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O governo Lula

A ascensão de Luís Inácio Lula da Silva e a do Partido dos Trabalhadores que ajudou a fundar marca a chegada de uma nova geração ao poder. Iniciando sua vida pública em 1975, como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, SP, Lula disputou várias eleições até vencer em 2002 e se tornar presidente do Brasil.

Um operário na presidência

Operário e sindicalista, Lula tornou-se nacionalmente conhecido por liderar uma longa greve de metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), em plena ditadura militar. Cofundador, em 1980, do Partido dos Trabalhadores (PT), tornou-se a principal liderança petista, candidatando-se aos principais cargos eletivos do país. Em 1986, foi eleito deputado, conseguindo a maior votação até então para o Legislativo federal.
Concorrendo à presidência em 1989, Lula uniu as esquerdas em torno de sua candidatura. Apesar da derrota, transformou-se no grande líder dos grupos que faziam oposição ao modelo de governo adotado por Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Lula defendia a manutenção das empresas estatais, o não pagamento da dívida externa e o socialismo.
Na campanha à Presidência de 2002, o PSDB, partido do então presidente Fernando Henrique Cardoso, apostou na candidatura de José Serra, ex-ministro da Saúde. Uma vez mais, PT e coligação lançaram a candidatura de Lula.
Após concorrer pela quarta vez ao cargo, Lula venceu as eleições.
A posse de Lula 2003

Durante a campanha eleitoral, Lula assinou a Carta ao Povo Brasileiro, documento no qual se comprometeu, caso eleito, a cumprir todos os acordos feitos anteriormente pelo governo com os credores nacionais e internacionais. Comprometendo-se a combater a inflação, pagar a dívida externa e respeitar a propriedade privada. Com esse discurso mais moderado, Luís Inácio Lula da Silva foi eleito presidente da República.

Política econômica e social

O governo Lula, iniciado em 2003, adotou uma política econômica semelhante à de seus antecessores, controlando os gastos públicos, pagando as dívidas pontualmente e mantendo a inflação sob controle. As exportações cresceram e o país passou a acumular saldos positivos na balança comercial, incrementando a economia, fazendo cair a taxa de desemprego e aumentando a confiança dos investidores.
No campo social foi lançado o programa Fome Zero, com o objetivo de reduzir as condições de miséria da camada mais pobre da população. O Programa Fome Zero, destinado a beneficiar 44 milhões de pessoas muito pobres que ganhavam cerca R$ 80,00 por mês. Com o objetivo de garantir a todos os brasileiros o acesso a uma alimentação adequada em termos de quantidade, qualidade e regularidade. Entre as ações do Fome Zero destacou-se o programa Bolsa Família, que condicionava o pagamento de um auxílio em dinheiro a famílias carentes que mantêm os filhos na escola. O salário mínimo passou a ser registrado acima da inflação.

principais propostas apresentadas no início do governo:

economia: fazer o PIB (Produto Interno Bruto) crescer pelo menos 4% ao ano; aumentar as exportações; fortalecer o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição por meio da qual o governo apoia as empresas;
educação: pôr fim ao analfabetismo de adultos em quatro anos. Implementar o programa "Escola Ideal" que envolve a valorização dos professores, a reforma dos prédios e a informatização das escolas;
comunicações: implantar Internet nas escolas do Ensino Fundamental. O ministério das comunicações pretende também criar um departamento para registrar e atender às reclamações dos usuários;
trabalho: criar empregos e gerar renda por diversos meios, como por exemplo, o financiamento de cooperativas e de empresas falidas; extinguir o trabalho infantil em quatro anos; unificar os programas de qualificação profissional financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador;
saúde: alterar as normas para reajuste de preços dos medicamentos, especialmente os de uso permanente. O governo quer quebrar ou, ao menos, diminuir o controle quase exclusivo que os grandes laboratórios exercem sobre o setor;
segurança: integrar ações da Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Secretaria Nacional Antidrogas, a fim de combater o crime organizado, a prostituição infantil, o tráfico de drogas etc. Utilizar a infraestrutura e os membros das Forças Armadas na implantação dos programas sociais, principalmente no Fome Zero.
Os críticos do modelo seguido por Lula argumentavam que a política anti-inflacionária inibia o crescimento da economia. apontavam também que a carga de impostos era extremamente elevada e que o Estado que não sabia administrar seus gastos. Segundo eles, o governo oferecia serviços precários e não investia o necessário em infraestrutura.
Esse último argumento foi reforçado no final de 2006 quando ocorreu o “apagão aéreo” que consistiu em uma crise que envolveu o controle do espaço aéreo brasileiro, causando atrasos de voos e tumultos nos aeroportos.

O Brasil mais presente no mundo

A política externa do governo Lula empenhou-se em ampliar a participação e a influência do Brasil no cenário internacional, aproveitando a grande vocação do país como produtor e exportador mundial de matérias-primas, alimentos e biocombustíveis.
Foram firmadas alianças estratégicas com outros grandes países emergentes ̶ principalmente China, Índia e África do Sul. Unindo-se a esses países, o Brasil pôde participar de algumas das grandes decisões mundiais, antes privilégio dos países ricos.
Outra ação que marcou essa nova imagem do Brasil no mundo foi o envio de tropas para o Haiti a partir de 2004, liderando a missão ONU que buscava pacificar o país caribenho, convulsionado por uma guerra civil.
A integração do Brasil com a América do Sul, iniciada anos antes com o Mercosul, foi intensificada com a expansão dos investimentos de empresas brasileiras nesses países, atuando em atividades como petróleo, gás, bebidas, siderurgia, cimento e bancos. Essa expansão não esteve, porém, livre de problemas: na Bolívia, grande fornecedora de gás para o Brasil, o governo nacionalizou os recursos naturais em maio de 2006, o que obrigou a Petrobras a vender ao governo boliviano suas instalações naquele país.

Críticas a Lula

Embora os programas do Governo Lula tenham produzido alguns avanços sociais, o modelo de desenvolvimento econômico permaneceu atrelado aos princípios neoliberais, ou seja, prevaleceu a economia de mercado, favorecendo os interesses dos grandes grupos financeiros.
Além disso, a política de privatizações teve continuidade no governo petista e foram feitas concessões de serviços e empresas públicas para o setor privado. Diante de tal cenário político, Lula foi criticado, inclusive por muitos de seus apoiadores. A derrota de candidatos petistas nas eleições municipais de 2004, em especial nas grandes cidades do país, foi interpretada como reflexo do descontentamento de diferentes setores da sociedade com a atuação do PT à frente do Poder Executivo.

Segundo mandato

Lula tomou posse em janeiro de 2003 e, em 2006, concorreu à reeleição, na qual venceu no segundo turno o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, permanecendo no cargo até 2010.
Na campanha eleitoral de 2006, Lula se beneficiou da popularidade obtida com a política de redução da miséria e o controle da inflação. O presidente conseguiu também manter-se afastado dos escândalos que marcaram os últimos anos de seu primeiro mandato. O maior deles envolveu diversos assessores diretos de Lula, acusados de comprar o apoio de deputados federais aliados em votações de interesse do governo. Os pagamentos seriam mensais, o que fez com que o episódio ficasse conhecido como escândalo do “mensalão”.
O julgamento coube ao Supremo Tribunal Federal, que, dos 37 réus, condenou 25, incluindo integrantes da cúpula do partido: José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha.
O escândalo pouco abalou a popularidade do presidente, que contornou a crise ajustando a equipe de governo e mantendo o crescimento econômico do país. No final do primeiro mandato, em 2005, Lula tinha aprovação popular de 57% da população, segundo pesquisa do Datafolha.
Reeleito, Lula iniciou seu segundo mandato prometendo incrementar o crescimento econômico. Um de seus primeiros atos foi apresentar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um conjunto de propostas de investimentos públicos em rodovias, portos, usinas hidrelétricas, saneamento básico e habitação.
Nos dois mandatos de Lula a economia cresceu a taxas mais elevadas que nos governos anteriores, o desemprego recuou e a pobreza e a miséria foram reduzidas. O governo petista também se destacou na política externa. O Brasil tornou-se uma potência emergente e envolveu-se em ações internacionais, entre as quais a formação do Brics – bloco econômico entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, a criação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e o fortalecimento das relações diplomáticas e comerciais com países africanos e árabes.
Esse período de promoção de direitos sociais, estabilidade econômica e destaque na política internacional foi um fator decisivo para a eleição de Dilma Rousseff, candidata à Presidência pelo PT, em 2010. Apoiada por Lula, Dilma obteve 56,05% dos votos válidos, contra 43,95% de José Serra, do PSDB.

O Brasil no Bric

Em 2003, um economista do banco norte-americano Goldman Sachs criou a sigla Bric, formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, países que têm demonstrado possibilidades de crescimento, em termos econômicos, e que devem se tornar potências dentro de poucas décadas, o que provocaria uma transformação na ordem econômica internacional e mudaria a correlação de forças internacionais.

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