domingo, 18 de agosto de 2024

Distribuição espacial da indústria no Brasil

Ao longo do processo de industrialização, o número de estabelecimentos, de pessoas empregadas e a participação da indústria na economia nacional cresceram. Desde o século XIX, a região Sudeste concentrou a maior parte desse setor. Embora essa situação ainda se mantenha até os dias atuais, houve um processo de desconcentração industrial, isto é, algumas fábricas passaram a ser instaladas em outras localidades do país.

Concentração e desconcentração industrial 

Com o objetivo de reduzir as disparidades socioeconômicas regionais, os governos militares (1964-1985) incentivaram a criação de polos industriais, principalmente a partir dos anos 1970. Grandes investimentos foram feitos para a instalação de polos siderúrgicos, petroquímicos e de produção de fertilizantes a fim de ampliar o desenvolvimento industrial em outras localidades do país. Também se expandiram as redes de transportes, energia (de geração e de transmissão) e telecomunicações pelo território brasileiro, o que impulsionou o desenvolvimento industrial. Nesse contexto, surgiram: a Zona Franca de Manaus, no Amazonas, em 1967, o Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, em 1975, e o Complexo Industrial de Camaçari, na Bahia, em 1978. A Zona Franca de Manaus, por exemplo, oferece isenção de impostos sobre a produção e alfandegários, ou seja, aqueles que incidem nas trocas comerciais com outros países. Isso favorece a instalação de indústrias que dependem da importação de insumos, como a eletrônica.

Guerra fiscal 

Além dos investimentos governamentais ofertados em outras localidades, fatores como a valorização da mão de obra e dos terrenos nas metrópoles da região Sudeste e os congestionamentos de veículos contribuíram para o processo de desconcentração industrial. Buscando atrair novas indústrias e empresas, a partir dos anos 1990, estados e municípios passaram a competir pela oferta de vantagens e subsídios, em uma situação que ficou conhecida como guerra fiscal. Essa disputa envolve principalmente a isenção de impostos, mas também a oferta de terrenos, infraestruturas e até mesmo a construção das instalações. Em virtude desses fatores, a participação relativa da produção industrial da região Sudeste foi reduzida, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que as regiões Sul e Nordeste têm ampliado sua participação, assim como a Norte e a Centro-Oeste, em menor escala. No entanto, o maior número de estabelecimentos, a maior parte da produção industrial e a maior oferta de empregos na indústria do país ainda estão concentrados na região Sudeste.

Principais setores industriais 

A diversidade da indústria brasileira é resultado do complexo processo de industrialização e de um amplo mercado interno, que demanda produtos diversos. Nas indústrias de transformação, as matérias-primas são transformadas em produtos finais ou intermediários. Entre seus setores, o alimentício tem a maior participação no valor de transformação industrial e está presente em todo o país.
A produção de derivados de petróleo e biocombustíveis cresceu entre 2010 e 2019, principalmente nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Amazonas, Tocantins, Pernambuco e Alagoas. A indústria automobilística esteve concentrada no estado de São Paulo e expandiu-se para outras localidades, como o Complexo Industrial de Camaçari (BA), o Polo Automotivo de Goiana (PE) e as regiões metrpolitanas de Belo Horizonte (MG) e de Curitiba (PR). A produção de celulose e papel ocorre principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Maranhão. Os destaques nas agroindústrias são o processamento de carnes e grãos nas regiões Sul e Centro-Oeste, além das usinas de açúcar e álcool.
A denominada mineração industrial e a indústria metalúrgica processam metais para a produção de bens e estão concentradas no Pará, em Minas Gerais, no Espírito Santo, no Maranhão, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A indústria do vestuário tem destaque em Santa Catarina e no Ceará. Muitas indústrias foram instaladas fora das áreas urbanas, apostando na aproximação de centros produtores de matéria-prima ou de eixos rodoviários, que favorecem o escoamento de insumos e mercadorias.

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