sábado, 14 de maio de 2022
Expedições para a Conquista
Conquista para o Interior da Paraíba
Análise política, econômica e social da capitânia nos séculos XVII e XVIII
Análise Política
O cangaço na Paraíba
CANGACEIROS DA PARAÍBA
A Paraíba da abertura à crise do Estado (1983-1996)
O período compreendido entre novembro de 1982 e julho de 1996 pode ser dividido em duas fases na Paraíba.
A primeira, de
a) encerramento do ciclo militar;
b) campanha pelas (eleições) diretas já que resultou na eleição indireta de Tancredo Neves como presidente da República;
c) ascensão do vice-presidente José Sarney;
d) votação da nova Constituição Federal.
Na segunda fase, compreendida entre 1988 e
Como reflexo dos acontecimentos nacionais, o quadro partidário experimenta reformulações, após a posse de Wilson Braga, como Governador do Estado, em março de 1983.
Seguindo tradição mediante a qual os governadores elegem sucessores com os quais rompem, o novo governador não tardou a afastar-se do já então deputado Tarcísio Burity. Este ficou sem espaço.
Wilson, embora ex-partidário do ministro da Guerra, e malufista, aproximou-se do planalto, capturando as legendas PDS e PFL. Ao ex-governador Burity, cujos partidários foram desalojados dos cargos federais e estadual, restou-se incorporar-se ao PTB, como legenda de pequena expressão.
Do lado das oposições, o PMDB fragmentou-se. Como representasse frente político-social, mais que partido, dele desgarraram-se as organizações de esquerda PC do B e PCB, além da Igreja progressista do arcebispo Dom José Maria Pires e bispo auxiliar Dom Marcelo Carvalheira, bem como áreas da Universidade Federal, Ordem dos Advogados do Brasil e Associação Paraibana de Imprensa.
Para Dom José, ante o retorno do pluripartidarismo, a Igreja deveria retomar missão evangélica, com a atividade política reservando-se aos políticos. A arquidiocese desembaraçou-se então do Centro de Defesa dos Direitos Humanos e construiu seu próprio Centro.
Pela mesma época, lideranças esquerdistas incrustadas no PMDB transferiram-se para os PT e PCB. Com fisionomia própria, o PC do B disputou com o PT o controle das associações universitárias ADUF, AFUF e DCE. (...)
A natureza da abertura política nacional dos anos oitenta condicionou o comportamento do PMDB da Paraíba, a agremiação humbertista compôs-se com dissidência militar para chegar ao Palácio da Redenção com Tarcísio Burity, em 1986. Pouco depois, os peemedebistas Ronaldo Cunha Lima e Antônio Mariz celebraram aliança com oligarquias e seguimentos conservadores para alcançar o Governo, em 1990 e 94.
Como resultado, o Antônio Mariz de 1994 não era o mesmo de 1978 e 82 quando se rebelou contra o Estado dos militares e oligarquias.
O caráter da redemocratização brasileira da década de oitenta ajuda a explicar o agravamento da problemática social. Em estrutura de poder que pouco variava, a realidade social continuou comprometida. Nesse particular. Nesse particular, enquanto na zona da mata os (novos) projetos alcooleiros revigoraram o latifúndio canavieiro, no semiárido a açudagem , incentivada pelo projeto Canaã do governo Braga, não enfrentou o problema do controle das bacias dos açudes por particulares. Em boqueirão de Cabaceiras, ricaços campinenses apropriaram-se da periferia e ilha da Grande barragem Epitácio Pessoa. Os políticos paraibanos seguiram obtendo mais verbas para combate à seca. Tais recursos concentraram-se junto as oligarquias. (...)
A seguir, o depoimento do então governador Wilson Braga a imprensa da época, resume o seu pensamento em relação a política de irrigação no Nordeste, em especial no semi-árido paraibano:
(...)
O governador da Paraíba, Wilson Braga, também considera que a
prioridade na aplicação de recursos deve ser definitiva em favor do
aproveitamento da água já acumulada nos açudes. "Numa segunda etapa
seria feito o suprimento desses mananciais com água obtida pela
transposição do rio São Francisco, de maneira a manterem-se as
superfícies de evaporação ideais, recomendadas pelos estudos técnicos,
para se obter o rendimento máximo das águas acumuladas nos períodos de
chuva e daquelas trazidas do rio São Francisco. "Além disso - prossegue
Braga - , o projeto deve ser integral, semelhante a tantos bons
trabalhos realizados aqui nos Estados Unidos pelo Bureau of Reclamation,
desenvolvendo a irrigação e comercialização de produtos agrícolas, o
abastecimento das cidades e o reflorestamento. Desejo assinalar com
ênfase que esse aspecto da comercialização é essencial, pois sem ele não
adianta aplicar recursos nas obras de irrigação, porque teremos
reproduzidos os episódios anuais que estamos acostumados a presenciar no
médio São Francisco, onde se joga cebola fora por falta de comprador, e
no Maranhão, onde o arroz apodrece porque não há escoamento nem
mercado". Wilson Braga denuncia uma situação absurda: "Temos cerca de 80
mil hectares no semiárido das bacias dos rios Peixe e Piranhas, até
encontrar o sistema Açu do Rio Grande do Norte, mas desses somente dois
mil hectares estão irrigados em tímidos projetos do DNOCS". Prossegue
afirmando que com os "três bilhões de metros cúbicos já acumulados nesse
sistema Peixe-Piranha, nos grandes açudes Curemas, Mãe D'Água, São
Gonçalo e outros, já poderíamos estar irrigando permanentemente no
mínimo 20 mil hectares, o suficiente para abastecer de alimentos todo o
Estado da Paraíba". As graves denúncias de Wilson Braga continuam com as
afirmações de que "o sistema de açudes Curemas-Mãe D'Água tem 1,5
bilhão de metros cúbicos de água acumulados, mas nem um só hectare
irrigado, porque nunca houve preocupação do DNOCS de realizar projetos
integrados de uso da água". E exclama com desalento: "A água dos açudes
do Nordeste serve apenas para agradar os olhos". Respondendo a uma
pergunta a respeito da transposição do rio São Francisco, o governador
da Paraíba disse que "somos contra a assinatura de qualquer contrato de
obra de transposição sem que concomitantemente se assegure, por esse
mesmo contrato, o aproveitamento das águas dos açudes e as terras
ociosas das margens do rio São Francisco".
O Estado de São Paulo , 12 de julho de 1984 - pág. 10
Outra fonte de distorção residiu na hipertrofia administrativa de iniciativas onde a administração consumiu a maior parte dos recursos. Assim, os anunciados créditos e assistência técnica poucas vezes chegaram aos destinatários. Uma das raras exceções residiu no Projeto Nordeste que contemplou pequenos produtores. Na serra do Teixeira, o governo Wilson Braga acelerou programa de recadrastamento, defendendo a pequena propriedade.
Em compensação, o Banco do Estado da Paraíba fechou em 1990 (no governo Burity), revelando-se infrutíferos os esforços da administração estadual, iniciada no ano seguinte, para reabri-lo. Tal somente foi conseguido muito depois, em 1994 (no governo Ronaldo Cunha Lima). Relatório do Banco Mundial revelou que o PARAIBAN funcionava com elevados custos operacionais e como “cabide de emprego”. O clientelismo corroeu por dentro o Estado que deixou de constituir alavanca do desenvolvimento para converter-se em empecilho a este.
A crise do setor público, ou seja, do Estado, como instituição, na Paraíba, datou de meados da década de oitenta, quando o ensino público degradou-se, hospitais estatais faliram, estradas asfaltadas desapareceram, repartições se deterioram e sociedades de economia mista passaram a atuar no vermelho. Enfermidades endêmicas tipo cólera, sarampo e tifo [re]apareceram com força. O fechamento do Banco do Estado da Paraíba, em setembro de 1990, representou a culminância desse processo de involução. Escreveu-se, então que restava “o pó, a cinza do Estado”.
O excessivo endividamento do Estado representou outro fator de deterioração do setor público. A Paraíba virtualmente faliu.
Considerando-o em fins de julho de 1996, o líder do governo na Assembléia Legislativa proclamou que o comprometimento financeiro da Paraíba ascendia a um bilhão, 616 milhões e 667 mil reais. Destes, 649 milhões, 183 mil e 300 reais foram contraídos pelas duas administrações de Tarcísio Burity e a de Wilson Braga.
Na qualidade de herdeiro desses desajustes, o governador Ronaldo Cunha Lima (1990/94) revelou então que “a Paraíba tem o pior quadro de todo o país”. Durante o seu governo foi conseguida a rolagem das dívidas internas junto à Caixa Econômica Federal, Banco Central, Tesouro Nacional, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Empresa Brasileira de Turismo e FINAME.
Essas dívidas não podem ser responsabilizadas, em si mesmas, pela aflitiva situação da Paraíba. O governo Wilson Braga tornou-se um dos que mais captaram recursos no mercado de capitais, distinguindo-se pelas realizações materiais. O grande problema é que iniciativas do período 1970/94, caracterizadas pelo gigantismo – estádios, viadutos, hotéis cinco estrelas, complexos turísticos, estradas por muitos consideradas desnecessárias, piers praianos, espaços culturais – ou não foram concluídas ou não trouxeram retorno.
O trecho abaixo citado nos faz compreender melhor a situação das finanças públicas durante a década de 1980, trazendo o depoimento do paraibano Maílson da Nóbrega que naquele momento exercia um cargo de coordenação no Ministério da Fazenda:
(...)O
grau de desordem das finanças públicas nos anos 1980, naquele contexto
institucional, pode ser aferido pela leitura do capítulo 12 do livro
Nóbrega (2005), como participante ativo da tentativa de modernização das instituições monetárias e da contabilidade pública, relata um acontecimento que lhe tocou viver então, como importante autoridade:
“No
início de 1983, aconteceu um fato gravíssimo. Alguns dos novos
governadores eleitos perceberam que seus bancos estaduais podiam fazer
saques a descoberto no Banco do Brasil, que era o depositário das
reservas bancárias, à ordem do BC. O que levava mais de um mês para
chegar ao conhecimento do BC, via balancetes mensais do BB. Não existia
um sistema de informações gerenciais, nem serviços em tempo real. O
primeiro deles foi o governador do Rio de Janeiro. Depois fizeram o
mesmo os governadores de Goiás, Santa Catarina e Paraíba. O governador
deste último estado, Wilson Braga, teve a gentileza de me avisar no dia
do saque, em atenção ao fato de eu ser seu amigo e paraibano. Alertei-o
para a gravidade do ato, mas ele retrucou afirmando que precisava pagar o
funcionalismo e por isso já havia efetuado o saque”. (NÓBREGA, 2005, p.
295, grifos nossos).
O fato – inimaginável no contexto atual – dá uma idéia de como os bancos estaduais tinham se convertido na prática
Entre 1983 e 1984, Maílson coordenou uma equipe de mais de cem técnicos, cujo trabalho fundamentou as mudanças que eliminaram o atraso institucional prevalecente nas finanças públicas federais. Foram extintos a “conta de movimento” do Banco do Brasil e as funções de desenvolvimento do Banco Central, o que abriu caminho para que este assumisse funções clássicas de autoridade monetária e de supervisão do sistema financeiro nacional. O BB se tornou um banco comercial. Aboliu-se o orçamento monetário. O Tesouro Nacional assumiu a execução do orçamento da União e a gestão da dívida pública federal, antes a cargo de departamentos do BB e do BC, respectivamente. A autorização para a expansão da dívida pública passou do Conselho Monetário para o Congresso Nacional.
Pela recomposição do Estado
A etapa mais recente da Paraíba iniciou-se a primeiro de Janeiro de 1995, quando o senador peemedebista Antônio Mariz assumiu o Governo. Em novembro do ano anterior derrotara, no segundo turno, a deputada Lúcia Braga, do PDT, por 781.349 votos a 558.987. Do pleito do primeiro turno também participaram candidatos do PT, PMN e PRP.
Doente, Mariz não pode fazer muito. Compôs o governo, preparou Plano de Desenvolvimento Sustentável e arrancou os ladrilhos nazistas do Palácio da Redenção, em providência contestada por historiadores independentes.
Com o falecimento de Mariz em setembro de
Efetivado na chefia do Executivo, cuidou de implementar governo calcado no binômio austeridade e desenvolvimento logo convertido em austeridade é desenvolvimento.
Para manter em dia o pagamento do funcionalismo, considerado fundamental para a preservação dos serviços públicos e aquecimento das vendas dos comércio, responsável por boa parte da arrecadação do Estado, o novo governador tratou de cortar despesas e racionalizar a máquina estatal. Em agosto de 1996, lançou programa para redução do número de funcionários.
O Governador encontrou Casa Civil dotada de... quinhentos assessores!... Eram os chamados aspones – dos quais dispensou duzentos e oitenta. Os conselhos de repartições e sociedades de economia mista tiveram gratificações suprimidas e, em seu lugar, surgiram colegiadas não remuneradas e destinadas a equacionar problemas que se agravavam. Tal o caso do Conselho Institucional da Terra, constituído com representantes da sociedade civil.
Repartições de equipamentos sucateado como a SETUZA, empresa de ônibus estatal de João Pessoa, tiveram patrimônio alienado pelo governador que anunciou a intenção de fazer o mesmo com outros organismo e fundir serviços de finalidades paralelas. Embora de origem trabalhista e, nessa condição, getulista, Maranhão revelou identificação com algumas teses do chamado Estado mínimo do neoliberalismo.
Quando da realização deste estudo, a poderosa distribuidora de energia elétrica, SAELPA, estava sendo privatizada, o que livraria o Estado de massa salarial minada pelo corporativismo e elevado número de diretores, regiamente remunerados.
Em
consonância com essas idéias, a Secretaria de Educação conseguiu até
agosto de 1996, reduzir o número de professores das escolas públicas de
21.872 para 17.500, em meados de
Deparando-se com o impacto das estatísticas do IPEA, oficializadas pela ONU. Maranhão reagiu, mediante entrevista e até artigos do próprio punho. Segundo o então governador, a Paraíba fechou 1996 com crescimento econômico de 11% contra 6,6% do ano anterior. Para chegar a tais estimativas, anunciou que o PIB da Paraíba, sendo o que mais cresceu, na região, em 1995, com 6,6%, assegurou elevação de 6,5% na renda per capita e 67% no produto interno bruto.
Para conseguir nova perspectiva econômica, o governador investiu maçiçamente no turismo. Tanto que a Paraíba sediou, em março de 1996, Congresso Internacional de Agentes de Viagem.
Na área agrícola, a secretaria de Agricultura procurou restabelecer antigas culturas como o algodão. Em razão da qualidade das sementes distribuídas pelo poder público, safra de grãos recorde foi para 1996. em Indústria e Comércio, intentou-se animar as micro-empresas, carentes de recursos e orientação técnica. Por seu turno, a secretaria de Educação e Cultura empenhou-se em melhorar a qualidade do ensino público, com base nos recursos federais do chamado Fundão.
Essas providências refletem o sentido deste estudo. Um dos problemas centrais da Paraíba consiste na qualidade de seu poder público, ou seja, do Estado. Maximo ou mínimo, como preconizado por estatizantes ou neoliberais, o que ele precisa é de eficiência.
Fonte:
O PROBLEMA DO ESTADO NA PARAÍBA: da formação à crise (1930/96)
por José Otávio de Arruda, EDUEP , 2000.
PODER E POLÍTICA NA PARAÍBA – Uma Análise das Lideranças Políticas. 1960-1990. Edição API e A União.
O GOVERNO DE JOÃO PESSOA
Sítios Arqueológicos da Paraíba
A Pedra do Ingá
Em se tratando de arqueologia, a Paraíba possui um potencial invejável. No município de Ingá, encontra-se o sítio arqueológico mais visitado do Estado, conhecido como Pedra do Ingá , onde estão gravadas, na dura rocha, no leito de um rio, dezenas e dezenas de inscrições rupestres, formando fantásticos painéis com mensagens até hoje não decifradas. Embora ainda fazendo parte do desconhecido, os achados da Pedra do Ingá estão já há bastante tempo catalogados por notáveis arqueólogos como um dos mais importantes documentos líticos, motivando permanente e incessantes pesquisas, que buscam informações mais nítidas sobre a vida e os costumes de civilizações passadas. Seriam as itaquatiaras do Ingá manifestações dos deuses? O que estes antepassados quiseram transmitir, com suas inscrições sincronizadas, esculpidas na rocha?
Em Ingá, um bloco de granito
com 24 metros de largura e 3 metros de altura que ainda desafia pesquisadores:
ninguém conseguiu decifrar o significado e a origem das gravuras rupestres em
baixo relevo, datadas de pelo menos 3000. São cerca de 500 grafismos em formas
de espirais e ramos, feita, provavelmente, por nativos da região. Grupos que
cultuavam as águas e que se espalharam por Pernambuco e pelo Rio Grande do
Norte.
As respostas vêm sendo tentadas por arqueólogos, antropólogos, astrônomos e ufólogos, que chegam de várias partes do mundo, interessados em desvendar esses mistérios. O destaque do Sítio Arqueológico são três painéis de riquíssima arte rupestre. Existem sulcos e pontos capsulares sequenciados, ordenados, que lembram constelações, serpentes, fetos e variados animais, todas parecendo o modo que os indígenas ou os visitantes de outras latitudes tinham para anunciar ideias ou registrar fatos e lendas. O bloco principal, de 24 metros de comprimento por cerca de 4 metros de altura, divide o rio Ingá de Bacamerte em dois, durante o inverno. No verão, o rio corre por trás das inscrições
Em trabalho recente, um paleontólogo espanhol acompanhou a paleontóloga paraibana Marli Trevas em diversas pesquisas nos sítios arqueológicos de Ingá e, além de descobrir vestígios da existência de humanos na região de Ingá. Comprovaram também que entre 10 e 15 mil anos atrás, viveram por ali espécies de animais que a ciência também ignorava terem existido no Brasil. No Museu de História Natural de Ingá, qualquer pessoa pode ver expostos ossos de preguiça gigante, que atingia até nove metros de altura e de ancestrais dos elefantes, rinocerontes e hipopótamos, hoje só encontramos na África e na Ásia.
O professor Alberto Childe também
fez importantes estudos sobre as Itaquatiaras do Ingá.
Mas no livro de Manoel Homet –
arqueólogo e pesquisador que tem o título “Na Trilha dos Deuses Solares” é de
um valor extraordinário. Transcreveremos as suas considerações: “Ao que parece,
houve uma estreita relação não somente entre inscrições encontradas sobre os
rochedos de Itacoatiara de Ingá, no Brasil, e as de Ilha de Páscoa, como também
entre essas e aquelas de que ouvimos falar (e que são praticamente
desconhecidas) da região existente a Oeste do rio Araguaia”, (transcrição que faz
Marcel Homet de estudos sobre o assunto de autoria de Alberto Childe). E continua:
“Mostra, também, o que é de uma importância capital, que o monumento de
Itaquatiara de Ingá é o primeiro, entre os descobertos na América, que inclui
elementos atestando ligações, indiscutíveis entre a civilização Civa e as das
da Oceania, passando pela América do Sul”. E ainda é o professor Childe que, em
carta relata ao historiador Marcel Homet: “O encontro, muito regular, deste
monumento, a sua extensão, o caráter especial dos signos que ele encerra, tudo
isso lhe confere um valor muito superior a todas as outras inscrições que
conheço no Brasil”. O livro de Marcel Homet, além de grande contribuição sobre
o grande problema que inquietam os grandes cientistas e historiadores da
atualidade, trouxe essa oportuna notícia sobre o nosso Estado, numa contribuição
histórica e, acima de tudo, de interesse turístico.
No sítio arqueológico de Ingá surgiu um Museu de História Natural, que acolhe cerca de duas dezenas de fósseis de animais que aí viveram, retirados do sítio Maringá e em Riachão do Bacamarte. O sítio arqueológico de Ingá é ainda uma reserva ecológica da biosfera da caatinga, onde encontram-se diversas espécies de árvores, entre elas uma velha baraúna, com mais de 100 anos de vida. Curiosamente, a ingazeira, espécie de árvore que inspirou o nome da cidade, desapareceu a mais de 40 anos.
Outro ponto interessante da cultura nativa localiza-se pelas mediações da cidade de Areia, em um local de difícil acesso, onde existe uma caverna na serra do Algodão conhecida por Gruta dos Caboclos que, segundo pesquisas, serviu de cemitério a um povo hoje extinto. Ali se encontrava sepultada três camadas de esqueletos humanos que, tudo indica, pertencerem a um povo de estatura elevada.
Dinossauros em Sousa
No alto sertão, mais propriamente no município de Sousa, encontra-se o Vale dos Dinossauros, uma vasta área onde estão registradas inúmeras pegadas fossilizadas de animais pré-históricos, transformadas em rochas pela ação do tempo.
No ano de 1924, na cidade de Sousa,
alto sertão do Estado, no leito do Rio do Peixe, o geólogo Luciano Jacques de
Moraes anunciou ter encontrado vestígios e pegadas de duas espécies diferentes
de dinossauros.
Apesar disso, apesar da
importância do achado, as pegadas pré-históricas ficaram longamente esquecidas,
ao sabor das inundações temporárias que as cobriam com camadas de areia e
cascalho. Na época, a estrutura política vigente e o senso comum de uma
sociedade descrente nos avanços da ciência impediram que os estudos do geólogo tivessem
êxito.
Em 1975, o pesquisador
Giuseppe Leonardi, assessor da CNBB, em Brasília, trabalhando para o Conselho
Nacional de Pesquisa, iniciou uma exploração da bacia do Rio do Peixe, no
sertão paraibano, e partir daí, não deixou de fazer uma ou duas visitas ao
local a cada ano. Suas expedições encontraram uma grande quantidade de fósseis
e pegadas de Carnossauros que viveram na região em diferentes períodos
do Cretáceo Inferior. Algumas das quais estão colocadas, hoje, entre as mais
bonitas do mundo. Na localidade de Piau, por exemplo, nas proximidades de Sousa,
existe um afloramento de dois quilômetros no leito rochoso do Rio do Peixe, que
abrange camadas sucessivas de 62 metros de espessura total. Ali,
encontraram-se, nada mais nada menos, do que 24 níveis com rastro de dinossauros.
Há indícios, ainda, da
presença de Estegossauros, dinossauro herbívoro, entretanto, não se pode
afirmar com exatidão, uma vez que estas pegadas desapareceram sem deixar
registros oficiais. Estas pegadas, porém... foram apagadas.
Tragédia de Tracunhaém
Geografia da Paraíba
Localização e Área Territorial da Paraíba A população paraibana chegou a 4.059.905 em 2021, segundo nova estimativa divulgada pelo ...
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