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A cultura grega

Os gregos acreditavam que a verdadeira sabedoria pertencia aos deuses, mas que o ser humano poderia – e devia – procurar e amar essa sabedoria. Ao fazer isso, tornava-se um filósofo.

A procura pela sabedoria é, talvez, o principal legado dos gregos à nossa cultura.

Perguntar, pensar, questionar, inquirir, organizar o conhecimento. Desejar saber como são os animais, as plantas, as doenças, os fenômenos da natureza, o comportamento das pessoas. Nesse desejo dos gregos em desvendar o ser humano e o mundo está a origem de grande parte de nosso conhecimento atual. Sem a filosofia dos gregos talvez não existissem a história, a medicina, a matemática, a física, a química.

Isso seria o suficiente para destacar a importância dos gregos para a nossa cultura. Mas deles herdamos ainda o teatro e os jogos olímpicos.

A Religião Grega

A religião grega caracterizou-se pelo politeísmo antropomórfico, ou seja, os gregos acreditavam em vários deuses que se assemelhavam aos homens, tendo as mesmas fraquezas, paixões e virtudes do gênero humano. O que distinguia os deuses dos homens era a imortalidade, que se devia ao alimento do qual se nutriam – a ambrosia.

Muitos deuses habitavam o Monte Olimpo, de onde comandavam os destinos humanos. A população grega possuía uma série de mitos – lendas e histórias – a respeito de seus deuses e heróis. Os principais personagens da mitologia grega, além dos deuses, são Hércules, famoso por sua força extraordinária, e Teseu, que livrou a Grécia da opressão do Minotauro.

As principais divindades eram: Zeus, senhor de todos os deuses; Hera, esposa de Zeus, protetora das mulheres e do casamento; Atena, filha de Zeus, deusa da razão e da sabedoria, protetora da cidade de Atenas, em cuja homenagem foi construído o Partenon, na época de Péricles; Apolo, deus da luz e das artes; Afrodite, deusa do amor; Hermes, mensageiro dos deuses e deus do comércio; Dionísio, deus do vinho; Posseidon, deus das águas; Hades, senhor dos infernos.

Os deuses que habitavam o Olimpo formavam uma família, e, em sua honra, a cada 4 anos, os gregos celebravam os jogos olímpicos, dos quais participavam atletas de toda a Grécia. Festas e sacrifícios também eram realizados em favor dos deuses. Nos oráculos, os deuses revelavam aos homens suas vontades, por intermédio de uma sacerdotisa. O mais conhecido localizava-se em delfos e era dedicado ao deus Apolo.

As artes na Grécia Antiga

A cultura grega é célebre pela riqueza de sua arte. Várias formas de expressão artística desenvolveram-se, especialmente na época de Péricles.

O teatro foi uma das áreas artística que mais se destacou. As tragédias e as comédias atestam a genialidade da cultura grega.

O teatro nasceu durante as festividades em honra do deus Dionísio, as chamadas dionisíacas. Durante esse evento, realizava-se o comos, que em grego significa “procissão alegre” e o trags, que quer dizer “canto”. O comos deu origem a comédia, enquanto o trags é a matriz da tragédia.

O teatro era ao ar livre e os atores usavam máscaras. Somente aos homens era permitido participar das representações, nas quais eram discutidos os problemas eternos do ser humano, como o destino, as paixões e a justiça, e também satirizados os comportamentos humanos, os costumes, a própria sociedade. Entre os teatrólogos gregos, os que mais se destacaram foram:

• Ésquilo, considerado o “pai da tragédia”, autor de Prometeu acorrentado, Os persas e Os sete contra Tebas;

• Sófocles, respeitado como o mais importante teatrólogo; escreveu Édipo rei, Electra e Antígona, entre outras;

• Eurípedes, autor de Medéia, As troianas e As bacantes;

• Aristófanes, satírico autor de As nuvens, As rãs e As vespas.

A efervescência cultural grega, ligada ao desenvolvimento econômico, às guerras e ao avanço político com a democracia, exigiu dos gregos um entendimento mais apurado do seu passado, originando a pesquisa histórica e um trato mais criterioso com os acontecimentos passados.

Aparecem assim, os primeiros historiadores empenhados, especialmente, em atender a realidade grega, seus problemas e possíveis desdobramentos. Heródoto, “o pai da História, descreveu com pormenores as Guerras Médicas, encarando-as como desígnios de Zeus. Já Tucídides, autor de A guerra do Peloponeso, buscou esclarecer os fatores políticos que determinavam os acontecimentos históricos.

Também a literatura celebrizou os gregos. A poesia épica foi o gênero mais significativo dessa literatura, com destaque para Ilíada e Odisseia, cuja autoria é atribuída a Homero, e Teogonia e Os trabalhos e os dias, de Hesíodo. Na poesia lírica destacou-se Píndaro, com suas Odes à vitória.

Arquitetura, escultura e pintura

A principal inspiração dos artistas gregos eram os deuses e os heróis. Em homenagem a eles, foram construídos templos em todo o mundo grego.


A arquitetura da Grécia Antiga destacou-se por três estilos principais: o dórico, caracterizado pela sobriedade das linhas e pela solidez das construções; o jônico, um estilo elegante e leve; e o corinto, caracterizado por um capitel ornamentado em forma de folhas.

O mais notável conjunto arquitetônico era o da Acrópole de Atenas, templo da deusa Atena, construído no período Arcaico. No século V a.C., com Péricles a arquitetura ateniense alcançou grande destaque. Dessa época, destaca-se o Partenon.

Na escultura além da temática religiosa, os gregos inspiraram-se em temas rurais, nos sentimentos humanos, em cenas desportivas e em muitos aspectos da vida diária. Os escultores que mais se destacaram foram Fídias e Miron.

Em muitos objetos de cerâmica, como pratos e vasos, eram feitas pinturas representando cenas mitológicas e costumes gregos.

A cultura helenística 

A cultura helenística caracterizou-se por apresentar uma arte mais realista, exprimindo violência e dor, componentes constantes dos novos tempos de guerras. Na arquitetura predominavam o luxo e a grandiosidade, reflexo da imponência do Império Macedônio. Na escultura, turbulência e agitação eram traços significativos.

Nas ciências, vale destacar o avanço na matemática com Euclides, criador da geometria, da física com Arquimedes de Siracusa, da geografia com Erastóstenes da astronomia com Aristarco, Hiparco e Ptolomeu, este último defensor do geocentrismo, teoria que seria aceita universalmente até o início dos Tempos Modernos (séculos XV-XVI).

O helenismo originou ainda novas correntes filosóficas, tais como:

• Estoicismo, fundada por Zenão, defendia a felicidade como equilíbrio interior, o qual oferecia ao homem a possibilidade de aceitar, com serenidade, a dor e o prazer, a ventura e o infortúnio;

• Epicurismo, fundada por Epicuro de Atenas, pregava a obtenção do prazer, a base da felicidade humana, e defendia o alheamento dos aspectos negativos da vida;

• Ceticismo, fundada por Pirro, caracterizava-se, essencialmente, pelo negativismo e defendia que a felicidade consiste em não julgar coisa alguma.

O helenismo acrescentou à cultura grega o despotismo, segundo o qual a autoridade do governante era inquestionável.

A divisão do Império Macedônio e as lutas internas resultaram no enfraquecimento político, o que possibilitou a conquista romana, concretizada durante os séculos II a.C. e I a.C. Entretanto, mesmo conquistando a Grécia, Roma teve de se curvar ao esplendor da civilização grega, assimilando muitos de seus valores culturais.

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