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Mesopotâmia

A região pertencia ao chamado Crescente Fértil, situando-se entre os rios Tigre e Eufrates. A própria palavra mesopotâmia significa “região entre rios” e sua área é definida pela nascente dos rios, nas montanhas da Armênia, até a desembocadura, no Golfo Pérsico.

Trecho do rio Tigre atualmente

A mesopotâmia não possuía proteções naturais (como o Egito, por exemplo, que é cercado por desertos), fato que facilitava o acesso de vários povos à região. Este dado explica o caráter extremamente agitado de sua história política, caracterizado por sucessivas invasões, guerras, ascensão e declínio de diversos reinos e impérios.

Muitos povos dominaram a terra que fica entre os rios Tigre e Eufrates. Para estudar a história da Mesopotâmia, podemos imaginar um painel no qual as luzes acendem e apagam. Essas luzes são intermináveis guerras e conflitos entre povos com línguas e costumes diferentes. Apesar disso, a Mesopotâmia produziu uma das culturas mais antigas do mundo. Lá também surgiram os primeiros impérios do mundo antigo.

Nessa região é que se têm o registro das primeiras civilizações, por volta de 4000 a.C. Neste período começa a estruturar-se o Estado, o surgimento da escrita, o desenvolvimento da economia comercial e a utilização da roda, nos veículos. Além do desenvolvimento de um complexo sistema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos, evitando as inundações e garantindo o armazenamento de água para os períodos de seca. O desenvolvimento propiciou o crescimento nas cidades, algumas superando o número de 10 mil habitantes. As cidades também serviam de defesa militar, centralização do poder e controle das populações.

Localização e clima

A Mesopotâmia fica no extremo oeste da Ásia. Essa região é conhecida como o Oriente Médio, que é diferente do Extremo Oriente, onde ficam a China e o Japão. Os rios Tigre e Eufrates nascem nas altas montanhas da Armênia, percorrem a Mesopotâmia e desembocam, juntos, no golfo da Pérsia. Hoje, essa região é coberta de pântanos e deserto.  Antigamente, as enchentes dos rios formavam uma grande rede de canais e fertilizavam a área, tornando-a ideal para o cultivo de cereais e frutas, e para a criação de gado.

Na Antiguidade, a Mesopotâmia estava cercada de países pobres e desérticos: a Arábia ao sul, o Irã a leste, a Armênia ao norte e, ao oeste, o deserto da Síria. É por isso que todos os povos da Antiguidade quiseram ser donos daquela terra rica. É por isso, também, que a Mesopotâmia foi, durante muitos séculos, o campo de batalha entre os povos semitas e os ários.

Atualmente na região onde se instalaram os povos mesopotâmicos localizam-se dois países: Iraque e Kuwait. Mesopotâmia é o nome da planície que abrange a bacia dos rios Tigre e Eufrates. O principal interesse econômico dessa região é o petróleo.

Povos da Mesopotâmia

Ao longo dos séculos, a Mesopotâmia foi habitada por povos que guerrearam entre si em diferentes momentos. Entre eles, podemos citar os sumérios, os acádios, os amoritas (ou antigos babilônios), os assírios e os caldeus (ou novos babilônios). Esses povos tinham línguas e culturas diversas.

Sumerianos e Acadianos (3500-2000 a.C.)

Os primeiros habitantes da Mesopotâmia foram tribos elamitas. Não sabemos muito sobre os elamitas. Mas sabemos que, por volta do ano 3500 a.C., eles foram dominados pelos sumérios, que se fixaram na caldéia, sul da Mesopotâmia, onde fundaram diversas cidades-estados, como Ur, Uruk, Nipur e Lagash.  Cada cidade era governada por um rei sacerdote chamado de Patesi, que viviam constantemente em guerra entre si pela supremacia na região.

Primeiras cidades

Na Mesopotâmia, foram encontrados vestígios de cidades sumérias como Ur, Uruk, Nippur, Lagash e Eridu, que se desenvolveram por volta de 4000 a.C.

Nas cidades, havia trabalhadores especializados em ofícios diferentes dos das pessoas que viviam nas aldeias. Entre os trabalhadores urbanos estavam os artesãos, que, dominando ferramentas e técnicas próprias, se dedicavam à produção de vários bens. Como exemplos de artesãos, podemos mencionar ceramistas, construtores de carroças, carpinteiros, moedores de cereais (moleiros) e tecelões.

Além disso, as cidades se diferenciavam das aldeias por apresentarem uma população mais numerosa vivendo de maneira mais adensada. Nelas havia diversos tipos de construção, como casas, templos, ruas, pontes e palácios. Dessas construções, destacavam-se os templos e o palácio real, que eram centros de poder.

Ao redor de algumas cidades foram erguidas muralhas protetoras e torres de vigilância. A cidade suméria de Uruk, por exemplo, foi rodeada por uma muralha com aproximadamente 10 quilômetros de extensão.

Os sumérios criaram o modo de vida que foi adotado pelos outros povos que conquistaram sucessivamente a Mesopotâmia. Eles eram nômades da região do Cáucaso e se fixaram no sul da Mesopotâmia. O patesi era o representante dos deuses entre os homens, assim como o papa é o representante do deus dos católicos na terra.

Quando os sumérios chegaram ao sul da Mesopotâmia, começaram a drenar os pântanos e construíram diques e canais para aproveitar a água dos rios Tigre e Eufrates. Além disso, levaram a agricultura para a Mesopotâmia. Por causa disso, a região logo se transformou no “celeiro do mundo”.

Como não havia pedras na região, os sumérios começaram a usar tijolos de barro cozido pelo sol para fazer suas casas. Foi assim que os tijolos foram inventados.

Em pouco tempo, o crescimento das cidades e o aumento da produção de cereais trouxeram a escrita. Para poder armazenar o que sobrava, os governantes precisavam saber aquilo que cada cidade plantava e colhia. E precisavam contar quantas cabras havia no pasto.

Os sumérios inventaram um tipo de escrita que é chamado de cuneiforme. Como eles não tinham matéria-prima para fazer papel, nem papiros, escreviam sobre tábuas feitas de barro. A “caneta” era um pedaço de madeira que tinha o formato de uma cunha. É por isso que a escrita deles é chamada de cuneiforme.

Por volta de 2300 a.C., invasores acadianos conquistaram a região, e seu rei, Sargão I, chamado de “soberano dos quatro cantos da terra”. Tornou-se o primeiro governante a reinar sobre todo o sul da Mesopotâmia. Contudo, nova onda de invasões estrangeiras ocorreu na região, desestruturando o Império Acadiano e possibilitando a retomada da hegemonia política dos sumérios.

O domínio sumério sobre a área não foi, contudo, duradouro: novos invasores apareceram até que os amoritas lograram dominar toda a região conseguindo fundar o Primeiro Império Babilônico.

Aldeias agrícolas

Inicialmente, os povos que viviam na Mesopotâmia eram caçadores-coletores e produziam instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira. Aos poucos, alguns desses povos começaram a cultivar vegetais, a criar animais e a permanecer mais tempo nos lugares que ocupavam, formando aldeias sedentárias.

Entre os produtos agrícolas cultivados, podemos citar: cevada, trigo, linho, gergelim, tâmara, cebola e alho. Entre os animais domesticados, destacamos: ovelhas, cabras, porcos e bois.

Na Mesopotâmia, o desenvolvimento da agricultura e da criação de animais começou por volta de 8000 a.C. Para melhorar a produção agropastoril, por exemplo, os sumérios e os acádios aprenderam a controlar a ocorrência de inundações pela água dos rios, pois, na época das cheias, os rios transbordavam e suas águas podiam destruir as plantações. Para impedir que isso ocorresse, povos da região construíram muros e diques capazes de conter a água. Além disso, fizeram canais de irrigação que levavam a água até os terrenos mais secos.

A construção de muros, diques e canais de irrigação foi realizada primeiro pelos moradores das aldeias. Depois, parte dessas atividades passou a ser controlada por administradores de templos e palácios.

Organização das famílias

Nas aldeias da Mesopotâmia, os trabalhos relacionados à agricultura e à criação de animais eram realizados basicamente pelas famílias. De início, eram famílias alargadas, ou seja, formadas por avós, pais, filhos, tios, primos, netos, genros ou noras que viviam em um mesmo local. Mas essa forma de organização familiar modificou-se com o tempo.

No começo do II milênio a.C., há indícios de que essas famílias começaram a ser substituídas por famílias nucleares, formadas apenas por pais, filhos e poucas pessoas próximas.

As famílias alargadas e nucleares foram importantes na organização da vida social. Os líderes das famílias procuravam resolver conflitos internos nas aldeias e defendiam os interesses dos moradores diante das autoridades dos templos e palácios.

O Primeiro Império Babilônico (2000-1750 a.C)

Depois de séculos de lutas quase ininterruptas, a Mesopotâmia, no século XVIII a.C., conheceu enfim a unidade. O rei Hamurábi da Babilônia – capital do império e um dos principais centros urbanos e políticos da Antiguidade –, além de estender as fronteiras do império desde o Golfo Pérsico até a Assíria, conseguiu unificar as cidades da Mesopotâmia e iniciou a construção de uma imensa muralha em volta da cidade de Babilônia. Além disso, ele também elaborou o primeiro código completo de leis de se tem notícia.

O Código de Hamurábi foi o primeiro código social e político da Antiguidade e era composto por centenas de leis compiladas a partir do Direito sumeriano. Dentre elas, destacava-se a Lei de Talião, que preconizava que as punições fossem idênticas ao delito cometido. O código se baseava no princípio do “olho por olho, dente por dente”. Isto é: se uma pessoa matava a mãe de outra pessoa, esta pessoa tinha o direito de matar a mãe daquela pessoa. Isso pode parecer um pouco complicado à primeira vista - mas era assim que eles faziam justiça.

Grandes migrações indo-europeias (hititas e cassitas, especialmente) desorganizaram o Império Babilônico, do qual se originaram reinos menores, rivais e decadentes.

O Império Assírio (1300-612 a.C.)

Os assírios eram um povo que, ante de 2500 a.C. estabelecera-se no norte da Mesopotâmia, na região de Assur.

A guerra era a sua principal atividade: pilhavam as áreas conquistadas e massacravam sua população. Durante o reinado de Sargão II, os assírios conquistaram o reino de Israel e, no de Tiglatfalasar, tomaram a cidade da Babilônia. Também Senaqueribe e Assurbanipal são personagens importantes da história assíria: o primeiro por ter transferido a capital do império de Assur para Nínive e o segundo por ter conquistado o Egito e criado a Biblioteca de Nínive.

A morte de Assurbanipal (631 a.C) e a ocorrência de revoltas internas enfraqueceram o Império assírio. A destruição veio em 612 a.C., com Nabopolassar, o qual, comandando caldeus e medos, povos vizinhos, pôs fim ao Império Assírio e inaugurou o Segundo Império Babilônico.

O Segundo Império Babilônico (612-539 a.C.)    

Derrotados os assírios, a Babilônia volta a ser a capital da Mesopotâmia, agora sob domínio dos caldeus. Durante o reinado de Nabucodonosor (604-561 a.C.) o Império Babilônico conheceu o apogeu. Nesse Período, a palestina foi conquistada, o povo hebreu escravizado e transferido para a Babilônia. Nabucodonosor foi ainda responsável pela construção dos “jardins suspensos da Babilônia” considerados uma das sete maravilhas do mundo antigo.

O rei Nabucodonosor expandiu o império até o Egito. Os prisioneiros das guerras de conquista eram levados para Babilônia como escravos. Dentro da cidade, foram forçados a construir as muralhas e os magníficos Jardins Suspensos.

Jardins suspensos da babilônia atual Iraque

O sucessores de Nabucodonosor acharam que ninguém conseguiria entrar na cidade de Babilônia e começaram a relaxar a segurança. Conclusão: os persas, sob o comando do rei Ciro, dominaram a cidade de Babilônia. A Mesopotâmia tornou-se, então, mais uma província do vasto império persa.

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