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Os governos de Dilma Rousseff

Com o apoio de Lula, Dilma Rousseff foi eleita em 2010, tendo se tornado a primeira mulher a assumir a presidência no Brasil. Seu governo (2011-2014) fortaleceu programas de investimento em obras de infraestrutura, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida, programa de auxílio às famílias de baixa renda para a compra da casa própria, além de ampliar o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concedia bolsas de estudo a jovens para o ingresso no curso superior.

Dilma Rousseff 

Uma das questões polêmicas enfrentadas pelo governo Dilma foi a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará. O projeto, alvo de debates havia muitos anos, era questionado por ambientalistas, representantes de movimentos sociais e lideranças indígenas, que criticavam os graves impactos ambientais e sociais da obra. Além disso, nos primeiros meses de 2012, teve início o julgamento dos acusados de participar do “mensalão”, o que afetou a credibilidade do governo petista.
Como agravante, a economia dava sinais de desaceleração. A inflação voltou a subir e o desemprego aumentou.
Para agravar o quadro, em junho de 2013, uma onda de protestos tomou conta das principais capitais do país. Inicialmente, os manifestantes protestavam contra o aumento do preço das passagens do transporte coletivo, mas as chamadas Jornadas de Junho ampliaram as demandas. Os manifestantes passaram a criticar, entre outros aspectos, os baixos investimentos em saúde e educação, a corrupção generalizada e os gastos públicos excessivos na construção das instalações esportivas para a Copa do Mundo de Futebol, de 2014, e para os Jogos Olímpicos, que ocorreriam em 2016.
No mesmo ano, o vazamento de dados da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA, revelou que Dilma estava sendo alvo de espionagem do governo estadunidense, o que levou a uma crise diplomática, com o cancelamento da visita que a presidente faria aos Estados Unidos e a suspensão da compra de jatos de uma multinacional estadunidense para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Em março de 2014, a Polícia Federal iniciou a Operação Lava Jato. Nessa ação, revelou-se um grande esquema um esquema de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras para o pagamento de propina a políticos de vários partidos e a executivos de grandes empresas.
A imagem de Dilma Rousseff ficou desgastada desde o início das investigações, mas ainda assim ela conseguiu reeleger-se nas eleições de 2014.

Dilma Rousseff: do segundo mandato ao impeachment

Apesar do desgaste de seu governo, em 2014 Dilma Rousseff foi reeleita para um segundo mandato ao vencer o candidato Aécio Neves, do PSDB, no segundo turno. Ela obteve 51,64% dos votos válidos e ele, 48,36%. O resultado das eleições evidenciou a crescente polarização política da sociedade brasileira, que marcou o país nos anos seguintes.
A disputa acirrada com o candidato adversário nas eleições para o segundo mandato de Dilma foi um indicador da polarização da sociedade brasileira: o país estava dividido e os debates políticos se intensificavam entre a população.
Dilma Rousseff discursa em 2015, durante a cerimônia de posse de seu segundo mandato

Dilma assumiu a Presidência em um contexto bastante adverso. Sob os abalos das denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, a maior empresa pública do país. As denúncias resultaram na deflagração da Operação Lava Jato. A economia estagnada gerou um quadro de recessão. O PIB caiu (3,8%), a inflação aumentou (10,67%) e o desemprego cresceu (9%), o que fragilizou ainda mais o governo. 
Com a economia em crise, cresceu à taxa de desemprego, que passou de 6,8% em 2014 para 8,5% em 2015. O governo tomou algumas medidas impopulares, como cortes no orçamento de diversos serviços públicos, aumento dos impostos e do preço da gasolina.

Da crise de governabilidade ao impeachment de Dilma

O início a operação Lava Jato, conduzida pela polícia federal, iniciadas em março de 2014. As denúncias de corrupção amplamente divulgadas pela mídia acirraram os ânimos e, a partir de 2015, uma onda de protestos contra a presidente tomou conta do país.
A crescente dificuldade de dialogar com o Congresso (Câmara dos Deputados e Senado) paralisou o governo e isolou a presidente. Ao terminar o ano de 2015, quase nenhum projeto de lei de interesse do Executivo nas áreas econômica e fiscal havia sido aprovado pelo Congresso.
A partir de março de 2015, uma série de protestos contrários à presidente tomou forma, em manifestações organizadas pelas ruas das principais cidades do país. Também foram organizadas manifestações a favor da permanência da presidente, que havia sido legitimamente eleita. O enfraquecimento político do governo possibilitou a abertura de um processo por crime de responsabilidade contra Dilma pelo Congresso Nacional.
O Governo Dilma passou, então, a enfrentar protestos apoiados pelos partidos da oposição e, em dezembro de 2015, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, autorizou a instauração do processo de impeachment de Dilma Rousseff, com base na acusação de crime de responsabilidade fiscal.
A votação do impeachment ocorreu em meio a uma intensa polêmica sobre a legitimidade do processo. Com significativo apoio da mídia, ele foi aprovado em agosto de 2016 com 367 votos a favor e 137 contra. Após muitas polêmicas e opiniões divergentes em torno da legitimidade ou não desse processo, em 31 de agosto de 2016 o mandato de Dilma foi cassado. Em agosto de 2016, Dilma foi afastada definitivamente do cargo e o vice-presidente, Michel Temer, assumiu a presidência do país.

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