sexta-feira, 19 de julho de 2024

VEGETAÇÃO E BIODIVERSIDADE

Até pouco tempo atrás, as florestas eram vistas como um obstáculo ao desenvolvimento econômico. Apesar de alguns grupos ainda pensarem dessa forma, hoje sabemos que as florestas e outras formações vegetais têm grande importância ambiental, econômica e social.

Além da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica, existem outros tipos de florestas em todo o mundo que vêm sendo bastante devastadas.

Clima e vegetação

O clima e a vegetação estão fortemente relacionados. A temperatura e a umidade do ar são de extrema importância para as comunidades biológicas, sobretudo para que as plantas possam se desenvolver. Ambientes com temperatura e umidade do ar elevadas tendem a proporcionar o desenvolvimento de uma vegetação mais densa e diversificada. Já em áreas áridas, é comum a presença de formações vegetais caracterizadas por pequenos arbustos distribuídos de forma espaçada.
Dessa maneira, é possível considerar a vegetação como o elemento mais fácil de reconhecimento de um tipo climático e, consequentemente, de toda a comunidade biológica (plantas, animais, microrganismos, etc.) que se estabelece em uma região (com condições naturais semelhantes, portanto). Porém, à medida que o ambiente natural é modificado, atualmente sobretudo pela ação humana, verificam-se transformações em todo o conjunto, sendo a vegetação o elemento visualmente mais marcante.

Ecossistemas e interações na natureza

Os seres vivos estabelecem complexas interações com a água, o clima, o solo, o relevo, a atmosfera e a vegetação. Essas interações, em diferentes escalas, formam uma grande
variedade de ecossistemas no planeta Terra.
Um ecossistema pode ser entendido como a combinação, a coexistência e a interação entre elementos bióticos (seres vivos) e abióticos (rochas, solos, climas, relevos etc.). O tamanho de um ecossistema pode variar bastante: desde um vaso com uma única planta até uma floresta ou o fundo de um rio.
Como todas as espécies animais e vegetais necessitam de quantidades específicas de calor, luz solar, água e nutrientes para completar o ciclo da vida, esses elementos – isolados ou combinados – são importantes fatores que diferenciam um ecossistema de outro.
Temperaturas muito baixas, por exemplo, limitam o crescimento de alguns tipos de plantas e animais que só sobrevivem em temperaturas mais elevadas. A presença de luz solar é outro fator que define as espécies de um ecossistema, pois isso influencia o comportamento e a distribuição dos seres vivos e, também, as suas características.

Hotspots de biodiversidade

Todo bioma possui grande importância para o funcionamento do sistema terrestre. Isso proporciona recursos e condições fundamentais para a manutenção da vida humana e de outros animais, como o fornecimento de água pura e a regulação climática. Muitos biomas mundiais se apresentam ameaçados pela ação humana e demandam maior atenção. Como forma de identificar e melhor proteger essas áreas, foi criado em 1988, pelo ecologista britânico Norman Myers (1934-2019), o termo hotspot.
Os hotspots são áreas que apresentam alto grau de biodiversidade em risco de destruição e que, por isso, foram escolhidas como prioritárias para preservação.
Para ser considerada um hotspot, uma área deve apresentar ao menos 1 500 espécies de plantas endêmicas (encontradas apenas em uma região ou área específica do planeta) e ter perdido 70% ou mais de sua área original.
Em todo o mundo, há 36 hotspots que ocupam apenas 2,3% da superfície terrestre, concentrando mais de 50% de todas as espécies vegetais e aproximadamente 43% de espécies de vertebrados endêmicos. Ao todo, os hotspots perderam aproximadamente 86% de sua vegetação nativa.

Biodiversidade terrestre

Os ecossistemas consistem na relação dos agentes bióticos e abióticos no meio em que vivem. Sua dinâmica é complexa, pois depende de vários fatores ambientais que estão em constante mudança, como a ocorrência de chuvas, o crescimento das plantas, a alimentação dos animais selvagens, o desenvolvimento do solo, etc. Quando pensamos
em vários ecossistemas interligados e definidos por uma formação vegetal dominante, estamos reconhecendo um bioma.
Dos vários biomas existentes, podemos destacar a Amazônia e a Caatinga. Cada um deles possui conjuntos de ecossistemas próprios, com características comuns, que interagem dentro das condições específicas de cada ambiente.
Dentro de cada área, ecossistema ou mesmo bioma, é possível calcular a respectiva biomassa, ou seja, toda a matéria viva dessa área, tanto animal quanto vegetal. Assim, quanto maior for a concentração animal e, em especial, vegetal, maior será a biomassa. Os biomas de florestas equatoriais e tropicais concentram as maiores biomassas do planeta.
Tão importante quanto a biomassa para o equilíbrio do sistema terrestre é a biodiversidade, que se apresenta diretamente relacionada à diversificação das espécies em um ecossistema ou em um bioma.
A biodiversidade corresponde à diversidade biológica, ou seja, a toda a variedade de vida, desde microrganismos até plantas e animais encontrados em determinada área.
Portanto, todas as formas de vida existentes no planeta Terra fazem parte da biodiversidade: você, um fungo, um pé de alface, uma abelha, um elefante, uma floresta inteira...
A biodiversidade representa um imenso potencial econômico. Muitas espécies animais e vegetais são fonte de alimento e de matéria-prima para o desenvolvimento de substâncias usadas na fabricação de medicamentos, de essências e de óleos e na produção de fibras, de biomassa etc.
A sobrevivência das populações tradicionais também depende da biodiversidade. Os povos da floresta, por exemplo, utilizam a vegetação para extrair alimentos, construir moradias e desenvolver atividades de trabalho.
Nas últimas décadas, a comunidade científica, os governos e as organizações não governamentais ambientalistas têm alertado sobre a degradação e a perda da biodiversidade no planeta. Muitas espécies vegetais e animais podem ser extintas antes mesmo de serem conhecidas e estudadas.
Em 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou que o período entre os anos 2011 e 2020 seria considerado a Década da Biodiversidade. Essa ação tinha como objetivo chamar a atenção da sociedade para o aumento das taxas de perda da biodiversidade mundial e lançar planos para sua proteção e preservação.
Apesar dos esforços da ONU, em um levantamento da organização no final de 2020, foi constatado que 40% da biodiversidade do planeta está ameaçada. Até 2050, cerca de 3 500 espécies podem estar comprometidas apenas no continente americano.

Ameaças à biodiversidade

Se a história do planeta Terra, de 4,5 bilhões de anos, fosse contada em um dia, os seres humanos ocupariam os últimos 20 segundos. E, nesse pequeno tempo de nossa história no planeta, o impacto provocado nos elementos naturais e na biodiversidade é gigantesco.
As atividades humanas, da retirada da vegetação nativa à produção de bens e energia, interferem na dinâmica natural dos solos, das formações vegetais, das águas, do relevo e da atmosfera, alterando o funcionamento dos ecossistemas e ameaçando a biodiversidade planetária.
A interferência humana nos diferentes ecossistemas vem acontecendo de forma muito rápida e intensa nos últimos 70 anos. Por isso, alguns cientistas estão buscando evidências de que estaríamos entrando em uma nova época geológica, que eles denominaram Antropoceno, marcada pela influência predominante da ação humana sobre o planeta.
De acordo com o artigo da revista Nature, o período teria começado em 2020, quando a massa de tudo o que foi construído pelo ser humano no planeta superou, pela primeira
vez, a massa conjunta dos seres vivos.
A história da formação e da evolução da Terra é dividida em grandes intervalos de tempo, denominados eras geológicas. Cada era é subdividida em porções menores, os períodos e as épocas geológicas. O período em que surgiu o Homo sapiens permanece até a atualidade: período Quaternário.

Redução da biodiversidade

Diferentemente do que muitos imaginam, todos os ecossistemas e biomas possuem biodiversidade, até os mais inóspitos. Os desertos, por exemplo, mesmo apresentando condições climáticas extremas, abrigam animais e vegetais adaptados a este ambiente.
Estima-se que na Terra existam entre 10 e 50 milhões de espécies animais e vegetais. Especialistas afirmam que o Brasil é o país com maior biodiversidade do planeta, com aproximadamente 20% de todas as espécies conhecidas. E ainda há muitas plantas com potencial terapêutico no território
brasileiro, as quais são utilizadas por povos originários e comunidades tradicionais e também na indústria cosmética e farmacêutica.
Porém, apesar de todos os benefícios ofertados pela biodiversidade terrestre, ainda há um enorme avanço na degradação dos biomas. Assim, muitas atividades humanas têm impactado diretamente a biodiversidade. Nas últimas décadas, animais e vegetais extinguiram-se em um ritmo somente menor do que o do período de extinção em massa dos dinossauros.
A exploração abusiva de recursos vegetais e animais, o crescimento desordenado de algumas cidades, a poluição do ar, da água e dos solos – especialmente pela expansão da agricultura e da pecuária – são apenas alguns fatores que degradam a paisagem natural e destroem os ecossistemas.
Estima-se que a perda definitiva de espécies vegetais e animais seja entre 1 000 e 30 000 por ano. Especialistas apontam que, se este ritmo for mantido, em um século teremos a extinção de mais da metade da biodiversidade na Terra.
Para reduzir o impacto nos ambientes naturais é necessária uma mudança de hábitos de parte da sociedade moderna, uma vez que o desperdício e o elevado consumo de produtos supérfluos intensificam a degradação ambiental. Como exemplo, podemos citar o avanço do garimpo ilegal, elevando a pressão sobre as florestas diante da extração de ouro, diamantes e outros minerais.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela ONU apresentam-se como um apelo global para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e a vida terrestre. O 15º objetivo trata da vida terrestre, que, resumidamente, destaca a importância de proteger, recuperar, promover e deter a perda da biodiversidade, sendo este um dever de todos.

Vegetação nativa

O bioma é um conjunto de ecossistemas e sua classificação é realizada conforme a vegetação predominante, que tem relação direta com o tipo climático.
Com a interferência humana ao longo dos séculos nas paisagens naturais, a vegetação original passou por diversas alterações, sendo completamente extinta em algumas partes do planeta. Este é um dos fatores que fazem com que certos mapas de vegetação, ou mesmo de biomas, apresentem variações, pois o principal elemento de identificação de um bioma, que é a vegetação, foi ou continua sendo modificado.
Além disso, as fronteiras entre as coberturas vegetais não são perfeitamente definidas. Há faixas que apresentam composição de ambas as vegetações, conhecidas como zonas de transição.

Alterações nos solos e difusão de espécies exóticas

Agricultura, mineração, áreas de pastagem, pecuária, desmatamento e expansão das cidades promovem a degradação e o empobrecimento dos solos e contribuem, junto com a caça, a pesca, a jardinagem, a criação de animais domésticos, o crescimento do comércio e do turismo mundial, para o aumento da difusão de espécies exóticas, isto é, espécies que são levadas para fora de sua área de distribuição natural.
Uma espécie exótica pode ser considerada uma espécie invasora quando ela começa a se reproduzir sem controle, representando uma ameaça para as espécies nativas e para o equilíbrio dos ecossistemas. Muitas vezes, essas espécies são transportadas intencionalmente por seres humanos.
O eucalipto, por exemplo, é uma espécie exótica originária da Austrália. Portanto, ele não faz parte das formações vegetais presentes nas áreas onde está sendo plantado para atender à demanda das indústrias de papel, de celulose, de móveis e de siderurgia.
As comunidades tradicionais de áreas de Cerrado, por exemplo, são prejudicadas pela plantação de eucaliptos, que substituem espécies nativas das quais essas comunidades extraem recursos utilizados como fonte de renda, como o pequi e o bacuri.

Destruição ou fragmentação de hábitats e superexploração de recursos naturais

Hábitat é uma porção do ambiente onde um indivíduo, uma espécie ou um grupo de espécies vive e se desenvolve. A destruição e a fragmentação de hábitats dificultam a sobrevivência e a reprodução de espécies, podendo levá-las à extinção.
A construção de rodovias, ferrovias e hidrelétricas, para transporte de mercadorias e produção de energia, associada à superexploração dos recursos minerais, biológicos (plantas e animais), energéticos e hídricos, destrói ou fragmenta, isto é, separa os hábitats.
Dados divulgados pelo Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras (Ufla-MG) apontam que, em 2020, cerca de 284,8 milhões de animais silvestres morreram atropelados nas rodovias brasileiras, a maioria aves, mamíferos e répteis.
Além de colocar em risco a biodiversidade, os atropelamentos de animais silvestres são responsáveis por ferimentos graves e vítimas fatais entre motoristas e passageiros. Para ligar hábitats fragmentados, permitindo que os animais circulem em segurança, é necessária a devida sinalização das rodovias e a implantação de pontes verdes ou ecodutos. Essas medidas, adotadas em muitos países, reduzem a morte de animais por atropelamento e acidentes nas estradas.
Ponte verde: passagem que cruza rodovias e ferrovias com o objetivo de facilitar a travessia segura de animais silvestres.

Poluição e mudanças climáticas

Embora pareçam ser ameaças diferentes à biodiversidade, a poluição e as mudanças climáticas estão intimamente associadas. A liberação de substâncias tóxicas de diversas origens nas águas, no ar e nos solos prejudica os seres vivos e os ambientes e tem colaborado com o aumento da temperatura média mundial. Milhares de espécies animais e vegetais poderão desaparecer e, com isso, alterar profundamente o equilíbrio ecológico.
Em 2018, a organização não governamental Fundo Mundial para a Natureza (WWF) publicou um estudo sobre o impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade nos hotspots. A principal conclusão foi: quanto maior o aumento da temperatura média mundial, maior o número de espécies ameaçadas de extinção. O estudo diz que 2 °C a mais na temperatura média colocarão 25% das espécies vegetais e animais em risco de extinção. Os hábitats atuais dos ursos pandas-gigantes, na China, por exemplo, se tornarão mais quentes e secos, forçando esses animais a migrar para áreas mais frias, onde não há bambu, planta base de sua alimentação.

PRESERVAÇÃO DAS FORMAÇÕES VEGETAIS

A preservação das formações vegetais originais é fundamental para a manutenção da biodiversidade. Por isso foram criadas, por meio de leis, em muitos lugares do mundo,
áreas protegidas, como os parques nacionais e as reservas ecológicas.
Em partes dessas áreas, a exploração pelas comunidades tradicionais que nelas vivem é permitida. Em outras, apenas pesquisas científicas ou turismo ecológico são autorizados, por exemplo.
No Brasil, as áreas protegidas por lei são denominadas Unidades de Conservação (UCs). Essas áreas podem ser:
• Unidades de Conservação de Proteção Integral (UCPIs) – áreas onde são proibidas a presença de moradores e a extração de recursos. As atividades permitidas são apenas de pesquisa, educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.
• Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCUSs) – nessas áreas, a presença de moradores é permitida quando associada ao uso sustentável dos recursos naturais e à proteção das populações tradicionais.
Muitas das áreas que concentram biodiversidade estão localizadas em propriedades particulares. Nesse caso, a lei brasileira prevê que o proprietário pode, se desejar, transformar suas terras em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), contribuindo para a preservação ambiental.

Pegada ecológica

Na nossa sociedade, marcada pela produção e pelo consumo de bens, a interação entre os seres humanos e a natureza tem ocorrido com intensa exploração dos recursos naturais. Preocupados com essa questão, pesquisadores calcularam a quantidade de recursos naturais que cada ser humano consome para manter seu modo de vida. O resultado desse cálculo corresponde à pegada ecológica.
Aspectos relacionados à alimentação, ao vestuário, à moradia, ao transporte, ao entretenimento, entre outros, entram no cálculo da pegada ecológica. Por isso, quanto mais compramos o que não precisamos, desperdiçamos recursos e produzimos resíduos, maior será nossa pegada.
pegada ecológica também é calculada por cidade, país ou região do planeta. Assim, corresponde ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar necessárias para gerar tudo o que é consumido. Ela mede a quantidade de recursos naturais renováveis utilizados, considerando a área necessária para fornecê-los.

PRINCIPAIS FORMAÇÕES VEGETAIS

Florestas Tropical e Equatorial

Predominam nas regiões de climas quentes e úmidos com estação seca curta. São constituídas por árvores densas e exuberantes de grande porte e apresentam enorme variedade de espécies animais e vegetais. Os solos, em geral, são ácidos e de baixa fertilidade. A densa vegetação é sustentada pela grande quantidade de matéria orgânica produzida pela própria floresta.
Ocorrem em regiões da América Central, da América do Sul, da África e do sudeste da Ásia. A Floresta Amazônica é um exemplo de Floresta Equatorial e a Mata Atlântica, de Floresta Tropical.
Os principais motivos do desmatamento dessas florestas têm sido a retirada da vegetação, para a produção de madeira e de carvão vegetal, e as queimadas, para a implantação de grandes áreas de produção agrícola e pecuária. A exploração de minerais também acarreta destruição.

Floresta Temperada

Originalmente, a Floresta Temperada cobria a maior parte da Europa, o nordeste dos Estados Unidos e partes do Japão, da China e da Índia, em regiões de clima predominantemente temperado. Também é conhecida como Floresta Decídua, porque no inverno, em geral, as folhas das árvores caem. Entretanto, em algumas áreas da América do Sul e da Austrália, as folhas das florestas temperadas nunca caem.

Floresta Boreal (Taiga)

Ocorre nas latitudes altas, onde predominam os climas frios. Destaca-se nas paisagens de países como Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. É bem homogênea, constituída por coníferas (como os pinheiros). O formato de cone das copas das árvores permite o escoamento da neve, e as folhas, em forma de agulha, regulam a perda de água na estação seca. Essas espécies são exploradas para a extração
de madeira – muito utilizada, ao longo dos séculos, para a produção de lenha e, hoje em dia, principalmente para a produção de celulose, matéria-prima da fabricação de papel.

Savana

Ocorre na América do Sul, na África e na Austrália, em regiões de clima tropical, marcadas por verões chuvosos e invernos secos. As paisagens na Savana são variadas, podendo aparecer desde matas fechadas até campos abertos. As árvores têm troncos tortuosos e folhas resistentes, aspectos que resultam da adaptação às queimadas naturais. Os solos são ácidos e de baixa fertilidade para a agricultura. Em algumas regiões do mundo, como no Cerrado brasileiro, a irrigação e a correção da acidez dos solos transformaram extensas áreas de Savana em áreas agrícolas.
Na Savana africana, há animais de grande porte que se alimentam da vegetação (herbívoros), como elefantes, antílopes e zebras. No Brasil, as Savanas contam com uma diversidade de espécies vegetais bem maior que a Savana africana. Uma das explicações para essa diversidade vegetal é, justamente, a ausência de grandes herbívoros.

Vegetação Mediterrânea

Predomina na região próxima ao mar Mediterrâneo, mas também aparece em outras áreas do mundo. É formada por diversas espécies vegetais, como oliveiras, carvalhos, pinheiros e eucaliptos. Com folhas grossas e resistentes, as plantas são adaptadas aos invernos rigorosos e aos verões quentes pouco chuvosos, quando podem ocorrer grandes incêndios florestais. Na Europa, a expansão do plantio de oliveiras (para a produção de azeitonas e azeite) substituiu outras espécies vegetais originais dessa formação.

Estepe e Pradaria

As Estepes e as Pradarias são formações vegetais rasteiras nas quais predominam as plantas herbáceas. Ocorrem especialmente em regiões de relevo plano. No entanto, apesar dessas semelhanças, as Pradarias desenvolvem-se em climas mais úmidos, como o temperado e o subtropical, presentes em áreas como as Planícies Centrais da América do Norte ou os Pampas sul-americanos. Já as Estepes desenvolvem-se em regiões com períodos de baixa pluviosidade, com clima temperado continental, ou em áreas semiáridas.
A rara presença de espécies de maior porte faz com que as Estepes e as Pradarias constituam extensas áreas de pastagens naturais. Em muitas regiões do mundo, essas áreas de Estepes e Pradarias foram amplamente utilizadas para a pecuária, o que causou tanto a devastação de espécies vegetais quanto a degradação dos solos.

Tundra

Ocorre em regiões de clima polar, com temperaturas muito baixas que mantêm os solos congelados durante a maior parte do ano. Assim, a vegetação desenvolve-se somente no curto período de verão, quando ocorre o degelo. As espécies vegetais são compostas predominantemente de liquens, algas e musgos.

Deserto

As áreas desérticas podem ser classificadas como quentes ou frias. Nos dois casos, a presença de espécies vegetais é baixa, em razão, principalmente, da rara ocorrência de chuvas. Nos Desertos frios, especialmente nos cobertos por neve durante grande parte do ano, ocorre a Tundra.
Nos Desertos quentes, destacam-se as espécies vegetais que eliminam folhas (caducifólias) e as que conseguem armazenar
água (xerófitas), como os cactos. O pequeno porte das formações vegetais e a pouca quantidade de folhas, ou a ausência delas, são adaptações ao clima seco, pois reduzem a transpiração das plantas e, portanto, a perda de água.

Vegetação de Montanha

É bastante diversificada, pois varia de acordo com a altitude. Podemos encontrar desde a Floresta Temperada, na base da montanha, até a Tundra, nas áreas de maior altitude. Essa variação acontece porque, à medida que a altitude aumenta, a temperatura e a umidade diminuem, e esses fatores também impedem o desenvolvimento de árvores de grande porte.
O deslizamento retratado ocorreu em razão das fortes chuvas na região, obstruindo parte da estrada. Agora, imagine se não houvesse vegetação nessa encosta de morro. Com as chuvas, o deslizamento de terra seria bem maior. Em geral, a vegetação ajuda a proteger o solo da erosão. Ela reduz o impacto direto das chuvas e as raízes das plantas ajudam a reter o solo.
Assim, o deslizamento de terra é considerado um fenômeno natural. Ele pode ser intensificado ou acelerado pela interferência humana, especialmente quando há desmatamento, movimentação do solo e pressão de construções.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mudanças climáticas fazem parte do ambiente da Terra desde a sua origem, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Ao longo dos milênios, os climas da Terra foram se transformando em razão de um conjunto de fatores naturais. Intensas atividades vulcânicas, glaciações e queda de meteoros alteraram a vegetação, as formas do relevo, a distribuição das águas e a circulação de gases na atmosfera, substituindo áreas de climas úmidos por desertos e vice-versa. Estudos apontam que a Antártida, atualmente coberta por uma espessa camada de gelo, já foi uma floresta tropical há centenas de milhões de anos.

Em alguns momentos da história da Terra, as transformações foram mais profundas do que em outros. Ocorreram mudanças climáticas significativas tanto em escala global como em escala regional. Houve períodos em que as temperaturas foram mais altas do que as registradas atualmente e outros em que as temperaturas foram extremamente baixas, durante as chamadas eras glaciais.
A última mudança climática regional, conhecida como Pequena Idade do Gelo, ocorreu entre os séculos XVI e XVII. Nesse período, a Europa passou por sucessivas ondas de frio, que contribuíram para crises de fome e revoltas sociais.
Evidências de mudanças climáticas podem ser visualizadas na paisagem. Há milhões de anos, as árvores que cobriam a área do atual Parque Nacional da Floresta Petrificada, nos Estados Unidos, foram encobertas por lava vulcânica. Com o processo de erosão, foram revelados troncos petrificados de grandes árvores que constituíam uma floresta de clima úmido, depositados atualmente sobre um solo típico de clima mais seco.
As mudanças climáticas fazem parte de um processo natural associado à história da Terra. Portanto, para definir uma tendência de alteração das condições climáticas globais e regionais, seria necessário estudar uma sequência de repetição do fenômeno por um longo tempo.
No entanto, nos últimos anos, vêm aumentando as discussões e os estudos sobre o papel das atividades humanas na aceleração das alterações climáticas em escala mundial, regional e local. Essas alterações estão relacionadas à ocorrência de fenômenos como chuvas ácidas, aquecimento global, efeito estufa adicional e ilhas de calor.

Chuva ácida

O gás carbônico que se encontra na atmosfera torna a chuva ligeiramente ácida. A queima de combustíveis fósseis emite gases como o dióxido de enxofre e o óxido de nitrogênio, causando a poluição do ar e desencadeando reações químicas com a água das chuvas, tornando-a ainda mais ácida.
Nem sempre a chuva ácida cai no mesmo lugar em que os poluentes foram liberados na atmosfera, já que os ventos podem transportar os gases por mais de 2 mil quilômetros. Isso explica por que em algumas áreas do planeta, em que não há grandes emissões de gases poluentes, também ocorre chuva ácida. Além de prejudicar o solo e a produção agrícola, a chuva ácida acelera a corrosão (desgaste) de monumentos e edifícios.

Aquecimento global e efeito estufa

Nas últimas décadas, estudos científicos têm apresentado dados que comprovam o aumento da temperatura média da Terra, caracterizando o chamado aquecimento global. Uma pequena parcela de pesquisadores e estudiosos do tema considera que o aquecimento global é um fenômeno natural causado somente pela dinâmica natural do clima da Terra. A maioria, no entanto, afirma que essa elevação da temperatura média do planeta é agravada pelo aumento da emissão dos gases de efeito estufa (GEEs).
O efeito estufa é um fenômeno natural que garante a vida na Terra. Os gases presentes na atmosfera e o vapor-d’água formam um tipo de “escudo”, mantendo o planeta aquecido com uma temperatura média de 15 ºC. Se o efeito estufa não existisse, essa temperatura giraria em torno de –18 ºC, pois o calor irradiado pelo Sol se dissiparia de volta às camadas mais altas da atmosfera. O problema, porém, é a intensificação desse fenômeno, chamado de efeito estufa adicional, que tem relação com o aquecimento global, de acordo com a maior parte dos pesquisadores.

Ilhas de calor

O fenômeno das ilhas de calor ocorre principalmente nas grandes cidades e se caracteriza por diferenças de temperatura entre áreas do espaço urbano. Geralmente, a área central das cidades apresenta maior concentração de construções (especialmente grandes edifícios), impermeabilização do solo, uso intensivo de meios de transportes automotores e poucas áreas verdes, fatores que colaboram para que as temperaturas sejam mais elevadas nessas regiões do que nas regiões vizinhas.
Uma cidade pode apresentar várias ilhas de calor espalhadas por sua extensão, porque o espaço urbano não é homogêneo.
Em algumas áreas, há maior concentração de construções do que em outras, assim como a distribuição das áreas verdes é bastante irregular, há diferenças de altitude e concentração de veículos etc. No mesmo horário, as variações de temperatura entre uma área e outra da mesma cidade podem ultrapassar os 10 ºC.
Uma das formas mais eficazes de evitar a formação das ilhas de calor é criar e preservar áreas verdes nas cidades, pois a vegetação favorece a manutenção da umidade do ar, amenizando a temperatura. Outra possibilidade é controlar a emissão de gases poluentes por veículos e evitar a impermeabilização do solo. Em muitas cidades são implantados os “telhados verdes”, ou seja, hortas e jardins instalados em telhados de casas e edifícios.

FATORES DO CLIMA

Conheça alguns dos principais fatores climáticos que explicam as semelhanças e as diferenças entre os climas da Terra.

Latitude

Apesar de o Sol emitir sempre a mesma quantidade de energia, a intensidade dos raios solares recebida pela Terra depende do ângulo formado entre esses raios e a superfície terrestre.
Nas áreas de baixas latitudes (próximas à linha do equador e entre os trópicos de Câncer e Capricórnio), os raios solares atingem a superfície da Terra mais diretamente.
Por isso, as temperaturas médias, em geral, são mais altas. À medida que se direcionam aos polos, os raios solares vão atingindo a superfície da Terra de maneira cada vez mais inclinada.
Desse modo, o calor proveniente do Sol espalha-se por uma área maior, diminuindo sua intensidade. Em razão disso, as estações do ano são bem marcadas nas médias latitudes (entre o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico, no Hemisfério Norte, e entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico, no Hemisfério Sul), pois o movimento de translação da Terra faz variar muito o ângulo no qual os raios solares atingem essas regiões ao longo do ano.
A grande inclinação na incidência dos raios solares nas altas latitudes (áreas próximas aos polos) explica as temperaturas médias tão baixas nessas regiões. Assim, podemos dizer que a temperatura diminui conforme a latitude aumenta.
A latitude também influencia as precipitações. Com temperaturas mais elevadas nas latitudes mais baixas, o processo de evaporação é mais intenso do que nas médias e altas latitudes, o que favorece a formação de chuvas.

Zonas térmicas

Em razão das diferenças no aquecimento, a Terra pode ser dividida em três grandes zonas térmicas.

Zona tropical

Situada entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, a zona tropical corresponde às baixas latitudes, que variam entre a latitude 0º (a linha do equador) e as latitudes 23º norte (Trópico de Câncer) e 23º sul (Trópico de Capricórnio).
As temperaturas médias anuais são elevadas. A umidade do ar, em geral, é mais alta do que nas outras zonas.

Zona temperada

Corresponde às médias latitudes, ou seja, às faixas do globo entre o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico (zona temperada do norte), e entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico (zona temperada do sul). São chamadas de “médias latitudes”, por se situarem entre as latitudes 23º e 66º, tanto norte quanto sul. As temperaturas médias anuais não são elevadas, como na zona tropical, e as estações do ano são bem definidas. No inverno, pode ocorrer precipitação de neve.

Zona polar

Corresponde às altas latitudes (acima de 66º). São também duas zonas polares: a zona polar do norte, localizada ao norte do Círculo Polar Ártico, e a zona polar do sul, situada ao sul do Círculo Polar Antártico.
As temperaturas são baixas durante o ano todo, com precipitação de neve.

Relevo

O relevo interfere no clima por causa das diferentes formas da superfície terrestre e das variações de altitude.
As formas de relevo podem facilitar ou dificultar a circulação do ar na atmosfera.
A seguir, um exemplo dessa interferência.
Formas de relevo, como montanhas e serras, representam uma barreira para o deslocamento do ar. O ar úmido que vai em direção à elevação é forçado a subir. Nesse “desvio”, ele se resfria e condensa, formando nuvens e causando chuvas. Após passar as elevações, o ar, que já perdeu boa parte de sua umidade, desce e se aquece.
A temperatura do ar diminui com o aumento da altitude: em média, há diminuição de 0,5 ºC a cada 100 metros de altitude. Esse fenômeno acontece por causa da maior altitude, o que leva o ar a se tornar mais rarefeito, ocorrendo menor retenção de calor e, portanto, menores temperaturas.
Áreas localizadas em latitudes semelhantes podem, portanto, apresentar temperaturas bem diferentes, de acordo com as diferenças de altitude.

Massas de ar

As massas de ar são grandes volumes de ar que apresentam as características de temperatura e umidade das áreas em que se formam. As mudanças no tempo atmosférico estão associadas aos movimentos das massas de ar. Quando massas de ar com características diferentes se encontram, a área de contato entre elas recebe o nome de frente, que pode ser fria ou quente.
A frente fria forma-se quando uma massa de ar frio avança sobre uma massa de ar quente. Como o ar frio é mais denso, ele ocupa as áreas mais próximas à superfície e obriga o ar quente a subir. As consequências desse fenômeno são: queda de temperatura, ventos, nuvens carregadas e chuvas.
A frente quente ocorre quando uma massa de ar quente avança sobre uma massa de ar frio, provocando aumento de temperatura.

Maritimidade e continentalidade

Algumas áreas da superfície terrestre estão próximas aos oceanos e outras estão distantes, no interior do continente. Essas diferenças de localização influenciam o clima.
As águas oceânicas aquecem-se e resfriam-se mais lentamente do que as terras continentais, por isso, nas áreas próximas aos oceanos, sob influência da maritimidade, as temperaturas não têm grande variação entre o dia e a noite. Essas áreas também apresentam maiores índices de umidade, por causa da evaporação dos oceanos.
Nas áreas afastadas dos oceanos, sob influência da continentalidade, a superfície terrestre aquece-se mais rapidamente durante o dia e resfria-se rapidamente durante a noite, fazendo com que as temperaturas durante o dia e durante a noite tenham maior variação.

Vegetação

A vegetação influencia o clima de diversas maneiras. As plantas promovem o sombreamento do solo e atuam como uma barreira à incidência direta dos raios solares na superfície.
Em geral, áreas com densa cobertura vegetal apresentam médias de temperatura mais baixas do que aquelas com cobertura menos densa ou inexistente.
A vegetação também influencia a umidade do ar, uma vez que as plantas captam a água do solo pelas raízes e a transferem para a atmosfera por meio de suas folhas, durante a transpiração. A Floresta Amazônica, por exemplo, interfere no regime de chuvas não apenas da região que abrange, mas também de grande parte da América do Sul.

Correntes marítimas

Correntes marítimas são porções de água que se deslocam pelos oceanos e apresentam características próprias de velocidade, salinidade e temperatura. Suas temperaturas são determinadas pelo local onde se originam. Assim, as correntes quentes têm origem nas regiões tropicais, enquanto as correntes frias se formam em regiões mais frias, como os polos.
As correntes marítimas quentes contribuem para o aumento da evaporação das águas oceânicas e da precipitação. Também são responsáveis pelo aquecimento das regiões frias por onde passam.
As correntes marítimas frias, por sua vez, reduzem a temperatura e tornam mais seco o clima das regiões banhadas por elas. Isso acontece porque as águas frias evaporam menos, oferecendo menos umidade para o continente.

CLIMA E ATIVIDADES HUMANAS

Existem vários tipos de interações entre seres humanos e elementos naturais. Diversos recursos minerais são extraídos e transformados em produtos pela indústria; o relevo é modificado para a realização de construções; as águas dos rios são utilizadas para gerar energia, entre outros exemplos.
O clima também é um elemento natural que influencia as atividades humanas e é influenciado por elas. A prática de diversos esportes, por exemplo, depende de determinadas condições climáticas para acontecer.
Em alguns países localizados na zona tropical, como o Brasil, atividades esportivas que dependem da neve ou do gelo dificilmente são praticadas, inviabilizadas pela predominância de climas quentes. Já em países ou regiões localizados nas zonas temperada e polar, algumas competições esportivas disputadas ao ar livre são suspensas durante o inverno, como campeonatos de futebol, em razão da forte queda de neve e do frio intenso. Por outro lado, há atividades que ocorrem em condições rigorosas de clima.
Os vários tipos de moradia construídos pelos seres humanos são um exemplo da interação das pessoas com o clima. A diversidade de climas ao redor do mundo exige a construção de habitações que se adaptem a essas diferentes condições climáticas.
Em regiões de clima com médias de temperatura mais baixas, podemos encontrar moradias com telhados inclinados, para que a neve não se acumule sobre eles, evitando, assim, o desabamento ou a mudança de temperatura no interior das moradias. Esse tipo de telhado também facilita o escoamento da água quando a neve derrete.
Em outros lugares predominam as moradias de teto plano, por haver menor necessidade de escoamento de água. A cor branca, frequentemente utilizada em regiões de clima mais quente e seco, ajuda a manter as casas mais frescas, já que a absorção de calor é menor. As cores escuras absorvem mais calor do Sol que as mais claras.
Apesar dos avanços técnicos e tecnológicos dos últimos 150 anos, fenômenos climáticos mais intensos, como ondas de frio
ou calor intenso, chuvas torrenciais, furacões, grandes períodos de seca (estiagem), nevascas etc., trazem fortes consequências à vida das pessoas. Mesmo sendo previstos em laboratórios de meteorologia, com a ajuda de satélites e computadores, é impossível contê-los.

Clima e atividades econômicas

O clima interfere em diversas atividades humanas. Essa mudança influencia, por exemplo, as atividades da indústria, do comércio e do turismo, além dos preços dos produtos.
No inverno, a procura por roupas de frio é grande, e as fábricas (indústria têxtil) tendem a produzir mais artigos para atender à demanda dos consumidores por esses itens.
Os estabelecimentos comerciais expõem as roupas de inverno nas vitrines e, em geral, cobram preços mais altos, já que o interesse por esses produtos aumenta.
No verão, as roupas mais leves têm maior procura. Portanto, quando a temperatura volta a subir, as lojas fazem liquidações das roupas de inverno e mudam as vitrines. Isso vale para outros tipos de produtos, como alimentos (bebidas e sorvetes, por exemplo), ventiladores, aquecedores, aparelhos de ar-condicionado, guarda-chuvas etc.
A agricultura também é bastante influenciada pelo clima. As condições de temperatura e a umidade do ar influenciam o plantio, a colheita, a armazenagem, o transporte e a comercialização dos produtos.
As produções de trigo, cevada e centeio, por exemplo, desenvolvem-se em climas onde predominam médias anuais de temperaturas mais baixas. Por outro lado, em geral, os cultivos de cacau, cana-de-açúcar, algodão, laranja, arroz e café desenvolvem-se melhor em climas quentes, com médias de temperaturas elevadas; e os cultivos de banana e de café, por exemplo, são sensíveis a geadas.
Existem técnicas que diminuem a influência do clima sobre a produção, como o cultivo em estufas e a irrigação artificial. Atualmente, também existem pesquisas para o desenvolvimento de plantas mais resistentes ou capazes de se adaptarem a condições climáticas desfavoráveis. Essas técnicas, no entanto, são custosas e não estão acessíveis a todos os produtores agrícolas.
Na pecuária, os fenômenos climáticos podem afetar a qualidade e a quantidade dos pastos, influenciando a distribuição e a alimentação dos animais. A escassez de água pode reduzir áreas de pastagem e provocar a queda da produção de leite e de carne.

CLIMAS DA TERRA

 Equatorial

No clima equatorial, a temperatura média anual é superior a 25 °C e a amplitude térmica é pequena. Já as chuvas são abundantes e bem distribuídas ao longo dos meses do ano. Portanto, é um tipo de clima quente e úmido.

Amplitude térmica: diferença entre a maior e a menor temperatura registrada em um local ao longo de um período de tempo.

Tropical

As médias anuais de temperatura são superiores a 18 °C, e a precipitação anual é elevada no clima tropical. Apresenta, ainda, duas estações bem definidas: verão quente e chuvoso e inverno frio e seco.

Semiárido

Apresenta temperaturas elevadas, com média anual superior a 26 °C. As chuvas são escassas e concentradas, havendo longos períodos de seca. Portanto, é um clima quente e seco.

Temperado

No clima temperado, as quatro estações do ano são bem definidas: primavera, verão, outono e inverno. As médias térmicas anuais situam-se abaixo de 18 °C. As chuvas, embora não sejam abundantes, são bem distribuídas ao longo do ano.

Frio

O clima frio caracteriza-se pelas baixas temperaturas na maior parte do ano. O verão é curto e o inverno é longo e rigoroso, com intensa precipitação de neve.

Polar

No clima polar, as temperaturas são muito baixas durante o ano todo, com ocorrência frequente de precipitações em forma de neve.

Subtropical

Onde predomina o clima subtropical, a temperatura média anual é inferior a 18 °C. No inverno, em algumas áreas, as temperaturas podem ser menores do que 0 °C, com geadas e neve. As chuvas são bem distribuídas ao longo do ano.

Desértico

O clima desértico caracteriza-se pela escassez de chuvas. As temperaturas podem ser altas ou baixas. Nos desertos quentes, as temperaturas podem atingir 50 °C durante o dia e cair abaixo de 0 °C à noite. Nos desertos frios, as temperaturas são baixas, apresentando temperatura média anual inferior a 14 °C.

Mediterrâneo

Nos locais de clima mediterrâneo, o verão é seco e quente e o inverno tem muita chuva e temperaturas amenas.

Frio de montanha

O clima frio de montanha ocorre em áreas de altitude elevada, como na cordilheira dos Andes, nos Alpes e no Himalaia. Apresenta baixas temperaturas o ano todo.

Distribuição da água

A água na Terra

Segundo o relatório sobre as desigualdades no acesso à água, saneamento e higiene, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em 2019, menos da metade da população global tem acesso à água potável e cerca de 35% não têm acesso à água tratada, o que resulta na perda anual de aproximadamente 10 milhões de vidas.
Em algumas cidades do continente africano, a média de consumo de água por pessoa é de dez a quinze litros por dia. Já em Nova York, nos Estados Unidos, cada cidadão chega a consumir 2 mil litros de água por dia. Além da escassez, a água é mal distribuída pelo planeta!
E para que usamos a água? Enquanto a irrigação é responsável por 73% do consumo total, 21% destinam-se à indústria e 6% ao consumo doméstico. Para enfrentar os desafios da distribuição dos recursos hídricos, é importante conhecermos melhor o funcionamento do subsistema da hidrosfera.
Muitas vezes, diz-se que a Terra poderia ser chamada de planeta Água, como na música. Isso porque 70% da superfície terrestre é coberta por água. A porção restante corresponde às terras emersas (continentes e ilhas).
De toda a água que existe na Terra, apenas uma pequena parcela corresponde às águas doces e está disponível para consumo imediato. A maior parte, quase a totalidade, corresponde às águas salgadas.
Quando pensamos em água, geralmente nos lembramos desse recurso no estado líquido, porque é assim que ela está mais presente em nosso cotidiano. No entanto, a água também se apresenta nos estados sólido e gasoso. Os estados físicos da água são importantes para compreendermos como esse recurso natural circula no planeta Terra.

Estados físicos da água

Estado sólido: gelo e neve. As moléculas de água estão organizadas e muito próximas em razão da baixa temperatura. Por isso, apresenta forma definida.
Estado líquido: rios, lagos, oceanos, chuvas. As moléculas de água estão dispersas, mas relativamente próximas umas das outras.
Estado gasoso: embora seja invisível, está presente no ar que respiramos. As moléculas de água estão dispersas e muito distantes umas das outras.

O ciclo hidrológico

A quantidade de água no planeta é a mesma há bilhões de anos. Isso só é possível porque ela está em constante movimento. As diferenças de temperatura fazem a água circular constantemente entre terras emersas, subsolo, oceanos e atmosfera, promovendo o ciclo da água – ou ciclo hidrológico. Ao utilizar a água e desenvolver diversas atividades, o ser humano interfere nesse ciclo.
Toda a camada líquida da Terra forma a hidrosfera. Ela constitui cerca de 71% da superfície do planeta e está distribuída em oceanos, mares, lagos, rios, no solo, em geleiras e até na atmosfera (em forma de vapor de água), sendo muito pequeno o percentual disponível para consumo humano. Além disso, está em constante movimentação no sistema terrestre, formando o ciclo hidrológico.

Ciclo hidrológico e interferências humanas

Precipitação (A)
O vapor-d’água condensa na atmosfera, forma nuvens e precipita-se como chuva, neve ou granizo. A precipitação nos oceanos é cerca de quatro vezes maior do que nos continentes.
Escoamento superficial (B)
A água cai em córregos, rios, oceanos, mares e lagos. Parte da água que cai sobre o solo escoa até atingir esses elementos hídricos.
Evaporação (C)
A água dos oceanos, rios, mares e lagos evapora. As plantas e os seres vivos também contribuem para esse processo, com a transpiração.
Infiltração (D)
A água penetra no subsolo, formando os reservatórios subterrâneos.

Oceanos e mares

Cerca de 71% da superfície total da Terra é ocupada pelas águas dos oceanos e mares. Essa grande massa líquida está em movimentação a todo momento no planeta inteiro. As ondas e a oscilação das marés são dinâmicas mais fáceis de serem percebidas. Já as correntes marítimas, que, dependendo do ponto de origem, deslocam grandes massas de água quente ou fria de um ponto a outro do planeta, só são registradas com a ajuda de recursos tecnológicos, pois ocorrem em grandes profundidades.
Os oceanos são grandes massas líquidas salgadas que circundam os continentes. Os mares são menos extensos do que os oceanos, apresentam menor profundidade e diferenças na temperatura, salinidade e transparência das águas.
A massa de água líquida salgada (que é imprópria para consumo humano) é convencionalmente dividida em oceanos e mares. Os oceanos têm grandes extensões e profundidades, sem limites muito bem definidos entre si.
As primeiras formas de vida desenvolveram-se nos oceanos há mais de 3,5 bilhões de anos. Atualmente, essas massas de água salgada apresentam uma rica biodiversidade, que inclui desde minúsculas algas até a baleia-azul, o maior animal do mundo. Além disso, abrigam várias espécies de algas responsáveis pela produção de mais da metade do gás oxigênio da atmosfera terrestre, que também servem de alimento para animais marinhos.
No litoral, os oceanos e os mares desgastam as rochas e transformam as feições do relevo. Também desempenham papel fundamental no ciclo da água e, portanto, no equilíbrio climático, uma vez que regulam as variações de temperatura ao absorver grande parte da radiação solar que atinge a Terra e liberar esse calor por meio da evaporação da água, formando nuvens e chuvas.
Diversas ações humanas, como superexploração dos recursos marinhos, pesca ilegal e poluição por lançamento inadequado de resíduos (plástico, derivados de petróleo, entre
outros), têm contribuído para a degradação das águas oceânicas.
Entre os principais oceanos estão o Atlântico, que banha todo o litoral brasileiro, e outros dois: o Pacífico e o Índico. A soma da superfície desses três oceanos totaliza 320 milhões de km2, o que representa aproximadamente 91% de toda a massa oceânica do planeta.
Há ainda o oceano Glacial Ártico e o Glacial Antártico, ambos localizados nos extremos polares da Terra.
Já os mares são menos extensos do que os oceanos e se situam nas proximidades
dos continentes. De modo geral, são divididos em:
  • mares abertos: apresentam ampla ligação com o oceano;
  • mares fechados: são isolados, não tendo qualquer ligação com oceanos ou outros mares;
  • mares interiores: têm estreita ligação com o oceano.

Águas continentais

Apesar de aparentar abundância, as águas continentais correspondem a menos de 3% de todo o volume de água disponível no planeta. São encontradas na superfície (rios, lagos, geleiras, pântanos) e nas áreas subterrâneas (quando penetram no solo).

Rios e bacias hidrográficas

Quando estudamos as civilizações antigas, percebemos que grande parte desses povos ocupava locais próximos a rios. Não é difícil imaginar quais seriam as razões para essa escolha estratégica, tendo em vista que usamos os recursos hídricos quase da mesma forma que esses indivíduos faziam há milhares de anos.
Os rios são cursos de água em estado líquido que drenam terrenos seguindo a declividade do relevo e movidos pela gravidade da Terra. Suas águas permitem a navegação, a irrigação dos cultivos, o abastecimento da população, além do lazer e da pesca. Mais recentemente, os seres humanos passaram a utilizá-las também para fins industriais, geração de energia elétrica, extração de minérios, entre outros.
A disposição e o traçado característicos dos cursos de água – que podem ser naturais ou artificiais – de cada bacia hidrográfica são chamados de rede hidrográfica. A organização da rede hidrográfica depende de muitos fatores, entre os quais está o relevo. 
Você sabia que em muitas cidades existem rios escondidos? No município de São Paulo, por exemplo, onde hoje podemos ver extensas e importantes avenidas, antigamente eram vistos rios e córregos que, ao longo do tempo, foram desviados e canalizados. Pesquisadores estimam que entre 300 e 500 rios corram sob casas, edifícios e ruas da capital paulista.
Rios são cursos-d’água que se formam por meio do derretimento das geleiras ou da água das chuvas, que vão penetrando pelo solo até formar estoques de água subterrânea.
Nos locais onde essa água emerge para a superfície, geralmente nas partes mais altas do relevo, formam-se as nascentes dos rios. Visíveis ou ocultos, no campo ou na cidade, todos os rios fazem parte de uma bacia hidrográfica, área constituída por um rio principal e seus afluentes, formas de relevo, vegetação, rochas e solos, além dos diferentes tipos de ocupação humana. Geralmente, a bacia hidrográfica recebe o nome do principal rio que dela faz parte.

Os recursos hídricos e as atividades humanas

Em grande parte do planeta, o modelo de ocupação e expansão urbana vem sobrecarregando os rios e seus afluentes. O adensamento humano nas áreas urbanas a partir do surgimento das indústrias, na segunda metade do século XVIII, foi fator de degradação dos rios urbanos e de seu entorno, tornando-os ambientes insalubres. O despejo de efluentes nas águas dos rios ainda é uma prática comum em muitos países, o que amplia a possibilidade de surgimento de doenças cujo vetor é, em boa parte, o esgoto gerado nas cidades.
Na tentativa de ampliar a mobilidade e o espaço para o tráfego de veículos, em grande parte das metrópoles mundiais, os rios foram canalizados ou soterrados. Além disso, em muitos pontos, a mata ciliar, que é a cobertura vegetal situada às margens de rios, foi retirada, e o solo foi asfaltado ou impermeabilizado com outro material, reduzindo a capacidade de infiltração da água e aumentando a possibilidade de enxurradas. Essas intervenções também provocam alteração no ciclo hidrológico local, modificando a integração dos subsistemas desses espaços.
A preocupação em relação ao tratamento que os humanos têm em relação aos rios não se restringe ao ambiente urbano. Distantes das cidades, muitos rios são contaminados com fertilizantes e agrotóxicos aplicados em áreas agrícolas, com metais pesados altamente tóxicos, além de sofrerem com o desmatamento das margens, o que provoca assoreamento (acúmulo de sedimentos no leito dos rios, prejudicando seu curso natural), entre outros problemas.

Águas subterrâneas

As águas subterrâneas são formadas pela infiltração das águas superficiais que ocupam espaços porosos de rochas e do solo, cumprindo importante papel no ciclo hidrológico. Ao penetrar no solo, atingem determinada profundidade, estabelecendo-se acima das rochas impermeáveis. Dependendo basicamente da profundidade, esses reservatórios são chamados de lençóis freáticos ou aquíferos.
Apesar do difícil acesso, há registros de exploração desses reservatórios por civilizações muito antigas. Vestígios apontam que civilizações orientais (China e Índia) já perfuravam poços para a extração de água desde 5000 a.C.
A água subterrânea é o recurso natural mais extraído do subsolo mundial. No Brasil não é diferente. Segundo o Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc/USP), o total médio anual de água extraída de lençóis subterrâneos no país é suficiente para abastecer 10 regiões metropolitanas do porte de São Paulo, ou seja, aproximadamente 217 milhões de pessoas. Seu uso atende a agricultura, a pecuária, o abastecimento urbano, o abastecimento doméstico e o industrial, entre outras atividades humanas.
Em determinados locais, é possível encontrar água subterrânea a poucos metros de profundidade. Em outros, é necessário perfurar o solo mais de 200 metros para encontrá-la. Há técnicas simples de extração da água subterrânea (poço comum) e outras mais complexas (poços artesianos), caso em que é necessário romper uma rígida camada de rocha basáltica para liberar a água armazenada no local. Quanto mais profundo for o poço, maior será a necessidade de tecnologia e maquinários para perfurar o solo e as rochas.

Bacia hidrográfica

Todo o circuito de escoamento das águas superficiais corresponde ao que chamamos de bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica mais extensa do planeta é a do Amazonas, mas outras também se destacam.

USOS DA ÁGUA

Pode-se definir como recursos hídricos de um país a disponibilidade de água doce em superfície, como em lagos e rios, ou no subsolo, como os aquíferos. São águas que podem ser utilizadas em alguma atividade do dia a dia, como o abastecimento da população, podendo ter valor econômico por sua utilização. Assim, nem toda água pode ser considerada um recurso hídrico.
A irrigação de áreas agrícolas é a atividade humana com maior consumo de água, cujo volume envolve muitas variáveis, como o tipo de produto cultivado, as características do clima e do solo e as técnicas aplicadas.
Até o século XIX, o consumo mundial de água subiu lentamente. A partir da década de 1950, porém, ele acelerou. Os principais fatores que explicam esse fenômeno são o aumento da população mundial, bem como o crescimento das cidades, da produção industrial e da agropecuária.
De acordo com a projeção da Organização das Nações Unidas (ONU), a demanda mundial por água potável vai crescer 55% até o ano de 2050. A situação é preocupante, pois, no ano de 2018, cerca de 850 milhões de pessoas já não tinham acesso à água potável próximo de suas moradias.
Além da desigualdade no acesso, há grandes diferenças no consumo e na distribuição de água ao redor do planeta. Há países com muita disponibilidade desse recurso, enquanto outros têm pouca disponibilidade, ou seja, há escassez de água.

Geração de energia hidrelétrica

A geração de energia elétrica a partir dos cursos de água é muito importante; afinal, a poluição atmosférica causada pela queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral, é um grave problema ambiental nos dias de hoje. Ou seja, a energia gerada a partir desses recursos causa danos ambientais.
A energia hidrelétrica é considerada limpa, pois a água é um recurso renovável – que se renova rapidamente na natureza – e, durante a produção desse tipo de energia, não há emissão de gases poluentes. No entanto, para que seja possível produzir energia elétrica a partir da força da água, é preciso construir usinas hidrelétricas, e esse tipo de empreendimento gera muitos problemas ambientais na área onde é construído.
Analise, no esquema a seguir, como funciona a produção de energia em uma usina hidrelétrica.

Via de circulação

Tanto os mares quanto os rios podem ser utilizados como vias de circulação. As hidrovias, como são chamadas essas vias de transporte, podem ser estabelecidas em trechos navegáveis, natural ou dem artificialmente.
O uso das hidrovias traz muitas vantagens, como as que se seguem:
• O custo da infraestrutura é relativamente baixo quando comparado à construção de rodovias e ferrovias, por exemplo. Além disso, a vida útil dos veículos, dos equipamentos e dos portos é alta, especialmente se comparada à dos veículos rodoviários.
• O consumo de combustíveis para movimentar as barcaças e a emissão de poluentes na atmosfera também são relativamente baixos, conferindo menores impactos negativos ao meio ambiente.
Não são todos os países que apresentam condições propícias para a instalação de uma rede hidroviária eficiente. Podem-se citar como fatores naturais que contribuem para o aproveitamento dos rios como vias de transporte: extensas redes hidrográficas, relevo plano.
No entanto, não é preciso que essas condições naturais ocorram em todo o território para que o país se beneficie do transporte hidroviário; o sistema de hidrovias pode ser realizado apenas nas regiões que reúnam os requisitos que favoreçam esse meio de transporte. Entre todos os países, aqueles que mais aproveitam sua rede hidroviária para o transporte de carga são a China, a Rússia e os Estados Unidos.
Apesar das claras vantagens do uso das hidrovias, esse sistema de transporte tem fragilidades. Além das exigências do atendimento aos requisitos naturais para sua instalação, as hidrovias, em geral, precisam estar combinadas a outros sistemas de transporte, que levem a mercadoria do porto até seu destino.

Irrigação

A agropecuária é a atividade econômica que mais consome água. Entre as diversas necessidades desse setor, a irrigação é a mais importante. Todos sabemos que as plantas precisam de água para sobreviver e justamente os países com baixa pluviosidade são os que mais precisam irrigar seus cultivos.

Pesca

A pesca é uma atividade que acontece há muito tempo na história. Povos primitivos já a praticavam, ela continua sendo praticada atualmente e é a base econômica de diversas comunidades no mundo todo. Para as comunidades ribeirinhas, muitas vezes ela é um recurso de subsistência, pois, além de prover o alimento para a comunidade, seu excedente pode ser comercializado, gerando renda para as famílias que vivem disso.
Chamamos de pesca artesanal aquela realizada em pequena escala por comunidades. Já a pesca comercial ocorre em grande escala e abastece os grandes mercados consumidores. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os países que se destacaram na atividade pesqueira, em 2018, foram China, Indonésia, Peru, Índia, Rússia, Estados Unidos e Vietnã. Outra atividade que merece atenção é a aquicultura, isto é, a criação confinada de animais aquáticos, como peixes, mariscos, ostras e outros. Essa atividade tem crescido bastante ao longo do tempo, acima até da pesca comercial.

Usos da água na indústria

A água é utilizada como matéria-prima nas indústrias de alimentos, produtos farmacêuticos, cosméticos, bebidas, papel, madeira, metal etc. Também é utilizada para refrigeração, como na metalurgia, ou para lavagem nas áreas de produção têxtil, nos abatedouros etc.
As indústrias são responsáveis por cerca de 20% do consumo mundial de água.

OS USOS DA ÁGUA NO CAMPO

A produção agropecuária, desenvolvida no campo, é a atividade humana que mais consome água. Por isso, é importante conhecer o uso desse recurso no campo, bem como as formas de poluição a que a água está sujeita nesse meio. Para prevenir situações de poluição, são necessários, por exemplo, a utilização de técnicas agrícolas adequadas, o uso controlado de defensivos agrícolas e a preservação das matas ciliares.
Contudo, a água também pode causar problemas no campo. As águas da chuva e dos rios podem causar erosão e contribuir com o assoreamento, causado pelo acúmulo de sedimentos nos leitos dos cursos-d'água.

OS USOS DA ÁGUA NA CIDADE

Desde os tempos mais remotos, os rios têm sido importantes no desenvolvimento das sociedades, no estabelecimento de aldeias e de povoados e no surgimento das primeiras cidades. Muitas dessas cidades formaram-se perto das margens dos cursos-d'água. Isso ocorre porque os rios são utilizados para o abastecimento de água da população, para atividades produtivas (como a indústria e a pecuária) e, também, para o transporte fluvial.
Contudo, a expansão de áreas urbanas, em geral, resultou em
processos que impactam negativamente esses rios e todo o ciclo hidrológico, como o desmatamento de matas ciliares, a ocupação de áreas de nascentes e a impermeabilização do solo, em razão do asfaltamento de ruas, que impede a infiltração de água das chuvas.
A impermeabilização do solo, por exemplo, é um problema que tem graves consequências. Como as águas das chuvas não se infiltram no solo, elas escoam na superfície e chegam mais rapidamente aos leitos dos rios. Levando em consideração a ocupação das várzeas, em muitas cidades, em episódios de tempestades e chuvas intensas, nos quais podem ocorrer o transbordamento dos rios, os danos são ainda maiores, com inundações em vias de circulação ou em áreas residenciais, trazendo grandes prejuízos para a vida das pessoas. Por isso, a ocupação humana deve preservar a natureza e respeitar os seus ciclos, considerando, por exemplo, a área de inundação dos rios, para que esse processo ocorra naturalmente.
No dia a dia, somos notificados pela mídia sobre os problemas causados pelas chuvas nos centros urbanos. Esse fenômeno acontece em muitos lugares do mundo, em diferentes períodos, associados aos respectivos tipos climáticos.
No Brasil, por exemplo, as estações de chuva variam de acordo com a região e é comum ocorrerem grandes enchentes no verão. As águas das enchentes, além de transmitir doenças, provocam desmoronamentos em vertentes íngremes (inclinadas) com pouca vegetação.

Acesso à água potável

Para que a água seja utilizada pelos seres humanos sem prejudicar sua saúde, ela precisa ter determinadas condições de pureza. Conforme relatório publicado em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em todo o mundo cerca de 1,7 milhão de crianças com menos de 5 anos morrem anualmente por causa de doenças causadas por fatores relacionados à poluição, à falta de saneamento básico e ao uso de água imprópria para o consumo.
Ter água doce no território não é o único fator que determina o acesso a ela. Para que a população tenha acesso à água potável, é preciso que o poder público de cada país invista, por exemplo, na extração da água, no tratamento e em sua distribuição.
A água deve ser tratada e distribuída por um sistema de encanamentos. O esgoto, ou seja, a água já utilizada, também deve ser encanado e levado para as estações de tratamento, onde é descontaminado antes de ser lançado nos rios e nos mares. No entanto, esse sistema de tratamento não existe em boa parte das cidades brasileiras.
A falta de um sistema de saneamento que atenda toda a população leva ao despejo de uma alta quantidade de esgoto a céu aberto, que contamina a água disponível para a população. O acesso à água tratada é um dos direitos básicos dos seres humanos, assegurado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O uso sustentável da água

O ser humano utiliza a água de várias formas, mas nem sempre se preocupa com o fato de esse recurso não ser ilimitado. O desperdício e a poluição das águas (por exemplo, com o despejo de esgoto industrial e doméstico sem tratamento) configuram uso predatório desse recurso.
Podemos tirar proveito da água para atender muitas de nossas necessidades de forma sustentável, ou seja, explorando-a sem desperdício e sem contaminação.
Um bom exemplo é o uso de vias fluviais, marítimas e lacustres para o transporte de mercadorias e passageiros. O transporte por essas vias é mais barato que o rodoviário ou ferroviário e menos poluente.

A CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA

Nem todos os municípios têm uma ampla rede de coleta de esgoto e de tratamento de água. No entanto, o fornecimento desse serviço é importante para a qualidade de vida da população, uma vez que a água imprópria para consumo pode transmitir doenças.
O consumo de água nas cidades é muito grande, tanto para fins residenciais quanto para os setores secundário (indústria) e terciário (serviços). Por isso, é essencial que essa água, após o uso, passe por tratamento antes de ser lançada no meio ambiente, principalmente nos rios. Se o esgoto não for tratado, ele pode contaminar os rios, o solo e, também, os oceanos, além de afetar os seres vivos que habitam esses ambientes.
Contudo, em muitas cidades, o esgoto residencial e industrial é lançado diretamente nos rios, sem tratamento, causando poluição e contaminação das águas. Outra forma de contaminação da água é por meio do transporte hidroviário, sobretudo quando há acidentes que resultam em vazamento de substâncias tóxicas, como o petróleo.
Ao se espalharem na água, essas substâncias tóxicas acabam poluindo as regiões costeiras e intoxicando os animais marinhos e os outros seres vivos que interagem nesse ambiente. Além das águas dos rios poluídas por causa do lançamento inapropriado de esgotos, os oceanos passam pelo mesmo problema, agravado pela poluição dos navios, pelo turismo nas praias e pela falta de saneamento básico, que contribui para que o esgoto não tratado, carregado de resíduos, seja lançado nos oceanos, por meio de canais

Degradação e preservação das águas

Em todo o planeta, há inúmeros rios e trechos de oceanos poluídos pelo despejo de esgoto doméstico e de águas lançadas pelas indústrias sem tratamento adequado, além de agrotóxicos, fertilizantes e outros resíduos poluentes.
O garimpo, quando realizado em área florestal, é uma atividade que pode gerar desmatamento, contaminação do solo e das águas subterrâneas por metais pesados, além de afetar a saúde humana e de animais que vivem no local. O mercúrio, que é uma das principais substâncias utilizadas no garimpo, tem grande poder de contaminação ambiental e pode provocar problemas neurológicos em humanos 
A crescente e intensa degradação das águas em muitos países vem despertando a atenção de diferentes grupos (governos, indústrias, setor agrícola, cidadãos etc.) para a necessidade urgente de se colocar em prática ações para a preservação desse recurso natural.
Uma dessas ações é a despoluição dos rios. Um exemplo disso é a recuperação de águas nas Filipinas, país localizado na Ásia. Com uma técnica relativamente simples e barata, o canal Paco, situado em uma comunidade de Manila (Filipinas), foi despoluído, modificando, com isso, a paisagem local e melhorando as condições de vida dos moradores.
Foram construídos jardins flutuantes, com plantas aquáticas capazes de filtrar a água.
Outro problema que ocorre em rios e mares de várias regiões do mundo é a diminuição da vazão em razão da superexploração de suas águas.


RELEVO E SOLO

Entre os aspectos que diferenciam uma paisagem da outra estão as formas da superfície terrestre. Muitas vezes nem percebemos essas formas, que estão sob campos agrícolas, indústrias, estradas, calçadas, moradias, entre outras construções humanas.

RELEVO

As diversas formas da superfície terrestre constituem um dos aspectos que diferenciam as paisagens entre si. O conjunto de formas existentes na superfície terrestre recebe o nome de relevo.

Altitude e altura

Ao estudar o relevo terrestre, é importante considerar as diferenças entre altitude e altura.
A altitude é a medida vertical do nível zero (nível do mar) até o ponto mais alto do que se pretende medir.
A altura também é uma medida vertical, obtida a partir da base da forma de relevo, ou de outro elemento qualquer, até sua extremidade.

Efeitos da altitude

Em jogos da Libertadores da América, campeonato de futebol entre clubes de países da América do Sul, que acontecem em La Paz (Bolívia), Quito (Equador) e Bogotá (Colômbia), os jogadores de futebol que não estão adaptados sentem o efeito da altitude elevada.
Os times utilizam diversas maneiras para tentar combater, ou pelo menos diminuir, os efeitos da altitude, como chegar ao lugar com bastante antecedência ao dia do jogo e disponibilizar tubos de gás oxigênio para os jogadores.
O efeito da altitude elevada sobre o organismo de pessoas que não estão adaptadas a essa condição é chamado hipobaropatia, conhecido como mal de altitude ou mal da montanha. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, cansaço, náusea, falta de ar, perda de apetite, entre outros.
Dependendo da altitude e das condições de saúde e preparo das pessoas, os sintomas podem ser mais graves. Quanto maior a altitude, maiores os riscos, principalmente se a pessoa não fizer uma aclimatação, ou seja, uma adaptação.
O mal da montanha está relacionado com a menor quantidade de gás oxigênio inalado pelas pessoas, já que nas altitudes elevadas esse elemento tem menor densidade.
Em razão da força da gravidade, a concentração de moléculas de ar é maior nas baixas altitudes. Assim, há mais oxigênio disponível. Nas altitudes elevadas, há  menor concentração de moléculas de ar. Portanto, há menos oxigênio disponível.

Mapa hipsométrico

Os mapas que representam as altitudes do relevo são chamados mapas hipsométricos.
O verde costuma ser utilizado para representar as áreas de altitudes mais baixas, seguido do amarelo, laranja e marrom ou vermelho, por exemplo.
A escolha das cores deve obedecer a uma sequência gradativa, que passe uma ideia de ordem crescente das altitudes. Em geral, altitudes mais baixas são representadas por cores mais claras ou de tons mais fracos, e altitudes maiores, por cores mais escuras ou tons mais fortes.

Formas do relevo terrestre

A partir de agora veremos como as principais formas do relevo terrestre se formaram e continuam passando por ações transformadoras em sua modelagem.
Há grande variação de altitude na superfície da Terra, como pode ser observado no mapa a seguir. Há também diferentes modelagens, que podem ser agrupadas em quatro grandes unidades: montanhas, planaltos, planícies e depressões. Leia a seguir as principais características de cada uma.

Montanhas

As montanhas são as formas do relevo de maior elevação da superfície terrestre. Sua formação é de natureza tectônica ou vulcânica. No primeiro caso, o choque entre duas ou mais placas tectônicas provoca o dobramento da crosta terrestre (cadeias montanhosas). As maiores cadeias de montanhas existentes na Terra formaram-se entre 65 e 23 milhões de anos atrás. São formas jovens ou modernas considerando o tempo geológico da Terra (pertencem ao Período Terciário).
O Himalaia (Ásia), os Andes (América do Sul), os Alpes (Europa), as Montanhas Rochosas (América do Norte) e o Atlas (África) são exemplos de cadeias de montanhas modernas.
Um conjunto de montanhas forma uma cordilheira. A maior cordilheira do mundo é a do Himalaia, onde está o Monte Everest.

Planaltos

Os planaltos são terrenos mais elevados do que os de seu entorno, porém com altitudes mais baixas que as das cadeias de montanhas. Planaltos são superfícies bastante desgastadas pelas águas de rios e de chuva, pelo vento, entre outros fatores. Com o desgaste, os sedimentos se depositam nas áreas próximas mais baixas, que podem ser planícies ou depressões. Os planaltos podem ser constituídos por: chapadas (formas com quedas acentuadas, lembrando um degrau, e topo plano) e serras (formas de relevo com desníveis acentuados).
Por se tratar de uma formação de relevo mais antiga, ao longo do tempo geológico sofreu grande exposição ao intemperismo. Isso permitiu que os sedimentos erodidos fossem transportados para outras localidades, constituindo o solo e as camadas sedimentares.
Segundo o geógrafo Aziz Ab’Saber, o relevo do Brasil é majoritariamente planáltico, ocupando 75% de sua extensão.

Planícies

São terrenos relativamente planos, geralmente formados pela deposição de sedimentos. Esses materiais  depositados originam-se de processos erosivos em áreas do entorno cujas formas de relevo são mais elevadas (planaltos e montanhas). Também podem ocorrer nas proximidades de rios e mares, os quais atuaram no processo de deposição de sedimentos.
Essas áreas são muito utilizadas para criação de animais, cultivo de cereais e ocupação humana.

Depressão

Consiste em uma parte do relevo existente que se estabelece abaixo das áreas que estão em seu entorno. Quando está abaixo do nível dos oceanos, denomina-se depressão absoluta. Quando se posiciona acima do nível do mar, é chamada de depressão relativa.
As depressões podem apresentar formas e origens diversas. São comuns as leves inclinações em que atuam processos erosivos de desgaste do terreno, geralmente pela ação da água e do vento.

Agentes formadores do relevo

As diferentes formas existentes na crosta terrestre são resultado da ação dos agentes internos e dos agentes externos do relevo.
Os agentes que realizam esse processo são os formadores do relevo, que podem ser classificados como endógenos (também chamados de internos ou morfoestruturais) ou exógenos (externos ou morfoesculturais).

Agentes internos do relevo

Agentes internos do relevo são fenômenos naturais que têm origem no interior da Terra, como o movimento das placas tectônicas (tectonismo), os terremotos e as atividades vulcânicas. As placas tectônicas são imensos blocos da crosta terrestre, constituídos por partes continentais e oceânicas, que “flutuam” sobre o manto em diferentes direções.
O movimento das placas tectônicas revela que a superfície terrestre é fragmentada. Essa dinâmica é descrita pela teoria da tectônica de placas, que explica os movimentos que as placas realizam sobre o manto e a origem de diferentes formas do relevo terrestre, como montanhas, vales e depressões.
A dinâmica interna do núcleo e do manto faz com que o magma sofra pressão, movimentando as placas tectônicas e dando origem aos terremotos e ao vulcanismo.
Esses processos relacionados à dinâmica do interior da Terra agem de dentro para fora e moldam as formas de relevo.
Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) afirmou que os continentes se movimentam sobre o manto terrestre. O cientista percebeu que a porção oriental da América do Sul se “encaixava” na porção ocidental da África e que a América do Norte poderia ser “encaixada” na Europa. Verificou também que alguns fósseis de animais e vegetais que viveram em épocas remotas encontravam-se tanto na América quanto na África.
A partir da década de 1950, estudos e pesquisas realizados no fundo dos oceanos comprovaram a existência das placas tectônicas.
As formas de relevo resultantes de atividades vulcânicas estão, em geral, relacionadas ao extravasamento do material magmático (lava e cinza). Com a solidificação da lava, os terrenos que sofreram esse acúmulo são elevados com rochas ígneas. Com o passar do tempo – que, dependendo do volume de material expelido, pode durar milhares de anos –, os vulcões são formados, podendo atingir grandes altitudes.
A maior ocorrência de atividades vulcânicas e de abalos sísmicos está em uma área conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico. Com mais de 40 mil quilômetros de extensão, essa faixa, em formato de arco, concentra cerca de 50% das atividades vulcânicas e 90% dos terremotos e maremotos de todo o planeta.
Já as forças tectônicas, ocasionadas pela movimentação das placas tectônicas, provocam a deformação da crosta terrestre (orogênese). Como resultado, a crosta pode se curvar ou mesmo se fraturar. Esse fenômeno é o responsável pela formação das grandes cordilheiras de montanhas
atuais (dobramentos modernos).

Placas tectônicas

As placas tectônicas se movimentam de forma lenta e constante e podem, por exemplo, chocar-se ou afastar-se umas das outras.

Terremotos

A ocorrência de terremotos, ou abalos sísmicos, deve-se aos movimentos das placas tectônicas ou à acomodação de rochas no interior da Terra. Esse fenômeno natural, dependendo da intensidade, pode levantar terrenos ou provocar seu afundamento parcial.
Os terremotos também podem ocorrer no fundo dos oceanos e provocar o deslocamento de grande quantidade de água, formando os maremotos. Alguns cientistas utilizam os termos maremoto e tsunâmi como sinônimos, diferenciados apenas pela origem das palavras (latim e japonês, respectivamente). Outros estudiosos consideram tsunâmi o fenômeno caracterizado pelas ondas gigantescas formadas a partir dos maremotos.

Vulcões

Os vulcões ocorrem em áreas de choque ou separação de placas tectônicas e são crateras ou aberturas (fissuras) por onde o magma do interior do planeta é expelido, atingindo a superfície. Após a erupção vulcânica, o magma expelido passa a ser chamado de lava. A lava se solidifica e dá origem às rochas magmáticas, sendo o próprio vulcão resultado do acúmulo de lava solidificada. Outras formas de relevo, como ilhas e planaltos vulcânicos, podem ter a mesma origem.

Agentes externos do relevo

Os agentes externos do relevo atuam no desgaste e na modelagem das formas da superfície terrestre. São fenômenos naturais – como chuvas, rios e ventos – e ações humanas. O processo consiste em três etapas: intemperismo, erosão e sedimentação.
A ação dos elementos da natureza desgasta as rochas. Esse processo recebe o nome de intemperismo. Ao serem desgastadas, as rochas soltam partículas. Esse material é removido, transportado e depositado nas áreas mais baixas do relevo. O conjunto desses processos recebe o nome de erosão. A erosão é um processo natural que pode ser acelerado pelas ações humanas, como retirada da vegetação, práticas agrícolas, criação de gado etc.
A seguir, são representados exemplos de como alguns elementos naturais atuam moldando o relevo.
As geleiras são importantes modificadores do relevo. Quando se soltam e deslizam das partes mais altas para as mais baixas do relevo, desgastam as rochas. A ação do movimento das geleiras provoca, por exemplo, a formação de vales profundos, como os fiordes.
O vento modela as formas do relevo desgastando as rochas. Ele também transporta partículas e movimenta a areia, criando dunas nos desertos e em regiões litorâneas.
A força das águas de mares e oceanos contribui para a transformação das formas de relevo do litoral. As ondas podem fragmentar as rochas, transformando-as em areia e contribuindo para a formação de praias e planícies.
As águas dos rios escavam um leito, formando vales. Nas partes mais baixas do relevo, os materiais vão se acumulando, formando planícies e deltas. A água atua como agente erosivo, principalmente, pela ação dos rios (fluvial), dos mares (marinha), da chuva (pluvial) e da neve (glacial).

O relevo submarino

Por muito tempo, os seres humanos imaginaram que o relevo submarino era semelhante a uma banheira gigante: as bordas representavam as margens dos continentes e a parte coberta por água tinha profundidades relativamente parecidas, com um ponto central mais profundo. Atualmente, porém, sabemos
que, assim como as terras emersas, o relevo submarino também apresenta irregularidades.
Essa descoberta foi possível por meio do mapeamento do fundo oceânico, que é uma tecnologia relativamente recente na história da humanidade (iniciada em meados do século XIX e ainda em evolução).
Descobriu-se que a formação do relevo submarino é semelhante à de áreas continentais, ou seja, é resultado de atividades tectônicas e vulcânicas (agentes endógenos) e de processos erosivos (agentes exógenos).
O leito marinho é dividido em margem continental (com características que se assemelham às dos continentes a que está ligado) e bacia oceânica (com características próprias). A margem continental é formada pela plataforma continental e pelo talude continental

Minerais e rochas

A crosta terrestre, seja continental, seja oceânica, é rígida. A maior parte da composição da litosfera é formada por rochas. Elas são constituídas de uma combinação de minerais e, dependendo de como foram formadas, podem apresentar variações. O granito, por exemplo, é constituído de três minerais: quartzo, feldspato e mica.
Com base na maneira como foram formadas, as rochas são classificadas em três categorias. Veja cada uma delas a seguir.

Rochas magmáticas

As rochas magmáticas (ou ígneas) são as que se apresentam em maior abundância na Terra (cerca de
95%) e podem ser divididas em dois grupos:
- Rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas, que se originam por resfriamento e cristalização do magma (rocha fundida) em profundidade.
- Rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas, que surgem pela solidificação da lava (nome dado ao magma quando atinge a superfície terrestre).

Rochas sedimentares

As rochas sedimentares são formadas nas áreas mais baixas do relevo continental ou oceânico. Nessas porções, são acumulados fragmentos de outras rochas (sedimentos) e restos de organismos vegetais e animais, transportados pela ação do vento, da água e do gelo. A consolidação desses sedimentos é um processo lento, e os fósseis são vestígios importantes para a datação desses materiais rochosos.
Além da importância para os estudos que analisam a história da formação do planeta Terra, as áreas sedimentares também contribuem economicamente. Nessas áreas são encontradas as principais reservas de petróleo, gás natural e carvão mineral, cuja extração é responsável pelo fornecimento de recursos energéticos à sociedade.

Rochas metamórficas

As rochas metamórficas originam-se pelo processo de transformação (metamorfismo) das rochas magmáticas e sedimentares. Essas alterações na composição inicial das rochas são provocadas por diversas causas, mas principalmente pela exposição a grandes pressões e elevadas temperaturas, como a ocasionada pelos eventos tectônicos e vulcânicos.

SOLOS

Na maior parte das vezes, as formas de relevo estão recobertas pelo solo, popularmente chamado de “terra”.
O solo é a camada viva e superficial da crosta terrestre e está em constante transformação. É constituído por minerais, organismos, água e ar. O solo se forma a partir do desgaste das rochas, processo que ocorre ao longo do tempo. No entanto, é importante destacar que há porções da superfície terrestre com afloramentos de rocha sem a formação de solo.

Formação do solo

Com o tempo, tudo o que está exposto na superfície terrestre se deteriora: pontes, calçadas, praças e até mesmo as nossas residências. Esse fenômeno é conhecido como intemperismo ou meteorização, e é muito estudado para explicar a formação dos solos.
Há diferentes tipos de intemperismo, e sua intensidade pode variar de acordo com a exposição do material à atmosfera, à hidrosfera e à biosfera. Em locais com temperaturas elevadas e com alto valor pluviométrico (chuvas), por exemplo, a água costuma ser um importante agente de intemperismo, absorvendo o gás carbônico presente na atmosfera e agindo na decomposição do material rochoso. Esse tipo de processo é denominado intemperismo químico.
A ação de bactérias e fungos também costuma ser importante na decomposição de rochas em áreas com essas mesmas características climáticas. Esse tipo de ocorrência recebe o nome de intemperismo biológico.
Em localidades áridas ou semiáridas, o intemperismo físico costuma ser muito atuante, pois há uma variação considerável de temperatura ao longo de 24 horas. Durante o dia, as temperaturas elevadas atuam na dilatação do material rochoso, enquanto no período noturno as médias térmicas são baixas, gerando o efeito contrário. Esse fenômeno diário de dilatação e contração das rochas provoca, com o passar do tempo, sua desagregação em fragmentos menores.
Com a ação do intemperismo, a rocha é fragmentada e transformada em regolito, que é o conjunto do material alterado. Em um estágio mais avançado, são formados os solos, que são a porção do regolito composta de ar, água e húmus (restos de animais e vegetais em decomposição).
Os solos podem assumir diferentes colorações (cinza, vermelho, amarelo, etc.) na superfície e apresentar variações de profundidade (a depender de sua etapa de desenvolvimento) e de permeabilidade. Esse conjunto de fatores atua na promoção das condições para o desenvolvimento das plantas.

Os principais fatores que atuam na formação dos solos e nas características de cada tipo são a rocha-mãe, o clima, o relevo e os seres vivos.
-Rocha-mãe
Rocha-mãe é a rocha que dá origem ao solo. Solos arenosos, por exemplo, são formados por arenitos. Os solos de cor avermelhada têm origem nas hematitas. Pode acontecer de um mesmo tipo de rocha dar origem a diferentes tipos de solo por causa da maior influência de elementos naturais distintos, como o clima, o relevo, entre outros.
-Clima
Em regiões de clima quente e úmido, os solos são mais profundos e têm mais matéria orgânica que os de regiões com climas frios e áridos. Isso acontece porque as altas temperaturas e a alta umidade contribuem para a decomposição dos restos de plantas e animais e para que as rochas se transformem mais rapidamente e de forma mais intensa.
-Relevo
Em terrenos inclinados, a água escoa mais rapidamente, havendo maior possibilidade de erosão e formação de solos menos profundos e mais secos. Já em terrenos planos, com vegetação, a infiltração da água no solo é facilitada, favorecendo a transformação das rochas e a formação de solos profundos.
-Seres vivos
Quando animais, plantas e outros organismos morrem e sofrem decomposição, passam a integrar a matéria orgânica do solo, que é muito rica em nutrientes.
Pequenos animais – como minhocas, cupins, aranhas, centopeias, entre outros – tornam o solo mais fértil e arejado (“fofo”), facilitando a infiltração da água. Os microrganismos, como bactérias e fungos, atuam na rocha-mãe, contribuindo para transformá-la.

Importância do solo

Em geral, quando se fala em solo, uma das primeiras atividades que vêm à mente é a agricultura, responsável pela produção de alimentos e matérias-primas, como a cana-de-açúcar para a produção de combustível, o algodão usado nos tecidos, entre muitas outras.
Os solos são responsáveis por sustentar os ecossistemas terrestres, fornecendo condições para o desenvolvimento das plantas. Porém, estão expostos aos desgastes provocados tanto por fatores naturais (água e vento, por exemplo) como pela ação antrópica (dos seres humanos).
O desmatamento e a utilização de práticas equivocadas durante o cultivo de plantas ou na criação de animais intensificam o processo de erosão do solo, que consiste na retirada e no transporte de partículas menores. Como resultado, o solo tem sua camada superficial removida, o que reduz seus nutrientes e deixa-o ainda mais exposto.
De modo geral, quando a erosão ocorre pela ação pluvial (chuvas), fluvial (rios), marinha, eólica (ventos) ou glacial (gelo) é denominada erosão natural ou erosão geológica, pois envolve um processo lento e gradativo, que ocorre dentro do tempo geológico. Já quando há a interferência antrópica, acelerando as etapas erosivas a ponto de elas ocorrerem no tempo histórico, denomina-se erosão acelerada.
O solo também é fundamental para o equilíbrio ambiental e para a existência da vida na Terra, pois, entre outros fatores:
• é ambiente favorável para a germinação de sementes e o desenvolvimento das plantas;
• sustenta os diversos tipos de vegetação, como as extensas e densas florestas;
• os microrganismos presentes contribuem para degradar fertilizantes, agrotóxicos e outros resíduos que podem poluir as águas subterrâneas, os córregos e rios, e o próprio solo;
• colabora com o ciclo do carbono, elemento presente na composição de todos os seres vivos, na atmosfera, no grafite do lápis, no refrigerante, no petróleo, entre outros. A matéria orgânica presente no solo é rica em carbono, por isso muitos tipos de solo contêm grande quantidade desse elemento;
• desempenha um papel importante no ciclo da água. Após infiltrar-se no solo, a água fica disponível para as plantas e também abastece os reservatórios subterrâneos. Esse processo evita que a água escorra pela superfície, causando problemas de erosão e assoreamento.
Assoreamento: acúmulo de materiais no fundo de rios e lagos, levando à diminuição do leito e das águas.

Tipos de solo

Existem diferentes tipos de solo, a depender do material mineral de origem (rocha matriz), da composição orgânica ou húmus e da ação de intempéries (chuva, radiação solar, vento, etc.). No Brasil, dois tipos de solo se destacam devido à grande fertilidade: o massapê e o terra roxa.
O solo do tipo massapê é encontrado em praticamente toda a faixa costeira da região Nordeste do Brasil, tem tonalidade escura e se caracteriza pela elevada fertilidade. Desde o século XVI, esse solo é amplamente utilizado para o cultivo da cana-de-açúcar. Seu uso intensivo ao longo de séculos, além de trazer prejuízos à sua fertilidade, acelera o processo de erosão.
O solo do tipo terra roxa (de cor avermelhada) é resultante da decomposição do basalto. Os solos também podem ser classificados de acordo com sua utilização para as atividades humanas, como os cultivos. Por isso, é comum classificá-los como naturalmente férteis ou inférteis dentro das práticas agrárias.

Formas de cultivo

A utilização do solo por parte dos seres humanos, sem a preocupação com a sua devida regeneração, vem provocando a redução da fertilidade, a ampliação do processo erosivo e outros tipos de degradação.
Muitos povos originários da América do Sul praticam a agricultura itinerante, que consiste na troca de áreas cultivadas sempre que o solo reduz seus nutrientes. Assim, fornecem tempo para que a vegetação se recomponha no local em descanso e o solo recupere sua fertilidade.
Esse método, quando utilizado de maneira organizada em propriedades agrícolas, é conhecido como afolhamento. Outras práticas que ajudam a reduzir a erosão e o efeito da lixiviação em terrenos com declives (inclinados) são o terraceamento e as curvas de nível, ambas atuando na contenção do solo. Elas reduzem a velocidade do escoamento da água da chuva, o que diminui o processo de erosão.

RELEVO, SOLO E AGRICULTURA

O relevo e o solo influenciam as técnicas e as formas de produção na agricultura. Terrenos muito irregulares e com forte inclinação dificultam a prática de atividades agrícolas. No entanto, há técnicas, como a do terraceamento (fotografia 1), que evitam o escoamento rápido da água nas encostas (que pode provocar erosão e perda de solo) e facilitam o acesso à plantação.
Já as áreas mais planas, em geral, são mais favoráveis à agricultura se comparadas a terrenos inclinados. Elas facilitam o uso de máquinas agrícolas, como tratores e colheitadeiras, o que seria difícil, ou impossível, em um terreno com desníveis acentuados.
A agricultura também depende muito das condições do solo, pois ele fornece o suporte e os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas. Alguns solos são naturalmente adequados ao cultivo de determinados produtos; outros precisam de irrigação em razão da escassez das chuvas.
Outros solos, no entanto, necessitam de fertilizantes e outras substâncias para corrigir, por exemplo, a acidez natural. No Cerrado, um tipo de vegetação que ocorre em vários estados brasileiros, muitas espécies vegetais, como o buriti e o pequi, são adaptadas ao solo ácido. Outras, porém, como o milho e a soja, necessitam da interferência humana para o desenvolvimento dos cultivos.

Monocultura e rotação de culturas

O conhecimento dos indígenas sobre a terra respeita o tempo da natureza, ou seja, o tempo de formação e recomposição do solo.
Nas sociedades urbanas, a necessidade de produzir alimentos e, principalmente, matéria-prima para a indústria leva a produção rural a “acelerar” a busca por técnicas e modos de produzir que não seguem o tempo da natureza, gerando impactos ao ambiente e aos seres vivos. Um desses modos de produção é a monocultura, que é o cultivo de um só
produto em grandes extensões de terra.
Ao longo do tempo, a monocultura gera muitos impactos negativos, pois a retirada da cobertura vegetal nativa faz com que o processo de reciclagem de nutrientes seja bastante reduzido, empobrecendo o solo. Solos pobres e com biodiversidade desequilibrada requerem o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos, que podem alcançar águas subterrâneas, rios e córregos, contaminando-os e integrando-se à cadeia alimentar. Além disso, os fertilizantes e agrotóxicos contaminam diretamente os agricultores que aplicam essas substâncias.
Existem outras formas de produzir no campo que, em relação à monocultura, não provocam tantos danos ao solo e aos seres vivos. Uma delas é a rotação de culturas.
A rotação de culturas é uma técnica tradicional usada por diferentes povos tradicionais em várias partes do mundo. Consiste em um rodízio da produção em uma mesma área, fazendo com que o solo absorva os nutrientes necessários de
maneira alternada e se recomponha para uma nova produção. Analise a ilustração que representa essa técnica.

RELEVO, SOLO E MORADIA

Assim como em outros países, no Brasil parte da população tem suas moradias construídas nas chamadas áreas de risco, ou seja, lugares inadequados para a construção de habitações e sujeitos, por exemplo, a inundações e deslizamentos. 
Nos períodos de chuvas intensas, o nível das águas superficiais, em cursos-d’água, pode subir rapidamente, transbordando do leito do rio e provocando inundações nas várzeas ou planícies de inundação, que são áreas localizadas
próximo às margens dos rios.
Esse é um processo natural. Porém, quando há construções nessas áreas, elas podem ser atingidas pelas águas.
Nas cidades, em geral, a construção de moradias, o calçamento e o asfaltamento das ruas impermeabilizam a superfície, o que dificulta a infiltração de água no solo. Isso faz com que a água se acumule na superfície e alague as partes mais baixas dos terrenos.
Os deslizamentos são fenômenos naturais de movimento de solo ou rocha que ocorrem em certos terrenos inclinados.
Os deslizamentos envolvem o deslocamento rápido de uma grande massa do solo, em geral quando uma área de encosta recebe um volume muito alto de água, normalmente da chuva.
Essa água escoa e infiltra no solo, deixando-o encharcado, o que pode gerar, em determinado momento, o abrupto deslizamento de terra, provocado pelo processo erosivo do solo.
Algumas vezes, os deslizamentos ocorrem por causa de chuvas intensas, pois a água escoa rapidamente pela encosta, carregando parte do solo. Eles também podem ocorrer quando o solo fica encharcado e pesado e escorrega encosta abaixo.
As encostas de morros nas cidades costumam ser áreas de risco sujeitas a deslizamentos de terra. No entanto, os deslizamentos são agravados e acelerados pela ação humana. A retirada da vegetação, a movimentação do solo e a pressão exercida sobre ele pelas construções, entre outros fatores, contribuem para a intensificação do fenômeno.
A preservação da vegetação das encostas seria uma importante aliada para evitar os deslizamentos. Não sendo possível manter integralmente a vegetação, o terraceamento (construção de degraus nas encostas) reduziria a velocidade de escoamento e ajudaria na infiltração de água no solo. As raízes das plantas de jardins ou de hortas poderiam ajudar a diminuir o impacto das gotas de chuva no solo.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...