Tanto o comércio quanto os serviços são fundamentais para que os produtos agrícolas e industriais cheguem às pessoas que os consomem. Tudo que é produzido na agricultura, na pecuária e nas indústrias circula nas atividades de comércio e serviços. O comércio envolve a compra e a venda dos mais variados tipos de mercadorias, como alimentos, roupas, eletrodomésticos, etc., produzidos pelas atividades agropecuárias e industriais, ou que foram extraídos diretamente da natureza, como os minérios. Já os serviços englobam atividades relacionadas a transportes, comunicação, informática, educação, saúde, turismo, engenharia e muitas outras que usamos em nosso dia a dia. Nesse caso, em vez de pagar por uma mercadoria, as pessoas pagam pelos serviços que são prestados. Ao longo da história, os serviços tiveram diversificação e crescimento mais lento que o comércio. O crescimento e a diversificação dos serviços e do comércio acompanharam, principalmente, o processo de urbanização, porque é nas cidades que essas atividades estão mais concentradas. Atualmente esses dois ramos de atividades estão estruturados de forma muito diversificada pelos países e regiões.
Além disso, o comércio e os serviços são os maiores geradores de emprego e renda na economia mundial. Observe, no gráfico a seguir, o exemplo brasileiro. É importante perceber, no entanto, que as atividades agrícolas, industriais e de comércio e serviços estão integradas. As atividades agrícolas promovem crescimento nos setores industrial, comercial e de serviços porque compram e utilizam muitas máquinas, equipamentos de irrigação, sementes selecionadas, etc. Dispõem ainda de ampla variedade de serviços, como transportes, comunicações e contabilidade.
O comércio pode ser feito no atacado e no varejo. Em geral, grandes lojas e supermercados, por exemplo, compram de indústrias e de produtores agrícolas no atacado, isto é, em grandes ou médias quantidades, e vendem para os consumidores finais em menor quantidade, no varejo. Os serviços também envolvem atividades de diversas escalas. Por exemplo, no setor de transportes, existe tanto o motociclista que faz entrega de documentos de uma empresa a outra dentro de uma cidade, como carros e caminhões que levam produtos aos consumidores localizados no interior de um município ou grandes navios que transportam contêineres entre os continentes, viajando milhares de quilômetros. A infraestrutura voltada para o comércio e os serviços é mais densa onde há maior concentração de consumidores. Nesses lugares, essas atividades são mais diversificadas e sofisticadas, o que explica a concentração de shopping centers, hospitais e faculdades, entre outros, em determinadas áreas das cidades.
Para facilitar o fluxo de mercadorias e informações, o desenvolvimento do comércio exige a implantação de várias obras de infraestrutura de transportes – avenidas, rodovias, ferrovias, portos, armazéns, etc. – e de telecomunicações, ou seja, a implantação de várias atividades ligadas ao setor de serviços. Por isso, o comércio e os serviços foram, ao longo da história, grandes impulsionadores das transformações do espaço geográfico em escala local, regional, nacional e mundial.
Do comércio local ao mundial
O comércio é uma atividade muito antiga na história da humanidade, que se expandiu com o desenvolvimento da agricultura e o surgimento das primeiras cidades. O aperfeiçoamento das técnicas de cultivo de alimentos e de criação de animais permitiu a produção de excedentes, o que tornava possível alimentar um número maior de pessoas. Permitiu também a permanência de grupos humanos em um mesmo local, pois não era mais necessário sair em busca do que comer. Assim, como nem todos precisavam mais se preocupar com a produção de alimentos, as pessoas passaram a diversificar os tipos de atividades desenvolvidas, dedicando-se à manufatura, ao comércio e aos serviços de administração pública, entre outras atividades urbanas. Nas primeiras sociedades sedentárias, era comum trocar um produto por outro ou por um serviço. Quem cultivava trigo, por exemplo, podia trocá-lo por leite ou pelo conserto de uma ferramenta. Com o crescimento das cidades e a diversificação do comércio e dos serviços, o dinheiro foi criado para intermediar as trocas.
Ao longo do tempo, as atividades comerciais foram se dando também entre diferentes lugares. Desde a Antiguidade, existiam muitas rotas comerciais envolvendo grandes percursos por Europa, África e Ásia, apesar da precariedade dos transportes.
Na época das primeiras cidades, a domesticação de animais colaborou bastante para a expansão do comércio ao permitir o transporte de maior volume de mercadorias. O boi, o cavalo, o camelo e outros animais passaram a ser usados como meios de transporte, o que permitiu o surgimento das primeiras caravanas de mercadores, que se deslocavam a grandes distâncias. Nesse período histórico, a expansão do comércio promoveu, paralelamente, a expansão de serviços de transportes e a construção de portos com suas diversas atividades de apoio. Por volta de 2 000 a.C., a navegação com barcos a vela deu grande impulso ao comércio, mas o grande avanço foi a invenção da moeda, cerca de 650 a.C., em Lídia, região que se localiza no atual território da Turquia. Nas décadas seguintes, ela espalhou-se rapidamente para o restante da Europa e da Ásia. Foi com as civilizações grega e romana que o comércio atingiu seu ápice durante a Antiguidade. No final desse período, o mar Mediterrâneo, que se transformou em um emaranhado de rotas comerciais controladas por Roma, transformou-se na mais importante região comercial do mundo.
Entre os séculos V e XV, o comércio perdeu importância e capacidade de expansão na Europa, e se realizava predominantemente em escala local, em feiras. Nelas, os camponeses comercializavam o pouco que sobrava depois de retirados os produtos que alimentavam a família e os que tinham que ser entregues como pagamento ao dono das terras onde trabalhavam.
Entretanto, nesse mesmo período, desenvolviam-se na África e na Ásia importantes rotas de comércio, através de inúmeras caravanas. Na África, elas atravessavam o deserto do Saara para realizar comércio de mercadorias entre os povos do norte do continente, banhado pelo Mediterrâneo, e os do sul do deserto. Cereais, ouro, marfim, sal e especiarias (cravo, canela, pimenta e outros) eram transportados aos portos do Mediterrâneo, organizando importantes rotas comerciais. Além desses produtos, pessoas escravizadas também eram transportadas e comercializadas.
A partir do século XV, as cidades europeias voltaram a ter importância como centros de poder, e as rotas comerciais foram se ampliando gradativamente, envolvendo também o aumento do volume de comércio com a África e vastas extensões da Ásia. Entretanto, a grande expansão do comércio e dos serviços em escala mundial ocorreu a partir do final do século XV, quando vários países europeus, entre os quais se destacavam Portugal e Espanha, passaram a realizar diversas expedições – as chamadas Grandes Navegações – e criaram novas rotas de comércio que atingiram todos os continentes, o que deu origem ao período conhecido como capitalismo comercial.
Essa expansão do comércio propiciou um grande acúmulo de riquezas em ouro e prata – as moedas da época – nas mãos dos comerciantes europeus. Finalmente, no século XX, com o grande avanço nas técnicas de produção agrícola e industrial e nos transportes, o comércio e os serviços se expandiram em escala mundial envolvendo maior quantidade e variedade de produtos, atividades e países.
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