quarta-feira, 4 de outubro de 2023

A Guerra de Canudos

A Guerra de Canudos, considerada um dos conflitos mais violentos da história do país, aconteceu na Bahia entre os anos de 1896 e 1897. Canudos foi um povoado no interior da Bahia onde Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, passou a viver com seus seguidores em 1893. Conselheiro, que era um peregrino e pregador da região, mudou o nome do povoado para arraial de Belo Monte. Em suas pregações, ele fazia várias críticas à República, principalmente com relação ao aumento de impostos e à situação de miséria do povo.

A comunidade chegou a abrigar cerca de 20 mil moradores. O crescimento do povoado incomodou os latifundiários, pois muitas famílias deixavam suas moradias e seu trabalho para viver em Canudos, provocando a diminuição da mão de obra nas fazendas da região.

Toda a região do Nordeste passava por aguda crise econômica, deixando a maioria da população do campo em estado de miséria. Depois de 1877, quando teve início um longo período de secas, a miséria e a fome se acentuavam nos seringais, mas a maioria permanecia na região.

Os homens livres que trabalhavam na terra de algum grande latifundiário tinham, de certa forma uma segurança e uma proteção. Com a crise, até esse tipo de trabalho havia desaparecido. A maioria da população sentia-se desamparada e vagava pelos sertões. Alguns se transformavam em bandidos, formando grupos religiosos messiânicos, esperando um milagre dos céus para livrá-los da miséria.
Foi de um desses grupos messiânicos que vagavam pelo sertão da Bahia que surgiu um líder conhecido com o nome de Antônio Conselheiro. Conselheiro reuniu vários adeptos percorrendo os sertões e fazendo pregações religiosas, ajudando os pobres em suas colheitas e em pequenas construções. Havia entre eles uma grande solidariedade e um forte sentimento de comunidade.

O início dos conflitos

Enquanto a fama de Antônio Conselheiro aumentava com o auxílio que prestava aos pobres, a Igreja não admitia suas práticas religiosas. O governo da Bahia começou a persegui-lo, temendo possíveis agitações. Antônio Conselheiro ganhou dois poderosos inimigos: o Estado e a Igreja.

Antônio Conselheiro

Mesmo assim ele prosseguiu em suas pregações e, juntamente com seus adeptos, formou um acampamento nas margens de um rio em uma fazenda abandonada chamada Canudos.
Em Canudos, Conselheiro fazia suas pregações religiosas, mas também emitia suas opiniões políticas. Atacava o governo da República, responsabilizando-o pelo estado de miséria do povo. Antônio Conselheiro dizia que na época do Império não havia essa situação de miséria. A República, segundo a visão do beato, era a responsável pela miséria do povo porque provocou a ira de Deus quando separou a Igreja do Estado.
Os republicanos, por sua vez, considerava-os monarquista perigoso.
O arraial de Canudos, como ficou conhecido, chegou a ter mais de 30 mil habitantes. Era uma verdadeira cidade de casebres. Para administrar essa "cidade", Conselheiro havia criado um corpo de auxiliares que organizava a distribuição de alimentos, as práticas religiosas e a defesa.
Preocupavam-se com a defesa, pois eram constantemente ameaçados pelos grandes fazendeiros locais, conhecidos como coronéis, porque a popularidade de Conselheiro diminuía a autoridade deles: eram ameaçados pela Igreja, porque as pregações de Antônio Conselheiro eram vistas como uma heresia anticatólica; eram ameaçados pelo governo central da república, porque Conselheiro e seus adeptos eram vistos como perigosos monarquistas.
Assim, logo começou a ser difundida a ideia de que Canudos era um reduto onde viviam milhares de “fanáticos”, inimigos da República e de seus ideais de “ordem e progresso”.
Os primeiros ataques contra Canudos começaram pelo governo da Bahia. Os cem soldados enviados em novembro de 1896 para dispersar os seguidores de Conselheiro, foram expulsos depois de alguns combates. Morreram dez soldados.

O governo Federal contra Canudos

O governo Federal assumiu a responsabilidade na repressão ao foco de "monarquistas subversivos", como eles ficaram conhecidos. Mais de seiscentos soldados armados de fuzis e dois canhões seguiram para a Bahia. No dia 2 de janeiro de 1897, os seguidores de Conselheiro derrotaram os soldados e ainda lhe tomaram as armas, inclusive os canhões. No Rio de Janeiro, a notícia caiu como uma bomba, pois os republicanos radicais achavam que eram uma guerra para restaurar a monarquia.
Uma nova expedição, de 1 600 soldados, foi organizada, sob o comando do coronel Moreira César, em março de 1897, mas também esta foi derrotada pelos conselheiristas.
"Oitocentos homens desapareceriam em fuga, abandonando as espingardas; ariando as padiolas em que se estorciam os feridos; jogando fora as peças de equipamento; desarmando-se (...) e correndo ao acaso (...)". Assim descreveu Euclides da Cunha a fuga da força do governo que, no dizer dos sertanejos de Canudos, havia se transformado na fraqueza do governo.
A derrota governista aumentou a convicção entre os republicanos mais radicais de que Canudos era um perigoso e bem armado foco monarquista. Por essa razão, nova e poderosa expedição contra os sertanejos foi preparada. Quase 10 mil soldados, comandados pelo general Arthur Guimaraes, partiram para os sertões da Bahia com a missão de não deixar pedra sobre pedra no arraial de Canudos.
Os primeiros combates deram-se em julho de 1897. Os sertanejos mais uma vez mostravam-se superiores num terreno que lhes era familiar. Trezentos seguidores de Conselheiro conseguiram deter mais de 2 500 soldados por vários dias, provocando mais de mil baixas nas forças do governo. Depois de mais de dois meses de luta, os sertanejos não puderam resistir a uma força muitas vezes maior do que as suas. No dia 5 de outubro de 1897, cessou a resistência no arraial de Canudos. Praticamente não houve sobreviventes, a não ser "um velho, dois homens feitos e uma criança", como relatou Euclides da Cunha.
As casas do arraial eram muito simples. Na maioria, eram construções de pau-a-pique com telhados de palha e apenas uma minúscula saleta, um quarto e uma cozinha. Agrupavam-se sem nenhuma ordem ao redor de algumas praças e das duas igrejas, a velha e a nova. Isso fazia de Canudos um labirinto. E também uma fortaleza: a disposição das casas acabou sendo muito importante quando o arraial teve de se defender, pois dificultou a penetração das forças invasoras. No centro do arraial ficavam as duas igrejas. A igreja velha era a antiga capela da fazenda. Tinha sido restaurada, mas era pequena. Por isso começou a ser construída uma nova, que ainda não estava pronta quando Canudos começou a ser atacada pelas forças do governo. Com paredes de quase um metro de espessura, o templo suportou firmemente muitos tiros de canhão.
Parece que o Conselheiro não escolheu ao acaso o local para se fixar com seus seguidores. Canudos ficava completamente isolada e afastada de qualquer grande centro. Isso facilitava no objetivo de seu líder, que era manter-se distante da sociedade que ele repudiava. Mais ainda: Canudos ficava praticamente cercada pelos desfiladeiros das serras de Cocorobó, Calumbi, Cambaio, Canabrava e Caipã. A estrada de ferro mais próxima passava por Queimadas, a 130 quilômetros dali.
Alguns historiadores acham mesmo que o Conselheiro escolheu aquele local prevendo futuros ataques armados de seus inimigos. De fato, já em 1893, depois de mandar arrancar e queimar as ordens de cobrança de impostos em Bom Conselho, ele tivera de enfrentar a força da lei. O governo do estado da Bahia enviou um destacamento de cerca de 100 homens, sob o comando de um tenente, para prender Antônio Conselheiro e dispersar seus seguidores […] Já nesses primeiros combates fica claro que as condições da região favoreciam o Conselheiro e seu grupo, para quem o sertão era terreno bem conhecido. Para as tropas enviadas para combatê-los, ao contrário, a caatinga era um obstáculo nada desprezível.

REVOLTA TENENTISTAS

Movimentos de insurreição que explodem no Rio de Janeiro, em 1922; em São Paulo, em 1924; e continuam até 1927 com a luta da Coluna Prestes no interior do Brasil. Expressam a insatisfação de setores militares com os governos e a República Velha. Manifestando os interesses da baixa e média oficialidade, os tenentes tornam-se importante núcleo de oposição às oligarquias e ao sistema republicano vigente. Pregam a moralização da política e a volta das liberdades públicas, defendem o capital nacional e exigem a restauração das forças militares.

O Tenentismo foi um movimento liderado por oficiais militares, principalmente tenentes, que pretendia reformar a república pela luta armada. Eles reivindicavam a moralização da administração pública, o fim da corrupção eleitoral, a instituição do voto secreto, uma justiça eleitoral confiável, a defesa da economia nacional contra a exploração de empresários e do capital estrangeiro, além de ensino gratuito e obrigatório para todos os brasileiros.

Revolta do Forte de Copacabana

Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa nomeia um civil para o Ministério da Guerra, o que causa agitação nos quartéis do Rio. A jovem oficialidade contesta a vitória de Artur Bernardes, candidato oficial à Presidência da República. O governo manda fechar o Clube Militar e prender seu presidente, o marechal Hermes da Fonseca. Em 5 de julho, parte da guarnição do Forte de Copacabana rebela-se. O governo manda bombardear o forte e decreta estado de sítio. Após frustradas negociações, 17 militares e um civil deixam o quartel e enfrentam as forças legalistas na praia de Copacabana. Desses 18 homens, sobreviveram apenas os tenentes Eduardo Gomes (1896-1981) e Siqueira Campos (1898-1930). O episódio ficou conhecido como Os Dezoito do Forte.

Revolução de 1924 e Coluna Prestes

Outras rebeliões tenentistas ocorreram durante e depois do governo de Artur Bernardes. Numa delas, conhecida como Revolução de 1924, os tenentistas liderados pelo general Isidoro Dias Lopes (1865-1949) ocuparam a cidade de São Paulo durante 23 dias. Em decorrência dos combates, mais de 500 pessoas morreram e milhares fugiram da cidade bombardeada.
Diante da ofensiva do governo, as tropas tenentistas saíram da capital paulista e aderiram ao grupo liderado pelo militar Miguel Costa.
A tropa seguiu em direção ao sul do país, ao encontro de outra coluna militar tenentista, liderada pelo capitão Luís Carlos Prestes (1898-1990). As duas forças uniram-se e iniciaram uma longa marcha pelo país, buscando o apoio da população. Surgia, assim, a Coluna Prestes, cujo objetivo era tentar unir os trabalhadores do campo contra as oligarquias que dominavam o governo.
Entre 1924 e 1926, os membros da Coluna percorreram mais de 24 mil quilômetros, atravessando 12 estados brasileiros e escapando da perseguição governamental. Exaustos e sem apoio popular, refugiaram-se na Bolívia e desfizeram a tropa em 1926. A Coluna Prestes não provocou revoltas capazes de ameaçar o governo, mas também não foi derrotada.

Revolta Federalista

Movimento insurrecional do início da República envolvendo as principais facções políticas do Rio Grande do Sul. Começa em 1893 e dura até 1895.

Dois partidos disputam o poder. De um lado, o Partido Federalista reúne a velha elite do Partido Liberal do Império, sob a liderança de Gaspar da Silveira Martins. De outro, o Partido Republicano Rio-Grandense agrupa os republicanos históricos, participantes do movimento pela proclamação da República, comandado pelo governador Júlio de Castilhos. Ancorados em bases eleitorais nas cidades do litoral e da serra, os republicanos querem manter o poder. Já os federalistas, que representam os interesses dos grandes estancieiros da Campanha Gaúcha, lutam contra o que chamam de "tirania do castilhismo" e exigem a reforma da Constituição do estado para impedir a perpetuação dos rivais no poder.
Maragatos e chimangos – Em fevereiro de 1893, ano da campanha eleitoral para o governo estadual, os federalistas, chamados maragatos, iniciam sangrento conflito com os republicanos, apelidados de chimangos ou pica-paus. Os combates espalham-se pelo estado e transformam-se em uma guerra civil, com milhares de vítimas. Os maragatos pedem a intervenção federal no estado, mas o presidente Floriano Peixoto prefere apoiar os pica-paus.
Entre fins de 1893 e começo de 1894, os maragatos avançam sobre Santa Catarina e unem-se aos rebeldes da Revolta da Armada, que ocupam a cidade de Desterro (atual Florianópolis). Em seguida entram no Paraná e tomam Curitiba. Mas, sem recursos humanos nem materiais suficientes, recuam. Concentram sua atividade no território gaúcho, mantendo a luta até meados de 1895. No dia 10 de julho, o novo presidente da República, Prudente de Moraes, consegue um acordo de paz. O governo central garante o poder a Júlio de Castilhos e o Congresso anistia os participantes do movimento.

A COLUNA PRESTES

No início de abril de 1925, as forças gaúchas comandadas pelo capitão Luís Carlos Prestes se uniam com as tropas que fugiam de São Paulo. Os dois grupos haviam participado das rebeliões do ano anterior, mantiveram focos de resistência e procuravam manter e fortalecer sua organização, para retomar a luta pelo grande ideal: Salvar a Pátria.

Depois de convencer os líderes paulistas da possibilidade da vitória contra o governo e as tropas fiéis a ele, Prestes iniciou a longa marcha afastando-se do país. A coluna atravessou o Paraguai no final de abril e voltou ao país através do Mato Grosso.
Do Mato Grosso, passando por Goiás, a coluna dirigiu-se para o Nordeste, atingindo o Estado do Maranhão no mês de novembro de 1925, chegando logo depois a ameaçar diretamente a cidade de Teresina. Na região nordeste os rebeldes percorreram praticamente todos os estados, chegando a ameaçar efetivamente a cidade de Teresina. Em todos os momentos a maior resistência virá das forças arregimentadas pelos coronéis.
As tropas que combateram a Coluna eram bastante diversificadas, mostrando a disposição do governo e dos latifundiários em eliminar esse foco de rebelião. O exército, as policias estaduais, jagunços dos coronéis e eventualmente cangaceiros participaram do combate à Coluna Prestes.
"Nos Estados economicamente poderosos (as oligarquias) constituíam forças policiais organizadas como pequenos exércitos; nos Estados economicamente fracos, armaram os próprios exércitos privados dos latifundiários. Sobre esses dois suportes é que assentou o combate aos revolucionários tenentistas, desde que estes empreenderam a arrancada pelo interior, com a Coluna Prestes."

Revolta da Vacina

No início do século XX, o Rio de Janeiro já era lindo, mas a falta de saneamento básico e as péssimas condições de higiene faziam da cidade um foco de epidemias, principalmente febre amarela, varíola e peste. O Rio de Janeiro, habitado por cerca de 700 mil pessoas, era uma cidade com graves problemas urbanísticos. As ruas eram estreitas e malcheirosas devido à quase total inexistência de um sistema de esgotos adequado.

Desde os primeiros governos republicanos, estava sendo elaborado um projeto de reforma urbana visando transformar o Rio de Janeiro na “capital do progresso”. A cidade deveria, assim, transmitir uma imagem moderna da jovem república.

Para isso, em 1904, foram realizadas diversas obras públicas na cidade. Alargaram-se ruas no centro, implantou-se a Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), ampliaram-se o abastecimento de água e a rede de esgotos e remodelou-se o porto. Muitos cortiços do centro foram demolidos, e seus moradores passaram a viver em barracos nos morros ou em bairros do subúrbio.

A população da cidade revoltou-se contra o plano de saneamento, mas, sobretudo, com a remodelação urbana feita pelo presidente Rodrigues Alves (1902-1906), que decidiu modernizar a cidade e tomar medidas drásticas para combater as epidemias. Cortiços e casebres, que compunham inúmeros quarteirões dos bairros centrais, foram demolidos, e deram lugar a grandes avenidas e ao alargamento das ruas, seguindo o modelo de urbanização dos grandes bulevares parisienses. A população local foi desalojada, refugiando-se em barracos nos morros cariocas ou em bairros distantes na periferia. As favelas começaram a se expandir.
Além do embelezamento arquitetônico, alegava-se que um dos objetivos da reforma da capital era combater as epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, que matavam milhares de pessoas todos os anos.
O médico sanitarista Oswaldo Cruz foi o encarregado de promover uma série de medidas de combate e erradicação dessas doenças. Entre essas medidas, estava a criação da Brigada Mata-Mosquitos, formada por grupos de funcionários que vistoriavam as moradias da cidade com o objetivo de identificar e eliminar focos de doenças.
Os agentes sanitários eram acompanhados de policiais, que muitas vezes utilizavam a violência para, se preciso, invadir as moradias, causando grande insatisfação nas pessoas.
Outra medida foi a criação de uma lei, no início de novembro de 1904, que tornava obrigatória a vacinação contra a varíola. No entanto, o governo não informou adequadamente a população sobre a vacinação. Assim, a população do Rio de Janeiro, que já estava insatisfeita com as reformas urbanas e com a ação da Brigada Mata-Mosquitos, acabou revoltando-se.
Com medidas impopulares e polêmicas, Oswaldo Cruz, além de ter sido o responsável pela estruturação da saúde pública no Brasil, foi quem saneou o Rio, apesar da oposição da mídia e da manifestação popular, que ficou conhecida como "Revolta da Vacina".
Após decidir pela obrigatoriedade da vacina contra a varíola, o governo não fez uma campanha para esclarecer o povo sobre a importância dessa medida. Isso gerou um sentimento de indignação, decorrente do medo de tomar a injeção e da falta de diálogo com o governo. Alguns grupos, como ocorre ainda hoje, afirmavam que a vacinação obrigatória desrespeitava as liberdades individuais.
A lei que tornava obrigatória a vacinação antivariólica, logo batizada de Código de Torturas, foi aprovada em 31 de outubro e regulamentada nove dias depois, abrindo caminho para a chamada Revolta da Vacina. Durante uma semana, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar, enfrentando forças da polícia e do exército.
Muitas pessoas já estavam descontentes com as reformas urbanas promovidas por Pereira Passos. Ao saber que a vacina era feita do próprio vírus da varíola, achavam que o governo queria "envenenar" a população mais pobre. Para piorar a situação, muitos homens não permitiam que os funcionários públicos segurassem o braço de suas esposas e filhas para aplicar a vacina por considerarem o ato uma ofensa.
Tantos desentendimentos culminaram em um levante, em novembro de 1904. No dia 13, o centro do Rio de Janeiro e os bairros da Tijuca, Gamboa, Saúde, Laranjeiras, Botafogo, Rio Comprido, Catumbi e Engenho Novo se transformaram em campo de batalha. Diversos bondes foram incendiados, lampiões de gás foram quebrados e barricadas foram construídas nas ruas. Cerca de trezentos cadetes da Escola Militar aderiram à rebelião. As forças do governo responderam com bombardeios pela marinha e ataques do Exército. Em meio a esses tumultos, a oposição política tentou derrubar o presidente da república, mas não conseguiu.
Após violentos conflitos nas ruas da cidade, a revolta popular foi controlada pelas forças do governo e a obrigatoriedade da vacina foi suspensa. No final do conflito, contabilizou-se um saldo de 30 mortos, 110 feridos e 945 presos que foram deportados para trabalhar nos seringais, no estado do Acre, ou enviados para a prisão na ilha das Cobras, no Rio de Janeiro.
 

REVOLTA DA CHIBATA (1910)

Conhecida também como revolta dos marinheiros, ocorre em unidades da Marinha de Guerra brasileira baseadas no Rio de Janeiro, em 1910. Foi um protesto feito pelos marinheiros, que quando cometiam algum erro eram castigados com 25 chibatadas. Eles queriam acabar com essa tortura, então eles mandaram um comunicado para o presidente pedindo o fim da tortura e melhorias na alimentação.

Desde a segunda metade do século XIX, eram comuns revoltas de homens recrutados pela marinha brasileira. Isso ocorria porque a instituição mantinha normas antigas, como a punição com chibatadas a marinheiros que cometessem faltas.

Os marujos rebelados reivindicam de Hermes da Fonseca, recém-empossado na Presidência, a aprovação do projeto de anistia geral em discussão no Congresso, o cumprimento da lei que aumenta seus vencimentos, a redução da jornada de trabalho e a abolição dos castigos corporais e cruéis na Armada, como o açoite (a chibatada), a palmatória, a prisão a ferros e a solitária.
Apesar de ocorrer contra os castigos determinados ao marinheiro Marcelino Menezes, a revolta já vinha sendo preparada há meses, e os marinheiros estavam bem organizados, dominando com rapidez outras embarcações.
Os revoltosos tomaram, primeiro, o comando do navio de guerra Minas Gerais e, com o crescimento da rebelião, os marujos assumiram o controle dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. Com os canhões apontados para a capital federal, Rio de Janeiro, os marinheiros mandaram um comunicado ao presidente Hermes da Fonseca (1855-1923), explicando as razões da rebelião. Eles exigiam o fim dos castigos físicos e reclamavam da má alimentação e dos salários miseráveis.
Liderados pelo marinheiro negro João Cândido, "o Almirante Negro" como ficou conhecido, os marinheiros rebelados na Baía da Guanabara tomaram quatro dos maiores navios de guerra brasileiros e ameaçaram bombardear a Capital Federal. 
Apontando os canhões para a cidade do Rio de Janeiro, os marinheiros exigiam o fim dos castigos corporais e a melhoria na alimentação, e o governo de Hermes da Fonseca, foi obrigado a atender às reivindicações e a conceder anistia aos líderes do movimento.
Vitoriosos no seu entanto, o Congresso Nacional aprovou o fim da chibata. A repressão ao movimento contudo, veio traiçoeiramente. Os rebelados, que haviam sido anistiados pelo Congresso Nacional, acabaram ilegalmente presos pelo governo - Hermes da Fonseca era presidente - e acabaram muitos deles mortos nas masmorras da ilha das Cobras.
Apesar de eliminada a chibata, os líderes acabaram presos e muitos morreram torturados. O principal líder, o marinheiro João Candido, conhecido como "Almirante Negro" acabou sendo absolvido em 1912. João Cândido sobreviveu falecendo na miséria em uma favela do Rio de Janeiro no ano de 1969.

A Revolta da Armada

A Revolta da Armada, foi uma revolução liderada pelo audacioso baiano Custódio José de Mello, contra a permanência no poder, do governo do vice-presidente Floriano Peixoto, que os revoltosos declarando ilegítimo, exigiam uma presidência interina até a convocação de novas eleições.

Com a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), à presidência da República, em 23 de novembro de 1891, após nove meses de governo, o vice-presidente Floriano Peixoto assume o cargo. A Constituição Federal de 1891, no entanto, previa nova eleição caso a Presidência ou vice-presidência ficassem vagas antes de decorridos dois anos de mandato. A oposição acusa Floriano Peixoto de manter-se ilegalmente à frente da nação.
Contudo, interpretando as disposições transitórias da Constituição de 1891, o autoritário e imprevisível Floriano Peixoto dispunha-se a completar o mandato de seu antecessor, como de fato o fez. Em verdade, o governo de Floriano era inconstitucional: o artigo 42 dizia que, se o presidente não completasse a metade do mandato, novas eleições deviam ser convocadas.
Em 6 de setembro de 1893 um grupo de altos oficiais da Marinha exige a imediata convocação dos eleitores para a escolha dos governantes. Entre os revoltosos estão os almirantes Luiz Felipe de Saldanha da Gama, Eduardo Wandenkolk e Custódio José de Melo, ex-Ministro da Marinha e candidato declarado à sucessão de Floriano.
No movimento encontram-se também jovens oficiais e muitos monarquistas. A adesão destes reflete o descontentamento da Armada com o pequeno prestigio da Marinha em comparação ao Exército. A revolta atrai muito pouco apoio no Rio de Janeiro. Sem oportunidade de saírem vitoriosos, os amotinados dirigem-se para o Sul do país. A maioria da oficialidade ou se decidiu por Floriano, guarnecendo os navios adquiridos por ele, ou manteve-se em posição discordante em relação à revolta, mas sem demonstrar cabalmente desejo de combatê-la.
Alguns efetivos desembarcam em Desterro (atual Florianópolis), e tentam inutilmente articular-se com os federalistas gaúchos. Floriano Peixoto adquire novos navios de guerra no exterior e com eles derrota a Revolta da Armada.

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