quarta-feira, 31 de julho de 2024

O trabalho e o espaço geográfico

O trabalho

Nos últimos séculos, as maiores modificações nas paisagens não ocorreram por fatores naturais, mas pela atividade humana, sendo o trabalho uma atividade fundamental nesse processo de exploração e transformação da natureza. 
O trabalho humano, que corresponde a um dos agentes do espaço geográfico, possui papel fundamental no processo de transformação das paisagens. É o caso das atividades no campo, onde a retirada da vegetação original visa preparar o solo para a produção agrícola ou para a criação de animais.
Os seres humanos são capazes de adaptar-se a diferentes regiões do planeta, com suas características próprias, como clima, relevo e tipo de solo. Para isso, produzem diversos tipos de bens materiais que possibilitam essa adaptação.
Para produzir esses bens, são necessários vários recursos, obtidos por meio da exploração e da transformação da natureza. Ao fazer isso, as pessoas executam uma atividade fundamental para a sua sobrevivência: o trabalho.
O trabalho humano faz parte do espaço geográfico. Alguns tipos de trabalho transformam diretamente a paisagem. É o caso, por exemplo, da extração de minérios e da construção de edifícios, estradas e usinas hidrelétricas. Outros não alteram diretamente as formas da paisagem, apesar de ocuparem um espaço transformado. São exemplos os funcionários que trabalham dentro do prédio de uma indústria ou de um hospital (médicos, enfermeiros, atendentes, entre outros).
Em todos os casos, as atividades são realizadas por pessoas que se inter-relacionam e fazem parte da sociedade. Elas também estabelecem relação nos espaços onde realizam suas atividades cotidianas.
A escola foi construída por profissionais da construção civil, que, com seu trabalho, promoveram alteração na paisagem do lugar, utilizando diversas matérias-primas, elaboradas a partir de recursos naturais. Esse lugar fez parte, portanto, da vida desses trabalhadores durante o período de construção da escola. Essas pessoas trocaram sua força de trabalho por uma remuneração (salário).
Depois de pronta, a escola começou a ser utilizada por alunos, professores e outros funcionários, que passaram a realizar suas atividades nesse lugar, estabelecendo relações entre si. A escola e tudo o que se relaciona à sua construção e utilização fazem parte do espaço geográfico.
O trabalho é o meio pelo qual as pessoas modificam a natureza, constroem o espaço geográfico e se desenvolvem. Por meio do trabalho, obtemos diferentes produtos. Os objetos e os serviços que utilizamos, por exemplo, são resultado do trabalho humano. Ele permite que as pessoas satisfaçam as suas necessidades: alimentação, vestuário, moradia, transporte, educação, saúde, lazer, entre outras.

As relações de trabalho

Nas empresas de todos os tipos (indústrias, lojas, bancos, prestadoras de serviços), nos órgãos públicos (secretarias estaduais, municipais ou federais), nas escolas e hospitais, nas propriedades rurais, etc., os trabalhadores desenvolvem diferentes funções e tarefas. As relações entre esses diferentes trabalhadores determinam as relações de trabalho. A cada uma delas corresponde o desempenho de uma função ou uma tarefa no processo produtivo, na prestação de serviços ou no comércio.
Por exemplo, em uma indústria, há operários que produzem bens e outros que supervisionam essa produção. Há também os que trabalham nos setores administrativo e financeiro, de compras, de vendas (comercial), entre outros — além do dono ou empresário. Ocorre, portanto, uma divisão de tarefas em que cada profissional desenvolve uma função específica. Essa é uma característica muito comum das sociedades contemporâneas.
As pessoas envolvidas no processo produtivo e na realização de serviços recebem um rendimento, enquanto os donos das empresas ou das propriedades rurais (empresários) ficam com o lucro da empresa. O rendimento dos empregados (trabalhadores) é geralmente chamado de salário e varia conforme a tarefa ou a função exercida pelo funcionário, sua competência e sua experiência.
Em alguns países, a diferença entre os rendimentos dos que ganham mais e os dos que ganham menos não é tão grande. Já em outros, como o Brasil, ela é significativa, ou seja, o valor recebido não necessariamente equivale ao quanto a pessoa produz nem é calculado da mesma forma para todos os trabalhadores.
Isso gera uma expressiva desigualdade entre as condições de vida das pessoas. Quando isso ocorre, dizemos que há concentração de renda ou que há uma distribuição muito desigual das riquezas.

Desemprego

Você viu que é por meio do trabalho que a maior parte das pessoas consegue o dinheiro necessário para viver. Por causa disso, o trabalho é um direito de todos. No entanto, tanto no Brasil como no mundo existe um grande número de pessoas desempregadas, ou seja, que perderam o emprego e estão à procura de outro.
Existem várias causas possíveis para o desemprego e, muitas vezes, elas estão interligadas, ou seja, uma situação acaba determinando outra. Basicamente, o desemprego depende de fatores conjunturais e estruturais.
Fatores conjunturais: são aqueles ligados às crises econômicas, que provocam recessões nos países, caracterizadas pela queda na economia, queda nas produções e consequente perda de postos de trabalho.
Fatores estruturais: são aqueles ligados aos avanços tecnológicos (mecanização e robotização), que acabam substituindo a mão de obra humana.

Nos últimos anos, a economia mundial vem passando por sucessivas crises que — aliadas ao maior uso de tecnologia — agravaram ainda mais a situação dos trabalhadores. Para tentar diminuir o impacto do desemprego na vida da população, algumas medidas são tomadas pelos governos. No Brasil, por exemplo, o trabalhador que, após um ano e meio de trabalho com carteira assinada, for dispensado de seu emprego sem justa causa recebe do governo o seguro-desemprego, uma ajuda financeira temporária com um valor mensal de acordo com o salário que o trabalhador recebia.
Se, por um lado, os avanços tecnológicos (mecanização e automação, por exemplo) estão fazendo desaparecer muitas profissões, como fresadores, tipógrafos, datilógrafos e ferramenteiros, por outro eles criam uma demanda por novos profissionais, como programadores, web designers, operadores de telemarketing, entre outros.

A economia informal e o subemprego

Chamamos de economia formal o conjunto de atividades econômicas que cumprem com as obrigações legais e fiscais, ou seja, arrecadam impostos, registram seus funcionários, emitem notas fiscais, entre outras. Já a economia informal, muito comum nos países em desenvolvimento, corresponde a um conjunto de atividades econômicas realizadas sem registros oficiais (contrato social de empresa, emissão de notas ou cupons fiscais, recolhimento de tributos, etc.).
Nos países em que é grande a quantidade de desempregados, como no Brasil, é significativo também o número de pessoas que vivem em condições de pobreza, e até de indigência, ou seja, de miséria. Como não possuem escolaridade e formação adequadas, muitos não conseguem trabalho fixo e acabam exercendo atividades de subemprego. São exemplos dessas atividades: pequenos serviços esporádicos ou eventuais, como consertos e reformas em residências; vendas de mercadorias nas ruas; lavagem de automóveis; serviços temporários nas plantações em propriedades rurais, entre outros.
Os rendimentos das pessoas que sobrevivem de atividades de subemprego são incertos. Além disso, os subempregados não têm as garantias das leis trabalhistas, como direito a férias remuneradas e 13º salário, já que, na maioria das vezes, a pessoa trabalha por conta própria.


Nenhum comentário:

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...