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Egito Antigo

A civilização egípcia que teve início por volta de 4000 a.C., desenvolveu-se em uma faixa de terra no nordeste da África. Embora cercada por desertos, essa região apresentava fatores naturais que propiciaram a fixação do homem:

• água – o rio Nilo fornecia a água necessária à sobrevivência e ao plantio;

• solos férteis – as cheias periódicas do rio Nilo depositavam uma rica camada de húmus em suas margens, fertilizando o solo.

A história dos antigos egípcios está profundamente ligada ao Rio Nilo. Por volta de 8500 a.C., havia diversas pequenas comunidades instaladas às suas margens.
Todos os anos, o Nilo transbordava por causa das chuvas em sua nascente. Com a cheia, o húmus trazido pelo rio era depositado em suas margens. As pequenas comunidades aproveitavam a fertilidade do solo e plantavam principalmente cereais, linho e leguminosas. Por volta de 4000 a.C., os moradores desses pequenos vilarejos – chamados nomos – desenvolveram conhecimentos em engenharia e começaram a construir diques para estocar água. Dessa maneira, as comunidades podiam transportar a água para irrigar regiões mais distantes e armazená-la para períodos de seca.
O Egito era, assim, um verdadeiro oásis em meio ao deserto. Por isso, o historiador grego Heródoto afirmou: o Egito é uma dádiva do Nilo. Entretanto, somente os fatores naturais não são suficientes para explicar o desenvolvimento da civilização egípcia. Deve-se considerar a atuação humana através do trabalho, da criatividade e do planejamento. Para proteger vilas e casas das inundações, os egípcios construíram diques e barragens. Construíram diques e barragens. Construíram também canais de irrigação para levar a água do rio às regiões mais distantes. Assim, aliando esforço e criatividade, os egípcios aproveitaram os recursos naturais, fazendo surgir uma das mais antigas civilizações.
O rio fornecia aos egípcios água para beber e boas condições para as lavouras, além de peixes e aves aquáticas, usadas na alimentação. Em suas margens cresciam ainda diversas plantas, entre as quais, o papiro. 

A colheita do papiro

Com essa planta, os egípcios fabricavam uma espécie de papel, que por isso ficou conhecido também como papiro.   O Nilo era tão fundamental para a sobrevivência dos egípcios que, em sua homenagem, foram feitos muitos hinos e orações.

Evolução Política

A história egípcia costuma ser dividida em:

• Período pré-dinástico – desde a formação das primeiras comunidades até a fundação da primeira dinastia dos faraós.

• Período dinástico – abrange três fases principais: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Vejamos cada um desses períodos.

Período pré-dinástico (5000-3200 a. C.) 

Desde 5000 a. C., o Egito era habitado por povos que viviam em clãs, chamados nomos. Embora independentes uns dos outros, os nomos cooperavam entre si para solucionar problemas comuns, como a abertura de canais de irrigação, construção de diques etc. 

OS NOMARCAS

Com o crescimento dos nomos, o trabalho começou a ser dividido entre as pessoas. Assim, algumas passaram a cuidar da agricultura; outras, da construção de celeiros para estocar alimentos. Havia ainda os artesãos, os administradores de obras, entre outros trabalhadores.
As pessoas que conquistavam posições de destaque em suas comunidades acabavam assumindo cargos no poder local. O mais importante desses cargos era o de nomarca, uma espécie de governador.

Alguns nomarcas ampliaram seu poder para outros nomos ou regiões vizinhas. Eles eram respeitados principalmente por sua capacidade de garantir segurança e comida para a população dos nomos.

O ALTO EGITO E O BAIXO EGITO

Por volta de 3500 a.C., os diversos centros de poder do Nilo foram unificados em apenas dois reinos: o do Alto Egito (localizado nas regiões da nascente do Rio Nilo e de seu curso médio) e o do Baixo Egito (no delta do rio).
Essas relações evoluíram e levaram à formação de dois reinos: Reino do Baixo Egito, formado pelos nomos do norte; e Reino do Alto Egito, formado pelos nomos do sul. 
Por volta de 3200 a. C., Menés unificou os dois reinos, fundando, assim, a primeira dinastia dos faraós. O período pré-dinástico é, portanto, a época anterior a essa primeira dinastia. Seu líder foi coroado como faraó, uma mistura de rei e deus.
A unificação dos dois reinos pode ser considerada o marco inicial da civilização egípcia,que perdurou por mais de 3 mil anos e deixou um importante legado para a ciência moderna, em áreas como a Engenharia, a Astronomia, a Medicina, as Artes e em outros campos do conhecimento humano.

A coroa era um dos principais símbolos do faraó. Antes da unificação, o soberano do Alto Egito utilizava a coroa branca; a coroa vermelha era usada no Baixo Egito. Quando o Egito passou a ser governado por um único soberano, o faraó. A coroa tornou-se dupla: vermelha e branca. Simbolizando a união dos dois reinos. Ao comandar suas tropas na guerra, o faraó usava a coroa azul.

Período dinástico (3200-1085 a. C.)

Foi durante o período dinástico que se deu a construção das grandes pirâmides, o crescimento territorial e econômico do Egito e sua expansão militar. Vejamos as fases desse período.

ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. a 2300 a.C.)

Com a unificação promovida por Menés, a capital do Egito passou a ser a cidade de Tinis. Mais tarde, a capital foi transferida para a cidade de Mênfis, atual Cairo.

Entre 2700 a.C e 2600 a.C. foram construídas grandes pirâmides (templos funerários destinados ao faraó e sua família), na região de Gizé. Os faraós da quarta dinastia, Quéops, Quéfren e Miquerinos, foram os que mais se empenharam para a construção desses monumentos.              

                        

Por longo período do Antigo Império, o Egito conheceu a estabilidade política e social. Contudo, a partir do ano de 2300 a.C., o poder dos nomarcas cresceu a ponto de se sobrepor à supremacia do faraó, determinando uma descentralização política. Nesse momento aconteceram acirradas lutas entre os nomarcas e inúmeras revoltas sociais, o que gerou crise decorrentes da desorganização da produção.

MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. a 1750 a.C.)

Os faraós reconquistaram o poder. Príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império e estabeleceram em Tebas a nova Capital. A massa camponesa, através de revoltas sociais, conseguiu o atendimento de algumas reivindicações, como por exemplo, a concessão de terras, a diminuição dos impostos e o direito de ocupar cargos administrativos até então reservados às camadas privilegiadas.

Em cerca de 1800 a.C., entretanto, teve início uma onda de invasões estrangeiras: hebreus e, principalmente, hiosos estabeleceram seu domínio na região. Isso era resultado de uma série de revolta do povo e da nobreza egípcios, que tornou o império ingovernável e suscetível a invasões. Os hiosos, povos de origem asiática, possuíam superioridade Bélica sobre os egípcios, pois usavam carros de guerra, cavalos e armas de ferro, equipamentos desconhecidos no vale do Nilo.

A dominação dos hiosos despertou forte sentimento nacional e militarista entre os egípcios, os quais se uniram e, em 1580 a.C., sob o comando do faraó Amósis I, conseguiram expulsar os invasores. Assim, a unidade territorial foi restabelecida e Tebas retornou a posição de capital do Egito. Após a expulsão dos hiosos, os hebreus também invasores de origem asiática, foram dominados e escravizados. Por volta de 1250 a.C., porém, conseguiram deixar a região, sob o comando de Moisés, no chamado Êxodo.

NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. a 525 a.C.)

Este período assiste ao apogeu da civilização egípcia, quando as conquistas militares ampliaram muito as fronteiras do império. Entre os faraós que se destacaram no período, temos os conquistadores Tutmés III e Ramsés II, e o reformador religioso Amenófis IV.

Sob o governo de Tutmés III (1480-1448 a.C.), o império estendeu-se até o rio Eufrates, na Ásia, subjugando os sírios, os fenícios e outros povos.

Já o faraó Amenófis IV (1480-1448 a.C.) tentou anular o grande poder dos sacerdotes. Seu projeto era fazer uma ampla reforma religiosa, estabelecendo o culto monoteísta a Aton, o círculo solar, excluindo os demais deuses. Entretanto, os projetos de Amenófis não se concretizaram, pois esbarraram na resistência dos sacerdotes politeístas. Estes depuseram Amenófis IV e outorgaram a Tutankhamon o título de faraó, demonstrando a sua força no Estado egípcio. 

O prosseguimento das conquistas militares deu-se no governo do faraó Ramsés II, o qual reconquistou a Síria em 1299 a.C., entretanto vários povos asiáticos que estavam unidos contra o Egito. O poderio e o esplendor alcançados eram evidenciados não apenas pelas conquistas militares, como também pelas manifestações culturais, a exemplo da construção dos templos de Karnac e Luxor.

No final do Novo Império, o Egito voltou a ser invadido, desta vez pelos assírios, que, em 662 a.C., sob o comando de Assurbanipal, conquistaram a região. Os egípcios, porém, resistiram à dominação assíria e o faraó Psamético I (655-610 a.C.) obteve a libertação da nação, iniciando um intenso florescimento econômico e cultural. Em seguida sob o comando de Necao, o Egito viveu o seu último momento de esplendor imperial, intensificando o seu comércio com a Ásia, visando unir o rio Nilo ao Mar Vermelho. Nesse sentido, Necao financiou a expedição do navegador fenício, Hamon, o qual realizou uma viagem singular para aquela época: partiu do Mar Vermelho e, em três anos, contornou a costa africana, retornando ao Egito pelo Mar Mediterrâneo.

Depois de Necao, as lutas internas entre a nobreza, os burocratas, os militares e os sacerdotes, somadas as rebeliões camponesas, determinaram o enfraquecimento do império.

O Egito e outros povos africanos

Os egípcios estabeleceram diversas relações com outros povos africanos, especialmente com as sociedades que se organizaram na região da Núbia. Esse território estava ao sul do Egito e podia ser alcançado por meio de rotas fluviais que seguiam o curso do Rio Nilo.

No comércio com a Núbia, os egípcios vendiam alimentos e ferramentas e obtinham riquezas como ouro, joias, penas, marfim, peles de animais e outras mercadorias valiosas. Parte desses produtos tinha origem na África Central e chegava ao Egito por meio de rotas terrestres que interligavam a Núbia a outras regiões do continente africano.

Além do comércio, egípcios e núbios travaram guerras e conflitos, disputando territórios ao longo do tempo.

Decadência do Egito

Depois do século XII a. C., o Egito foi sucessivamente invadido por diferentes povos. Em 670., os assírios conquistaram o Egito, dominando-os por oito anos.

Após se libertar dos assírios, o Egito iniciou uma fase de recuperação econômica e brilho cultural, conhecida como renascença saíta por ter sido impulsionada pelos soberanos da cidade de Sais.

Contudo, a prosperidade durou pouco. Em 525 a. C., os persas conquistaram o Egito. Quase dois séculos depois, os macedônios, comandados por Alexandre Magno, derrotaram os persas. Finalmente, em 30 a. C., o Egito foi dominado pelos romanos. 

Economia 

Na economia egípcia predominou o modo de produção asiático. O Estado, representado pelo faraó, controlava as atividades econômicas. Era dono da terra e comandava o trabalho agrícola. Administrava as pedreiras, as minas e a construção de canais, diques, templos, pirâmides, estradas, além de controlar o comércio exterior.

Assim, não havia no Egito pessoas atuando fora do controle do Estado. A maior parte delas vivia num regime de servidão coletiva, obrigada a sustentar o faraó e a elite dominante, pagando tributos em forma de bens ou de trabalho.

Entre as principais atividades econômicas desenvolvidas no Egito, citam-se: 

• agricultura – cultivo de trigo, cevada, linho e papiro;

• criação de animais – a criação de bois, asnos, carneiros, cabras, porcos e aves. A partir das invasões dos hiosos, começaram a criar cavalos;

• comércio exterior – importação e exportação de diversos produtos sob o controle do Estado, que enviava expedições para Creta, Fenícia, Palestina. Exportavam-se trigo, linho, cerâmicas; importavam-se marfim, perfumes, peles de animais.

Sociedade

A sociedade egípcia era estratificada, portanto, a hierarquia definia o papel que cada indivíduo desempenhava. Essa hierarquia pode ser representada em forma de pirâmide, e quanto mais perto do topo o sujeito estiver, maior sua importância social. Cada camada com suas funções bem definidas. Nessa sociedade, a mulher tinha grande prestígio e autoridade.

- O Faraó – No topo da pirâmide vem o faraó, com poderes ilimitados. Isso porque ele era visto como pessoa sagrada, divina, e aceito como filho de deus ou como o próprio deus. É o que se chama de governo teocrático, isto é, governo em nome de deus. O faraó era um rei todo-poderoso, proprietário do país inteiro. Os campos, os desertos, as minas, os rios, os canais, os homens, as mulheres, o gado e todos os animais - tudo lhe pertencia. Ele era ao mesmo tempo rei, juiz, sacerdote, tesoureiro, general. Era ele que decidia e dirigia tudo, mas, não podendo estar em todos os lugares, distribuía encargos para centenas de funcionários que o auxiliavam na administração do Egito. A sagrada figura do faraó era elemento básico para a unidade de todo o Egito. O povo via no faraó a sua própria sobrevivência e a esperança de sua felicidade.

- Os Sacerdotes – Os sacerdotes tinham enorme prestígio e poder, tanto espiritual como material, pois administravam as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos. Eram também sábios do Egito, guardadores dos segredos das ciências e dos mistérios religiosos relacionados com seus inúmeros deuses.

- A Nobreza – A nobreza era formada por parentes do faraó, altos funcionários e ricos senhores de terras

- Os Escribas - Os escribas, provenientes das famílias ricas e poderosas, aprendiam a ler e a escrever e se dedicavam a registrar, documentar e contabilizar documentos e atividades da vida do Egito.

- Os Artesãos e Comerciantes – Os artesãos trabalhavam especialmente para os reis, para a nobreza e para os templos. Faziam belas peças de adorno, utensílios, estatuetas, máscaras funerárias. Trabalhavam muito bem com madeira, cobre, bronze, ferro, ouro e marfim. Já os comerciantes se dedicavam ao comércio em nome dos reis e nobres ou em nome próprio, comprando, vendendo ou trocando produtos com outros povos, como cretenses, fenícios, povos da Somália, da Síria, da Núbia, etc. O comércio forçou a construção de grandes barcos cargueiros.

- Os Camponeses – Os camponeses formavam a maior parte da população. Os trabalhos dos campos eram organizados e controlados pelos funcionários do faraó, pois todas as terras eram do governo. As cheias do Nilo, os trabalhos de irrigação, semeadura, colheita, armazenamento dos grãos obrigavam os camponeses a trabalhos pesados e mal remunerados. O pagamento geralmente era feito com uma pequena parte dos produtos colhidos e apenas o suficiente para sobreviverem. Viviam em cabanas humildes e vestiam-se de maneira muito simples. Os camponeses prestavam serviços também nas terras dos nobres e nos templos. O Egito era essencialmente agrícola, pois não sobrava terra e vegetação suficiente para criar muitos rebanhos. À custa da pobreza dos camponeses eram cultivados: cevada, trigo, lentilhas, árvores frutíferas e videiras. Faziam pão, cerveja e vinho. O Nilo oferecia peixes em abundância.

- Os Escravos – Os escravos eram, na maioria, capturados entre os vencidos nas guerras. Foram duramente forçados ao trabalho nas grandes construções, como as pirâmides, por exemplo.

Cultura

A cultura egípcia era profundamente influenciada pela religião; sobretudo a arte e a arquitetura. Contudo, os egípcios, buscando soluções para problemas práticos, também nos deixaram um vasto legado científico.

Religião

Os egípcios eram politeístas e adoravam seus em cerimônias patrocinadas pelo Estado (culto oficial) ou realizadas espontaneamente pelo povo (culto popular).

No culto oficial, destacava-se o deus Amon-Rá, fusão de Rá (deus do Sol e criador do mundo) e Amon (deus protetor de Tebas). No culto popular, devotavam-se sobretudo a Osíris (deus da vegetação, das forças da natureza e dos mortos), Ísis (deusa esposa e irmã de Osíris) e Hórus (deus do céu, filho de Ísis e Osíris).

Desde tempos remotos, eles prestavam culto ao Sol, considerado uma poderosa força de vida, assim como o Nilo. Além do Sol, os egípcios adoravam outros deuses e deusas, muitas vezes representados como animais ou seres com corpo humano e cabeça de animal.

Anúbis, deus dos mortos, por exemplo, era representado como um homem com cabeça de chacal (ou até mesmo somente como um chacal); o deus Hórus, que personificava a monarquia, era representado como um homem com cabeça de falcão, ou como um falcão, simplesmente. Muitas vezes, Hórus era representado apenas por seus olhos.

Cada cidade egípcia adorava seu próprio deus. Os templos erguidos em homenagem a esses deuses contavam com grande número de sacerdotes e sacerdotisas. Cabia a eles organizar tarefas como cuidar das divindades, oferecer-lhes comida, organizar festividades em sua honra e escrever ou copiar os textos sagrados.

Trechos do Livro dos Mortos

Acreditando na ressurreição da alma, os egípcios preservavam o corpo dos mortos por meio da mumificação. Os egípcios acreditavam que, para a vida continuar existindo, após o falecimento era preciso preservar o corpo dos mortos, pois somente assim a alma poderia renascer. Nos sarcófagos, junto das múmias, guardavam alimentos, roupas, joias e um exemplar do Livro dos mortos, coleção de textos religiosos para serem recitados no tribunal de Osíris.

O Livro dos mortos dos antigos egípcios não era exatamente um livro, mas um conjunto de orações e magias. Seu conteúdo variava com o passar do tempo, mas sempre manteve certos ensinamentos para garantir a ressurreição do morto e ajudá-lo em sua viagem no além-túmulo. Trechos desses ensinamentos eram pintados com uma série de ilustrações nas paredes das tumbas e nos sarcófagos dos faraós.

Mumificação

Os egípcios antigos acreditavam na vida após a morte no reino de Osíris. Lá, os mortos seriam julgados e, se fossem absolvidos, poderiam retornar a seus próprios corpos. Por isso, havia uma preocupação em conservar o corpo após a morte, o que contribuiu para o desenvolvimento de técnicas de mumificação.

A mumificação era um processo que visava preservar o corpo da pessoa que havia morrido. Para isso, retiravam-se partes internas do organismo, desidratava-se o corpo e nele eram introduzidas substâncias químicas que evitavam a decomposição.

Havia vários tipos de mumificação. Alguns eram mais simples e baratos, outros mais caros e duradouros. A escolha do tipo de mumificação dependia das possibilidades de cada família para pagar o artesão que fazia esse trabalho.

Ao realizar mumificações, os egípcios desenvolveram também estudos sobre o corpo humano que resultaram em conhecimentos médicos, como a criação de fórmulas químicas para diminuir a dor (analgésicos), tratamento dos dentes e técnicas cirúrgicas.

Deuses e templos

Geralmente, cada cidade tinha um deus principal que era cultuado em um templo. Entre os templos mais conhecidos, estão os de Luxor e de Karnak, próximos a Tebas, antiga capital egípcia.

O templo de Karnak era dedicado à principal divindade egípcia: Amon-Rá, o deus Sol, cultuado em todo o Egito, a quem eram oferecidas as conquistas militares. Para a maioria da população, também era importante o culto a Osíris (deus dos mortos e da ressurreição), a Ísis (deusa da vida, esposa e irmã de Osíris) e a Hórus (deus do céu e dos faraós, filho de Ísis e Osíris).

Os antigos egípcios prestavam homenagens aos deuses e dedicavam-lhes tributos ou oferendas. Acreditando que os deuses tinham desejos parecidos com os dos humanos, os egípcios ofereciam-lhes presentes como bebidas, comidas e festas.

Escrita egípcia

No Egito desenvolveram-se três tipos de escrita: a hieroglífica (sagrada), hierática (para documentos) e a demótica (popular). 

A escrita egípcia é, junto com a dos sumérios, uma das mais antigas do mundo, e ambas utilizavam sinais pictográficos. Os sinais egípcios ficaram conhecidos como hieróglifos (escrita sagrada), por isso é chamada escrita hieroglífica. A escrita hieroglífica é a mais antiga e tinha um uso restrito, sendo encontrada principalmente em templos e túmulos.

Os hieróglifos foram inventados na época da unificação do Alto e do Baixo Egito, por volta de 3200 a.C. Eram inicialmente escavados ou pintados em pedra, nas paredes de monumentos e em templos religiosos. Posteriormente, por volta de 3000 a.C., os egípcios desenvolveram o papiro, uma espécie de papel feito de uma planta de mesmo nome encontrada nos pântanos da região. Para escrever nos papiros, os egípcios utilizavam pincéis de junco e tintas de cores preta e vermelha.

Para registros do cotidiano, negócios e questões administrativas, foi desenvolvida uma escrita mais simples, conhecida como hierática, que vigorou por mais de 2 mil anos. A hierática, uma variação da hieroglífica, aparece em textos sagrados, administrativos e literários. E a demótica, a mais recente e popular, era empregada sobretudo para tratar das questões comerciais e cotidianas. Nesse tipo de escrita, os sinais passaram a representar os sons das palavras.

O domínio da escrita era um conhecimento hereditário, ou seja, passado de uma geração para a outra, e estava restrito a um grupo pequeno de pessoas, formado pelos membros da família do faraó, sacerdotes e escribas. Cabia aos escribas controlar tudo o que era produzido no Egito, cuidar dos projetos de construção de obras públicas – como diques, canais de irrigação, palácios e templos –, administrar a mão de obra e fazer os cálculos dos impostos que os pastores e agricultores deveriam pagar. A população em geral, por sua vez, fazia uso da oralidade para transmitir de uma geração a outra suas histórias, seus mitos e suas crenças, mantendo viva, dessa maneira, a tradição oral do povo egípcio.

A decifração destas escritas coube ao francês Champollion, que utilizou uma pedra encontrada na região de Roseta, por um soldado de Napoleão Bonaparte, em 1799. a partir daí, iniciaram-se estudos cada vez mais aprofundados sobre o Egito Antigo, inaugurando-se a Egiptologia. O registro escrito egípcio era feito em pedra, madeira ou papiro.

Artes         

A principal arte desenvolvida no Egito Antigo foi a arquitetura. Marcada pela religiosidade, arquitetura voltou-se para a construção de belos e grandes templos, como os templos de Karnac, Luxor e Abu-Simbel, e de gigantescas pirâmides como as de Quéops, Quéfren e Miquerinos. Para confundir possíveis salteadores, o interior das pirâmides era um verdadeiro labirinto, e o sarcófago do faraó ficava em uma câmara secreta.

As construções religiosas eram decoradas com estátuas e pinturas, que representam cenas do cotidiano. Os sarcófagos (túmulo em que os antigos colocavam os cadáveres que não eram cremados) eram feitos de madeira ou pedra e possuíam a feição dos mortos, para facilitar o trabalho de reconhecimento da alma em seu possível retorno após a morte.

A escultura atingiu o auge com a construção de monumentos de grandes estátuas de faraós.  

As pinturas e as esculturas eram geralmente acompanhadas de inscrições hieroglíficas que explicavam as cenas ou figuras ali representadas.

A escultura e a pintura egípcia eram diretamente influenciadas pela religião. A maior parte das estatuetas e das pinturas servia para decorar túmulos e templos. Tanto na pintura quanto na escultura, as figuras humanas eram representadas numa posição rígida e respeitosa, geralmente com a cabeça e as pernas de perfil e o tronco de frente (postura hierática). Esse tipo de representação constitui uma característica geral da arte egípcia, embora haja exceções.

Pirâmides

A crença na vida após a morte também esteve relacionada com a construção de sofisticadas tumbas, o que exigiu conhecimentos avançados de matemática e engenharia. As tumbas egípcias mais conhecidas são as pirâmides.

Na região de Gizé (próxima ao Cairo, a atual capital egípcia), estão localizadas as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior delas é a de Quéops, com cerca de 150 metros de altura, o que corresponde a um prédio de mais ou menos 50 andares. A menor é a de Miquerinos.

Para a construção dessas pirâmides, foram utilizados blocos de pedra resistentes, como o granito ou o basalto. Calcula-se que na pirâmide de Quéops tenham sido utilizados mais de dois milhões de blocos de pedra.

À frente dessas três pirâmides, foi construída a Esfinge de Gizé. Trata-se de uma enorme escultura que tem por volta de 20 metros de altura e representa uma cabeça humana em corpo de leão. 

Acreditava-se que ela era a guardiã das pirâmides. A parte interna das pirâmides, onde ficavam os túmulos, podia ser decorada com expressões artísticas que retratavam cenas da história do morto ou as características pelas quais ele queria ser lembrado.

Ciências

Os egípcios desenvolveram o saber científico visando resolver problemas práticos e concretos. 

• Química – a manipulação de substâncias químicas surgiu no Egito e deu origem à fabricação de diversos remédios e composições. A própria palavra química vem do egípcio kemi, que significa “terra negra”.

• Matemática – as transações comerciais e administração dos bens públicos exigiam a padronização de pesos e medidas, isto é, um sistema de notação numérica e de contagem. Desenvolveu-se, assim, a Matemática, incluindo a Álgebra e a Geometria.

• Astronomia – para a navegação e as atividades agrícolas, os egípcios orientavam-se pelas estrelas. Fizeram, então, mapas do céu, enumerando e agrupando as estrelas em constelações.

• Medicina – a prática da mumificação contribuiu para o corpo humano. Alguns médicos acabaram se especializando em diferentes partes do corpo, com os olhos, cabeça, dentes, ventre.

  Mulheres no Egito antigo

As mulheres desempenhavam importantes papéis sociais e políticos no Egito antigo. O sistema jurídico garantia igualdade entre homem e mulher.

Assim, houve mulheres faraós, sacerdotisas, funcionárias do governo, artesãs e camponesas. É certo que a maioria dos faraós egípcios foram homens, mas algumas mulheres também governaram com esse título.

Uma delas foi Hatshepsut, que reinou durante cerca de duas décadas no século XV a.C. Sob o governo dela, foram construídas e restauradas edificações em várias partes do Egito. Seu reinado foi considerado pacífico e próspero. Além de Hatshepsut, outra faraó muito conhecida foi Cleópatra, que governou entre 51 a.C. e 30 a.C., época em que o Egito foi dominado pelos romanos.

 

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