A indústria é uma atividade responsável pela transformação de matérias-primas
em diferentes produtos para o consumo humano ou para outras atividades industriais.
Em nosso dia a dia, utilizamos diversos artigos produzidos em fábricas. Quando ocorre a transformação de matérias-primas em uma fábrica, temos uma atividade industrial. Mas nem toda transformação de matéria-prima é uma atividade industrial.
Muitas pessoas transformam farinha de trigo em pão ou bolo, abóbora em doce, tecido em roupa, e realizam muitas outras atividades de transformação dentro de sua própria casa ou em pequenas oficinas, de forma artesanal. Desde sua origem, os seres humanos transformam os produtos da natureza em utensílios, peças de vestuário ou ferramentas para auxiliá-los na realização de atividades diárias. Antes da construção das primeiras fábricas, a transformação da matéria-prima era feita de modo artesanal, ou seja, de modo individual, ou organizado em pequenos grupos, usando apenas ferramentas. No modo de produção artesanal, cada pessoa realiza todas – ou quase todas – as etapas da produção de um bem qualquer; às vezes, uma ou outra tarefa é dividida com ajudantes. Por exemplo, na produção artesanal de uma bolsa de couro, o artesão trata, corta, costura e pinta o couro. Já a produção industrial em fábricas caracteriza-se pela especialização das atividades – cada operação é realizada por um trabalhador. Ao realizar uma única tarefa, o trabalhador torna-se mais ágil no que faz, já que não precisa passar de uma tarefa para outra. Com o uso de máquinas e a especialização do trabalhador, a produção industrial pode ser feita em grande escala.
A indústria moderna
O século XVIII trouxe o modelo industrial moderno, com a introdução das
máquinas e da energia mecânica como elementos principais. As fontes de energia (carvão, petróleo e eletricidade) foram incorporadas, gradativamente, de
forma a substituir a energia humana e a animal, o que ampliou consideravelmente a produção industrial.
A indústria moderna reúne, em um mesmo espaço físico, os trabalhadores,
as máquinas e as matérias-primas que serão transformadas para atender ao
mercado consumidor.
A cadeia produtiva industrial, que engloba desde a etapa de extração da
matéria-prima até a constituição de um produto, que, possivelmente, será comercializado ao consumidor final, é bastante diversificada.
Tipos de indústria
Existem diferentes tipos de indústria. Eles são definidos conforme o tipo de atividade, o consumo de energia e o destino da produção.
As indústrias com intenso consumo energético
Há indústrias que consomem muita energia para processar os recursos naturais e transformá-los em matéria-prima para outras indústrias. Por essa razão, essas indústrias frequentemente se localizam próximo a fontes energéticas, como reservas de carvão mineral ou mesmo usinas hidrelétricas. Uma das que mais consomem energia é a que processa a bauxita, um recurso natural que é transformado em alumínio.
Entre as consequências da presença da indústria nas cidades está a mudança da temperatura no espaço urbano. Como vimos nos capítulos anteriores, ocorrem diferenças de temperatura na cidade em relação ao campo, e a atividade industrial é uma das causas disso, já que ela gera calor, que é liberado na atmosfera.
Tradicionalmente, os grandes depósitos minerais atraem indústrias como as siderúrgicas e as metalúrgicas. Isso explica a presença de indústrias na região do Reno-Ruhr, na Alemanha; na Sibéria ocidental e nos Montes Urais, na Rússia; e no Reino Unido.
As indústrias e o destino da produção
As indústrias podem ser classificadas de acordo com o destino da sua produção. Dependendo da finalidade à qual se destinam os bens produzidos, podemos agrupar as indústrias em dois tipos: Elas podem ser classificadas da maneira a seguir.
• Indústria de base: fabricam materiais que servirão de base para a
produção de outras indústrias. Em
suas instalações, matérias-primas
em estado bruto são transformadas
em produtos, por exemplo, dos
minerais são produzidas barras e
chapas metálicas.
Utilizam grande quantidade de energia e matérias-primas com o objetivo
de transformá-las em produtos que serão utilizados em outras indústrias. São exemplos as siderúrgicas, metalúrgicas e fábricas de celulose.
As indústrias metalúrgicas, que produzem
vários tipos de metal, entre eles o alumínio, o cobre
e o ferro; as siderúrgicas, que atuam especificamente com ferro e aço; as petroquímicas, responsáveis
pela transformação dos derivados do gás natural e
do petróleo.
• Indústria de bens intermediários:
produzem máquinas e equipamentos necessários para a produção de
outros bens. Essas indústrias utilizam
os bens produzidos pelas indústrias
de base. São exemplos as indústrias
mecânicas, naval e de autopeças.
Trata-se de um setor industrial muito diversificado, já que faz parte da categoria que fabrica máquinas, equipamentos elétricos, projetos aeroespaciais e
automotivos, de engenharia e construção.
• Indústria de bens de consumo: produzem bens consumidos diretamente
pela população. É o setor responsável pela fabricação de produtos que atendem ao consumidor final. Alimentos, vestuário, remédios e calçados, por exemplo,
correspondem aos bens de consumo não duráveis.
Produtos como automóveis, eletrodomésticos e
aparelhos eletrônicos são considerados bens de
consumo duráveis.
As indústrias de alta tecnologia
As indústrias que fabricam produtos como aviões, computadores, jogos eletrônicos e tecidos sintéticos para a confecção de roupas são classificadas como indústrias de alta tecnologia. Recebem esse nome porque os bens que produzem necessitam de conhecimentos e tecnologias avançados para a sua produção.
Essas indústrias estão associadas à produção de ciência e tecnologia (C&T), já que os bens tecnológicos se transformam
muito rapidamente. As indústrias de alta tecnologia também vendem para outras empresas processos e técnicas de produção, isto é, orientações sobre um modo melhor ou mais fácil de produzir algo.
Os polos tecnológicos
Além da modernização tecnológica, as indústrias de alta tecnologia empregam pessoal altamente capacitado, como cientistas e técnicos especializados.
Os pesquisadores são fundamentais para as indústrias de alta tecnologia: eles são os “cérebros” que criam as novidades. As universidades e os institutos de pesquisa formam os pesquisadores e, por isso, as indústrias de alta tecnologia costumam se localizar junto a essas instituições. Muitas vezes, os testes para aperfeiçoamento dos produtos são realizados nas instalações desses institutos e universidades.
Esse modelo de instalação de indústrias de alta tecnologia é conhecido como polo tecnológico. Nele, as indústrias surgem em torno de centros de excelência, nos quais cientistas altamente qualificados desenvolvem suas pesquisas em busca de novos produtos e materiais.
É comum os governos financiarem, além das empresas de alta tecnologia, a instalação dos polos tecnológicos e se tornarem seus principais clientes. Inovações tecnológicas são caras e dependem de muito investimento. Por isso, elas não ocorrem da mesma forma em todos os países nem em todos os ramos industriais. Os Estados Unidos e o Japão, por exemplo, investem muito em ciência e tecnologia, o que justifica a concentração de indústrias de alta tecnologia nesses países.
O surgimento das fábricas e seu desenvolvimento
O primeiro país do mundo a industrializar-se foi a Inglaterra, em 1769, com a invenção da máquina de fiar hidráulica, isto é, que funciona com a força do movimento da água. A fiação foi a primeira atividade a ser mecanizada. Até então, o trabalho de fiação era feito manualmente ou com máquinas que eram movimentadas pela energia muscular dos trabalhadores ou dos animais.
Na época em que as máquinas eram movimentadas pela energia muscular, a produção de fios estava dispersa por vários lugares, pois as pessoas podiam ter uma máquina de fiar em casa e entregar sua produção às oficinas e tecelagens. Com a invenção das máquinas hidráulicas, contudo, a produção não podia mais ficar espalhada, pois era preciso concentrá- -la em lugares próximos a cursos de água. Desse modo, os trabalhadores também tiveram de se concentrar em um mesmo espaço: nas fábricas. O início da produção em fábricas não mudou apenas o modo e o lugar de trabalhar, muitos outros fatores passaram por transformações. À medida que a produção de tecidos aumentava, era necessário aumentar também a produção de matéria-prima, no caso, a lã. Para isso, a criação de ovelhas foi intensificada. Desse modo, mais lã poderia ser transformada em fios, que, por sua vez, seriam transformados em tecidos. A ampliação da criação de ovelhas, no entanto, exigia mais pastagens, o que levou ao aumento das áreas de pasto.
Além das fábricas, o desenvolvimento dos meios de transporte foi fundamental para que os produtos chegassem cada vez mais longe. Aos poucos, as fábricas também começaram a se instalar em outros países e a promover grandes mudanças nos modos de produção do mundo todo. Com o passar do tempo, foram desenvolvidas máquinas que funcionavam com outras técnicas: primeiro, com o vapor obtido por meio da queima do carvão; depois, com petróleo; mais tarde, com energia elétrica. Essas transformações, aliadas à expansão das indústrias, levaram à formação de uma ampla rede de comércio e serviços e provocaram mudanças no espaço geográfico. Quando os motores a explosão não existiam, as fábricas tinham de localizar- -se próximo às jazidas de carvão, em áreas próximas a portos ou perto de ferrovias. Com a invenção dos motores a explosão e, depois, da energia elétrica, tornou-se possível instalar fábricas em muitos outros lugares do planeta, pois ficou mais fácil transportar a energia a longas distâncias. Atualmente, uma indústria têxtil, por exemplo, pode estar localizada em uma região cujas condições naturais não favorecem o cultivo de algodão. No entanto, é imprescindível que tenha acesso à energia e a um bom sistema de transporte e disponibilidade de mão de obra. Além disso, a indústria têxtil não depende só da produção de fibras naturais, como o algodão, pois parte dos tecidos é feita com uma porcentagem de fios sintéticos, como o náilon, que é produzido a partir do petróleo.
Os processos de produção nas fábricas também passaram por mudanças ao longo do tempo. Desde as últimas décadas do século XX, por exemplo, em muitos setores das fábricas os trabalhadores foram substituídos por robôs movidos a energia elétrica. Isso aconteceu sobretudo onde as condições de trabalho são perigosas para a saúde, como nos setores de solda e de pintura, ou onde as operações são muito repetitivas. No entanto, com a diminuição do número de trabalhadores nas fábricas, cresceu o desemprego em várias regiões industriais do planeta.
Mudanças relacionadas à industrialização Independentemente do que uma fábrica produz, ela precisa de uma estrutura básica para funcionar: produção e distribuição de energia, saneamento básico (oferta de água encanada e coleta de esgoto e de lixo), sistemas de transporte e telecomunicações, entre outros. Esses elementos não estão disponíveis em todos os lugares nem na mesma quantidade e qualidade: eles se concentram principalmente nas cidades ou em torno delas. Nas cidades e em suas redondezas, o mercado consumidor é maior, há mais trabalhadores qualificados, bancos, comércio, serviços de alimentação, etc. Outro fator que influi na escolha do lugar de instalação de uma fábrica é a facilidade para obter matérias-primas e escoar os produtos acabados, ou seja, levá-los do ponto de produção até os pontos de distribuição.
A instalação de uma fábrica pode desencadear uma série de transformações. As obras de infraestrutura e construção da fábrica abrem postos temporários de trabalho para pedreiros, pintores, marceneiros, encanadores, eletricistas, técnicos, engenheiros, entre outros profissionais. Com o início da produção, são contratados trabalhadores do próprio município e de lugares mais distantes, que podem se mudar para próximo dela, ou ainda pessoas de municípios vizinhos. Com isso, o número de habitantes desse lugar tende a aumentar, o que movimenta a economia local. Essa movimentação pode gerar um efeito positivo na economia do município e elevar as vendas dos comerciantes.
Desse modo, o dono da farmácia pode reformar seu ponto, as padarias e os supermercados podem vender mais, surgem novas lojas, e com isso mais gente consegue emprego. E como muitos desses novos empregos exigem melhor formação do trabalhador, surgem novas escolas. Outro fator de crescimento é a atração de várias empresas prestadoras de serviços: manutenção de máquinas, fornecimento de refeições, segurança, assistência técnica em informática, corretora de seguros e novas agências bancárias, por exemplo. Esse crescimento exigiria a expansão dos serviços públicos: água, energia elétrica, hospitais, escolas, etc. – ou seja, novas obras, e o ciclo recomeçaria.
Algumas casas do centro, onde as pessoas moravam, aos poucos se transformariam em pontos comerciais: lanchonetes, farmácias, papelarias, lojas de roupas, etc. Outras casas seriam demolidas e, em seu lugar, surgiriam edifícios residenciais e comerciais, estacionamentos, postos de gasolina, etc. No entanto, assim como a instalação de indústrias promove uma grande transformação no espaço geográfico e na vida das pessoas, o fechamento de uma fábrica também provoca grandes mudanças.
A distribuição industrial no espaço geográfico
O processo industrial é complexo e tem início com a extração da matéria-prima, que
pode ser vegetal, animal ou mineral. Mesmo compondo o setor extrativo, quando essa atividade é realizada
por meio de equipamentos tecnológicos e maquinários, considera-se pertencente ao setor secundário da
economia, chamado de indústria extrativa.
Esses aglomerados de fábricas surgem com o
objetivo de reduzir custos de produção. À medida que as indústrias de variados setores se instalam próximas umas das outras, em áreas com rede de transportes e infraestrutura adequadas, ampliam-se os lucros
e a competitividade comercial.
Outros fatores também são fundamentais para a instalação industrial em determinadas localidades,
como a oferta de mão de obra, os incentivos fiscais (redução de impostos) e financeiros e a proximidade
com o mercado consumidor.
A concentração industrial estimula o crescimento e a diversificação econômica local. Atividades ligadas ao comércio e à prestação de serviços tendem a crescer, atraindo novos trabalhadores. Em paralelo,
a infraestrutura urbana precisa ser ampliada para que possa atender a essa nova demanda populacional.
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