domingo, 24 de setembro de 2023

A cultura grega

Os gregos acreditavam que a verdadeira sabedoria pertencia aos deuses, mas que o ser humano poderia – e devia – procurar e amar essa sabedoria. Ao fazer isso, tornava-se um filósofo.

A procura pela sabedoria é, talvez, o principal legado dos gregos à nossa cultura.

Perguntar, pensar, questionar, inquirir, organizar o conhecimento. Desejar saber como são os animais, as plantas, as doenças, os fenômenos da natureza, o comportamento das pessoas. Nesse desejo dos gregos em desvendar o ser humano e o mundo está a origem de grande parte de nosso conhecimento atual. Sem a filosofia dos gregos talvez não existissem a história, a medicina, a matemática, a física, a química.

Isso seria o suficiente para destacar a importância dos gregos para a nossa cultura. Mas deles herdamos ainda o teatro e os jogos olímpicos.

A Religião Grega

A religião grega caracterizou-se pelo politeísmo antropomórfico, ou seja, os gregos acreditavam em vários deuses que se assemelhavam aos homens, tendo as mesmas fraquezas, paixões e virtudes do gênero humano. O que distinguia os deuses dos homens era a imortalidade, que se devia ao alimento do qual se nutriam – a ambrosia.

Muitos deuses habitavam o Monte Olimpo, de onde comandavam os destinos humanos. A população grega possuía uma série de mitos – lendas e histórias – a respeito de seus deuses e heróis. Os principais personagens da mitologia grega, além dos deuses, são Hércules, famoso por sua força extraordinária, e Teseu, que livrou a Grécia da opressão do Minotauro.

As principais divindades eram: Zeus, senhor de todos os deuses; Hera, esposa de Zeus, protetora das mulheres e do casamento; Atena, filha de Zeus, deusa da razão e da sabedoria, protetora da cidade de Atenas, em cuja homenagem foi construído o Partenon, na época de Péricles; Apolo, deus da luz e das artes; Afrodite, deusa do amor; Hermes, mensageiro dos deuses e deus do comércio; Dionísio, deus do vinho; Posseidon, deus das águas; Hades, senhor dos infernos.

Os deuses que habitavam o Olimpo formavam uma família, e, em sua honra, a cada 4 anos, os gregos celebravam os jogos olímpicos, dos quais participavam atletas de toda a Grécia. Festas e sacrifícios também eram realizados em favor dos deuses. Nos oráculos, os deuses revelavam aos homens suas vontades, por intermédio de uma sacerdotisa. O mais conhecido localizava-se em delfos e era dedicado ao deus Apolo.

As artes na Grécia Antiga

A cultura grega é célebre pela riqueza de sua arte. Várias formas de expressão artística desenvolveram-se, especialmente na época de Péricles.

O teatro foi uma das áreas artística que mais se destacou. As tragédias e as comédias atestam a genialidade da cultura grega.

O teatro nasceu durante as festividades em honra do deus Dionísio, as chamadas dionisíacas. Durante esse evento, realizava-se o comos, que em grego significa “procissão alegre” e o trags, que quer dizer “canto”. O comos deu origem a comédia, enquanto o trags é a matriz da tragédia.

O teatro era ao ar livre e os atores usavam máscaras. Somente aos homens era permitido participar das representações, nas quais eram discutidos os problemas eternos do ser humano, como o destino, as paixões e a justiça, e também satirizados os comportamentos humanos, os costumes, a própria sociedade. Entre os teatrólogos gregos, os que mais se destacaram foram:

• Ésquilo, considerado o “pai da tragédia”, autor de Prometeu acorrentado, Os persas e Os sete contra Tebas;

• Sófocles, respeitado como o mais importante teatrólogo; escreveu Édipo rei, Electra e Antígona, entre outras;

• Eurípedes, autor de Medéia, As troianas e As bacantes;

• Aristófanes, satírico autor de As nuvens, As rãs e As vespas.

A efervescência cultural grega, ligada ao desenvolvimento econômico, às guerras e ao avanço político com a democracia, exigiu dos gregos um entendimento mais apurado do seu passado, originando a pesquisa histórica e um trato mais criterioso com os acontecimentos passados.

Aparecem assim, os primeiros historiadores empenhados, especialmente, em atender a realidade grega, seus problemas e possíveis desdobramentos. Heródoto, “o pai da História, descreveu com pormenores as Guerras Médicas, encarando-as como desígnios de Zeus. Já Tucídides, autor de A guerra do Peloponeso, buscou esclarecer os fatores políticos que determinavam os acontecimentos históricos.

Também a literatura celebrizou os gregos. A poesia épica foi o gênero mais significativo dessa literatura, com destaque para Ilíada e Odisseia, cuja autoria é atribuída a Homero, e Teogonia e Os trabalhos e os dias, de Hesíodo. Na poesia lírica destacou-se Píndaro, com suas Odes à vitória.

Arquitetura, escultura e pintura

A principal inspiração dos artistas gregos eram os deuses e os heróis. Em homenagem a eles, foram construídos templos em todo o mundo grego.


A arquitetura da Grécia Antiga destacou-se por três estilos principais: o dórico, caracterizado pela sobriedade das linhas e pela solidez das construções; o jônico, um estilo elegante e leve; e o corinto, caracterizado por um capitel ornamentado em forma de folhas.

O mais notável conjunto arquitetônico era o da Acrópole de Atenas, templo da deusa Atena, construído no período Arcaico. No século V a.C., com Péricles a arquitetura ateniense alcançou grande destaque. Dessa época, destaca-se o Partenon.

Na escultura além da temática religiosa, os gregos inspiraram-se em temas rurais, nos sentimentos humanos, em cenas desportivas e em muitos aspectos da vida diária. Os escultores que mais se destacaram foram Fídias e Miron.

Em muitos objetos de cerâmica, como pratos e vasos, eram feitas pinturas representando cenas mitológicas e costumes gregos.

A cultura helenística 

A cultura helenística caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista, exprimindo violência e dor, componentes constantes dos novos tempos de guerras. Na arquitetura predominavam o luxo e a grandiosidade, reflexo da imponência do Império Macedônio. Na escultura, turbulência e agitação eram traços significativos.

Nas ciências, vale destacar o avanço na matemática com Euclides, criador da geometria, da física com Arquimedes de Siracusa, da geografia com Erastóstenes da astronomia com Aristarco, Hiparco e Ptolomeu, este último defensor do geocentrismo, teoria que seria aceita universalmente até o início dos Tempos Modernos (séculos XV-XVI).

O helenismo originou ainda novas correntes filosóficas, tais como:

• Estoicismo, fundada por Zenão, defendia a felicidade como equilíbrio interior, o qual oferecia ao homem a possibilidade de aceitar, com serenidade, a dor e o prazer, a ventura e o infortúnio;

• Epicurismo, fundada por Epicuro de Atenas, pregava a obtenção do prazer, a base da felicidade humana, e defendia o alheamento dos aspectos negativos da vida;

• Ceticismo, fundada por Pirro, caracterizava-se, essencialmente, pelo negativismo e defendia que a felicidade consiste em não julgar coisa alguma.

O helenismo acrescentou à cultura grega o despotismo, segundo o qual a autoridade do governante era inquestionável.

A divisão do Império Macedônio e as lutas internas resultaram no enfraquecimento político, o que possibilitou a conquista romana, concretizada durante os séculos II a.C. e I a.C. Entretanto, mesmo conquistando a Grécia, Roma teve de se curvar ao esplendor da civilização grega, assimilando muitos de seus valores culturais.

A vida na Grécia Antiga

 Educação na Grécia

As meninas não recebiam qualquer educação formal, mas aprendiam os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com as mães. Principal objetivo da educação grega era preparar o menino para ser um bom cidadão. Os gregos antigos não contavam com uma educação técnica para preparar os estudantes para uma profissão ou negócio.

Em Esparta a educação era organizada em modos militares e dava-se ênfase à educação física. Os meninos viviam em casernas dos 7 anos 30 anos e sua educação incluía intermináveis exercícios de ginástica e atletismo. Os professores surravam os alunos, às vezes, seriamente, a fim de reforçar a disciplina. Os espartanos alcançavam a maturidade em ótimas condições físicas, mas em geral eram ignorantes; somente alguns sabiam ler e escrever.

A educação em Atenas contrastava acentuadamente com àquela que era adotada em Esparta. Eles acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores aptidões individuais. O governo não controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos 6 anos e ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmética, literatura, música escrita e educação física; além disso, decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias de festas religiosas. O governo recrutava para treinamento militar durante 24 meses, todos os jovens quando atingiam a idade de 18 anos.

A Religião Grega

Os gregos adoravam vários deuses, e os representavam sob a forma humana. Portanto, sua religião era politeísta e antropomórfica. Os deuses habitavam o monte Olimpo. Veja alguns dos principais:

Zeus - Deus do céu e Senhor do Olimpo;

Héstia - Deusa do lar;

Hades - Deus do mundo subterrâneo (inferno);

Deméter - Deusa da agricultura;

Hera - Deusa do casamento;

Posêidon - Deus dos mares;

Ares - Deus da guerra;

Atena - Deusa da inteligência e da sabedoria;

Afrodite - Deusa do amor e da beleza;

Dionísio - Deus do vinho, do prazer e da aventura;

Apolo - Deus do Sol, das artes e da razão;

Hefestos - Deus do fogo;

Hermes - Deus do comércio e das comunicações. 

Praticavam ainda, os gregos, o culto dos heróis, eram seres mitológicos considerados pelos gregos, como seus antecessores, fundadores de suas cidades, às quais davam proteção: Teseu, Épido, Perseu, Belerofonte e Hércules.

O culto aos deuses era tão desenvolvido entre os gregos, que chegaram a erigir soberbos templos as suas divindades, nos quais realizavam suas orações. Consideravam que os oráculos eram meios utilizados pelos deuses para se comunicarem com eles.

Diversos jogos periódicos eram promovidos pelos gregos em homenagem aos deuses, como os Jogos Olímpicos, dedicados a Zeus, na cidade Olímpia. Os Jogos Olímpicos eram praticados de quatro em quatro anos. Durante sua realização, sustavam-se as guerras, e respeitavam-se como as pessoas sagradas os seus participantes.

O Povo Grego

Os gregos são um povo animado, que se diverte com as conversas e a companhia dos outros. As classes da sociedade grega variavam de uma cidade-Estado para outra.

Os antigos gregos falaram vários dialetos diferentes durante centenas de anos. Depois de 330 anos a.C., um dialeto comum chamado coiné desenvolveu-se a partir do primitivo dialeto falado em Atenas. Vários invasores penetraram na Grécia Antiga, mudando a língua e os costumes gregos.

"Na Grécia, a pobreza é sempre uma hóspede" (Heródoto). O povo levava uma vida simples, começando na moradia, que eram de pedra ou de tijolos secos ao sol e cobertos com estuque. A maioria dos gregos fazia apenas duas refeições por dia. O almoço, ariston, muitas vezes consistia somente de um prato de feijão ou de ervilhas e de uma cebola crua ou um nabo cozido. Ao cair da noite havia o deipnon, a refeição principal que incluía pão, queijo, figos, azeitonas e por vezes um pedaço de carne ou queijo.

Os gregos não conheciam o açúcar, porém serviam-se do mel para adoçar seus alimentos. Usavam o azeite para passar no pão, além de empregarem-no como óleo de cozinha e sabão. A maioria dos gregos bebiam uma mistura de vinho e água; eles consideravam o leite próprio apenas para os animais e os bárbaros.

Os gregos desenvolveram um belo e gracioso traje. Homens e mulheres usavam um quitão, túnica que descia até os joelhos ou tornozelos; um cinto estreito prendia na cintura o quitão feminino. Grande parte dessas túnicas eram feitas de lã; apenas os mais ricos podiam tê-la de algodão ou linho. O povo usava quitões de cor marrom para o trabalho e de cor branca nas ocasiões formais.

Tanto os homens como as mulheres trajavam também himátions, mantos que eles arranjavam com pregas sobre os ombros e os braços. Os moços por vezes usavam uma clâmide, pequeno manto preso no ombro. As mulheres podiam vestir também um péblos, que era uma variação do quitão. Dentro de casa os gregos habitualmente andavam descalços; na rua muitos usavam sandálias. A maioria dos gregos andava com as cabeças descobertas.

Cada vila ou cidade contava com ginásio ao ar livre onde os homens podiam praticar exercícios ou vários tipos de jogos com bola. As crianças geralmente rolavam aros ou brincavam com bonecas. Os homens mais velhos sentavam-se na ágora (mercado), onde ficavam jogando damas ou conversando. A mulher grega trabalhava quase que todo o tempo e tinha poucos divertimentos. As caçadas eram passatempos prediletos nas propriedades rurais.

 

 

Esparta: cidade dos guerreiros

Esparta era uma polis fechada, guerreira, de vida extremamente simples, rude e de poucas palavras. Situada em uma região chamada Lacônia, os hábitos ríspidos de sua população deram origem ao adjetivo lacônico, que caracteriza a pessoa de pouca conversa e de respostas curtas. Até quando falamos de uma vida espartana, estamos nos se referindo a uma vida extremamente dura e difícil.
Esparta é um caso particular dentro do estudo da civilização grega, fundada pelos dórios, sua arquitetura não era tão refinada como a de outras cidades-estados, seus cidadãos não manifestavam grande preocupação com as artes ou a filosofia e seu processo de urbanização não foi sequer concluído. A grande característica dos espartanos seria a sua extrema especialização militar, preocupavam-se em enrijecer os músculos e o espírito e em realizar operações de guerra simuladas. O filósofo grego Platão afirmara certa ver que quando visitou Esparta não teve a sensação de estar em uma cidade, mas em um “Acampamento militar”.

Estrutura Legislativa: As leis que vigoraram nesta cidade são creditadas a um lendário legislador chamado Licurgo que, segundo a tradição oral, as teria recebido do deus Apolo. O autor da constituição espartana teria em seguida partido para um exílio voluntário, afirmando que o conteúdo do código não deveria ser alterado na sua ausência. Entendemos que o envolvimento com o sagrado no processo de construção da constituição espartana é um importante fator ideológico para a sua manutenção, pois dificultava a sua contestação pela população da cidade.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Na composição da estrutura social espartana percebemos a existência de três grupos, provavelmente estabelecidos um pouco depois da efetivação da conquista dórica, são eles:

ESPARTANOS: Também chamados por alguns autores de esparciatas, representam a única camada social que detinha a cidadania espartana, concentravam as suas forças em duas atividades fundamentais: a guerra e a política. Segundo uma característica bem comum entre os segmentos mais abastados das sociedades antigas, os espartanos se recusavam a realizar trabalhos agrícolas e outras tarefas consideradas inferiores.
PERIECOS: Camada intermediária, composta de homens livres que não detinham o direito de cidadania. Viviam na periferia do núcleo urbano de Esparta, atuando no artesanato e num discreto comércio, sendo obrigados a pagar tributos ao Estado.
HILOTAS: Compunham a maioria esmagadora da população espartana (cerca de 80%). Podemos identificar tanto características de escravo quanto de servo em um hilota, já que embora o seu trabalho se assemelhasse ao servil (entregava uma parte da produção aos espartanos), era considerado propriedade estatal. Ao longo da história, os hilotas protagonizaram, com certa frequência, inúmeras tentativas de levantes, sempre duramente reprimidas pelo exército. Tal situação fez com que os soldados ficassem sobre constante estado de alerta, mantendo os hilotas sobre pesada vigilância e realizando as kríptias.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

a) A Oligarquia Espartana: A vida política dos espartanos não sofreu variações significativas ao longo dos séculos, mantendo a estrutura oligárquica, na qual a terra e os escravos pertenciam ao Estado, sendo usufruto dos cidadãos.

b) Formação do Cidadão: Direitos políticos e civis eram para poucos, apenas para a camada dos espartanos, a esmagadora maioria da população estava totalmente desprovida de qualquer benefício jurídico oferecido pelo Estado. A definição de um cidadão espartano toca necessariamente em duas questões, a origem do indivíduo e as práticas de guerra, já que podiam receber a educação militar somente os filhos de espartanos. Aos 30 anos a formação do soldado seria concluída, a partir deste momento conquistariam o direito de casar e de participar politicamente. De fato, até os sessenta anos, a vida do homem era dedicada ao estado e à guerra.

c) O Aparelho Político

DIARQUIA: Realeza dual e eletiva. Os dois reis eram escolhidos dentre as principais famílias da cidade, tendo atribuições militares e religiosas. Em tempos de guerra, um se deslocava com as tropas enquanto o outro permanecia na cidade. A existência dupla de reis deve-se, provavelmente, ao receio de que ocorresse um regime autocrático na cidade.

GERÚSIA: Conselho de anciãos. Composto por 28 gerontes, chegava a 30 quando os reis participavam das reuniões. A Gerúsia tinha caráter vitalício e mantinha atribuições legislativas e consultivas, além de escolher os reis.

EFORATO: O mais importante órgão do aparelho político dos espartanos. Composto por um total de cinco membros, os éforos tinham um mandato anual e eram responsáveis pela organização das reuniões na Apela e na Gerúsia, podendo vetar leis e denunciar indivíduos que comprometessem a ordem espartana.

APELA: Assembleia popular. Todos os cidadãos espartanos podiam participar, reuniam-se com a finalidade de votar leis e decidir sobre questões de política externa. Suas reuniões não primavam pelos longos debates, a votação era feita pelo levantar simples dos braços.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

a) A questão militar: Praticamente todas as atividades promovidas pelo Estado e pelos espartanos estavam diretas ou indiretamente ligadas à guerra, o ambiente era sempre marcado por jogos, exercícios, treinamentos e preparação para os confrontos. Era hábito comum aos soldados abandonar suas mulheres em casa para almoçarem todos juntos no quartel, reforçando deste modo à união da tropa.

b) Patriotismo Inflamado: O mais alto valor para um espartano deveria ser Esparta, sua pátria.

c) Xenofobia: Poucos estrangeiros circulavam pela cidade e não eram vistos com bons olhos pelos espartanos que receavam a espionagem.

d) Eugenia: Os espartanos tinham uma preocupação obsessiva com o que se entendia ser a “qualidade” de sua raça. A necessidade de se constituir um exército forte acabaria requerendo um material humano de primeira linha, dessa maneira, mantinham um acompanhamento cuidadoso na gravidez de suas mulheres que eram levadas para fazer exercícios que possibilitassem uma melhor gestação. Ao nascer a criança era avaliada por uma comissão de anciãos que buscava observar se o recém-nascido apresentava saúde perfeita, caso contrário ocorreria a sua execução (infanticídio).

e) Educação: Oferecida pelo Estado, a educação espartana era voltada para a preparação dos soldados. Desde muito cedo, aos sete anos de idade, os filhos dos cidadãos eram entregues aos cuidados do ensino estatal e recebiam o pouco do conhecimento letrado que sua formação lhe dispensaria. Durante a maior parte de seu tempo, os aprendizes realizariam pesadíssimas cargas de exercícios físicos e diversas atividades que visavam enrijecer o corpo e a personalidade. As meninas recebiam uma intensa preparação física e moral, para que na idade adulta pudessem gerar filhos sadios e, consequentemente, fortes guerreiros para o Estado espartano. Quando nascia uma criança fraca e doente, que não podia ser um futuro guerreiro, ela era atirada a um precipício, pois não atendia aos interesses do grupo dominante.

f) Laconismo: Ao contrário dos atenienses, que desde muito cedo realizavam estudos de retórica e eloqüência com o objetivo de aprimoramento de seus discursos, os espartanos caracterizavam-se pelo hábito de falar pouco, ou somente o indispensável. Compreendemos que a redução da oratória nesta cidade provoca um controle da capacidade crítica entre os espartanos e, com isso, debates e questionamentos não seriam comuns no cotidiano de Esparta. Este laconismo contribuiria muito para o conservadorismo político e institucional.

g) Kríptias: Consistia numa matança periódica de hilotas. Já mencionamos aqui o medo presente entre os espartanos de uma grande rebelião deste segmento social, neste sentido, seria de suma importância controlar o seu crescimento populacional eliminado de tempos em tempos uma parcela de hilotas. As kríptias também teriam uma grande importância na formação dos soldados, já que através delas, os jovens aprendizes poderiam viver a experiência de matar homens, necessidade constante de qualquer sociedade belicosa.

h) A Mulher Espartana: No mundo antigo, de um modo geral, as mulheres eram percebidas como inferiores aos homens, permanecendo sujeitas a sua vontade do nascimento até a morte. Em Esparta, especificamente, o gênero feminino apresentava pequenas regalias em relação ao restante da Grécia. Por ser responsável pela procriação – fornecimento de novos soldados, portanto -, a mulher de um cidadão era tratada com certos cuidados, praticando inúmeros exercícios físicos e recebendo o acompanhamento adequado. Acompanhe nas palavras de Xenofonte: “Licurgo achava que a tarefa principal das mulheres livres deveria ser a maternidade. Para tanto, ele prescreveu exercícios e corridas, tanta para as mulheres quanto para os homens. Estava convencido de que, se os dois sexos fossem ambos vigorosos, eles teriam filhos mais robustos”.


Atenas: democracia escravista

Diferentemente de Esparta, um verdadeiro quartel em tamanho gigante, Atenas se destacou pela vida intensa e rica, urbana e aberta para as novidades. Situada em uma região relativamente rica em minérios e portos, pôde desenvolver-se através de um intenso comércio realizado com diversos povos. Era uma cidade de navegadores, filósofos, poetas e artistas.

I - O PERÍODO ARISTOCRÁTICO

O primeiro momento da história política de Atenas desenvolveu-se concomitante ao início da pólis, era uma espécie de monarquia onde o poder estava nas mãos de um Basileu. Com o fortalecimento dos eupátridas percebemos uma crescente contestação aos poderes do Basileu, as pressões sofridas pelo soberano fizeram com que este lentamente perdesse força em benefício dos grandes proprietários de terras atenienses.

Tal fato marcaria o início do período aristocrático, que iremos estudar neste primeiro tópico.

ORGANIZAÇÃO SOCIAL

A sociedade ateniense era constituída na fase aristocrática pelos seguintes grupos, basicamente:

EUPÁTRIDAS: Donos das grandes propriedades de terra em Atenas constituíam a “aristocracia de nascimento”, eram os únicos a possuir o título de cidadãos atenienses durante este período, podendo ocupar cargos públicos e tendo os direitos civis assegurados.

GEORGÓIS: Pequenos proprietários de terra, não possuíam direitos civis, não sendo, portanto, considerados cidadãos. 

THETAS: A imensa camada de homens livres expropriados, sujeitos à escravização por endividamento.

Ao longo do desenvolvimento histórico de Atenas, novas camadas sociais foram ocupando posições de destaque em seu cotidiano, especialmente a partir da colonização – que estudaremos adiante -, dentre os novos personagens destacamos:

DEMIURGOS: De origens diversas – e controversas –, seriam os comerciantes e artesãos atenienses, compondo a princípio um segmento intermediário.

METECOS: Denominação dada aos estrangeiros que habitavam na cidade. Convém recordar que a ideia de forasteiro entre os gregos está relacionada com qualquer indivíduo oriundo do exterior da cidade, fosse grego ou não.

ESCRAVOS: Eram inicialmente poucos, mas acabaram crescendo em número e importância dentro desta sociedade. Estudaremos o tema mais detalhadamente em um tópico posterior.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA:

A sociedade era dominada pelos eupátridas, grandes proprietários de terras que detinham o controle sobre o governo. A origem era o fator decisivo para a definição de direitos na Atenas aristocrática, fato que, conforme já dissemos, beneficiava apenas os eupátridas que detinham o controle de todos os órgãos políticos.

ARCONTADO: Com o declínio da autoridade do Basileu, seus poderes foram fracionados entre nove arcontes que seriam eleitos anualmente.

AREÓPAGO: Conselho formado com a finalidade de indicar os arcontes e fiscalizar as suas atividades. 

A COLONIZAÇÃO ATENIENSE

O que se convencionou chamar de colonização entre os gregos também pode ser entendido como uma 2ª diáspora. Tendo em vista que a ruína do sistema gentílica expôs toda a fragilidade do território grego, no que diz respeito ao desenvolvimento da produção da terra, os anos que se seguiram foram marcados por uma verdadeira crise agrária que só poderia ser resolvida a partir da expansão dos domínios das principais cidades para outros pontos do Egeu e do Mediterrâneo.

O estabelecimento das colônias em outros pontos do mundo antigo foi de uma importância tremenda para a história ateniense, pois favoreceu uma série de transformações expressas em diversos níveis. No plano econômico, houve um certo alívio na questão do abastecimento de gêneros agrícolas, um comércio intenso foi desenvolvido com as colônias e outros centros, ampliando assim o contato entre Atenas e as sociedades do Mar Mediterrâneo. No plano cultural tivemos um notável incremento, impulsionado a partir do intercâmbio com as regiões conquistadas e com aquelas que Atenas mantinha relações comerciais, tal fato transformou esta cidade numa referência obrigatória em termos de produção intelectual.

O incremento do comércio ainda favoreceria os demiurgos, que de meros coadjuvantes se transformaram em coprotagonistas da vida econômica de Atenas. Gradualmente, o enriquecimento dos comerciantes funcionaria como um estímulo para que passassem a reivindicar uma participação política igual a dos eupátridas.

O aumento do número de escravos foi outra importante consequência da colonização. A expansão foi muitas vezes imposta e desta maneira, acabou fornecendo inúmeros prisioneiros de guerra. O aumento do fluxo de escravos dificultava o aproveitamento da mão-de-obra livre, forçando os thetas a contrair dívidas junto aos cidadãos, de modo que não conseguindo quitar seus empréstimos acabavam escravizados. Os georgóis também foram vitimados por esta situação.

AS LUTAS SOCIAIS

É impossível negar que as mudanças geradas pela colonização ateniense provocaram em demiurgos, georgóis e thetas, cada qual por um fator específico, um anseio por transformações de ordem política, social e jurídica. Este panorama daria início a um período de confrontações que acabaria provocando mudanças.

OS REFORMADORES ATENIENSES    

O ambiente das lutas sociais em Atenas acabou por forçar os eupátridas a permitir algumas reformas que promoveriam mudanças internas a partir de propostas elaboradas pelos legisladores.

O primeiro legislador foi Drácon, a quem coube, em 621 a.C., redigir as leis que, até então, eram transmitidas apenas oralmente. A severidade das punições foi a marca da legislação draconiana, tanto que draconiano se tornou um adjetivo caracterizador de tudo o que é duro e cruel. Tal severidade, porém, não foi suficiente para diminuir a violência dos conflitos sociais em Atenas.

Em 594 a.C., Sólon tentou resolver o problema, decretando o fim da escravidão por dívidas, antiga reivindicação popular, devolvendo as terras confiscadas aos endividados. Além disso, estabeleceu que o critério para a participação na vida política passaria a ser a renda do indivíduo. Inaugurou, dessa forma, uma república censitária, na qual apenas os que possuíam poder econômico conquistavam o direito de participar nas decisões do governo. Apesar do avanço em direção às reivindicações populares, também a legislação de Sólon não foi suficiente para acabar com as tensões.

II - A TIRANIA

Conforme vimos no tópico anterior, as reformas de Sólon embora tenham produzido alguns avanços também tiveram limitações, além disso, não foram do agrado de todos os habitantes desta pólis. Os eupátridas sentiram-se prejudicados pela perda do monopólio político e da possibilidade de usar o próprio credor como calção pelo empréstimo concedido. As camadas populares esperavam por reformas bem mais profundas, como a redistribuição da propriedade privada da terra, estes fatores faziam com que as disputas tivessem prosseguimento.  A ineficácia das reformas legislativas em conter as disputas sociais fez com que alguns indivíduos tomassem o controle do governo pela força e passassem a exercer o poder de maneira pessoal, estabelecendo a chamada tirania.

Psístrato (560-527 a.C.) um aristocrata que assumiu o poder com o apoio das camadas populares, foi o maior dos tiranos gregos. Líder do partido diacriano, Psístrato é visto por alguns historiadores como um político demagogo que fez uso do discurso favorável às massas como uma ferramenta capaz de sublevá-los contra os eupátridas. Durante seu governo, incentivou o desenvolvimento marítimo-comercial e deu início à construção de inúmeras obras públicas.

Seus sucessores, Hípias e Hiparco, porém, não conseguiram dar continuidade ao seu trabalho, ocorrendo um acirramento dos conflitos entre diferentes interesses da sociedade como um todo. Hiparco foi assassinado, e Hípias, expulso da cidade.   

III - A DEMOCRACIA ATENIENSE

A situação era bastante delicada quando, em 510 a.C., Clístenes, político de origem nobre, assumiu o governo de Atenas, disposto a implementar reformas políticas profundas. Durante seu governo, instaurou-se a democracia, ampliando a possibilidade de participação nas decisões políticas a todos cidadãos ateniense, independentemente da sua renda.

As reformas de Clístenes

Contando com um amplo apoio popular Clístenes iniciaria a criação de uma série de reformas que resultariam na implementação do regime democrático ateniense, este é indiscutivelmente o momento mais importante da história de Atenas. Observemos as principais medidas de Clístenes:

Reforma Urbana: Para conter os conflitos sociais entre os diferentes espaços da cidade – litoral, planície e montanha, Clístenes substitui a antiga divisão em quatro tribos de origem gentílica por dez novas, tomando o cuidado para que em cada uma delas haja um setor para cada uma das três partes e depois, subdivide as tribos em número variável de demos – áreas administrativas. Com tal atitude o reformador pretendia anular as bases de segregação de Atenas.

Reforma Cívica: Abre possibilidades maiores para que um indivíduo tenha direito à cidadania ateniense, entendendo que os critérios necessários seriam: pertencer ao gênero masculino, ser maior de dezoito anos, ter nascido em Atenas e ser filhos de pais atenienses. Nasceria aqui o princípio da isonomia ateniense, segundo o qual todos os cidadãos seriam iguais perante a lei.

Reforma Política: Para adequar o aparelho político ateniense às reformas que vinha empreendendo, Clístenes reformulou as atribuições e competências aos órgãos políticos da cidade, dentre os quais mereciam destaque o Bule e a Eclésia. O primeiro receberia o acréscimo de cem membros, sendo transformado de Conselho dos Quatrocentos em Conselho dos Quinhentos, onde cada uma das dez tribos deveria indicar 50 representantes, cuja função seria a preparação de projetos de lei. O segundo se tornaria mais importante órgão da democracia ateniense, pois sendo a assembleia popular da cidade, englobava todos os cidadãos que reunidos na Ágora (praça pública) aprovavam as leis e decidiam as questões importantes.

Ostracismo: Seria uma penalidade imputada a todo e qualquer cidadão que constituísse uma ameaça ao regime democrático ateniense, consistia no banimento pelo período de dez anos, no qual o acusado perderia todos os seus direitos políticos e a permissão para estar em Atenas. Os condenados ao ostracismo recebiam esta punição após uma votação sigilosa (voto dentro de uma ostra, daí o nome) ocorrida na Eclésia. Esta seria uma maneira para evitar qualquer perigo de levante ou conspiração.

O Século de Péricles

Embora Clístenes tenha sido o líder do levante e o autor das primeiras reformas que instituíram a democracia, muitos autores consideram que o pai deste regime inventado pelos gregos tenha sido Péricles, uma vez que no período em que este esteve como estratego (dirigente supremo da Atenas democrática), a cidade alcançou o seu “período de ouro”, verdadeiramente o seu apogeu militar, intelectual e político.

Embora a experiência democrática de Atenas tenha sido uma inovação para o seu tempo, mesmo que alguns autores de gerações posteriores, e até contemporâneos, exaltem o valor deste sistema político, é preciso que se observe que este apresentava contradições e limitações. Em seguida apresentaremos alguns dos aspectos mais evidentes destas imperfeições.

A palavra “democracia” seria traduzida como um “governo para a maioria”. No entanto, observamos que mulheres, menores de 18 anos, estrangeiros e escravos não apresentavam direitos políticos, estes personagens históricos somados formariam a esmagadora maioria da população, mas ainda assim atenienses importantes do porte de um Péricles defendiam a isonomia universal.

Democracia e escravismo são duas palavras filosoficamente contraditórias, como admitir que uma sociedade que exaltava sua capacidade de tratar todos os cidadãos como “iguais” estivesse alicerçada no uso do trabalho escravo, uma forma de trabalho que o cativo está absolutamente desprovido de liberdade, sofre castigos frequentes, é tratado como uma peça pelo seu senhor.

 

Esparta e Atenas: duas cidades diferentes

 As Pólis eram conhecidas como cidades-estados, porque eram como cidades, mas cada uma tinha tanto poder, que até parecia um país. Existiam muitas diferenças entre as cidades gregas. Eram diferenças sociais, culturais, econômicas, políticas, etc. Essas cidades nunca chegaram a constituir um Estado unificado. No máximo, em toda a região da Grécia, existiram curtas alianças com objetivos bem definidos, como enfrentar inimigos externos comuns ou para se fortalecer no comércio. Como não havia união entre as cidades, ocorriam disputas pela hegemonia do território. A maior rivalidade ficou por conta de Esparta e Atenas, as duas cidades com maior poder na Grécia Antiga. Por diversas vezes, a rivalidade entre as cidades culminou em conflitos armados.

Localizada na península da Ática, próxima ao porto do Pireu, Atenas estava voltada para o mar Egeu e aberta as influências externas. Era uma cidade de navegadores, agricultores, filósofos, poetas e artistas. Em Atenas, o sistema de governo adotado era a democracia, na qual os cidadãos podiam votar e participar da administração da cidade, isto é, a participação política era garantida a homens de diferentes níveis sociais.

Esparta, ao contrário, localizada no interior do Peloponeso, organizava-se como uma fortaleza sitiada em território inimigo. O espartano era, antes de mais nada, um soldado mobilizado permanentemente para a guerra. Ali todo cidadão do sexo masculino tinha de passar grande parte de sua vida a serviço do exército.

O sistema de governo da cidade era a oligarquia. A aristocracia, formada pelos donos das grandes propriedades, detinham o poder político. 

ESPARTA

Esparta foi fundada pelos Dórios no século IX  a.C., na fertilíssima planície da Lacônia, às margens do Rio Eurotas, na Península do Peloponeso. A sociedade espartana era extremamente conservadora e o Estado não permitia reformas sociais que viessem a abalar o status da classe dominante. A sociedade espartana estava dividida da seguinte forma:

- Espartanos(Esparciatas) - classe social dominante e dirigente de Esparta. Eram donos das melhores terras e se dedicavam exclusivamente à vida militar.

- Periecos - eram livres, possuíam terras, mas não tinham direitos políticos. Não podiam casar com espartanos e trabalhavam na agricultura, no comércio e no artesanato, além de pagar impostos aos espartanos.

- Hilotas - compunham a grande massa da da população. Eram servos do Estado e estavam ligados à terra que cultivavam.

A organização política de Esparta era oligárquica, regida por leis não escritas atribuídas ao lendário legislador Licurgo. Quanto à organização política de Esparta, era formada pelas seguintes instituições ou organismos:

- Diarquia - Dois reis hereditários que possuíam grande prestígio, mas tinham pouca influência política. Cuidavam dos negócios internos e externos, porém apenas com poderes religiosos e militares.

- Gerúsia - Conselho de Anciãos, composto pelos dois reis e 28 nobres com mais de sessenta anos. A Gerúsia tomava todas as decisões importantes, criava novas leis, fiscalizava o governo e atuava como Supremo tribunal. 

- Ápela - Assembleia de Cidadãos com mais de trinta anos. Essa Assembleia era convocada pela Gerúsia e podia aprovar ou reprovar suas decisões, mas não podia propor nada de novo.

- Éforos - Cinco magistrado eleitos anualmente pela assembleia, com o poder de fiscalizar tudo e todos e de convocar e dirigir as reuniões da Gerúsia e da Apela.

A necessidade de manter as populações nativas submetidas transformou Esparta numa sociedade fortemente militarizada, exigindo dos cidadãos espartanos uma disciplina férrea, iniciada desde a infância. Foi em Esparta que o sistema hoplítico de combate, criado pelos gregos, mais se desenvolveu. Por esse sistema, os cidadãos soldados – os hoplitas – combatiam com suas lanças, a pé, em fileiras sucessivas, protegidos por seus escudos, dispensando o uso de cavalos.

Esparta apresentava um sistema político inteiramente diferente do que Atenas desenvolvia: era uma cidade-estado fechada em si mesma, sob o controle oligárquico de talvez 8 ou 9 mil esparciatas proprietários de terra, com qualidades militares excepcionais. Isso era possível devido ao extenso trabalho dos hilotas, que retirava dos cidadãos qualquer encargo direto com a produção, permitindo-lhes o tempo necessário para o treinamento para a guerra.

ATENAS  

Atenas, ao contrário de Esparta, era uma democracia, em que todos os cidadãos podiam votar e assim participar do governo da cidade. Atenas, engrandecida pelo importante papel que assumira na guerra contra os persas, organizou uma liga de cidades (Liga de Delos) para manter uma força naval permanente, a fim de garantir os gregos contra o novo ataque persa. Na verdade, os atenienses manipulavam a liga em favor de seus próprios interesses econômicos.

Uma disputa entre Atenas e Corinto, por questões de comércio marítimo, foi o pretexto para que Esparta, entrando em defesa de Corinto, iniciasse uma guerra contra Atenas. Em 431 a.C. Atenas e Esparta e seus respectivos aliados empreenderam uma longa luta - a Guerra do Peloponeso. No final, Esparta saiu vitoriosa e tornou-se senhora das cidades gregas (404 a.C.).

Legisladores atenienses

Os mais conhecidos são Drácon, Sólon, Psístrato e Clístenes, que procuram abrandar os conflitos sociais que explodem a partir de 700 a.C. decorrentes do endividamento dos camponeses, pressão demográfica, ascensão dos comerciantes e arbitrariedades da nobreza.

- Drácon - Em 624 a.C. publica leis para impedir que os nobres interpretem as leis segundo seus interesses. Mesmo assim, a legislação é considerada severa, daí a expressão draconiana, mas é o primeiro passo para diminuir os privilégios da aristocracia.

- Sólon - Em 594 a.C. Sólon anistia as dívidas dos camponeses e impõe limites à extensão das propriedades agrárias, diminui os poderes da nobreza, reestrutura as instituições políticas, dá direito de voto aos trabalhadores livres sem bens e codifica o direito.

- Pisístrato - As desordens e a instabilidade política resultantes das reformas de Sólon levam à tirania de Pisístrato, em 560 a.C., que impõe e amplia as reformas de Sólon, realizando uma reforma agrária em benefício dos camponeses. As lutas entre aristocratas e trabalhadores livres conduzem a novas reformas, entre 510 e 507 a.C.

- Clístenes - É considerado o fundador da democracia ateniense. Introduz reformas democráticas baseadas na isonomia, o princípio pelo qual todos os cidadãos têm os mesmos direitos, independentemente da situação econômica e do clã ao qual estejam filiados. Divide a população ateniense em dez tribos, misturando homens de diferentes origens e condições. Introduz a execução dos condenados à morte com ingestão de cicuta (veneno) e a pena do ostracismo (cassação de direitos políticos daqueles que ameaçassem a democracia). A partir de suas reformas, Atenas converte-se na maior potência econômica da Grécia entre 490 e 470 a.C.

Sociedade de Atenas:

- Eupátridas - (cidadãos) - aqueles cujos antepassados foram os fundadores de Atenas. Significava "filhos de cidadãos".

- Metecos (estrangeiros) - sem privilégios políticos. Podiam, entretanto, exercer atividades sociais e intelectuais.

- Escravos - compunha quase 50% da população. Muitos deles ocuparam posição de destaque na educação do jovem ateniense e nas realizações intelectuais.

Organização Política:

- Eclésia - (Assembleia Popular): dela participavam todos os cidadãos com mais de 18 anos; faziam as leis, vigiava juízes e resolvia todos os negócios da cidade.

- Bulé - (Senado ou Conselho dos Quinhentos): preparava os projetos de leis a serem votados pela Eclésia. Os membros da Bulé eram escolhidos por sorteio e tinham um mandato de um ano.

- Heléia - era o principal órgão judiciário, uma espécie de tribunal popular; seus integrantes eram escolhidos por sorteio entre cidadãos.

A GRÉCIA ANTIGA

A Grécia é um país europeu, localizado entre os mares Mediterrâneo, Egeu e Jônico, e que se limita ao norte com a Albânia, a Iugoslávia e a Bulgária, e a nordeste com a Turquia. O território que compunha a Grécia antiga compreendia três regiões bastante diferenciadas: a Grécia Continental, a Grécia Insular e a Grécia Peninsular.


Devido à presença marcante do mar e das montanhas, o território grego tem um aspecto fragmentado. Essa fragmentação geográfica facilitou a fragmentação política da Grécia, isto é, nunca houve um Estado grego unificado. Assim, o que chamamos de Grécia nada mais é do que o conjunto de diversas cidades-Estado gregas, independente umas das outras e, muitas vezes, rivais.

POVOAMENTO

O povoamento da Grécia Antiga foi lento. Entre 2000 a.C. e 1000 a.C., diversos povos se instalaram na Península Balcânica, região onde hoje se situa a Grécia. Os povos que mais contribuíram para esse processo foram os aqueus, os jônios, os eólios e os dórios. Os aqueus, os primeiros a chegarem, conseguiram conquistar a ilha de Creta, outras ilhas do mar Egeu e Tróia, cidade comercialmente desenvolvida que servia de porta de entrada para o mar Negro. Com essas conquistas, os aqueus passaram a influenciar todo o Mediterrâneo Oriental. Nesse período, chegaram também os jônios e os eólios, que se integraram à sociedade aqueia. Depois vieram os dórios, os quais dominaram grande parte da região.

No século XII a. C., ocorreram as invasões dos dórios, um povo violentíssimo que arrasou as principais cidades aqueias, provocando um acentuado declínio da vida urbana da Grécia Continental.   A partir daí, a movimentada e interessante história da Grécia Antiga, pode ser dividida em quatro períodos:

Período Micênico ou Homérico - (1700 a.C. - 800 a.C.)
Período Arcaico - (800 a.C. - 500a. C.)
Período Clássico - (500 a.C. - 338 a. C.)
Período Helenístico - (338 a.C. - 30 a.C.)

PERÍODO MICÊNICO OU HOMÉRICO 

O período mais antigo da História grega recebe esse nome porque os poucos conhecimentos que temos sobre ele foram transmitidos por dois poemas, a Ilíada e a Odisseia, atribuídos ao poeta grego Homero. A Ilíada narra a guerra realizada pelos gregos contra Tróia (Ílion), na Ásia Menor, e a Odisseia descreve as aventuras de Ulisses (Odysseus) ao tentar regressar, depois da Guerra de Tróia, à sua ilha natal de Ítaca, para se reunir à mulher e ao filho.

Aqueus ou micênicos

Os aqueus fundaram Micenas e outras cidades importantes, como Pilo e Tirinto. Cada cidade era governada por um rei, escolhido entre os grandes proprietários de terra. Micenas, no entanto, foi a mais importante. Por isso, os historiadores costumam chamar a sociedade aqueia de civilização micênica. Um dos povos que mais influenciaram a civilização micênica foi o cretense. Essa influência pode ser verificada, por exemplo, na arquitetura dos palácios micênicos, nos afrescos, na produção artística e no aperfeiçoamento de suas técnicas agrícolas e de navegação.

Os heróis micênicos

Ilíada e Odisseia são duas epopeias que se desenrolam no tempo em que os aqueus dominavam a Península Balcânica. Na Ilíada, o personagem principal é o herói grego Aquiles, considerado o melhor guerreiro entre os aqueus. Nela, conta-se a história da Guerra de Troia, conflito disputado entre gregos e troianos. Na Odisseia, o personagem central é Odisseu (Ulisses, em latim), rei da cidade grega de Ítaca. A obra narra o período de dez anos que ele levou até retornar para casa após o término da guerra de Troia.

Ilíada e Odisseia são duas das mais antigas obras da literatura mundial. Foram elaboradas como narrativas orais, ou seja, eram inicialmente cantadas pelos poetas – chamados de aedos. Eles aprendiam as histórias dos dois poemas ao ouvi-las de poetas mais velhos. Logo decoravam as passagens e as declamavam, acompanhados de um instrumento musical de corda, como a lira. A autoria dessas obras é atribuída ao poeta grego Homero, que teria reunido por escrito as histórias, colocando-as em ordem cronológica até dar-lhes a versão que permanece até hoje.

Chegam os dórios

Por volta de 1100 a.C., conflitos internos, catástrofes naturais – como secas – e grandes migrações contribuíram para que a civilização micênica entrasse em decadência. Essa situação facilitou a invasão do território pelos dórios. Assim, cidades micênicas foram destruídas e a maioria da população fugiu, estabelecendo-se na Ásia Menor.

Com a chegada dos dórios, a sociedade começou a se organizar em pequenas comunidades chamadas genoi. A terra, os equipamentos e os bens produzidos pelos genoi pertenciam a toda a comunidade, e o excedente era repartido entre eles. O genos (singular de genoi) era liderado pelo homem mais velho da comunidade. Esse poder, chamado patriarcal, era transmitido a seus descendentes.

Os genos era uma comunidade formada por uma numerosa família cujos membros eram descendentes de um mesmo ancestral. Todos os indivíduos da família gentílica viviam no mesmo lar, cultuavam o mesmo antepassado e eram liderados por um patriarca, que exercia o poder religioso, a chefia militar em época de guerra e era o responsável pela organização das atividades econômicas.

A economia baseava-se na propriedade comunitária da terra. Os gregos cultivavam cereais, uvas e oliveiras. Além disso, criavam cabras, ovelhas, cavalos e vacas. Produziam também excelente cerâmica, tecidos rústicos, armas e embarcações. O comércio limitava-se à simples troca de mercadorias.

No final do Período Homérico, o crescimento demográfico e a falta de terras férteis provocavam uma crise cuja consequência foi a desagregação das comunidades baseadas no parentesco. As terras coletivas foram desigualmente divididas, dando origem à propriedade privada e a uma maior diferenciação entre as classes sociais. A sociedade passou a ser constituída por uma poderosa aristocracia rural, por um contingente de pequenos agricultores e por uma maioria de pessoas que nada possuíam.

Os eupátridas

O crescimento da população e a falta de áreas férteis para a agricultura motivaram disputas entre os genoi pelo controle das melhores áreas cultiváveis. Os parentes mais próximos dos líderes dos genoi – os eupátridas – apoderaram-se das melhores terras e ocuparam os lugares mais destacados da sociedade. O restante da população perdeu suas terras ou ficou com as piores áreas para a agricultura. Por isso, muitos foram para a Península Itálica e para a Sicília, ilha onde fundaram cidades-Estado com características gregas.

A desagregação do sistema gentílico restabeleceu a escravidão deu origem às Cidades-Estados gregas, como Corinto, Tebas, Mileto e, às principais, Atenas e Esparta. Portanto, as mais importantes consequências da desintegração do sistema gentílico foram:

• a origem da propriedade privada da terra;

• a origem de uma sociedade dividida em classes sociais, caracterizada por profundas diferenças entre a aristocracia, dona das melhores terras, os pequenos proprietários e os sem-terra;

• o restabelecimento da escravidão;

• a origem das Cidades-Estados gregas 

O NASCIMENTO DA PÓLIS

Os gregos não se consideravam parte integrante de uma nação, mas membros de uma cidade-estado. Essas cidades nasceram do desejo de proteção dos camponeses. Eles, para se protegerem dos ataques dos inimigos, passaram a construir uma fortaleza numa colina central do vale. Quando o inimigo atacava, buscavam refúgio com os animais dentro das muralhas de madeira da fortaleza. Com o tempo  as populações foram abandonando as aldeias e instalando-se perto das muralhas. Por volta de 600 a.C., quase toda a população da região morava em cidades construídas em volta dessas fortalezas, onde passaram a erguer uma segunda muralha. 

Surgiu assim a pólis, a cidade-estado grega. Cada uma tinha suas leis, seu governo, sua própria moeda. Às vezes, numa pequena superfície, havia muitas cidades-estados: três numa minúscula ilha ou cinco numa estreita planície. Sabe-se da existência de aproximadamente 1500 cidades. A cidade grega, criada a partir do século IX a.C., era conhecida como pólis. Entre os séculos IX a.C e VI a.C., os gregos fundaram muitas poleis (plural de pólis, em grego), tanto na Península Balcânica como em outras regiões, que iam da Ásia Menor e das ilhas do Mar Egeu, passando pelo norte da África, até a Sicília e a região onde hoje está a Espanha.

Nas cidades-Estado, o cidadão grego foi conquistando direitos e contribuindo, individualmente, para a vida social. Livre para pensar e agir, sentia-se como membro da polis e não como um objeto que pudesse ser manobrado pelos governantes. A palavra político, de origem grega, designava o cidadão que participava dos destinos da polis.

A pólis grega era uma cidade-Estado. Cada pólis tinha economia e leis próprias, e uma organização social específica. Também contava com autonomia para cultuar os próprios deuses e cumpria importante papel religioso, sendo considerada como o local para a realização de cultos e rituais aos deuses protetores. Por essa razão, os templos religiosos ocupavam a parte central da pólis.

O que hoje se chama de Grécia antiga não era um Estado único, mas um conjunto de pequenos Estados independentes: um conjunto de poleis. Apesar das diferenças, as pessoas que viviam nas cidades-Estado se comunicavam com a mesma língua e compartilhavam costumes. Portanto, é possível falar em civilização grega.

PERÍODO ARCAICO
As cidades-Estado e a colonização grega

Esse período caracterizou-se pelo desenvolvimento das cidades-estados, pela emigração e pela fundação de colônias gregas em regiões longínquas. O território havia-se tornado pequeno para atender o crescimento da população. Por isso, numerosos agricultores foram em busca de possibilidades de subsistência fora da Grécia, formando assim novas colônias gregas em diversas regiões do Mediterrâneo e do Mar Negro. Os gregos fundaram, entre outras, Bizâncio, Odessa, Siracusa, Tarento, Nápoles, Nice, Marselha, Nicósia e Síbaris.


A expansão colonizadora favoreceu mais as cidades do litoral, que dispunham de bons portos e numerosos navios mercantes. As cidades do interior, que dependiam basicamente da agricultura, mantiveram-se isoladas. Além disso, a concorrência dos produtos importados contribuiu para arruinar os pequenos agricultores e para aumentar ainda mais a concentração de terras nas mãos da aristocracia. Isso desencadeou a luta entre o povo (demos, em grego) e a aristocracia. Nas Cidades-Estados em que a vitória coube a nobreza, consolidou-se o regime aristocrático. Naquelas em que o demos foi vitorioso, as reformas conduziram, pouco a pouco, ao regime democrático. 

DUAS POTÊNCIAS GREGAS

Esparta e Atenas foram duas das maiores potências do antigo
mundo grego e influenciaram cidades-Estado vizinhas. Esparta foi fundada pelos dórios no Peloponeso por volta do século IX a.C.
Atenas estabeleceu-se no mesmo século por intermédio dos jônios e situava-se em uma região montanhosa da Península Balcânica conhecida como Ática.
Diferentemente de Esparta, que ficava no interior do Peloponeso, Atenas estava perto do mar e dispunha de um porto, o Pireu. Isso permitia a seus habitantes a prática da pesca e da navegação. Esses fatores contribuíram para que a cidade se tornasse um importante centro comercial da Grécia antiga.

Esparta

A sociedade espartana estava dividida em três grupos sociais bem distintos: espartiatas (ou esparciatas), periecos e hilotas.
Os espartiatas, também chamados de espartanos, compunham a elite da sociedade e descendiam diretamente dos dórios. 
Representavam cerca de 10% da população, eram proprietários de terras e consideravam-se os verdadeiros cidadãos de Esparta e superiores ao restante da população. Controlavam o poder político da cidade e de todas as instituições de governo. 
Eram os únicos que podiam participar de assembleias e assumir cargos públicos. Os éforos e os dois reis vitalícios (diarcas) que governavam a cidade também pertenciam a esse grupo social.

Uma sociedade guerreira

Os espartiatas viviam da renda de suas terras e eram proibidos de realizar trabalhos manuais. Desde pequenos, eram criados para tornarem-se guerreiros. A partir dos 7 anos, os meninos eram afastados de suas famílias e encaminhados aos quartéis. Até os 12 anos, dedicavam-se aos esportes e aprendiam sobre valores como força, bravura, disciplina e solidariedade.
Ao completarem 18 anos, os jovens enfrentavam um rigoroso treinamento militar. Dos 20 aos 30, permaneciam nos quartéis, prontos para entrar em combate. Só eram liberados do serviço militar aos 30 anos, quando, então, conquistavam a cidadania. Entretanto, somente após os 60 anos eram dispensados de suas obrigações militares.
Outro grupo social de Esparta era o dos periecos, antigos habitantes das regiões conquistadas pelos dórios e que não combateram os invasores. Os periecos viviam na periferia da pólis, eram livres e tinham a obrigação de alistarem-se no exército, podendo, inclusive, tornarem-se oficiais, mas não tinham o direito de participar do governo. Muitos se dedicavam ao comércio e à manufatura, uma vez que essas atividades eram proibidas aos espartiatas.
Os hilotas (prisioneiros, em grego) faziam parte do grupo que combateu os dórios quando estes invadiram a Península Balcânica. Com a vitória dos invasores, foram submetidos à escravidão e passaram a pertencer a um senhor, mas a cidade-Estado de Esparta tinha direitos sobre eles. Os hilotas não podiam ser vendidos para fora do território espartano e apenas o governo da pólis poderia libertá-los.
Os homens hilotas trabalhavam nas terras dos espartiatas e eram obrigados a dar a eles metade do que produziam. Também podiam ser convocados para o exército, mas lutavam com armamentos mais simples. As mulheres trabalhavam nas casas da cidade como amas de leite, tecelãs ou fiandeiras. A insatisfação dos hilotas diante de toda essa situação era grande e por vezes eles revoltaram-se contra os espartiatas.

Atenas

A sociedade ateniense estava dividida em três grupos sociais: cidadãos, metecos e pessoas escravizadas. Os cidadãos eram minoria na população ateniense e apenas eles tinham direitos civis, políticos, jurídicos e religiosos assegurados. Cabia-lhes participar da vida de sua comunidade, cuidar da defesa do território, envolver-se nas festividades públicas e nas atividades políticas da pólis.
Inicialmente, apenas os grandes proprietários de terra, conhecidos como eupátridas, eram considerados cidadãos. Posteriormente, outros grupos conquistaram o direito à cidadania, como agricultores que detinham algumas posses (chamados de georgóis; em grego, gergoi) e comerciantes e artesãos (demiurgos; em grego, demiourgoi), por exemplo.
A sociedade ateniense era patriarcal, assim, as mulheres não podiam dispor de propriedades, administrar negócios ou ter direitos políticos. Elas eram sempre representadas pelo marido ou por algum parente de gênero masculino. Seu principal papel naquela sociedade era ser mãe e gerar herdeiros.
As mulheres atenienses casadas deviam, de modo geral, ficar reclusas em suas casas, dedicando-se à vida doméstica. Ainda assim, cabia a elas a organização de algumas das festas que aconteciam na cidade, como as Panateneias, em homenagem à deusa Atena. As mulheres das camadas mais baixas da sociedade, no entanto, costumavam trabalhar, dedicando-se ao pequeno comércio, administrando tabernas, vendendo mercadorias na ágora, entre outras atividades.

Metecos e pessoas escravizadas

Os metecos, por sua vez, eram um grupo formado pelas pessoas escravizadas que conseguiram a liberdade e pelos estrangeiros que viviam em Atenas. Para os atenienses, eram consideradas estrangeiras as pessoas que não pertenciam à pólis. Assim, tanto um egípcio residente na cidade quanto um grego natural de outra pólis, como Esparta ou Corinto, eram estrangeiros em Atenas. Os metecos não podiam ser donos de terras e não tinham direitos civis nem políticos assegurados. Só se tornavam cidadãos os metecos que prestassem serviços importantes a Atenas.
As pessoas escravizadas formavam a camada mais baixa da sociedade ateniense e, com os metecos, compunham a maior
parte da população. Em sua maioria, eram prisioneiros de guerra originários da Ásia Menor ou da Trácia. De modo geral, todos os cidadãos – inclusive os mais pobres – possuíam trabalhadores escravizados. Estes pertenciam a seus amos, que eram proibidos de praticar maus-tratos contra eles.
A escravidão desempenhava um papel fundamental para o funcionamento da economia no mundo antigo, envolvendo as principais atividades produtivas, especialmente a agricultura. O trabalho das pessoas escravizadas garantia parte importante da produção e, assim, possibilitava o exercício da cidadania pelos atenienses livres.
Nesse contexto, os atenienses relutavam em dar liberdade às pessoas escravizadas. Houve poucos casos de libertos que conquistaram o direito à cidadania.

PERÍODO CLÁSSICO
As lutas pela hegemonia grega

No século V a.C., sob o governo de Péricles, Atenas tornou-se a cidade mais importante da Grécia, e a civilização grega atingiu seu maior esplendor. Esse século, considerado pelos historiadores a Idade do Ouro da Civilização grega, ficou conhecido também como Século de Péricles. Nessa época as cidades gregas se uniram para enfrentar um perigo externo: o avanço dos persas. 

No governo de Péricles Atenas conheceu um notável desenvolvimento artístico e literário e se modernizou com a construção de grandes monumentos. A democracia atingiu, então, seu apogeu: os tribunais populares passaram a ter autoridade para julgar qualquer causa, o partido aristocrata foi destruído e houve uma reforma na Constituição ateniense. Com essa reforma, os cidadãos pobres ampliavam suas possibilidades de influir na organização política do Estado, pois passavam a ser remunerados por sua participação nas sessões.

Expansão e conflitos

O crescimento econômico das cidades gregas provocou disputas por mercados, rotas comerciais e matérias-primas da região. Entre essas disputas, podemos destacar as guerras com os persas. Além disso, os gregos também guerrearam entre si. Vamos conhecer um pouco da história desses conflitos.

Guerras Greco-Pérsicas

No século VI a.C. teve início a formação do Império Persa no Oriente Médio, que chegou a atingir cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados de extensão. Nesse Império, havia importantes cidades, como Pasárgada, Persépolis, Ecbátana, Susa e Sardes. 

Para controlar seu vasto território, o Império Persa foi dividido em províncias (chamadas satrapias), cujos administradores eram denominados sátrapas. Além disso, construíram grandes estradas que ligavam as principais cidades, destacando-se a Estrada Real, entre Susa e Sardes, com cerca de 2,6 mil quilômetros de extensão.

Os persas conquistaram cidades gregas da Ásia Menor. Depois, avançaram em direção à região da Ática, onde se encontrava a cidade de Atenas. Diante da invasão persa, várias cidades gregas uniram-se sob a liderança de Atenas e de Esparta. O objetivo era juntar forças e enfrentar um inimigo em comum.

Iniciadas em 499 a.C., as Guerras Greco-Pérsicas, ou Guerras Médicas, duraram algumas dezenas de anos. O nome “Guerras Médicas” deriva de medos, um dos povos que deram origem ao Império Persa. Os gregos alcançaram a vitória final e puseram fim ao conflito por volta de 448 a.C.

Primeiro foi o Rei Dario que atacou. Ele foi derrotado pelos atenienses em 490 a.C., na batalha de Maratona. Essa foi a primeira Guerra Médica. Depois veio seu sucessor, Xerxes, que também foi derrotado, agora pela esquadra grega sob o comando do ateniense Temístocles, na célebre batalha naval de Salamina (480 a.C.). Foi a segunda Guerra Médica.

Liga de Delos e Guerra do Peloponeso

Após as guerras contra os persas, os atenienses criaram a Liga de Delos: uma aliança militar de cidades gregas cuja sede ficava na Ilha de Delos. As cidades que participavam da Liga forneciam navios, soldados e dinheiro, mas continuavam com sua autonomia. Entretanto, os atenienses foram assumindo cada vez mais o controle dos recursos dessa aliança.
Aos poucos, a Liga de Delos tornou-se um conjunto de cidades dominadas por Atenas. Depois de algum tempo, algumas cidades gregas se rebelaram contra o domínio de Atenas. Lideradas por Esparta, fundaram a Liga do Peloponeso e passaram a lutar contra Atenas e seus aliados. O resultado foi a Guerra do Peloponeso, um conflito que durou 27 anos (de 431 a.C. a 404 a.C.), com alguns períodos de trégua.
Ao final, os atenienses e seus aliados foram derrotados. Foi então que os aristocratas espartanos dominaram o mundo grego durante cerca de 30 anos (de 404 a.C. a 371 a.C.). Mais tarde, o domínio espartano também foi questionado por novas revoltas nas cidades gregas, dessa vez comandadas pelos líderes de Tebas. Após vencer as tropas espartanas, os tebanos conquistaram a supremacia entre os gregos por alguns anos (de 371 a.C. a 362 a.C.).

PERÍODO HELENÍSTICO
O domínio macedônio

Naquele período, as guerras por hegemonia econômica e política entre as poleis eram frequentes, como a Guerra do Peloponeso (431 a.C. - 404 a.C.), que opôs Esparta e Atenas, e aliados de ambos os lados. Conflitos assim contribuíram para o enfraquecimento das poleis. Isso facilitou a invasão da Grécia pelos macedônios, povo que vivia ao norte da Península Balcânica e também falava a língua grega. Em 338 a.C., o rei macedônio Filipe II unificou as poleis gregas, pondo fim à soberania dessas cidades-Estado.
Filipe II morreu dois anos mais tarde e quem assumiu o poder foi seu filho, Alexandre, aos 20 anos, o qual liderou uma campanha fulminante de conquistas territoriais. A partir de 334 a.C., seu exército venceu os persas na Ásia Menor e conquistou, sucessivamente, a Síria, a Fenícia e a Palestina. Em seguida, Alexandre ocupou o Egito, onde foi recebido como filho do deus Amon-Rá. Este, depois de sufocar uma tentativa de revolta em Tebas, conduziu seu poderoso exército de 40.000 homens para uma guerra contra Dario III, rei da Pérsia. Esmagou os persas, foi acolhido no Egito como libertador, pois, nessa época, o Egito estava sob domínio dos persas. Lá fundou Alexandria e tornou-se faraó. 

IMPÉRIO GRECO-MACEDÔNICO

Depois de dominarem o Egito, as tropas de Alexandre conquistaram, em 331 a.C., o que restava do antigo Império Persa. Alguns anos depois, em 323 a.C., o líder militar morreu na Babilônia. Suas conquistas lhe deram tanto prestígio que ele ficaria conhecido na posteridade como Alexandre, o Grande. Confira no mapa adiante a extensão do Império de Alexandre sob o seu governo.

Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., seu gigantesco império foi dividido entre seus generais. No século II a.C., demasiado enfraquecidos por várias lutas, não conseguiram resistir ao crescente domínio de Roma.

Civilização helenística

Embora fosse macedônio de nascença, Alexandre era um grande admirador da cultura grega. Assim, procurou difundir a língua, a arte, as crenças e os valores gregos nos territórios conquistados. Por isso, chama-se Império Greco-Macedônico o grande império formado pelas conquistas de Alexandre.

Essa expansão territorial resultou numa rica troca cultural: de um lado, a população dos territórios conquistados assimilou aspectos da cultura grega; de outro, parte da cultura dos povos dominados foi incorporada pelos gregos. Dessa mistura, nasceu uma nova civilização, conhecida como civilização helenística.

O período helenístico é caracterizado principalmente por uma ascensão da ciência e do conhecimento. A cultura essencialmente grega se torna dominante nas três grandes esferas atingidas pelo Helenismo, a Macedônia, a Síria e o Egito. Mais tarde, com a expansão de Roma, cada um desses reinos será absorvido pela nova potência romana, dando espaço ao que historicamente se demarca como o final da Antiguidade. Antes disso, porém, os próprios romanos foram dominados pelos gregos, submetidos ao Helenismo, daí a cultura grega ser depois perpetuada pelo Império Romano.


Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...