Política e Sociedade
Uma sociedade politeísta
A autoridade dos governantes era restrita à cidade; muitas vezes, líderes políticos exerciam também o papel de chefes religiosos. Os sumérios eram politeístas, pois acreditavam na existência de mais de 3 mil deuses, e a religião tinha papel fundamental na sociedade.
Para eles, fenômenos naturais, como chuva, seca, enchentes, eram resultado de desejos das divindades. Cada cidade tinha seu deus protetor, e a ele eram erguidos templos, como os zigurates. Os templos eram a instituição mais valiosa da sociedade, centros de riqueza e de poder,e detinham grandes extensões de terra, usadas para a agricultura.
Cabia aos sacerdotes a administração desses templos, o que acabava lhes conferindo, com os governantes, grande influência e privilégios.
A sociedade era estratificada, tendo como categorias menos privilegiadas os camponeses e escravos. Também na Mesopotâmia os escravos eram prisioneiros de guerra e serviam à comunidade como um todo, não sendo propriedade particular.
Acima dos trabalhadores havia a camada composta por artesãos, comerciantes, militares e funcionários públicos. A aristocracia, grupo mais privilegiado da sociedade mesopotâmica, compunha-se dos sacerdotes e familiares do monarca.
Havia sempre uma classe privilegiada que dizia o que o resto das pessoas tinha de fazer. Na sociedade dos sumérios, os juízes eram os privilegiados. Na sociedade dos assírios, os militares ditavam as leis. Os caldeus obedeciam àquilo que os sacerdotes lhes impunham. Além da classe privilegiada, a sociedade dos povos da Mesopotâmia contava com uma corte de nobres, formada pelos descendentes das famílias mais antigas. A grande maioria de homens livres era composta de soldados e lavradores que eram obrigados a construir os canais e os diques quando não havia escravos disponíveis. Os escravos eram, quase sempre, prisioneiros de guerra.
Não podemos esquecer que os povos da Mesopotâmia foram as primeiras sociedades que adotaram um código de justiça: o Código de Hamurabi. Isso pôs fim à arbitrariedade dos juízes, pois os próprios juízes tinham de respeitar o código. O código também fixou as categorias sociais, ou seja, dizia se um homem pertencia à nobreza ou se era um escravo; também organizava a família e a riqueza.
Politicamente, a Mesopotâmia foi governada por monarquias teocráticas em que o poder estava concentrado nas mãos do soberano, tal como no Egito. O rei, os funcionários públicos, os sacerdotes e a nobreza formavam a elite política que controlava as melhores terras, a produção, subjugando e explorando a grande massa da população.
Os territórios que formavam o império podiam ser de dois tipos: existiam as províncias submetidas, ocupadas pelos conquistadores, e as províncias vassalas, isto é, províncias que mantinham seu próprio governo, mas tinham de pagar impostos em troca dessa liberdade vigiada. Além de pagar tributos em ouro e em soldados, as províncias vassalas podiam manter seus costumes; não eram obrigadas a falar a língua do dominador nem rezar pelos seus deuses.
Economia
As principais atividades econômicas eram a agricultura e o comércio. Os mesopotâmios desenvolveram também a tecelagem, fabricavam armas, joias e objetos de metal; mantinham escolas profissionais para o aprimoramento de fabricação de armas e cerâmicas.
O artesanato e o comércio tiveram um grande desenvolvimento, principalmente com a troca de produtos agrícolas e artesanais por matéria–prima com as regiões vizinhas, através das caravanas que iam da Arábia à Índia. E pelo mar através do Golfo Pérsico, com navios fenícios. Através disso, as cidades tornaram-se importantes polos comerciais.
A Mesopotâmia manteve sempre permanente contato com os povos vizinhos. Babilônia e Nínive eram ligadas entre si por canais e eram as duas cidades mais importantes. A navegação nos rios Tigre e Eufrates era feita em barcos.
Os comerciantes andavam em caravanas, levando seus produtos aos países vizinhos e às regiões mais distantes. Exportavam armas, tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes. Dessas terras traziam as matérias-primas que faltavam na Mesopotâmia, como o Marfim da Índia, o Cobre de Chipre e a madeira do Líbano.
A religião
Os povos da Mesopotâmia eram politeístas, acreditavam em muitos deuses. Cada cidade tinha o seu deus protetor, que se comunicava com os homens por meio dos astros e das estrelas, do vento, da chuva, dos raios e das tempestades.
Observe alguns exemplos desses deuses:
• Anu (deus do céu);• Ishtar (deusa do amor e da guerra);
• Enlil (deus do ar e do destino);
• Shamash (deus do Sol e da justiça);
• Ninmah (deusa da terra e da fertilidade);
• Enki (deus das águas, da sabedoria e das técnicas);
• Abu (deus da vegetação e das plantas).
Além desses deuses, os povos da Mesopotâmia acreditavam em espíritos do bem e do mal que lutavam para dominar o homem. Os magos e os feiticeiros eram os encarregados de agradar os deuses por meio de ritos.
Diversos povos da Mesopotâmia acreditavam também que, depois da morte, o espírito da pessoa ia para um mundo inferior, um lugar deprimente e terrível. Assim, não havia a crença em uma vida melhor após a morte. Por esse motivo, homens e mulheres queriam aproveitar ao máximo sua existência e, talvez por causa disso, a juventude era considerada a melhor fase da vida.
Os assírios e os caldeus acreditavam nas mensagens dos astros. Eles foram responsáveis pelo desenvolvimento da astrologia, que ainda hoje é muito popular.
Os mesopotâmicos adoravam diversas divindades e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal. Os deuses diferenciavam-se dos homens por serem mais fortes, todo-poderosos e imortais. Cada cidade tinha um deus próprio, e, quando uma alcançava predomínio político sobre as outras, seu deus também se tornava mais cultuado. No tempo de Hamurábi, por exemplo, o deus Marduc da Babilônia foi adorado por todo o império.
Os Sumérios consideravam como principal função a desempenhar na vida, o culto a seus deuses e quando interrompiam as orações, deixavam estatuetas de pedra que os representavam diante dos altares, para rezarem em seu nome.
Sacerdotes e templos
Os templos religiosos eram importantes na vida social da Mesopotâmia. Nesses locais, havia culto aos deuses, realização de rituais e recebimento de oferendas. Cada templo era considerado o “lar dos deuses”.
Cada cidade podia ter vários templos. Só na Babilônia, capital da antiga Suméria (no atual Iraque), havia cerca de cinquenta templos dedicados a diferentes deuses.
No templo, os sacerdotes e as sacerdotisas conduziam as cerimônias religiosas e administravam seus bens e negócios. Com as oferendas que recebiam dos fiéis, os sacerdotes acumulavam riquezas em forma de terras, rebanhos ou sementes, por exemplo.
Para controlar as atividades econômicas, os sacerdotes desenvolveram um sistema de escrita e numeração (como veremos mais adiante). Em razão do poder religioso e econômico, muitos sacerdotes tiveram forte influência política, sobretudo nas cidades sumérias.
Reis e palácios
Existem diferentes hipóteses para explicar a origem e o fortalecimento do poder dos reis nas cidades antigas da Mesopotâmia. Segundo uma delas, no início da vida urbana não existiam reis nem palácios. No entanto, conforme as cidades foram crescendo e acumulando riquezas, elas passaram a correr risco de invasões e saques.
Diante disso, a defesa das cidades tornou-se uma preocupação para seus habitantes, o que levou à organização de tropas e à escolha de um chefe permanente para comandá-las. Esse chefe seria transformado posteriormente no rei.
Nas sociedades da Mesopotâmia, o rei exercia funções políticas e militares. Tinha também liderança religiosa, pois era visto como um representante dos deuses e, por isso, tinha o poder de fazer valer as vontades divinas entre os humanos. A partir do II milênio a.C., o poder do rei passou a ser transmitido a seus parentes, dando origem às monarquias hereditárias.
Os reis e os funcionários do governo também dominaram boa parte das atividades econômicas. Controlavam, por exemplo, algumas oficinas de artesanato, onde eram produzidos objetos de metal, cerâmica, tecidos e mobiliário, entre outros bens. Com exceção da elite, ou seja, pessoas de posição social elevada, a maior parte da população vivia, de certo modo, em regime de servidão. Isso porque era obrigada a:
• trabalhar para o Estado na construção de edifícios (palácios, templos), muralhas, canais de irrigação, diques e celeiros;
• pagar impostos ao Estado, arrecadados em forma de alimentos, rebanhos e sementes.
A imposição dessas obrigações constitui o que alguns historiadores chamam de servidão coletiva. Essa servidão foi comum tanto na região mesopotâmica como no Egito antigo, onde o Estado exercia domínio sobre as terras. No entanto, os camponeses usufruíam da sua posse: eles produziam para seu sustento e o de suas famílias e eram obrigados a entregar parte da produção ao governo.
Aspectos Culturais
A Astronomia - Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos.
A Matemática - Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessidades do dia-a-dia levaram a um certo desenvolvimento da matemática. Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexagesimal (baseado no número 60). Eles conheciam os resultados das multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz cúbica e equações do segundo grau. Os matemáticos indicavam os passos a serem seguidos nessas operações, através da multiplicação dos exemplos. Jamais divulgaram as formulas dessas operações, o que tornaria as repetições dos exemplos desnecessárias. Também dividiram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas correspondentes às tábuas dos logaritmos atuais e inventaram medidas de comprimento, superfície e capacidade de peso.
Literatura - No campo literário, o destaque fica para duas obras sumerianas: o Mito da Criação, que resgata a origem do mundo através do mito de Marduk, e a Epopéia de Gilgamesh, que conta a lenda do Dilúvio.
Direito
Foi na região da Mesopotâmia que se criaram os primeiros códigos jurídicos escritos. Entre os códigos mais antigos, destaca-se aquele que foi instituído no governo de Hamurábi, rei da Babilônia.
Chamado de Código de Hamurábi, ali estavam reunidas normas sobre diversos assuntos da vida social: crimes (homicídios, lesões corporais, roubos), questões comerciais, divisão social, casamento e herança, entre outros.
Boa parte dessas normas foi estabelecida com base em costumes que já eram praticados entre os povos da Mesopotâmia. Mas, ao organizá-las em um código, Hamurábi reafirmava a importância do rei como aquele que impõe ordem à sociedade.
Princípio de talião
Em muitas sociedades antigas, o criminoso era punido com diversos tipos de revide, isto é, várias formas de vingança. Muitas vezes, esses revides se transformavam em violência sem fim entre grupos rivais.
O Código de Hamurábi instituiu um meio para limitar esses excessos. Era o princípio ou lei de talião, pelo qual a pena seria proporcional à ofensa cometida: “olho por olho, dente por dente”. Os artigos do Código de Hamurábi descrevem casos que serviam de modelos a serem aplicados em questões semelhantes.
Atualmente, as penas do Código de Hamurábi podem parecer brutais, segundo os valores predominantes na atualidade. No entanto, para a época, o princípio de talião foi considerado uma forma de expressão da justiça. Ao mal provocado pelo crime, retribuía-se com o mal previsto pela pena. No Código de Hamurábi também existia a possibilidade de a pena ser paga na forma de recompensa econômica (gado, armas, moedas).
Obras arquitetônicas
O edifício característico da arquitetura suméria é o zigurate, depois muito copiado pelos povos que se sucederam na região. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo.
Os assírios decoravam suas construções com baixos-relevos, já que não sabiam como fazer tintas para pintar. Também deixaram suas lendas e seus mitos escritos nos muros de seus templos.
Embora a roda do oleiro tivesse sido inventada nos tempos pré-históricos, foram os Sumérios que construíram os primeiros veículos de rodas. Desenvolvendo os conhecimentos adquiridos pelos Sumérios, os Babilônicos fizeram novas descobertas, como o Calendário e o relógio de Sol. Os Caldeus, sem dúvida, os mais capazes cientistas de toda a história mesopotâmica, tendo deixado importantes contribuições no campo da astronomia. Os mesopotâmios também conheciam pesos e medidas.
Podemos citar como legado dos povos Mesopotâmicos, vários elementos de nossa própria civilização, como: O ano de 12 meses e a semana de 07 dias; A divisão do dia em 24 horas; A crença nos horóscopos e os dozes signos do zodíaco; O habito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua; O círculo de 360 graus; O processo aritmético da multiplicação.
Estudo dos astros
Preocupados em entender os desejos divinos, os sacerdotes passaram a estudar océu, acumulando, assim, um volume muito grande de informações sobre os astros e osfenômenos celestes. Isso lhes permitiu elaborar um calendário com base nas mudanças de fase da Lua.
Ao estudar as estrelas, eles verificaram que os astros levavam cerca de 360 diaspara ocupar novamente a mesma posição no céu. Com base nisso, associaram o movimentodesses corpos celestes à circunferência e passaram a dividi-la em 360 partes iguais.
Em seguida, empregaram essa divisão para medir os ângulos das figuras geométricas. É por isso que hoje se diz que uma circunferência tem 360 graus.
Os sumérios também tinham um sistema de numeração que tomava como base o número 60. Assim, estabeleceram uma marcação do tempo na qual uma hora durava 60 minutos, e um minuto, 60 segundos. Exatamente como acontece hoje.
O estudo dos astros permitiu aos sumérios o desenvolvimento de um calendário formado por meses lunares de 28 dias. Assim, conseguiam prever com exatidão o melhor momento de semear e colher.
A ESCRITA CUNEIFORME
A necessidade de registrar estoques de alimentos, impostos recebidos, transações comerciais efetuadas e leis expedidas impulsionou os sumérios a desenvolver um dos mais antigos sistemas de escrita do mundo, inventado por volta de 4000 a.C. Eles escreviam na argila mole com o auxílio de pontas de vime. O traço deixado por essas pontas tem a forma de cunha, daí o nome de “escrita cuneiforme”. Com cilindros de barro, os mesopotâmicos faziam seus contratos, enquanto no Egito se usava o papiro.
De início, as anotações eram feitas com uma haste de bambu em placas de argila úmida, posteriormente postas para secar ao sol. Cerca de 500 anos depois, as hastes de bambu foram substituídas por estiletes com ponta em forma de cunha. Por isso, esse tipo de escrita ficou conhecido como cuneiforme.
Em um primeiro momento, a escrita suméria tinha como base símbolos que significavam palavras. Por exemplo: o desenho da cabeça de um boi queria dizer “boi”; uma tigela significava “comida” – essa escrita foi chamada de pictográfica. Os sumérios utilizavam cerca de 2 mil sinais, mas havia dificuldades para expressar ideias mais abstratas.
Pouco a pouco, foram introduzidas modificações, e os pictogramas passaram a representar sílabas ou sons. Isso permitiu que, por volta de 2500 a.C., o número de pictogramas se reduzisse a 600.
Escribas
Aprender a escrita cuneiforme era uma tarefa que exigia vários anos de rigorosos treinamentos. As aulas eram ministradas nas edubbas, escolas de escribas que funcionavam perto dos templos ou do palácio real.
Em geral, os escribas eram homens oriundos de famílias de posses e frequentavam as edubbas desde o início da juventude. A população em geral, contudo, era iletrada, prevalecendo entre eles a tradição oral.
A escrita cuneiforme se espalhou pela Mesopotâmia, chegando a outras localidades, como o Egito e a ilha hoje conhecida como Chipre.
Aquilo que é chamado patrimônio histórico material representa todos os objetos criados por povos ou grupos do passado e que resistiram à ação do tempo. Por meio deles é possível conhecer o modo de ser e de viver dos grupos humanos que os produziram.
Entre esses objetos estão ruínas de edifícios, sítios arqueológicos, obras de arte, monumentos,utensílios domésticos etc.
O Iraque tem um rico patrimônio histórico material herdado dos antigos povos mesopotâmicos:ruínas de cidades, zigurates, placas de argila com textos em escrita cuneiforme, esculturase muitos outros objetos.