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Sítios Arqueológicos da Paraíba

 A Pedra do Ingá

    Em se tratando de arqueologia, a Paraíba possui um potencial invejável. No município de Ingá, encontra-se o sítio arqueológico mais visitado do Estado, conhecido como Pedra do Ingá , onde estão gravadas, na dura rocha, no leito de um rio, dezenas e dezenas de inscrições rupestres, formando fantásticos painéis com mensagens até hoje não decifradas. Embora ainda fazendo parte do desconhecido, os achados da Pedra do Ingá estão já há bastante tempo catalogados por notáveis arqueólogos como um dos mais importantes documentos líticos, motivando permanente e incessantes pesquisas, que buscam informações mais nítidas sobre a vida e os costumes de civilizações passadas. Seriam as itaquatiaras do Ingá manifestações dos deuses? O que estes antepassados quiseram transmitir, com suas inscrições sincronizadas, esculpidas na rocha? 

Em Ingá, um bloco de granito com 24 metros de largura e 3 metros de altura que ainda desafia pesquisadores: ninguém conseguiu decifrar o significado e a origem das gravuras rupestres em baixo relevo, datadas de pelo menos 3000. São cerca de 500 grafismos em formas de espirais e ramos, feita, provavelmente, por nativos da região. Grupos que cultuavam as águas e que se espalharam por Pernambuco e pelo Rio Grande do Norte.

A Pedra do Ingá é considerada um dos mais significativos monumentos da arqueologia da região nordeste. Trata-se de um aglomerado de pedras, onde a mais saliente apresenta inscrições ainda hoje completamente não decifradas. Existe até a lenda de que elas pertencem a habitantes de outros planetas.

As respostas vêm sendo tentadas por arqueólogos, antropólogos, astrônomos e ufólogos, que chegam de várias partes do mundo, interessados em desvendar esses mistérios. O destaque do Sítio Arqueológico são três painéis de riquíssima arte rupestre. Existem sulcos e pontos capsulares sequenciados, ordenados, que lembram constelações, serpentes, fetos e variados animais, todas parecendo o modo que os indígenas ou os visitantes de outras latitudes tinham para anunciar ideias ou registrar fatos e lendas. O bloco principal, de 24 metros de comprimento por cerca de 4 metros de altura, divide o rio Ingá de Bacamerte em dois, durante o inverno. No verão, o rio corre por trás das inscrições

Em trabalho recente, um paleontólogo espanhol acompanhou a paleontóloga paraibana Marli Trevas em diversas pesquisas nos sítios arqueológicos de Ingá e, além de descobrir vestígios da existência de humanos na região de Ingá. Comprovaram também que entre 10 e 15 mil anos atrás, viveram por ali espécies de animais que a ciência também ignorava terem existido no Brasil. No Museu de História Natural de Ingá, qualquer pessoa pode ver expostos ossos de preguiça gigante, que atingia até nove metros de altura e de ancestrais dos elefantes, rinocerontes e hipopótamos, hoje só encontramos na África e na Ásia.

O professor Alberto Childe também fez importantes estudos sobre as Itaquatiaras do Ingá.

Mas no livro de Manoel Homet – arqueólogo e pesquisador que tem o título “Na Trilha dos Deuses Solares” é de um valor extraordinário. Transcreveremos as suas considerações: “Ao que parece, houve uma estreita relação não somente entre inscrições encontradas sobre os rochedos de Itacoatiara de Ingá, no Brasil, e as de Ilha de Páscoa, como também entre essas e aquelas de que ouvimos falar (e que são praticamente desconhecidas) da região existente a Oeste do rio Araguaia”, (transcrição que faz Marcel Homet de estudos sobre o assunto de autoria de Alberto Childe). E continua: “Mostra, também, o que é de uma importância capital, que o monumento de Itaquatiara de Ingá é o primeiro, entre os descobertos na América, que inclui elementos atestando ligações, indiscutíveis entre a civilização Civa e as das da Oceania, passando pela América do Sul”. E ainda é o professor Childe que, em carta relata ao historiador Marcel Homet: “O encontro, muito regular, deste monumento, a sua extensão, o caráter especial dos signos que ele encerra, tudo isso lhe confere um valor muito superior a todas as outras inscrições que conheço no Brasil”. O livro de Marcel Homet, além de grande contribuição sobre o grande problema que inquietam os grandes cientistas e historiadores da atualidade, trouxe  essa oportuna notícia sobre o nosso Estado, numa contribuição histórica e, acima de tudo, de interesse turístico.

No sítio arqueológico de Ingá surgiu um Museu de História Natural, que acolhe cerca de duas dezenas de fósseis de animais que aí viveram, retirados do sítio Maringá e em Riachão do Bacamarte. O sítio arqueológico de Ingá é ainda uma reserva ecológica da biosfera da caatinga, onde encontram-se diversas espécies de árvores, entre elas uma velha baraúna, com mais de 100 anos de vida. Curiosamente, a ingazeira, espécie de árvore que inspirou o nome da cidade, desapareceu a mais de 40 anos. 

Outro ponto interessante da cultura nativa localiza-se pelas mediações da cidade de Areia, em um local de difícil acesso, onde existe uma caverna na serra do Algodão conhecida por Gruta dos Caboclos que, segundo pesquisas, serviu de cemitério a um povo hoje extinto. Ali se encontrava sepultada três camadas de esqueletos humanos que, tudo indica, pertencerem a um povo de estatura elevada.

 Dinossauros em Sousa

No alto sertão, mais propriamente no município de Sousa, encontra-se o Vale dos Dinossauros, uma vasta área onde estão registradas inúmeras pegadas fossilizadas de animais pré-históricos, transformadas em rochas pela ação do tempo. 

No ano de 1924, na cidade de Sousa, alto sertão do Estado, no leito do Rio do Peixe, o geólogo Luciano Jacques de Moraes anunciou ter encontrado vestígios e pegadas de duas espécies diferentes de dinossauros.

Apesar disso, apesar da importância do achado, as pegadas pré-históricas ficaram longamente esquecidas, ao sabor das inundações temporárias que as cobriam com camadas de areia e cascalho. Na época, a estrutura política vigente e o senso comum de uma sociedade descrente nos avanços da ciência impediram que os estudos do geólogo tivessem êxito.

Em 1975, o pesquisador Giuseppe Leonardi, assessor da CNBB, em Brasília, trabalhando para o Conselho Nacional de Pesquisa, iniciou uma exploração da bacia do Rio do Peixe, no sertão paraibano, e partir daí, não deixou de fazer uma ou duas visitas ao local a cada ano. Suas expedições encontraram uma grande quantidade de fósseis e pegadas de Carnossauros que viveram na região em diferentes períodos do Cretáceo Inferior. Algumas das quais estão colocadas, hoje, entre as mais bonitas do mundo. Na localidade de Piau, por exemplo, nas proximidades de Sousa, existe um afloramento de dois quilômetros no leito rochoso do Rio do Peixe, que abrange camadas sucessivas de 62 metros de espessura total. Ali, encontraram-se, nada mais nada menos, do que 24 níveis com rastro de dinossauros.

Há indícios, ainda, da presença de Estegossauros, dinossauro herbívoro, entretanto, não se pode afirmar com exatidão, uma vez que estas pegadas desapareceram sem deixar registros oficiais. Estas pegadas, porém...  foram apagadas.


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