segunda-feira, 20 de junho de 2022

Introdução ao Estudo da História

 

   A História é uma disciplina que estuda o passado das sociedades humanas, buscando resgatar e compreender suas realizações econômicas, sociais, políticas e culturais. O estudo do passado humano permite-nos conhecer as motivações e os efeitos das transformações pelas quais passou a humanidade e fornece elementos que ajudam a explicar as sociedades atuais.

A História não se limita somente ao estudo do passado. Através do estudo da História, podemos desenvolver teorias sobre atualidade, podemos contextualizar o passado com o presente fazendo ligações entre os acontecimentos.

A palavra história nasceu na Grécia Antiga e significava “investigação”. Foi o grego Heródoto, considerado o “pai da História” que, pela primeira vez, empregou esta palavra com o sentido de investigação do passado.

A matéria-prima da História são os fatos históricos, acontecimentos que possuem repercussão social, para os quais se busca uma explicação de suas causas e efeitos. A morte do presidente do Brasil, Getúlio Vargas, em 1954, é um exemplo de fato histórico. Já o fato social é um acontecimento corriqueiro na vida de uma sociedade, que possui pequeno impacto imediato, como a morte de pessoas ou a crise financeira pessoal de alguém da comunidade. 

                               Sentidos da palavra história

   Exploremos um pouco os sentidos da palavra história, uma vez que ela é polissêmica, isto é, possui diversos significados. Vejamos alguns:

 · Ficção – os livros de aventura, as novelas de televisão ou os filmes de cinema contam histórias muitas vezes inventadas para despertar nossa atenção sobre determinado assunto, fazer-nos refletir ou simplesmente para nosso entretenimento. Essas histórias criadas pela imaginação humana, com seus lugares e personagens, são chamadas também de ficção. Muitas vezes, as obras de ficção são inspiradas no conhecimento de épocas passadas, como acontece em filmes e romances históricos ou em novelas de época.

· Processo vivido – as lutas e os sonhos, as alegrias e as tristezas de uma pessoa ou de um grupo social fazem parte de sua história, de suas vivências. Assim, o conjunto dos acontecimentos e das experiências que ocorreram no dia a dia, tanto de uma pessoa quanto de um grupo, pode ser chamado de história vivida. Essa história integra a memória (recordações) das pessoas que a viveram.

· Área de conhecimento – a produção de um conhecimento que procura entender como os seres humanos viveram e se organizaram desde o passado mais remoto até os dias atuais constitui uma área de investigação ou disciplina denominada História. Nesse sentido, História constitui um saber preocupado em desvendar e compreender as condições históricas (historicidade) das vivências humanas, ou seja, em tratar essas vivências como expressão da época em que elas ocorreram. 

Esses três sentidos da palavra história estão relacionados. As histórias vividas pelas pessoas e a ficção não estão excluídas da História como área de conhecimento. As pessoas interessadas em pesquisar ou escrever sobre História ou, ainda, em ensiná-la escolhem assuntos que podem incluir tanto a ficção quanto as histórias de uma vida. 

História e historiadores

As vivências humanas expressam o contexto histórico de cada época. O estudo do passado e a compreensão do presente não se relacionam de forma determinista. As soluções de ontem não servem aos problemas de hoje. Sem um processo que considere mudanças e permanências históricas, as experiências do passado não se aplicam ao presente. Como entender, então, as relações entre passado e presente?

                A compreensão das relações entre passado e presente é uma questão intrigante. É também uma das preocupações centrais da História, disciplina que se dedica ao estudo das vivências humanas em épocas e lugares distintos. Em nossa opinião, a escrita da história não pode ser isolada de sua época. O historiador vive o seu tempo, por isso, a história que ele escreve está ligada à história que ele vive. As conclusões dos historiadores nunca são definitivas. O historiador trabalha para seu tempo, e não para a eternidade. Assim, a historiografia não deve ter a pretensão de fixar verdades absolutas, prontas e acabadas, interpretações eternas, pois a história, como forma de conhecimento, é uma atividade contínua de pesquisa.

                O historiador investiga e interpreta as ações humanas que, ao longo do tempo, provocaram mudanças e continuidades em vários aspectos da vida pública ou privada: na economia, nas artes, na política, no pensamento, nas formas de ver e sentir o mundo, no cotidiano, na percepção das diferenças. O trabalho do historiador consiste em perceber e compreender esse processo histórico.

 

O estudo da História tem várias utilidades.  As principais são:

 ·Satisfazer a curiosidade natural de saber como era o passado e como a humanidade se transformou ao longo do tempo.

·Ajudar a compreender o mundo em que vivemos e ao mesmo tempo dar consciências aos homens do seu poder de transformar a realidade.

·Outra utilidade da História é ajudar-nos a viver melhor, aprendendo com os erros e acertos de nossos antepassados. 

Para se estudar História, devemos desenvolver o senso crítico, a capacidade de interpretação e de observação. Não podemos estudar História transmitindo nossos valores atuais para as sociedades do passado. Como a História tem como base a cultura, não podemos transmitir os nossos valores culturais aos povos que estivermos estudando. Cada povo em cada tempo e em cada espaço possuía e possui uma maneira própria de entender o mundo e de se perceber dentro deste.  

Fontes históricas

Na recuperação do fato, a história recorre às chamadas fontes históricas, constituídas de vestígios de toda espécie. As fontes podem ser de várias naturezas: escritas, orais, iconográficas, arqueológicas.

As fontes escritas são registros em forma de inscrições, cartas, letra de canções, livros, jornais, revistas e documentos públicos, entre outros. As fontes não-escritas são registro da atividade humana que utilizam linguagens diferentes da escrita, tais como pinturas, esculturas, vestimentas, armas, músicas, discos fonográficos, filmes, fotografias, utensílios.

Outro exemplo de fonte histórica não-escrita é o depoimento de pessoas sobre aspectos da vida social e individual. Esses depoimentos, que podem ser colhidos a partir de entrevistas gravadas pelo próprio historiador, servem para registrar a memória (pessoal e coletiva) e ampliar a compreensão de um passado recente ou da história que se está construindo no presente. É o que se chama de história oral. 

O que é cultura

    É toda e qualquer produção humana, ou seja, tudo que é produzido pelos seres humanos é considerado uma produção cultural. Como o mundo é formado por vários povos diferentes, as produções culturais são diferentes de um povo para outro, o que explica as multiplicidades religiosas, lingüísticas, políticas, de organizações sociais e valores, que são considerados cultura imaterial. No caso da cultura material associam-se os objetos, vestimentas, moradias, obras artísticas, utensílios domésticos, etc..  A escrita é considerada a materialização do vocabulário de um povo. Um povo que não possui um vocabulário escrito não pode ser considerado atrasado em relação a outro povo que possua um vocabulário escrito. Na verdade isso só representa uma variação cultural, algo comum entre os povos.   

Periodização histórica

Para organizar a compreensão dos históricos, os pesquisadores elaboram periodizações visando ordenar os acontecimentos e temas analisados. Concebidas pelos historiadores, as periodizações históricas estão de acordo com o ponto de vista de quem as elaborou. Vejamos uma periodização muito utilizada e tradicional, que divide a história em grandes períodos:

·Pré-história – do surgimento do ser humano até o aparecimento da escrita (4000 a. C.);

·Idade Antiga ou Antiguidade – do aparecimento da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d. C.);

·Idade Média – da queda do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos turcos (1453);

·Idade Moderna – da tomada de Constantinopla até a Revolução Francesa (tomada da Bastilha, 1789);

·Idade Contemporânea – da Revolução Francesa até os dias atuais. 

Essa divisão feita por historiadores europeus que, no século XIX, davam maior importância às fontes escritas e aos fatos políticos. Por isso, todo o período anterior à invenção da escrita foi chamado de Pré-história. E, por serem europeus, esses historiadores estabeleceram como marcos divisórios das “idades” da história acontecimentos ocorridos na Europa.

A divisão tradicional da história (Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea) é muito criticada por vários motivos, entre eles o fato de ter sido elaborada com base no estudo de apenas algumas regiões da Europa, do Oriente Médio e do norte da África. Portanto, não pode ser generalizadas a todas as sociedades do mundo. Além disso, ela adota certos fatos como marcos dos períodos, dando a errônea impressão de que as mudanças históricas – que em geral, fazem parte de um processo longo e gradativo – ocorrem repentinamente.

Pré-história 

A pré-história é o longo período do passado que abrange desde o surgimento do “homem primitivo” (hominídeo) até a invenção da escrita. O termo tem sido criticado, pois o ser humano, desde seu aparecimento no planeta, é um ser histórico, mesmo que não tenha utilizado a escrita em algum período. Como o uso do termo Pré-história é consagrado mundialmente, podemos empregá-lo, mas cientes de que esse período também faz parte da história.

Os Paradigmas da História
 Positivismo, Marxismo e Nova História 

O ensino como um todo está passando por um período de transição, com muitos problemas e debates, sobre a importância do ensino, e o que realmente deve ser ensinado nas escolas para que realmente a educação cumpra o seu papel de formadora de cidadãos conscientes de sua importância na sociedade e mundo em que estão inseridos. Dessa forma o ensino de História não foge à essas discussões acerca das problemáticas da educação, principalmente no que tange ao ensino em sala de aula.

As maiores problemáticas em relação ao ensino de História se referem as questões teórico-metodológicas e político-pedagógicas. Cabe então analisarmos mais profundamente as três correntes da historiografia atual que servem como embasamento teórico para os professores de História: o Positivismo, o Marxismo e a Nova História.  

Positivismo

Corrente teórica tradicional que surgiu no séc. XIX, como reação ao Idealismo de Kant e Hegel, fundado por Augusto Comte. O momento histórico em que essa concepção historiográfica foi criada insere-se em uma fase onde a burguesia tornava-se a classe econômica hegemônica, e o positivismo representou a justificação e legitimação da visão burguesa, servindo mais tarde como uma ideologia dessa classe, garantindo a manutenção dessa nova ordem.

O positivismo segundo Comte apresenta a lei dos três estágios que consiste estabelecer três estágios de evolução do espírito humano: o estado teológico, o estado metafísico e o estado positivo. Essa concepção tem uma característica utilitarista, que propõe conhecer o passado, entender o presente e projetar o futuro, que dessa forma busca a previsão e o conhecimento prévio dos fatos, onde o futuro pode ser manipulado.

O estudo da História segundo a concepção positivista, se restringe ao estudo  dos fatos, que podem ser observados, verificáveis e experimentáveis, tirando da história toda a sua subjetividade. O historiador é uma pessoa neutra e objetiva, que não interfere de forma alguma nos acontecimentos e na História. A fonte de estudo privilegiada nessa concepção são as escritas, principalmente os documentos oficiais.

A pesquisa nos documentos oficiais é realizada apenas no âmbito da descrição já que eles não podem ser discutidos e analisados. Com isso a História é contada a partir de uma estrutura política, privilegiando os governos e os governantes. A sociedade assim como a natureza é regida por leis naturais e invariáveis, independentes da vontade e da ação humana, e que caminha para um estágio final de progresso, sem que haja retrocessos e atrasos durante a evolução dessa sociedade.

Com a utilização dessa concepção por parte dos professores de História em sala de aula, os alunos não são estimulados a pensar, e buscar o conhecimento através de uma construção do mesmo. 

Marxismo

Para analisarmos a corrente marxista, devemos remontar as origens históricas dessa tendência. No final do séc. XVIII, a burguesia libertou as forças produtivas do domínio do feudalismo. A burguesia se apropriou dos meios de produção e dos capitais gerados a partir da exploração de uma nova classe social - o proletariado. A luta de classes levou o proletariado a buscar a explicação, e consequentemente a tomada de consciência, do processo de exploração a que está submetido. Nesse sentido, contrariamente ao positivismo, o marxismo procura explicar a História do ponto de vista dos trabalhadores.

Nessa concepção os fatos não podem ser medidos e experimentados, a abstração só pode se dar na imaginação. Os fatos, os indivíduos são reais, e sua ação, suas condições materiais de vida alteram a História. O historiador trabalha na investigação do processo histórico concreto, e intervém de modo prático sobre eles. A partir disso os acontecimentos não são acabados e a História não é dada, mas sim construída socialmente pelos indivíduos que nela se inserem.

A estrutura econômica é privilegiada nessa tendência, com a produção material determinando as demais esferas da vida social. Há um aspecto comum com o positivismo, já que da mesma forma a História caminha para um fim inevitável, só que nesse caso não a um estágio positivo, mas a uma sociedade socialista/comunista, com a evolução dos modos de produção.  

Nova História

Na primeira metade do século XX, os historiadores franceses ligados à famosa Escola dos Anais promoveram mudanças significativas na maneira de pensar e escrever a História, as quais continuam ainda hoje em evidência, causando polêmicas. Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernando Braudel são considerados os maiores responsáveis por essas mudanças, embora muitos outros tenham contribuído para que a História firmasse novas formas de interpretação, preocupadas com as estruturas, as manifestações culturais e a relação com os outros ramos do saber, tais como a sociologia, a economia, a antropologia a demografia.

A Nova História, tributária da Escola dos Anais, ocupou, por sua vez, um espaço importante nas universidades e conseguiu também penetração expressiva no mercado editorial, sobretudo na França. Historiadores como Jacques Le Goff, Georges Duby, Marc Ferro e tantos outros tornaram-se conhecidos da mídia. A Nova História, com sua linguagem próxima da literatura, sem o peso formal da linguagem acadêmica conquistou um público amplo, constituído não apenas por historiadores.

A Nova História costumou a ser dividida em 3 fases ou geração de estudiosos: a primeira geração privilegiou a História econômica e social, a totalidade era obtida na História econômica. A segunda geração privilegiou a História econômica e preteriu a História social, já que esse período de pós-guerra (1945) promoveu uma intensa industrialização, o que provocou uma atenção maior dos estudiosos. Os anos 70 foram marcados para uns com a continuidade do movimento a partir da terceira geração, e para outros como o rompimento definitivo dos postulados da primeira e segunda gerações, e a opção pelo irracionalismo. A partir dos anos 70 novos objetos de estudo foram anexados à essa nova historiografia, temas que não eram contemplados pela historiografia tradicional: cotidiano das pessoas comuns, e não das grandes figuras;  História das mentalidades, a partir de temas como: família, educação, sexo, festa, morte, alimentação, mulheres, homossexuais.

Em substituição a História narrativa, entra em cena a História-problema, que procura explicar os problemas  e as grandes interrogações da nossa época. O campo das pesquisas foi ampliado, livrando-se de preconceitos, quebrando fronteiras. Atualmente costuma-se dizer que tudo é História, e não apenas os feitos dos heróis, as grandes batalhas, as tramas das elites. Defende-se hoje que a história é uma tarefa coletiva, construída no cotidiano, e que, portanto, o ofício do historiador é dar conta da diversidade que resulta do pensar, sentir e agir de todos os homens.


quinta-feira, 2 de junho de 2022

Revolução Tecnológica

 


A expressão Revolução Tecnológica compreende as mudanças profundas e radicais que estão ocorrendo aceleradamente, nos modernos sistemas de produção de bens e serviços.

Para muitos historiadores, a Revolução Tecnológica teve início logo após a Segunda Guerra Mundial. Ela está intimamente ligada à invenção do computador e ao desenvolvimento científico, aliados às aplicações práticas de novos conhecimentos, particularmente ao desenvolvimento da indústria química.

Com ela, surgiram os materiais sintéticos, propiciando novos produtos e aperfeiçoando outros, dando-lhe mais resistência, maior durabilidade, economia de energia e outras qualidades mais. É o caso, por exemplo, das fibras, colas e resinas sintéticas, que encontram aplicações nos mais variados setores, do esporte à Medicina, da Odontologia à indústria têxtil; ou dos materiais plásticos, que tomam o lugar de produtos metálicos, transformando inteiramente o setor industrial; ou, ainda, o caso da petroquímica, revolucionando as embalagens, os cosméticos e inúmeros outros setores.

Como acontecia na Revolução Industrial, e numa escala muito maior cada novo invento da Revolução Tecnológica estimula o surgimento de outros, num ritmo acelerado e em campos diversificados. Novos materiais e produtos são criados e desenvolvidos rapidamente, gerando novos produtos e novas indústrias, capazes de repetir o mesmo ciclo, indefinida vezes. Como exemplos, podem ser lembradas as indústrias de semicondutores e de circuitos impressos, que viabilizam a indústria de informática, a qual, por sua vez, deu origem a robótica. Ou a indústria de vidros metálicos, ligada ao surgimento da fibra ótica. Com tanta mudança tecnológica, não é de admirar que, segundo pesquisas efetuadas em países mais desenvolvidos, cerca de 80% dos produtos utilizados hoje eram desconhecidos no início do século XX.

O desenvolvimento da eletrônica e a miniaturização de componentes eletrônicos originaram uma nova indústria: a microeletrônica. Graças a ela foi possível criar máquinas que multiplicaram as capacidades do cérebro humano de maneira fantástica.

Para se ter uma ideia do que representou a miniaturização, convém recordar alguns marcos da história da informática. O primeiro computador digno desse nome, ou seja, o primeiro a utilizar o sistema binário, em cálculos integrados, foi o Electronic Numeric Integrator and Computer (Eniac), desenvolvido nos Estados Unidos, como arma de guerra, para fazer cálculos de tabelas balísticas no fim da Segunda Guerra Mundial. Analisando suas características, é difícil considerar que aquele foi o “avô” das máquinas modernas, cada vez mais poderosas. O Eniac ocupava 96 m², ou seja, a área de um apartamento médio de três quartos. Para funcionar, precisava de 17 mil válvulas e exigia três ou quatro operadores.

Com o desenvolvimento da eletrônica, as coisas mudaram rapidamente, a partir da invenção do transistor que substituía as válvulas com grande vantagem. O segundo avanço veio com a invenção do circuito integrado, que conseguiu reunir vantajosamente, numa pequena placa, diversos transistores, resistências e outros componentes, com ligações entre eles.

A realidade virtual, que já existe como diversão, promete façanhas incríveis, que poderão resultar em grandes progressos, por exemplo, nos campos de Engenharia, Educação e Medicina.

E os computadores continuam evoluindo, no sentido de se tornarem de uso mais simples, serem mais baratos, terem memórias mais possantes e combinarem diferentes funções num único equipamento, que pode funcionar como computador, telefone, vídeo telefone e fax.

Problemas à vista

A capacidade extraordinária de armazenamento de informações, de manipulação de dados e de efetuação rápida de complicados cálculos explica o interesse despertado pelos computadores e sua rápida difusão em inúmeras atividades. Em trabalhos de escritório, por exemplo, um computador bem operado pode substituir vários trabalhadores, efetuando registros, buscando informações, realizando cálculos, transcrevendo dados, atualizando informações…

No comando de outras máquinas, os computadores podem realizar atividades diversas, desde a exploração submarina às tarefas de linha de produção ou à realização de atividades perigosas, como desativação de bombas.

Essa versatilidade e a capacidade de produção, aliadas às economias que o computador proporciona, explicam a ampla difusão dessas máquinas. Não é de estranhar que, cada vez mais, ocupem o lugar de trabalhadores, nos mais diversos setores de atividades.

Eles têm suprimido postos de trabalho e vão continuar fazendo isso, à medida que são automatizados os processos fabris, simplificadas e agilizadas as tarefas de vários serviços. Estarão, também, tornando ultrapassado inúmeros trabalhadores, desde operários não especializados até altos administradores.

Por outro lado, é preciso reconhecer que os computadores criam numerosos empregos nos vários campos de sua atuação, na produção e manutenção de equipamentos, na criação de programas, na comercialização, na operação de equipamentos.

Uma rede de informações

 A presença do computador no mundo atual torna-se ainda mais evidente através da Internet. A palavra inglesa net significa rede. No mundo da informática, diz respeito à interligação de computadores, para que um possa compartilhar dados com outro, trocar informações, acessar equipamentos comuns, como banco de dados, impressoras, etc. Esse tipo de ligação existe desde a década de 60.

Em 1969, uma agência do governo dos Estados Unidos interligou os computadores de vários centros de pesquisa, que já funcionavam como redes locais. Criou-se, assim, uma rede entre redes, que foi subdividida, mais tarde, em segmentos: um voltado para o uso militar (Milnet) e outro para a pesquisa científica (Arpanet). A interligação criada entre essas redes é que se chamou Internet, e que seria mais tarde, ampliada para uma rede mundial, servindo às comunicações de todos os tipos, não apenas às pesquisas científicas.

Hoje, a internet tornou-se uma super-rede, envolvendo países de todos os continentes. Na internet, circulam informações sobre os mais diversos assuntos, desde discussões filosóficas e religiosas até jogos, lazer, carnaval, receitas culinárias, etc., etc., etc.

A utilização depende do interesse de cada um dos milhões de usuários. Pode-se conversar sobre inúmeros temas, compartilhar jogos, visitar museus, fazer roteiros turísticos, estudar, atualizar-se em conhecimentos profissionais, e por aí afora.

Na interminável lista de possibilidades oferecidas pela Internet, uma das mais importantes é a atuação em prol da cidadania. Associações, grupos e pessoas estão cada vez mais fazendo da rede mundial um instrumento poderoso de defesa da cidadania, comunicando-se com autoridades e órgãos governamentais, trocando informações, relatando experiências, promovendo campanhas, denunciando crimes., etc.

O poder da informação

A Guerra do Golfo usou maciçamente as novas tecnologias de informação. Com computadores participaram de inúmeras operações de guerra, desde o recrutamento de soldados até o lançamento de mísseis, passando pelo planejamento de munições e de alimentos, o atendimento a feridos e outras atividades estratégicas. Ao final, ficou bem claro que possui informação, associada ao conhecimento científico e ao domínio de tecnologia, é ter poder.

Fonte: Gleuso Damasceno Duarte – Jornada Para o Nosso Tempo; Editora Lê.


 

terça-feira, 31 de maio de 2022

PRODUÇÕES CONTEMPORÂNEAS - EM PORTUGAL E NO BRASIL

 

As principais produções contemporâneas em Portugal e no Brasil.

Agustina Bessa-Luís é considerada pela crítica uma das grandes revelações da moderna Literatura Portuguesa. Ficou conhecida no meio literário a partir de sua vitória num concurso promovido por um importante editora portuguesa, seu livro foi escolhido por unanimidade entre mais de trinta outros concorrentes.

O livro A Sibila conta a história de três gerações da família Teixeira, com destaque para as figuras femininas da casa, em especial para Quina, uma mulher forte e decidida. A palavra sibila do título refere-se à Quina e significa, pessoa com inquietação espiritual, uma espécie de feiticeira.

Veja a imagem de José Saramago, outro importante autor português contemporâneo:

 

Nos últimos tempos, José Saramago é um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos para outras línguas, tanto que em 1999, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. Entre suas principais obras estão: O evangelho segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento.

O livro O evangelho segundo Jesus Cristo, provocou um grande escândalo na época em que foi publicado, dizem as más línguas que Saramago só não foi excomungado pela igreja católica porque era ateu. Nesse livro, Saramago reconta o evangelho de Jesus Cristo, sob um outro prisma, a narrativa é toda construída a partir de um processo de humanização da figura de Jesus Cristo, em detrimento de seu caráter divino.

O livro Memorial do Convento é uma narrativa histórica que investiga o período da Inquisição (séculos XVII e XVIII) em Portugal. De uma maneira geral, predominam na obra de Saramago os parágrafos longos e uma extrema preocupação vocabular.

Veja as principais Vanguardas da poesia modernista no Brasil:

VANGUARDAS MODERNISTAS

Concretismo

Poesia-Práxis

Poesia Social

Poesia Marginal

A poesia concreta, acreditando que o verso tradicional já estava ultrapassado, propôs uma poesia voltada para os aspectos materiais da palavra, ou seja, para seus recursos gráficos. Nessa concepção a palavra é tida como objeto, como coisa concreta.

Veja os três representantes dessa poesia:

 

Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.

Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos foram os idealizadores da poesia concretista. Suas ideias começaram a circulara a partir da revista Noigandres (palavra de origem provençal que significa “antídoto contra o tédio”). Mas essa poesia só foi lançada oficialmente em 1956, por ocasião da Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

O poema Beba Coca-Cola é um dos símbolos da poesia concretista:

O poema de Décio Pignatari transforma, a partir do jogo de palavras e significados, uma das mais conhecidas propagandas do mundo numa antipropaganda.

A poesia-práxis surgiu em consequência de alguns desentendimentos entre os concretistas. Alguns poetas abandonaram o grupo e voltaram-se para a força energética da palavra. Segundo eles, a palavra era capaz de gerar outras palavras e significados. Nessa concepção a palavra é tida como energia, como um corpo vivo. O  termo práxis vem do grego e significa ação.

Mário “Chami” foi o principal representante da poesia- práxis, veja um de seus textos:

Agiotagem

um

dois

três

o  juro: o prazo

o  pôr / o cento/ o mês/ o ágiop o r c e n t á g i o.

dez

cem mil

o  lucro: o dízimoo ágio/ a moral/ a monta em péssimo e m p r é s t i m o.

muito nada

tudo

a quebra: a sobra

a monta/ o pé/ o cento/ a quota h a j a  n o t a agiota.

                                                                 Mário Chamie

Os poetas que se dedicaram à poesia social, contrários aos exageros formais do concretismo, buscaram um retorno ao verso mais tradicional, à linguagem simples e às questões sociais da época.

Veja o poema Não há vagas, de Ferreira Gullar.

                        Não há vagas

O preço do feijão não cabe no poema. O preço

do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação do leite da carne do açúcar do pão.

O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos.

Como não cabe no poema o operário

que esmerila seu dia de aço e carvão

nas oficinas escuras - porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço

O poema, senhores, não fede nem cheira.

                         Ferreira Gullar

A poesia marginal recebe essa denominação porque não era publicada pelas grandes editoras, ou seja, estava à margem delas. Na maioria das vezes os próprios poetas produziam as cópias para serem distribuídas em locais públicos. Com o passar do tempo muitos dos chamados poetas marginais tiveram suas obras aceitas pelas mesmas editoras que no passado recusavam-nas.

Veja o poema O assassino era o escriba, de Paulo Leminski, um ex-marginal:

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era do tipo sujeito inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, regular com paradigma da 1ª conjugação.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial, ele não tinha dívidas: sempre achava um jeito assindético de nos torturar com um aposto.

Casou com a regência.

Foi infeliz.

Era possessivo como um pronome.

E ela era bitransitiva.

Tentou ir para os EUA.

Não deu.

Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas expletivas, conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.

Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski


MODERNISMO NO BRASIL – TERCEIRA FASE

 


A terceira fase do Modernismo brasileiro é conhecida como a fase da reflexão e da universalidade temáticaApós a deposição de Getúlio Vargas e o término da Segunda Guerra Mundial, a literatura brasileira entra numa fase a que muitos chamam de Pós-Modernismo.
Na poesia, autores da “geração de 45”, os neoparnasianos, rejeitam as propostas de 22. Concomitante a eles surge um poeta inclassificável: João Cabral de Melo Neto. A intensa produção de romances e contos marcam a prosa, que se orienta para o regionalismo, com Guimarães Rosa e, para a sondagem psicológica, com Clarice Lispector. As décadas 1960 a 1990 veem surgir uma prosa multifacetada.
Três escritores destacam-se pela pesquisa de linguagem na terceira fase do Modernismo: Guimarães Rosa e Clarice Lispector na prosa, e João Cabral de Melo Neto na poesia. No entanto, a “geração de 45”, representada por Péricles Eugênio da Silva Ramos, Ledo Ivo, Geir Campos, Mário Quintana, é neoparnasiana. Negando o ideário de 1922, esses poetas revalorizaram a rima, a métrica e usaram um vocabulário mais erudito, afastando-se do coloquialismo.
Em primeiro lugar, destaca-se o interesse na análise psicológica das personagens, levando a uma abordagem penetrante dos problemas gerados pela tensão existente entre os indivíduos e o contexto social em que vivem. Essa característica está presente nos romances e contos de Clarice Lispector, Osman Lins, Lygia Fagundes Telles, Nélida Pinon, Autran Dourado, Luiz Vilela e Raduan Nassar entre outros.* Essa abordagem, por vezes, realiza-se de forma direta, numa linguagem objetiva e forte, conduzindo o leitor ao âmago das misérias do quotidiano e aos mecanismos de opressão do mundo contemporâneo. É o que ocorre, em diferentes níveis, nas obras de Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, João Antônio, Antônio Callado, Ignácio de Loyola Brandão, Márcio Souza e outros.
Outro caminho trilhado é o chamado realismo fantástico, que expressa uma visão crítica das relações humanas e sociais por meio de narrativas que transfiguram a realidade, fazendo coexistir o lógico e o ilógico, o fantástico e o verossímil. Destacam-se, nessa linha, as obras de Murilo Rubião e José J. Veiga.
Por último, devemos fazer referência ao regionalismo, tendência que desde o Romantismo constitui fonte preciosa para a literatura brasileira. A intenção de representar a realidade do interior do país, com seus tipos humanos e problemas sociais, é comum a Herberto Sales, Mário Palmério, Bernardo Élis, José Cândido de Carvalho, Adonias Filho e, sobretudo, Guimarães Rosa, autor que constitui verdadeiro marco na história da prosa regionalista moderna pelo alto nível de elaboração estética que conseguiu atingir.

Veja os principais representantes dessa 3ª fase Modernista:

3ª Fase (1945 em diante) REFLEXÃO

Guimarães Rosa

Clarice Lispector

João Cabral de Melo Neto

Destacam-se nesse período: Guimarães Rosa, Clarice Lispector, na prosa e João Cabral de Melo Neto, na poesia.

A partir das novas contribuições da Linguística, da atração pelo místico e do introspectivo os autores dessa geração 45 instauraram novos caminhos na Literatura Brasileira. Nessa fase, o texto literário deixa de ser apenas a representação da realidade e adquiri um valor em si mesmo.

Veja a imagem do primeiro e grande representante da terceira geração modernista:

 


Guimarães Rosa foi um grande estudioso, principalmente de línguas. Alguns estudiosos de sua obra afirmam que ele aprendeu sozinho o russo e o alemão. Essa paixão por línguas se reflete em quase todos os seus textos. Ele faleceu três 
dias depois de ter tomado posse na Academia Brasileira de Letras.

Veja as principais características de sua obra:

REGIONALISMO

UNIVERSALISMO

CRIAÇÃO LINGÜÍSTICA

Assim como outros autores, Guimarães utiliza a relação do homem com a paisagem árida do sertão mineiro como matéria-prima de seus textos. Entretanto seu regionalismo apresenta um novo significado extrapola os limites da realidade brasileira, atingindo o plano universal. Como dizia o próprio autor, “o sertão é o mundo”. Tanto que podemos interpretá-lo de várias maneiras: como realidade geográfica, social, política e até mesmo numa dimensão metafísica. 
    Outra característica fundamental de Guimarães Rosa é o seu poder inovador, sua habilidade em trabalhar e inventar palavras. Seus textos são repletos de neologismos (neo= novo, logismo vem de logos que significa palavra), ou seja, neologismos são palavras novas. Dizem que Guimarães sempre andava com um caderninho no bolso anotando palavras e expressões características do falar do povo brasileiro e a partir delas criava outras tantas.

Veja alguns exemplos de seus famosos neologismos:

“desafogaréu” – “cigarrando” – “justinhamente”

“êssezinho”         “ossoso”           “retrovão”

“agarrante”       “bisbrisa”          “desfalar”

Outra característica é o seu poder de fusão dos gêneros literários. Guimarães Rosa não ficou preso a um único gênero. Segundo a crítica literária, ele e Clarice Lispector conseguiram desromancizar o romance, aproximando-o da poesia.

Veja o que o próprio autor diz sobre a sua obra:

        “Não, não sou romancista; sou um contista de contos críticos.

Meus romances e ciclos de romances são na realidade contos nos quais se unem a ficção poética e a realidade. Sei que daí pode facilmente nascer um filho ilegítimo, mas justamente o autor deve ter um aparelho de controle: sua cabeça. Escrevo, e creio que este é o meu aparelho de controle: o idioma português, tal como usamos no Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, extraio de muitos outros idiomas. Disso resultam meus livros, escritos em um idioma próprio, meu, e pode-se deduzir daí que não me submeto à tirania da gramática e dos dicionários dos outros. A gramática e a chamada filologia, ciência linguística, foram inventadas pelos inimigos da poesia”.

Guimarães Rosa

Veja a capa de Sagarana, seu primeiro livro:

Sagarana é um livro composto por nove contos escritos à moda das fábulas. Note que o próprio título do livro também é um neologismo criado pelo autor. A palavra saga, de origem germânica, significa um canto heroico, uma lenda, e rana, de origem indígena, significa à maneira de, à espécie de.

Veja o índice de Primeiras Estórias, outro importante livro desse autor:

                                                             

Esse índice ilustrativo, feito por Luís Jardim, foi ideia do próprio Guimarães. Cada sequência de desenho sintetiza o enredo das 21 estórias que formam o livro. Essas estórias foram retiradas de fatos corriqueiros, de situações fantásticas ou engraçadas, numa proximação com as estórias narradas pelos contadores de “causos” muito comuns no sertão mineiro.

Entre os principais contos de Primeiras Estórias, destacam-se: “A terceira margem do rio”, “O espelho” e “A menina de lá”.

Mas somente a partir de 1956, ano de publicação da sua obra-prima, que o autor alcança a notoriedade.

Veja a capa de Grande Sertão: Veredas:

Grande Sertão: Veredas foi traduzido para muitas línguas, sendo muito vendido em vários países. E é considerado a expressão máxima do regionalismo universalista de Literatura Brasileira.

O romance Grande Sertão: Veredas é construído a partir da narrativa de Riobaldo, um ex-jagunço, que questiona a existência do diabo. O narrador conta a história de sua vida, marcada por vinganças, disputas e mortes. O espaço físico é o sertão. Entre as personagens destacam-se o próprio Riobaldo e o valente Diadorin. Depois de muitas idas e vindas, no final da história Riobaldo descobre que na realidade Diadorin, por quem sempre nutriu um forte sentimento, era uma mulher.

Veja a imagem da representante feminina da terceira fase modernista:

Clarice Lispector aprofunda-se num caminho já percorrido por outros autores no início do movimento modernista, a literatura de caráter introspectivo e intimista. Clarice sempre foi muito mística e supersticiosa, tanto que em 1976, representou o Brasil num Congresso de Bruxaria, na Colômbia.

Clarice Lispector dedicou-se à prosa de sondagem psicológica, à análise das angústias e crises existenciais, ou seja, dedicou-se à análise do mundo interior de suas personagens. Clarice rompeu com a linearidade da estrutura do romance, seus textos baseiam-se no fluxo de consciência (na expressão direta dos estados mentais), na memória. Tempo, espaço, começo, meio e fim deixaram de ser importantes. Segundo a própria autora “o importante é a repercussão do fato no indivíduo” e não o fato em si. Outra característica de Clarice Lispector é o frequente uso do monólogo interior, técnica em que o narrador conversa consigo mesmo, como se estivesse divagando. Entre seus livros mais conhecidos estão: Perto do Coração Selvagem, Laços de Família e A Hora da Estrela, último livro publicado em vida.

Veja a imagem de João Cabral de Melo Neto, outra importante figura dessa geração:

Embora frequentemente estudado como um poeta da geração de 45, João Cabral de Melo Neto apresenta características bem diversas dos escritores dessa fase. Guiado pelo raciocínio lógico, voltou-se para a concretude, para a análise objetiva da realidade.

João Cabral de Melo apresentava uma grande preocupação com a construção formal de seus textos, procurando eliminar tudo o que fosse supérfluo. Caracterizou-se pela linguagem direta e precisa, contrária ao subjetivismo. Para ele os poemas não eram fruto de inspiração, mas de construção. Daí ser conhecido como o “engenheiro das palavras”.

João Cabral de Melo Neto conquistou notoriedade internacional graças ao longo poema Morte e Vida Severina – um auto de natal pernambucano, que em 1969, foi encenado por um grupo de jovens atores do TUCA, Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Morte e Vida Severina narra a história de um retirante pernambucano que deixa sua terra castiga pela seca e parte em busca de uma vida melhor, mas ao longo de suas andanças só encontra a fome, a miséria e a morte.

Veja alguns fragmentos da grande obra-prima desse autor:

                Morte e vida Severina

O retirante explica ao leitor quem é e a que vai.

_ O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias

                 (...)

Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença que é a morte Severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida)

             (...)

                    João Cabral de Melo Neto


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