – divide-se cada vez mais a atividade dos membros da sociedade, surgindo trabalhadores especializados como metalúrgicos, ceramistas, barqueiros, vidraceiros, sacerdotes, comandantes militares etc.

• Aumento da produção econômica – com o desenvolvimento das técnicas agrícolas, da criação de animais e do artesanato, a produção econômica cresce bastante. Além dos bens necessários ao consumo imediato, as sociedades começam a produzir excedentes, armazenando vários produtos para a troca comercial.

• Registros escritos – acompanhando o nascimento das primeiras cidades, desenvolvem-se a escrita, a numeração, os pesos e as medidas e o calendário.

O Crescente Fértil

A principal região do planeta onde surgiram as primeiras civilizações de que temos notícia é chamada de Crescente Fértil. Conhecida por esse nome devido ao seu traçado que faz lembrar a Lua no quarto crescente, essa região abrange parte no nordeste da África, as terras do corredor mediterrâneo e a Mesopotâmia.

Na região do Crescente Fértil, situam-se parcial ou totalmente Egito, Israel, Líbano, Jordânia, Síria, Turquia e Iraque. Muitas das áreas férteis, depois de séculos de exploração, desapareceram e deram lugar a vastos desertos.

Os Paradigmas da História

 Positivismo, Marxismo e Nova História

O ensino como um todo está passando por um período de transição, com muitos problemas e debates, sobre a importância do ensino, e o que realmente deve ser ensinado nas escolas para que realmente a educação cumpra o seu papel de formadora de cidadãos conscientes de sua importância na sociedade e mundo em que estão inseridos. Dessa forma o ensino de História não foge à essas discussões acerca das problemáticas da educação, principalmente no que tange ao ensino em sala de aula.

As maiores problemáticas em relação ao ensino de História se referem as questões teórico-metodológicas e político-pedagógicas. Cabe então analisarmos mais profundamente as três correntes da historiografia atual que servem como embasamento teórico para os professores de História: o Positivismo, o Marxismo e a Nova História. 

Positivismo 

Corrente teórica tradicional que surgiu no séc. XIX, como reação ao Idealismo de Kant e Hegel, fundado por Augusto Comte. O momento histórico em que essa concepção historiográfica foi criada insere-se em uma fase onde a burguesia tornava-se a classe econômica hegemônica, e o positivismo representou a justificação e legitimação da visão burguesa, servindo mais tarde como uma ideologia dessa classe, garantindo a manutenção dessa nova ordem.

O positivismo segundo Comte apresenta a lei dos três estágios que consiste estabelecer três estágios de evolução do espírito humano: o estado teológico, o estado metafísico e o estado positivo. Essa concepção tem uma característica utilitarista, que propõe conhecer o passado, entender o presente e projetar o futuro, que dessa forma busca a previsão e o conhecimento prévio dos fatos, onde o futuro pode ser manipulado.

O estudo da História segundo a concepção positivista, se restringe ao estudo  dos fatos, que podem ser observados, verificáveis e experimentáveis, tirando da história toda a sua subjetividade. O historiador é uma pessoa neutra e objetiva, que não interfere de forma alguma nos acontecimentos e na História. A fonte de estudo privilegiada nessa concepção são as escritas, principalmente os documentos oficiais.

A pesquisa nos documentos oficiais é realizada apenas no âmbito da descrição já que eles não podem ser discutidos e analisados. Com isso a História é contada a partir de uma estrutura política, privilegiando os governos e os governantes. A sociedade assim como a natureza é regida por leis naturais e invariáveis, independentes da vontade e da ação humana, e que caminha para um estágio final de progresso, sem que haja retrocessos e atrasos durante a evolução dessa sociedade.

Com a utilização dessa concepção por parte dos professores de História em sala de aula, os alunos não são estimulados a pensar, e buscar o conhecimento através de uma construção do mesmo. 

Marxismo 

Para analisarmos a corrente marxista, devemos remontar as origens históricas dessa tendência. No final do séc. XVIII, a burguesia libertou as forças produtivas do domínio do feudalismo. A burguesia se apropriou dos meios de produção e dos capitais gerados a partir da exploração de uma nova classe social - o proletariado. A luta de classes levou o proletariado a buscar a explicação, e consequentemente a tomada de consciência, do processo de exploração a que está submetido. Nesse sentido, contrariamente ao positivismo, o marxismo procura explicar a História do ponto de vista dos trabalhadores.

Nessa concepção os fatos não podem ser medidos e experimentados, a abstração só pode se dar na imaginação. Os fatos, os indivíduos são reais, e sua ação, suas condições materiais de vida alteram a História. O historiador trabalha na investigação do processo histórico concreto, e intervém de modo prático sobre eles. A partir disso os acontecimentos não são acabados e a História não é dada, mas sim construída socialmente pelos indivíduos que nela se inserem.

A estrutura econômica é privilegiada nessa tendência, com a produção material determinando as demais esferas da vida social. Há um aspecto comum com o positivismo, já que da mesma forma a História caminha para um fim inevitável, só que nesse caso não a um estágio positivo, mas a uma sociedade socialista/comunista, com a evolução dos modos de produção. 

Nova História 

Na primeira metade do século XX, os historiadores franceses ligados à famosa Escola dos Anais promoveram mudanças significativas na maneira de pensar e escrever a História, as quais continuam ainda hoje em evidência, causando polêmicas. Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernando Braudel são considerados os maiores responsáveis por essas mudanças, embora muitos outros tenham contribuído para que a História firmasse novas formas de interpretação, preocupadas com as estruturas, as manifestações culturais e a relação com os outros ramos do saber, tais como a sociologia, a economia, a antropologia a demografia.

A Nova História, tributária da Escola dos Anais, ocupou, por sua vez, um espaço importante nas universidades e conseguiu também penetração expressiva no mercado editorial, sobretudo na França. Historiadores como Jacques Le Goff, Georges Duby, Marc Ferro e tantos outros tornaram-se conhecidos da mídia. A Nova História, com sua linguagem próxima da literatura, sem o peso formal da linguagem acadêmica conquistou um público amplo, constituído não apenas por historiadores.

A Nova História costumou a ser dividida em 3 fases ou geração de estudiosos: a primeira geração privilegiou a História econômica e social, a totalidade era obtida na História econômica. A segunda geração privilegiou a História econômica e preteriu a História social, já que esse período de pós-guerra (1945) promoveu uma intensa industrialização, o que provocou uma atenção maior dos estudiosos. Os anos 70 foram marcados para uns com a continuidade do movimento a partir da terceira geração, e para outros como o rompimento definitivo dos postulados da primeira e segunda gerações, e a opção pelo irracionalismo. A partir dos anos 70 novos objetos de estudo foram anexados à essa nova historiografia, temas que não eram contemplados pela historiografia tradicional: cotidiano das pessoas comuns, e não das grandes figuras;  História das mentalidades, a partir de temas como: família, educação, sexo, festa, morte, alimentação, mulheres, homossexuais.

Em substituição a História narrativa, entra em cena a História-problema, que procura explicar os problemas  e as grandes interrogações da nossa época. O campo das pesquisas foi ampliado, livrando-se de preconceitos, quebrando fronteiras. Atualmente costuma-se dizer que tudo é História, e não apenas os feitos dos heróis, as grandes batalhas, as tramas das elites. Defende-se hoje que a história é uma tarefa coletiva, construída no cotidiano, e que, portanto, o ofício do historiador é dar conta da diversidade que resulta do pensar, sentir e agir de todos os homens.    

Eixo Temático: As representações do saber histórico: significados sobre as experiências humanas.

Introdução ao Estudo da História

A História é uma disciplina que estuda o passado das sociedades humanas, buscando resgatar e compreender suas realizações econômicas, sociais, políticas e culturais. O estudo do passado humano permite-nos conhecer as motivações e os efeitos das transformações pelas quais passou a humanidade e fornece elementos que ajudam a explicar as sociedades atuais.

A História não se limita somente ao estudo do passado. Através do estudo da História, podemos desenvolver teorias sobre atualidade, podemos contextualizar o passado com o presente fazendo ligações entre os acontecimentos.

A palavra história nasceu na Grécia Antiga e significava “investigação”. Foi o grego Heródoto, considerado o “pai da História” que, pela primeira vez, empregou esta palavra com o sentido de investigação do passado.

A matéria-prima da História são os fatos históricos, acontecimentos que possuem repercussão social, para os quais se busca uma explicação de suas causas e efeitos. A morte do presidente do Brasil, Getúlio Vargas, em 1954, é um exemplo de fato histórico. Já o fato social é um acontecimento corriqueiro na vida de uma sociedade, que possui pequeno impacto imediato, como a morte de pessoas ou a crise financeira pessoal de alguém da comunidade.

                Sentidos da palavra história  

Exploremos um pouco os sentidos da palavra história, uma vez que ela é polissêmica, isto é, possui diversos significados. Vejamos alguns: 

 Ficção – os livros de aventura, as novelas de televisão ou os filmes de cinema contam histórias muitas vezes inventadas para despertar nossa atenção sobre determinado assunto, fazer-nos refletir ou simplesmente para nosso entretenimento. Essas histórias criadas pela imaginação humana, com seus lugares e personagens, são chamadas também de ficção. Muitas vezes, as obras de ficção são inspiradas no conhecimento de épocas passadas, como acontece em filmes e romances históricos ou em novelas de época.

 Processo vivido – as lutas e os sonhos, as alegrias e as tristezas de uma pessoa ou de um grupo social fazem parte de sua história, de suas vivências. Assim, o conjunto dos acontecimentos e das experiências que ocorreram no dia a dia, tanto de uma pessoa quanto de um grupo, pode ser chamado de história vivida. Essa história integra a memória (recordações) das pessoas que a viveram.

 Área de conhecimento – a produção de um conhecimento que procura entender como os seres humanos viveram e se organizaram desde o passado mais remoto até os dias atuais constitui uma área de investigação ou disciplina denominada História. Nesse sentido, História constitui um saber preocupado em desvendar e compreender as condições históricas (historicidade) das vivências humanas, ou seja, em tratar essas vivências como expressão da época em que elas ocorreram.

Esses três sentidos da palavra história estão relacionados. As histórias vividas pelas pessoas e a ficção não estão excluídas da História como área de conhecimento. As pessoas interessadas em pesquisar ou escrever sobre História ou, ainda, em ensiná-la escolhem assuntos que podem incluir tanto a ficção quanto as histórias de uma vida.

História e historiadores 

As vivências humanas expressam o contexto histórico de cada época. O estudo do passado e a compreensão do presente não se relacionam de forma determinista. As soluções de ontem não servem aos problemas de hoje. Sem um processo que considere mudanças e permanências históricas, as experiências do passado não se aplicam ao presente. Como entender, então, as relações entre passado e presente?

A compreensão das relações entre passado e presente é uma questão intrigante. É também uma das preocupações centrais da História, disciplina que se dedica ao estudo das vivências humanas em épocas e lugares distintos. Em nossa opinião, a escrita da história não pode ser isolada de sua época. O historiador vive o seu tempo, por isso, a história que ele escreve está ligada à história que ele vive. As conclusões dos historiadores nunca são definitivas. O historiador trabalha para seu tempo, e não para a eternidade. Assim, a historiografia não deve ter a pretensão de fixar verdades absolutas, prontas e acabadas, interpretações eternas, pois a história, como forma de conhecimento, é uma atividade contínua de pesquisa.

O historiador investiga e interpreta as ações humanas que, ao longo do tempo, provocaram mudanças e continuidades em vários aspectos da vida pública ou privada: na economia, nas artes, na política, no pensamento, nas formas de ver e sentir o mundo, no cotidiano, na percepção das diferenças. O trabalho do historiador consiste em perceber e compreender esse processo histórico. 

O estudo da História tem várias utilidades.  As principais são: 

 Satisfazer a curiosidade natural de saber como era o passado e como a humanidade se transformou ao longo do tempo.

 Ajudar a compreender o mundo em que vivemos e ao mesmo tempo dar consciências aos homens do seu poder de transformar a realidade.

  Outra utilidade da História é ajudar-nos a viver melhor, aprendendo com os erros e acertos de nossos antepassados. 

Para se estudar História, devemos desenvolver o senso crítico, a capacidade de interpretação e de observação. Não podemos estudar História transmitindo nossos valores atuais para as sociedades do passado. Como a História tem como base a cultura, não podemos transmitir os nossos valores culturais aos povos que estivermos estudando. Cada povo em cada tempo e em cada espaço possuía e possui uma maneira própria de entender o mundo e de se perceber dentro deste.  

Fontes históricas

Na recuperação do fato, a história recorre às chamadas fontes históricas, constituídas de vestígios de toda espécie. As fontes podem ser de várias naturezas: escritas, orais, iconográficas, arqueológicas.

As fontes escritas são registros em forma de inscrições, cartas, letra de canções, livros, jornais, revistas e documentos públicos, entre outros. As fontes não-escritas são registro da atividade humana que utilizam linguagens diferentes da escrita, tais como pinturas, esculturas, vestimentas, armas, músicas, discos fonográficos, filmes, fotografias, utensílios.

Outro exemplo de fonte histórica não-escrita é o depoimento de pessoas sobre aspectos da vida social e individual. Esses depoimentos, que podem ser colhidos a partir de entrevistas gravadas pelo próprio historiador, servem para registrar a memória (pessoal e coletiva) e ampliar a compreensão de um passado recente ou da história que se está construindo no presente. É o que se chama de história oral.

O que é cultura

É toda e qualquer produção humana, ou seja, tudo que é produzido pelos seres humanos é considerado uma produção cultural. Como o mundo é formado por vários povos diferentes, as produções culturais são diferentes de um povo para outro, o que explica as multiplicidades religiosas, linguísticas, políticas, de organizações sociais e valores, que são considerados cultura imaterial. No caso da cultura material associam-se os objetos, vestimentas, moradias, obras artísticas, utensílios domésticos, etc.  A escrita é considerada a materialização do vocabulário de um povo. Um povo que não possui um vocabulário escrito não pode ser considerado atrasado em relação a outro povo que possua um vocabulário escrito. Na verdade, isso só representa uma variação cultural, algo comum entre os povos.  

Periodização histórica

Para organizar a compreensão dos históricos, os pesquisadores elaboram periodizações visando ordenar os acontecimentos e temas analisados. Concebidas pelos historiadores, as periodizações históricas estão de acordo com o ponto de vista de quem as elaborou. Vejamos uma periodização muito utilizada e tradicional, que divide a história em grandes períodos:

  Pré-história – do surgimento do ser humano até o aparecimento da escrita (4000 a. C.);

 Idade Antiga ou Antiguidade – do aparecimento da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d. C.);

 Idade Média – da queda do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453);

 Idade Moderna – da tomada de Constantinopla até a Revolução Francesa (tomada da Bastilha, 1789);

 Idade Contemporânea – da Revolução Francesa até os dias atuais. 

Essa divisão feita por historiadores europeus que, no século XIX, davam maior importância às fontes escritas e aos fatos políticos. Por isso, todo o período anterior à invenção da escrita foi chamado de Pré-história. E, por serem europeus, esses historiadores estabeleceram como marcos divisórios das “idades” da história acontecimentos ocorridos na Europa.

A divisão tradicional da história (Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea) é muito criticada por vários motivos, entre eles o fato de ter sido elaborada com base no estudo de apenas algumas regiões da Europa, do Oriente Médio e do norte da África. Portanto, não pode ser generalizadas a todas as sociedades do mundo. Além disso, ela adota certos fatos como marcos dos períodos, dando a errônea impressão de que as mudanças históricas – que em geral, fazem parte de um processo longo e gradativo – ocorrem repentinamente.

Pré-história 

A pré-história é o longo período do passado que abrange desde o surgimento do “homem primitivo” (hominídeo) até a invenção da escrita. O termo tem sido criticado, pois o ser humano, desde seu aparecimento no planeta, é um ser histórico, mesmo que não tenha utilizado a escrita em algum período. Como o uso do termo Pré-história é consagrado mundialmente, podemos empregá-lo, mas cientes de que esse período também faz parte da história.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Aspectos Geográfico da Paraíba

  Localização e Área Territorial da Paraíba    

A população paraibana chegou a 3.974.495 em 2022, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 70,39 habitante por quilômetro quadrado

O estado da Paraíba ocupa 56.584.6 km² de área territorial brasileira englobando 223 municípios.

Até 1994, a Paraíba possuía 171 municípios. Em 1994/1995 foram criados mais 52, perfazendo um total de 223, com suas cidades-sede, vários distritos, vilas, e inúmeros povoados. Grande parte do seu território está situado no extremo leste da região Nordeste do Brasil. Tem 98% de seu território inserido no Polígono da Seca.



Localização: Região nordeste do Brasil

Limites:         Ao norte (Rio Grande o Norte)

                       Ao sul (Pernambuco)

                       O leste (Oceano Atlântico)

                       O oeste (Ceará)


Pontos extremos:

Ao norte (Serra do vale – Belém do Brejo do Cruz)

Ao sul (Serra Pau D’arco – São João do Tigre)

O leste (Ponta do Seixas – João Pessoa)

O oeste (Serra da Areia – Cachoeira dos Índios)

Na Paraíba se encontra o ponto mais oriental das Américas, conhecido como a Ponta do Seixasem João Pessoa, devido a sua localização geográfica privilegiada (extremo oriental das Américas), João Pessoa é conhecida turisticamente como "a cidade onde o sol nasce primeiro".

Capital: João Pessoa

Cidades principais: João Pessoa, Santa Rita, Guarabira, Campino Grande, Patos, Sousa, Cajazeiras, Cabedelo

Cidades mais populosas - João Pessoa (capital), Campina Grande, Santa Rita, Patos, Bayeux e Souza.

 Mesorregiões: Mata Paraibana - Agreste Paraibano - Borborema - Sertão Paraibano



Número de municípios: 223

Extensão territorial: 56.439 quilômetros quadrados ou 0,66% da área total do Brasil. É o 20º estado brasileiro e o 6º do nordeste.

Extensão do litoral: 138 quilômetros com 56 praias.

IBGE dividiu a Paraíba em 4 mesorregiões: Mata Paraibana, Agreste Paraibano, Borborema e Sertão.

Cada mesorregião divide-se em microrregiões, no estado existem 23 microrregiões.



Mesorregiões da Paraíba: 

  • Mata Paraibana – Faixa de clima úmido que acompanha o litoral. A mata que existia foi substituída pela cana-de-açúcar. É a parte mais povoada e mais urbanizada do estado. 
  • Agreste Paraibano – Região de transição entre a zona da mata e a tradicional região do sertão. O clima e semiárido, embora chova mais do que na Borborema e no sertão. Economia: cana-de-açúcar, algodão, sisal, pecuária. 
  • Borborema - Localiza-se no planalto da Borborema, entre o sertão e o agreste é a região onde as chuvas são mais escassas. Economia: Extração mineral, sisal, algodão, pecuária de caprinos. É principalmente na Borborema que ocorre o fenômeno das secas. 
  • Sertão – É a região da vegetação da caatinga, de clima menos seco que a Borborema, dos rios temporários, da pecuária extensiva de corte e do cultivo do algodão, principal produto cultivado na região.

Mesorregião Paraibana 

Mesorregião Zona da Mata Paraibana



      Compreendendo o litoral, a parte leste do Estado, onde predominam as planícies litorâneas e os tabuleiros, como principais formas de relevo. Possui um regime de chuvas abundantes, especialmente nos meses de março a julho, quando o inverno é regular. As terras são férteis e próprias para o cultivo da cana-de-açúcar.

O Litoral da Paraíba se estende por cerca de 133 quilômetros. Sua extensão vai da desembocadura do rio Goiana - ao sul, onde se limita com o estado de Pernambuco - até o estuário do rio Guaju - ao norte, na divisa com o Rio Grande do Norte.

O litoral paraibano divide-se em Litoral Norte e Litoral Sul. O limite entre esses dois seguimentos é representado pelo estuário do rio Paraíba. Os municípios que compõem o Litoral Norte são: Lucena, Rio Tinto, marcação, Mamanguape, Baia da Traição e Mataraca. O Litoral Sul abrange os territórios municipais de João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, Conde, Alhandra e Pitimbu.

O relevo é representado por três unidades morfológicas espacialmente desiguais: os baixos planaltos sedimentares ou tabuleiros, com falésias na fachada oceânica; a baixada litorânea, com suas dunas, restingas, lagoas e as planícies aluviais, fluvio-marinhas e estuarinas dos rios que deságuam no Atlântico.

Toda a região do litoral caracteriza-se por uma relativa diversidade econômica responsável pela organização do seu espaço: 

·     Agroindústria sucro-alcooleira; 

·     Extração mineral (ilmenita, titanita, zirconita, cianita, ao norte de Barra de Camaratuba, calcário, na grande João Pessoa; granito, em Mamanguape; 

·     Pesca da lagosta, em Pitimbu; 

·     Agricultura e pecuária; granjas e sítios; 

·     Loteamentos para residências secundárias. 

 Mesorregião do Agreste Paraibano

  

            

      Situada na parte intermediária do Estado, a mesorregião do Agreste que sucede ao litoral, na direção oeste, corresponde inicialmente a uma depressão, com 130m de altitude, formada por rochas cristalinas, e que logo dá lugar às escarpas abruptas da Borborema, cujas altitudes ultrapassam os 600m.

No agreste, permanece o binômio gado-policultura e ainda continua como região fornecedora de alimento. Possui solo muito rico e, pela umidade que apresenta, próprio para a policultura, ou seja, cultivo de várias espécies: feijão, milho, abacaxi, fumo, inhame, mandioca, frutas e legumes diversos, prestando-se também a criação de gado.

A diversificação de produção dessa área acontece, em razão da forte diferença das condições naturais. Nas áreas mais secas predominam as pastagens naturais que favorecem a presença da pecuária extensiva.

            Os rios, nesta zona, já são quase sempre temporários, pois reduzem suas águas ou secam completamente nos períodos de grande estiagem. Um fator marcante que determina esta condição são as chuvas que começam a diminuir tornando mais seco, o clima.

            Há uma transição no aspecto da vegetação desta mesorregião, vez que, ora ela apresenta características de uma mata úmida, parecida com a mata Atlântica, ora da caatinga que vai predominar nas outras áreas: Borborema e Sertão.

Na medida que nos afastamos do Litoral em direção ao interior, serras e vales férteis apresentam roteiros que unem história, natureza e diversão. Em Campina Grande, no Alto da Serra da Borborema, o “Maior São João do Mundo” atrai milhares de turistas para 30 dias de forró. Em Fagundes a famosa pedra de Santo Antonio, palco de peregrinações religiosas em homenagens ao “santo casamenteiro”, é hoje uma das mais procuradas áreas para a prática de Treking. Em Ingá encontraremos as Itacoatiara (pedras riscadas, em Tupi), a mais enigmática presença indígena no Nordeste.

Mesorregião da Borborema


        Área de domínio do Planalto da Borborema, que se constitui num conjunto de terras elevadas, estendendo-se desde o norte do Estado de Alagoas até o sul do Estado do Rio Grande do Norte, na direção SW-NE. Apresenta algumas serras, cujas altitudes variam de 500 a 600m. Entre elas, destaca-se a Serra do Teixeira, onde fica o Pico do Jabre, no Município de Maturéia, considerado o ponto mais elevado da Paraíba, com mais de 1000m de altitude. A parte leste da Borborema recebe chuvas vindas do litoral, o que vai influenciar no seu clima e vegetação – são os brejos úmidos. O restante da Borborema está sob o domínio do clima quente e seco.

O planalto é um importante divisor de águas porque os rios que ali nascem correm em direção leste e deságuam no oceano Atlântico, enquanto os, enquanto os rios da porção oeste, não conseguindo ultrapassar a Borborema correm em direção ao Estado do Rio Grande do Norte e de lá é que alcançam o Oceano.

Na Borborema, vão dominar pastagens plantadas (palma forrageira e capim) que permitirão e facilitarão a prática de uma pecuária extensiva, principalmente a de médio porte, e, em áreas de exceção, pontuais, ocorre a presença de outras culturas. Por exemplo, o tomate nas proximidades de Boqueirão. 

Em cidades como Prata, Sumé, Serra Branca, Boqueirão e Cabaceiras, a vida desafia a cinza vegetação da Caatinga e revela roteiros de extrema importância cientifica. No Lajedo de Pai Mateus, município de Cabaceiras, os turistas podem apreciar de perto todo o capricho da natureza. O lugar é hoje visitado por gente do mundo inteiro, todos curiosos em decifrar os enigmas escondidos nas rochas. O Lajedo ficou famoso ao servir de cenário para o filme o Auto da Compadecida, Pai Mateus na verdade foi o nome de um antigo ermitão que durante muitos anos residiu sobre as pedras. Muitos séculos antes, no entanto, índios já haviam deixado suas marcas por ali. 

Mesorregião do Sertão Paraibano

A mais extensa do Estado, conforme pode ser observado no mapa, o Sertão compreende uma extensa área formada de terras baixas (250 a 300m) em relação às elevações da Borborema e das serras situadas nas fronteiras com os Estados vizinhos, onde se faz presente um clima quente e semi-úmido. As chuvas são muito escassas, a vegetação pobre, não sendo o solo próprio para a agricultura, porém mais favorável à pecuária. A maioria das culturas agrícolas precisam ser irrigadas. No Sertão, a presença das pastagens permanece e constitui um forte indicativo da atividade pecuarista. Registrando-se ainda algodão, cana-de-açúcar, arroz, feijão, milho, cultivados em parte para subsistência em áreas onde solo e clima são favoráveis ocorrendo ou não irrigação.

Quando há inverno regular, é possível colher muito algodão, cultura que se desenvolve bem nas terras do Sertão.

É um prato cheio para quem procura aventura e mistério. Religiosidade cultura e ciência se misturam em roteiros de grande beleza plástica. Achados paleontológicos de mais de 130 milhões de anos fazem do Vale dos Dinossauros, em Sousa, um lugar único no mundo. Ali, em meio ao solo rachado e transformado em pedra pelo tempo, centenas de pegadas registram a época em que os gigantes disputavam territórios. Em Vierópolis, cidadezinha a apenas 20 quilômetros de Sousa, sítios arqueológicos e trilhas pela Caatinga são boas dicas para quem busca um pouco mais de aventura. Outras opções interessantes na região são as águas termais de Brejo Das Freiras, as rochas que compõe a Serra de Teixeira – incluindo aí o ponto culminante do Estado – e o belo artesanato local, a exemplo das famosas redes de São Bento. Destaques para a Fazenda Acauã,


 


Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...