Setembro de 1945: a Segunda Guerra chegara ao fim. Durante o confronto milhões de pessoas atiraram-se à luta com a esperança de que seria uma “guerra para acabar com as guerras”, como dissera Churchill num de seus discursos. Mas infelizmente não foi essa a ideia que orientou os encontros internacionais para estabelecer as condições de paz.
domingo, 24 de setembro de 2023
O MUNDO PÓS-GUERRA
Nesses encontros, uma vez mais, os vencedores decidiram segundo seus próprios interesses os rumos que o mundo deveria tomar. O término do conflito muda o panorama político e econômico internacional. As perdas materiais e humanas da Europa e do Japão rebaixam a posição das antigas potências. Os Estados Unidos surgem como superpotência, o mesmo acontecendo com a União Soviética, apesar das perdas. Surgem novas nações e novas organizações internacionais, como a ONU, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, criados em 1945. O mundo entra na era nuclear dividido em dois campos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o comunista, sob hegemonia da União Soviética.
Em fevereiro de 1945, sete meses antes do final do conflito, Roosevelt (Estados Unidos), Churchill (Inglaterra) e Stálin (União Soviética) reuniram-se na Conferência de Ialta com o objetivo de definir estratégias da luta final e os meios para controlar os seus adversários depois da guerra.
Uma das decisões mais importantes dessa conferência foi que a União Soviética combateria também o Japão, adquirindo o direito de controlar alguns territórios dominados pelos japoneses (norte da Coréia e Manchúria). Receberia também uma boa parte das indenizações a serem pagas pela Alemanha e estenderia sua influência à Europa Oriental. Em contrapartida, Estados Unidos, Inglaterra e, mais tarde, França acertaram que as áreas restantes ficariam sob seu controle.
Após a rendição dos alemães, os vencedores reuniram-se novamente, em julho de 1945, na Conferência de Potsdam, onde decidiram dividir a Alemanha em quatro áreas de ocupação: soviética, norte-americana, inglesa e francesa. Além disso, Berlim – a capital da Alemanha – foi dividida em duas partes, uma socialista e outra capitalista.
Em 1949, os Estados Unidos e a União Soviética, as superpotências da época, repartiram a Alemanha entre si: a Alemanha Ocidental, com capital em Bonn, ficou sob o controle americano, enquanto a Alemanha Oriental, com capital em Berlim Oriental, ficou sob o domínio soviético.
A divisão da Alemanha e de sua capital era apenas um exemplo do que estava acontecendo no plano internacional, pois o mundo estava sendo dividido entre socialistas e capitalistas.
O bloco socialista era liderado pela União Soviética e agrupava sob sua liderança países que adotaram o regime socialista ou de economia planificada. Exemplo: Polônia, Tchecoslováquia, Hungria e Coréia do Norte, Cuba (a partir de 1961).
O bloco capitalista era liderado pelos Estados Unidos e agrupava nações que adotavam o regime capitalista ou de economia de mercado. Exemplo: Bélgica, Holanda, França e Brasil.
Essa disputa permanente pela hegemonia mundial entre os Estados Unidos e a União Soviética após a Segunda Guerra deu origem a Guerra Fria.
A Guerra Fria consistiu numa guerra não-declarada entre Estados Unidos e União Soviética, na qual ambos empenharam-se em manter ou expandir suas respectivas áreas de influência. Para isso, tanto os norte-americanos quanto os soviéticos recorreram à propaganda maciça, a pressão diplomática e a intervenção militar. Tem como eixo a disputa pela hegemonia mundial entre as duas superpotências, que se estenderá por mais de 40 anos. Com sistemas sociais e políticos opostos, armas nucleares e políticas de conquista da hegemonia mundial, Estados Unidos e União Soviética mantêm o mundo sob a ameaça de uma guerra nuclear.
São chamadas de superpotências porque cada uma delas tem armamentos suficientes para destruir o planeta.
O marco inicial da Guerra Fria foi a Doutrina Truman, exposta pelo então presidente dos Estados Unidos Harry Truman, em março de 1947. Alarmado com a penetração do socialismo soviético na Europa, Truman declarou: “Deve ser a política dos Estados Unidos a dar apoio aos povos livres que estão resistindo às tentativas de subjugação pelas minorias armadas ou pelas pressões externas”.
A partir de então, os Estados Unidos passaram a dar apoio militar e econômico aos países cujos governos se dispunham a combater o socialismo.
O Movimento iniciado pelo senador Joseph McCarthy, em 1951, com a organização de comissões de investigação que acusam de atividades antiamericanas qualquer pessoa suspeita de ligação com movimentos ou organizações consideradas comunistas. Realiza uma caça às bruxas na área cultural, atingindo artistas, diretores e roteiristas que durante a guerra manifestam-se a favor da aliança com a União Soviética e, depois, a favor de medidas para garantir a paz e evitar nova guerra. Charlie Chaplin é o mais famoso entre os artistas perseguidos pelo macarthismo. Sindicalistas, cientistas, diplomatas, políticos e jornalistas também são alvo de perseguições. Em 1960 o Senado reconhece que as atividades das comissões dirigidas por McCarthy colocam em risco a ação do governo.
No plano econômico, a principal medida colocada em prática foi a implantação do Plano Marshall, formulado pelo general George Marshall, então secretário de Estado dos Estados Unidos, com base na Doutrina Truman. Iniciado em 1947, o plano consistiu em um programa de ajuda econômica aos países capitalistas que mais sofreram os efeitos da Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos decidem abandonar a colaboração com a URSS e investir maciçamente na Europa ocidental para barrar a expansão comunista e assegurar sua própria hegemonia política na região. Washington fornece matérias-primas, produtos e capital, na forma de créditos e doações. Em contrapartida, o mercado europeu evita impor qualquer restrição à atividade das empresas norte-americanas. A distribuição dos fundos é realizada por meio da Organização Européia de Cooperação Econômica (OECE), fundada em Paris, em 1948. Entre 1948 e 1952, o Plano Marshall fornece US$ 14 bilhões para a reconstrução européia. O plano teve êxito, permitindo em poucos anos a recuperação econômica da Inglaterra, França, Itália, Alemanha e outros países. Garantiu sobretudo o aumento das exportações norte-americanas, fortalecendo os Estados Unidos na posição de nação mais poderosa do mundo.
Ainda sob inspiração dos Estados Unidos, em 1949 os países ocidentais firmaram uma aliança político militar, a Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), objetivando combater a influência soviética e assegurar a defesa coletiva dos regimes democráticos, por meio de uma estreita colaboração política, econômica e militar entre os países anticomunistas.
Do lado do bloco socialista foram criados o Comecom (Conselho de Assistência Econômica Mútua), em 1949, para fortalecer os laços econômicos entre os países socialistas; e o Pacto de Varsóvia, firmado na capital polonesa, em 1955, para ajuda mútua em caso de agressões armadas aos países do bloco soviético na Europa, constituindo o principal instrumento da hegemonia militar da União Soviética.
Ao final da Segunda Guerra, acentuou-se a preocupação com a paz mundial. Em 24 de outubro de 1945, representantes de cinquenta países reunidos na Conferência de São Francisco criaram a Organização das Nações Unidas (ONU).
A ONU, cuja sede fica em Nova Iorque, é ainda hoje o principal organismo internacional e visa essencialmente:
• Preservar a paz e a segurança mundial;
• Estimular a cooperação internacional na área econômica, social, cultural e humanitária;
• Promover o respeito às liberdades individuais e aos diretos humanos.
Os seis principais órgãos da ONU são:
• Conselho de Segurança – é o responsável direto pela paz mundial e tem o direito de intervir em qualquer disputa ou confronto entre dois ou mais países. É formado por dez membros eleitos para um mandato de dois anos e cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França). Os membros permanentes têm direito de veto sobre as resoluções do Conselho;
• Assembleia Geral – é integrada por todos os representantes dos países membros, cada um com direito a um voto. Debate os principais problemas mundiais e sugere soluções.
• Conselho de Tutela – é encarregado de orientar e proteger povos que não possuem governo independente;
• Secretariado – possui função administrativa e é dirigido por um secretário geral por um prazo de cinco anos;
• Corte Internacional de Justiça – julga questões jurídicas entres países membros;
• Conselho Econômico e Social – tem vários departamentos (Direitos Humanos, Assistência à Infância, Direitos da Mulher e outros) e seu propósito é estimular a ajuda internacional nos casos de calamidade ou violação de direitos.
Da ONU também fazem parte importantes órgãos especializados como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), a FAO ( Organização para Agricultura e Alimentação), o UNICEF ( Fundo das Nações Unidas para a Infância), a OMS ( Organização Mundial de Saúde), entre outros.
É importante notar que o Conselho de Segurança da ONU nem sempre cumpriu seu objetivo. Em 1963, por exemplo, não conseguiu evitar que os Estados Unidos interviesse na Guerra do Vietnã.
E isso se explica pelo direito de veto que os membros permanentes possuem. Fazendo uso desse direito, os norte-americanos simplesmente vetaram as propostas contrárias à sua participação na guerra.
O respeito aos direitos humanos e liberdades individuais são dois dos principais objetivos na Carta da Organização das Nações Unidas. Em 10 de dezembro de 1948 são reafirmados com a assinatura da Declaração Universal dos Direitos do Homem. O primeiro artigo diz que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir uns em relação aos outros com espírito de fraternidade".
O clima de rivalidade gerado pela Guerra fria, somado as indústrias de armamento, levaram as grandes potencias à chamada corrida armamentista, responsável pelo assombroso desenvolvimento das armas nucleares, que se fossem acionadas provocariam a completa destruição do planeta.
Tanques, aviões, submarinos, navios de guerra constituíam as chamadas armas convencionais. Mais o grande destaque eram as chamadas armas não-convencionais, mais poderosas, eficientes, difíceis de serem fabricadas e extremamente caras. A principal dessas armas era a bomba atômica.
Após a explosão da primeira bomba atômica em 1945, os Estados Unidos fazem testes de novas armas nucleares no atol de Bikini, no Pacífico, e criam a Comissão de Energia Atômica para a expansão de seu poderio nuclear.
Em 1949 a União Soviética explode seu primeiro artefato atômico no deserto do Cazaquistão, entrando na corrida nuclear. O mundo ingressa assim na era do terror atômico, na qual cada uma das superpotências se esforça por conseguir uma bomba mais potente que a experimentada pela outra.
Em 1952 os Estados Unidos explodem a primeira bomba de hidrogênio, com potência de 15 milhões de TNT (750 vezes mais potente que a primeira bomba atômica). Em 1955 a União Soviética lança sua bomba de hidrogênio de um avião, considerado um importante avanço técnico sobre os norte-americanos. Essa corrida coloca o mundo diante do perigo da destruição. Mas outros países, como Reino Unido, França, China e Índia, entram no rol de países que têm armas nucleares. Países suspeitos de terem a bomba incluem Paquistão e Israel.
O mundo inteiro vivia, então, sob a ameaça de uma nova guerra. Por isso, nas décadas de 1960 e 1970 ocorreram movimentos em diversos países, principalmente na Europa, que reivindicam o desarmamento mundial. Eram chamados de movimentos pacifistas.
Entretanto, foi somente no final da década de 1970 que se firmaram os primeiros acordos limitadores da fabricação de armas nucleares. Na década seguinte, outros acordos avançaram um pouco mais: definiram a desativação dos artefatos nucleares e dos mísseis de longo alcance.
No final dos anos 1950, a economia soviética estava sufocada pelos investimentos dispendiosos na corrida armamentista. Os enormes sacrifícios exigidos da economia soviética foram o principal motivo que levou Nikita Kruschev líder do governo soviético, a apresentar um plano de desarmamento dos dois países. A proposta de Kruschev ficou conhecida como coexistência pacífica.
Nos Estados Unidos, a iniciativa soviética foi vista com desconfiança. No Ministério da Defesa, na imprensa e no Parlamento, os grupos conservadores acusavam Kruschev de preparar uma armadilha para os norte-americanos. O objetivo soviético, segundo eles, era desarmar os Estados Unidos e deixar o país indefeso diante do poderio do inimigo.
Os esforços concretos do governo soviético pelo desarmamento, com a desocupação da Áustria e a redução dos efetivos militares, não alteraram a política armamentista norte-americana. A tensão entre os países continuou.
Além das poderosas bombas nucleares, Estados Unidos e União Soviética produziram foguetes e lançaram satélites espaciais. Essa disputa científica e tecnológica ficou conhecida como “corrida espacial”. Colocar satélites em órbita servia para mostrar ao lado inimigo que mísseis de longo alcance poderiam atingir qualquer parte do planeta.
Acompanhe três momentos dessa disputa:
• Em 1957, o satélite soviético Sputnik 2 levou ao espaço o primeiro ser vivo, a cadela Laika.
• Em abril de 1961, o major da Força Aérea Soviética, Yuri Gagárin, tornou-se o primeiro ser humano a viajar no espaço.
• Com mais de 1 bilhão de pessoas no mundo assistindo ao vivo pela TV, o astronauta norte-americano Neil Armstrong, comandante da missão Apollo, pisou no solo lunar em 1969.
A chegada dos norte-americanos à lua pôs fim a uma década de hegemonia soviética nos programas de exploração espacial, que se iniciou com o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik, em outubro de 1957.
A guerra fria e todas as suas implicações – espionagem, golpes de Estado, sabotagens, corrida armamentista – duraram até o início da década de 1980. Nesse momento, a situação econômica da União Soviética e da maioria dos outros países comunistas começou a se agravar. Tiveram início então profundas mudanças políticas, com a queda do regime socialista tanto na União Soviética quanto em outros países socialistas.
A guerra fria, ou seja, o clima de hostilidade e de ameaça entre os Estados Unidos e a União Soviética se arrefeceu.
O símbolo do final da guerra fria foi a queda do Muro de Berlim, em 1989, que havia sido construído em 1961 por decisão do governo da União Soviética e da Alemanha Oriental.
A partir de 1992, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas fragmentou-se. A economia das repúblicas que a compunham e dos demais países socialistas começou a ser mudada para uma economia capitalista ou de mercado.
A Segunda Grande Guerra
A Segunda Guerra Mundial eclodiu com a invasão da Polônia pela Alemanha, em setembro de 1939. A Europa já estava preparada para o pior. O medo do comunismo fez com que as potências capitalistas permitissem o fortalecimento da Alemanha para bloquear o avanço da revolução comunista. Logo no início da guerra, o alinhamento dos grandes blocos ficou claro. Em 1940, o Japão se juntou à Alemanha e à Itália para formar o eixo Roma-Berlim-Tóquio.
A guerra na Europa
Incentivado pelos seus êxitos e pela passividade de seus adversários, Hitler atacou a Polônia no dia 1.º de setembro de 1939. A assinatura do pacto de não- agressão com a União Soviética de Stalin deu-lhe ainda mais tranqüilidade. A França e a Inglaterra imediatamente declararam guerra à Alemanha. A Itália permaneceu fora do conflito. Mussolini anunciou ao Führer que suas forças ainda não estavam preparadas para uma guerra. A superioridade numérica e técnica dos exércitos alemães desencadeou uma guerra-relâmpago contra a Polônia, que foi derrotada rapidamente. O Terceiro Reich anexou parte dos territórios poloneses e instalou um governo geral que submeteu a população a uma política de germanização. Durante a invasão da Polônia, a União Soviética aproveitou a oportunidade para recuperar os territórios perdidos durante a Primeira Guerra Mundial: ocupou os países bálticos e avançou sobre a Finlândia em 1940.
A vitória alemã na frente ocidental
O exército alemão era nitidamente superior ao francês, sobretudo na aviação, mas sua marinha era inferior à dos adversários. A Alemanha dependia do aço sueco, transportado pelos portos noruegueses. Em abril de 1940, Hitler invadiu a Dinamarca e a Noruega. Em maio de 1940, os alemães iniciaram a ofensiva na frente ocidental, violando a neutralidade da Holanda, da Bélgica e de Luxemburgo. Tropas inglesas e francesas participaram da grande ofensiva das Ardenas. Derrotados, os exércitos aliados escaparam pelo porto de Dunquerque. A França foi invadida logo depois. Em junho, Mussolini entrou na guerra contra a França e a Inglaterra. O governo do marechal Pétain se rendeu aos alemães. A Alemanha ocupou toda a costa atlântica e o norte da França. No sul, território considerado “livre”, os franceses estabeleceram um governo colaboracionista presidido pelo marechal Pétain, com capital em Vichy. De Londres, o general Charles de Gaulle comandou o movimento França Livre, de resistência à ocupação alemã.
A batalha da Inglaterra
Hitler esperava chegar a um acordo com a Inglaterra. O gabinete inglês, presidido por Winston Churchill, pretendia resistir ao expansionismo alemão. Protegida pelo mar do Norte e pelo canal da Mancha, confiando na sua poderosa frota e com o auxílio dos Estados Unidos, a Inglaterra se preparou para resistir ao ataque inimigo. A invasão da Inglaterra dependia do domínio do espaço aéreo. Durante a batalha da Inglaterra, as forças aéreas dos dois países se enfrentaram duramente. Os ataques ocorreram entre julho e setembro de 1940, com intensos bombardeios. Apesar das baixas, os ingleses venceram. O comando alemão desistiu de invadir as ilhas britânicas. Foi a primeira derrota sofrida pelos nazi-fascistas.
A guerra nas outras frentes
Nos Bálcãs, durante a ocupação da França, em 1940, os italianos invadiram a Grécia, com auxílio alemão. A Iugoslávia, a Bulgária e a Romênia foram ocupadas por tropas do Eixo. No Oriente Médio, a Inglaterra sufocou uma rebelião antibritânica no Iraque. Em julho de 1941, tropas inglesas e da França Livre ocuparam a Síria, até então sob o domínio de Vichy.
Na África, a luta se desenvolveu na Líbia (posse italiana), no Egito (protetorado inglês), na Somália e na Abissínia, onde os italianos foram derrotados. Eles tentaram invadir o Egito, mas acabaram rechaçados pelos ingleses. Os alemães enviaram reforços. Comandados pelo general Rommel, evitaram que os italianos fossem totalmente derrotados na África.
A batalha do atlântico
Hitler não tinha condições de enfrentar a poderosa frota inglesa em pé de igualdade. As ofensivas alemãs se concentraram no ataque ao comércio dos inimigos ou a navios de guerra isolados, utilizando submarinos.
A guerra dependia da batalha do Atlântico. Nessa batalha, houve poucos combates navais de superfície. Surgiram novas armas contra os submarinos: radares e bombas de profundidade.
1941: o mundo em guerra
Até meados de 1941, a Inglaterra e seu império enfrentaram a Alemanha e a Itália, que haviam ocupado a maior parte da Europa ocidental e a região dos Bálcãs. Em 1941, o conflito que até então era limitado se transformou numa verdadeira guerra mundial.
A invasão da União Soviética
Para Hitler, o acordo de não-agressão com os soviéticos era um pacto temporário. No final de 1940, as duas potências começaram a se distanciar. O Führer preparou, em segredo, um ataque à União Soviética. Stalin, do seu lado, procurou ganhar tempo para reforçar seus exércitos. Os motivos que desencadearam a invasão da União Soviética foram os seguintes: a Alemanha ambicionava vastos territórios soviéticos, ricos em petróleo, cereais e outras matérias-primas; após o fracasso alemão na Inglaterra, Hitler procurou garantir a hegemonia do Terceiro Reich no continente europeu. Hitler e seus chefes militares subestimaram a capacidade defensiva da União Soviética. Os alemães enviaram cerca de 3 milhões de soldados contra as fronteiras soviéticas em junho de 1941. As maiores batalhas terrestres da guerra foram travadas na União Soviética: os alemães avançaram rumo a Leningrado e a Moscou, no norte, e em direção à Ucrânia e ao mar Negro, no sul. Os soviéticos resistiram heroicamente. Para evitar que suprimentos caíssem nas mãos dos inimigos alemães, queimavam tudo aquilo que lhes poderia ser útil - o mesmo recurso adotado durante a invasão de Napoleão, mais de um século antes. Apesar disso, em 1942 os alemães haviam cercado Leningrado, estavam perto de Moscou e avançavam em direção ao Cáucaso, no sul.
Muitos navios comerciais foram à pique durante a guerra. A população atingida pela guerra teve de se adaptar a uma vida cheia de perigos e privações.
Pearl Harbor: a guerra no Pacífico
Durante os primeiros anos da guerra, os Estados Unidos mantiveram uma política isolacionista. Apesar disso, forneciam armas à Inglaterra e à União Soviética. Por outro lado, o Japão continuava empreendendo a conquista da China. Em julho de 1941 1941, com apoio da Alemanha, conseguiu que o governo de Vichy permitisse a presença de tropas japonesas na Indochina. Seu objetivo era formar um grande império asiático, conquistando regiões ricas em matérias-primas - sobretudo petróleo e borracha - necessárias para manter sua máquina de guerra.
Os Estados Unidos pressionaram o governo japonês a retirar suas tropas da China e da Indochina. As negociações diplomáticas fracassaram, e o governo norte-americano proibiu a venda de matérias-primas para o Japão. Em Tóquio, o partido militarista, incentivado pelas vitórias do Eixo, decidiu entrar na guerra. Em 7 de dezembro de 1941, a aviação japonesa atacou a frota norte americana do Pacífico, ancorada em Pearl Harbor, no Havaí. Ao mesmo tempo, os japoneses iniciaram uma ofensiva contra as colônias holandesas e inglesas na Oceania e no sudeste asiático, e atacaram as Filipinas.
A Grande Aliança
O Japão havia desencadeado a guerra contra os Estados Unidos e a Inglaterra. Logo após o ataque japonês a Pearl Harbor, a Alemanha e a Itália se declararam em guerra contra os Estados Unidos. Constituiu-se então a Grande Aliança a, formada pelos Estados Unidos, pela Inglaterra e pela União Soviética (embora esta só acabasse entrando na guerra contra o Japão em 1945). A estratégia adotada pelos aliados foi estabelecida em uma série de encontros e reuniões entre os três principais líderes dessas potências: Roosevelt, Churchill e Stalin.
Em agosto de 1941, Roosevelt e Churchill assinaram a Carta do Atlântico, visando à manutenção da democracia após a derrota dos nazifascistas. Em dezembro de 1943 e em fevereiro de 1945, os três líderes reuniram-se para estabelecer as bases da reorganização mundial no pós-guerra. Nas ruas, as pessoas que não conseguiam chegar aos abrigos assistiam imponentes aos ataques aéreos. Pearl Harbor viu a destruição do ataque da aviação japonesa.
O início da contra-ofensiva aliada
Em 1942 e 1943, os aliados começaram a vencer uma série de batalhas, detendo o avanço do Eixo: os Estados Unidos detiveram o avanço japonês no Pacífico. Em agosto de 1942, os norte-americanos iniciaram a conquista de Guadalcanal, finalizada no início de 1943; em outubro e novembro de 1942, o general Rommel foi derrotado pelo exército britânico comandado pelo general Montgomery em El Alamein. Uma expedição anglo-americana desembarcou na Argélia e no Marrocos, obtendo o apoio das colônias francesas. Presos entre dois exércitos aliados, 250 mil soldados alemães se renderam em Túnis, em maio de 1943. A guerra na África chegava ao fim; a gigantesca batalha de Stalingrado, na União Soviética, em fevereiro de 1943, terminou com a derrota total dos alemães. Em julho de 1943, tropas anglo-americanas iniciaram a conquista da Sicília.
A derrota final do Eixo (1943-1945)
Pouco tempo depois do início da invasão da Itália, o governo italiano capitulou. Os alemães se voltaram contra seus antigos aliados, libertaram Mussolini e tomaram Roma. Apesar disso, os exércitos aliados entraram em Roma em junho de 1944. A luta continuou até abril do ano seguinte no norte da Itália. Vendo-se derrotado, Mussolini tentou fugir para a Suíça, mas foi capturado e executado por guerrilheiros italianos que lutavam contra o fascismo.
O fim do terceiro Reich
Durante 1943, os soviéticos realizaram várias ofensivas na frente oriental. Em 1944, expulsaram os alemães da União Soviética e penetraram nos países bálticos e na Polônia. As forças soviéticas avançaram na Romênia e na Bulgária e entraram em contato com as guerrilhas do marechal Tito, que haviam libertado grande parte da Iugoslávia.
Os ingleses e norte-americanos iniciaram uma ofensiva na frente ocidental, forçando o retrocesso das tropas alemãs. Em junho de 1944 1944, os exércitos aliados, comandados pelo general norte-americano Dwight Eisenhower, iniciaram a libertação da França. No final de agosto, forças da Resistência libertaram Paris. O general De Gaulle instalou um governo provisório na França. Os aliados avançavam em direção a Berlim, que foi sitiada pelos soviéticos. No dia 30 de abril de 1945 1945, quando as tropas aliadas estavam a poucos metros da sede da Chancelaria, Hitler suicidou-se. A Alemanha apresentou sua rendição incondicional aos aliados. Tropas soviéticas tomam Berlim.
A rendição do Japão
Entre 1943 e 1944, após uma série de batalhas navais e terrestres, os norte-americanos conseguiram impor sua superioridade naval no Pacífico. Comandados pelo general Douglas MacArthur, conquistaram muitas ilhas e recuperaram as Filipinas. Apesar disso, os japoneses continuavam resistindo: utilizavam pilotos suicidas, kamikazes, que atiravam seus aviões carregados de explosivos contra navios inimigos. Para acabar com a resistência japonesa, o presidente dos Estados Unidos decidiu usar uma arma nova: a bomba atômica mica. Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, dois aviões norte-americanos lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, causando milhares de mortos e feridos. No dia 2 de setembro, o governo japonês capitulou. A Segunda Guerra Mundial chegava ao fim.
Consequências da Segunda Guerra Mundial
Durante a Segunda Guerra Mundial, morreram mais de 50 milhões de pessoas, ou seja, quatro vezes mais gente do que na Primeira Guerra Mundial. Hitler e Mussolini morreram; o Japão sofreu os horrores da mais potente arma de destruição criada até então pelo homem.
Vastas regiões da Europa, da África e da Ásia foram arrasadas pela ação militar. Populações foram sistematicamente assassinadas. O Julgamento de Nuremberg, realizado em 1945 e 1946, revelou todos os detalhes dos procedimentos terríveis utilizados pelos nazistas nos campos de concentração: o assassinato de judeus, principalmente, e de ciganos, comunistas e oposicionistas. As grandes potências vencedoras reorganizaram o mapa político conforme seus interesses e os resultados da guerra:
- a Alemanha abandonou suas conquistas e foi dividida em quatro zonas de ocupação. A União Soviética ocupou a parte oriental do país; os Estados Unidos, a Inglaterra e a França ocuparam a parte ocidental. Berlim, incluída na zona soviética, foi dividida entre os quatro aliados;
- a Itália abandonou suas colônias e cedeu algumas regiões para a Iugoslávia. A monarquia italiana foi substituída por um regime republicano;
- o Japão abandonou suas conquistas e permaneceu temporariamente sob ocupação militar aliada. O regime imperial de Hiroíto subsistiu.
A Segunda Guerra Mundial
“Esta guerra de fato é uma continuação da anterior”
Winston Churchill
A Segunda Guerra Mundial pode ser entendida como resultante da necessidade que algumas potências capitalistas sentiram de redefinir a ordem mundial e redividir os mercados. A necessidade de uma nova partilha pode ser entendida como um reflexo dos acordos firmados pelos aliados no Tratado de Versalhes. Para a Alemanha, a Itália e o Japão, era necessário rever essa situação. As relações internacionais, durante a década de 1930, ficavam cada vez mais tensas, premeditando o grande conflito que estaria por vir.
Os acordos de paz impostos pelos vencedores da Primeira Guerra eram espoliativos e humilhantes, já contendo em si os germes de um novo conflito. O Tratado de Versalhes, por exemplo, considerou a Alemanha “culpada pela guerra” e exigiu dela pesadas indenizações.
No início da década de 30, quando uma gigantesca crise econômico-social alastrou-se pela Alemanha, grande parte dos alemães começou a repetir o que Hitler dizia: o Tratado de Versalhes é um dos maiores responsáveis pelos males que nos afligem. Dono do poder a partir de 1933, Hitler começou a militarizar a Alemanha, desafiando abertamente as imposições ditadas pela França e pela Inglaterra no Tratado de Versalhes.
A Itália de Mussolini também nutria fortes ressentimentos em relação à Inglaterra e à França pois, embora tivesse participado da guerra ao lado desses países, não obtivera as compensações territoriais que haviam lhe prometido.
Outra nação que não se conformava com a ordem internacional estabelecida pelos vencedores da Primeira Guerra era o Japão. O país se industrializara rapidamente e, assim como todas as grandes nações, ambicionava ampliar seus mercados e áreas e influência.
Primeiros passos do expansionismo
Dispostos a destruírem a ordem internacional vigente, Japão, Itália e Alemanha adotaram, na década de 30, uma política declaradamente imperialista, contra a qual a Liga das Nações mostrou-se impotente. Manobrada pela França e pela Inglaterra, a Liga expressava sobretudo os interesses desses dois países que, naquele momento, almejavam manter intacta a ordem internacional que os beneficiava. Por essa razão, a Liga das Nações adotou uma política dócil conhecida como política de apaziguamento, sendo tolerante com os avanços imperialistas do Japão, da Itália e da Alemanha.
Cobiçando as matérias-primas e os vastos mercados da Ásia, o Japão reiniciou sua investida imperialista em 1931, conquistando a Manchúria, região rica em minérios que pertencia à China. A Liga das Nações posicionou-se contra o Japão, mas na prática nada fez para socorrer a China. De sua parte, o Japão retirou-se da Liga que, com isso, teve seu prestígio abalado.
Em outubro de 1935, a Itália de Mussolini afirmou seu imperialismo invadindo a Etiópia, pais independente situado no nordeste da África. Diante disso, a Liga das Nações determinaram que seus membros restringissem o comércio com a Itália. Tal proibição, no entanto, não chegou a afetar a Itália, por que nações fortes como os Estados Unidos e a Alemanha – que não faziam parte da Liga – continuaram a vender-lhe matérias-primas essenciais, como petróleo e carvão. A conquista da Etiópia pela Itália em 1936, provou ao mundo que a Liga das Nações era incapaz de assegurar a paz mundial.
A escalada do Nazismo
Para justificar suas pretensões expansionistas, Hitler insistia em repetir que os alemães precisavam conquistar um “espaço vital”, expandindo seu território. De acordo com a doutrina do espaço vital, as forças nazistas afirmavam que era preciso integrar as comunidades alemãs dispersas na Europa (Áustria, Sudetos – região da então Tchecoslováquia – e Dantzig – um enclave alemão em território polonês) e conquistar a Polônia e a Ucrânia, consideradas régios “vitais” para o povo alemão. A Ucrânia, por exemplo, vasta e fértil região pertencente à União Soviética, produzia trigo, minérios e outras matérias-primas.
Concretizando essas intenções, em 7 de março de 1936, a Alemanha começou a mostrar suas garras ocupando a Renânia (região situada entre a França e a Alemanha) que por determinação do Tratado de Versalhes, deveria permanecer desmilitarizada.
Essa atitude da Alemanha colocava em risco a segurança dos franceses. Apesar disso, a França nada fez para impedi-la. A Inglaterra, por sua vez, também não se manifestou. Essas omissões alimentaram a escalada do imperialismo alemão. O próximo passo da Alemanha nazista foi juntar-se à Itália fascista e intervir na Guerra Civil Espanhola em favor das forças do general Franco. Essa guerra serviu para os nazifascistas testarem suas armas, equipamentos, tropas e estratégias.
Logo em seguida, Hitler aliou-se formalmente a Mussolini, dando origem ao Eixo Roma-Berlim. Posteriormente, com a entrada do Japão nessa aliança, formou-se o Eixo Roma-Berlim-Tóquio.
Hitler realizou a anschluss, ou seja, a anexação da Áustria à Alemanha, em março de 1938. Para isso, os alemães contaram com o total apoio dos nazistas austríacos. Em seguida, o Führer passou a exigir também os Sudetos, região da Tchecoslováquia onde viviam aproximadamente 3 milhões de alemães. A justificativa para tal exigência era que o governo tcheco “perseguia” a minoria germânica que vivia sob o seu domínio.
O governo tcheco, no entanto, decidiu resistir aos alemães. Para isso mobilizou suas tropas e pediu auxílio à França. Quando a guerra parecia inevitável, as potências européias concordaram em resolver a questão por meio de uma conferência. Assim, em setembro de 1938, Hitler, Mussolini Chamberlain (Inglaterra) e Deladier (França) reuniram-se na conferência de Munique e assinaram um acordo que obrigava a Tchecoslováquia a ceder os Sudetos para a Alemanha. Abandonada à sua própria sorte, a Tchecoslováquia viu-se invadida pelos alemães, que inicialmente ocuparam os Sudetos e, em março de 1939, tomaram o resto do país.
A União Soviética, que tinha sido desprezada pela França e pela Inglaterra, decidiu aproximar-se da Alemanha. Esta, por sua vez, viu vantagem nessa aproximação, pois em caso de guerra não precisaria ter de lutar em duas frentes. Assim, em agosto de 1939, a Alemanha de Hitler e a União Soviética de Stálin firmaram entre si um pacto de não-agressão, que estabelecia, secretamente, a partilha do território polonês entre as duas nações.
Com o sinal verde dado por Stálin, Hitler sentiu-se à vontade para agir. Em 1º de setembro de 1939, invadiu a Polônia e, por meio de um ataque rápido e violentíssimo, liquidou-a em pouco mais de três semanas. Dois dias depois da invasão, Inglaterra e França declaram guerra à Alemanha. Era o começo da Segunda Guerra Mundial, que só terminaria seis anos depois.
As fases da Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial, que se estendeu de 1939 a 1945, foi o maior conflito armado já ocorrido na história da humanidade. As operações de guerra envolveram povos de praticamente todas as regiões do mundo, embora os principais choques armados tenham sido travados na Europa, no norte da África e no Extremo Oriente.
Os principais blocos de países em conflito ficaram conhecidos como Potências do Eixo e Potências Aliadas. Desses dois blocos, podemos destacar os seguintes países:
- Potências do Eixo: Alemanha, Itália e Japão;
- Potências Aliadas: Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos.
Os acordos de cooperação entre as potências que combateram na Segunda Guerra Mundial não foram estabelecidos de uma só vez. A participação dos países foi sendo definida de acordo com os interesses de cada governo e o desenvolvimento do conflito.
Podemos dividir as principais operações militares da Segunda Guerra Mundial em duas grandes fases:
· Primeira fase (1939-1942). Caracterizou-se por uma rápida expansão, assinalada por importantes conquistas das forças do Eixo.
No início, o conflito se restringiu à Europa. Depois da invasão da Polônia, os nazistas ocuparam a Noruega, a Bélgica, a Holanda e invadiram a França. Ingleses e franceses tentaram conter o avanço, mas não conseguiram.
Em 1940 o marechal francês Henri Pétain assinou um armistício com a Alemanha. Ele estabeleceu no sul da França um governo colaboracionista, que apoiava os nazistas e era aliado da Alemanha. A parte norte da França, inclusive Paris, ficou ocupada pelos exércitos alemães e era governado por eles. Muitos franceses, liderados pelo General De Gaulle, recusaram-se a aceitar a derrota.
Para continuar combatendo os nazistas na clandestinidade, organizaram um movimento que ficou conhecido como resistência francesa. Os membros desse movimento chamavam-se partisans e, agindo às escondidas, executavam atos de sabotagem e praticavam atentados contra os ocupantes inimigos, geralmente atacando de surpresa e causando grandes perdas.
Em agosto de 1940, a Força Aérea alemã (Luftwaffe) deu início à Batalha da Grã-Bretanha, bombardeando Londres e grandes cidades e centros industriais britânicos. A nova ofensiva nazista foi enfrentada pela Real Força Aérea Britânica (RAF), que conseguiu evitar a derrota dos ingleses. Depois de meses de ataques aéreos infrutíferos, Hitler foi obrigado a abandonar a denominada Operação Leão-Marinho, cujo objetivo era a invasão terrestre da Grã-Bretanha. A maior parte da Luftwaffe havia sido destruída pela RAF, impossibilitando o desembarque de tropas alemãs.
Os britânicos continuaram resistindo, protegidos pelo fato de estarem em uma ilha e, sobretudo, por seu poderio marítimo. Já os alemães precisavam consolidar seu domínio sobre a parte conquistada da Europa. Alem disso, os alemães precisavam também garantir a posse de suprimentos vitais, como petróleo e cereais, para enfrentar uma guerra prolongada contra os ingleses. Com esse objetivo, Hitler decidiu romper o pacto de não-agressão assinado com Stalin, em 1939, e invadir a União Soviética. Em junho de 1941, foi desencadeada a Operação Barbarossa, e um ataque maciço dos alemães pegou os soviéticos de surpresa.
No decorrer de 1941, dois acontecimentos influenciaram profundamente o curso e o desfecho da guerra: a invasão da União Soviética pela Alemanha, iniciada no mês de junho, e o ataque do Japão à base militar norte-americana de Pearl Harbour, no Havaí, no mês de dezembro.
· Segunda fase (1942-1945). Caracterizou-se pela contra-ofensiva bem sucedida dos Estados Unidos, Inglaterra, União Soviética e seus aliados.
Derrotados na Inglaterra, Hitler voltou-se para seu grande projeto: conquistar a União Soviética. Ele acreditava que com essa conquista a Alemanha se transformaria num império invencível.
Surpreendidos, os soviéticos adotaram a antiga tática da “terra arrasada”, que consistia em ceder espaços, destruindo antes tudo aquilo que pudesse ser útil ao adversário. Os alemães avançaram rapidamente pelo interior do território soviético e, em pouco tempo, cercaram as cidades de Leningrado (ao norte), Stalingrado (ao sul) e aproximaram-se de Moscou.
Cedendo espaço, os soviéticos tiveram tempo para organizar um eficiente contra-ataque. Em 1942, conseguiram conter o avanço nazista e impedir a queda de Moscou. Vendo-se impossibilitado de tomar a capital soviética, Hitler ordenou aos seus comandados que avançassem sobre Stalingrado, um importante centro industrial. Foi nessa cidade que se travou, em 1943, uma das batalhas mais importantes e violentas da Segunda Guerra, a Batalha de Stalingrado. Os soviéticos quebraram o mito da invencibilidade nazista, obrigando os alemães à sua primeira rendição. Depois dessa significativa vitória, o exército soviético avançou em direção ao Ocidente e, pouco a pouco, forçou as tropas de Hitler a recuarem até a capital da Alemanha.
Entrada dos Estados Unidos
Os norte-americanos, mais uma vez, tinham enormes investimentos com a Inglaterra e com a França, seus amigos aliados de guerra. Para garantir o recebimento, teriam que entrar diretamente no conflito. Os norte-americanos tinham pretensão hegemônica na região do Pacífico, também disputada pelos japoneses. No dia 7 de dezembro de 1941, de surpresa, os japoneses, interessados no domínio asiático, atacaram a esquadra americana ancorada em Pearl Harbour, na Ilha do Hawai. Assim, teve início a “Guerra do Pacifico”.
A agressão japonesa a Pearl Harbour levou os Estados Unidos a entrarem efetivamente na guerra. Até então, o país colaborara indiretamente com os aliados. Além de participarem diretamente do conflito desde 1941, os norte-americanos forneceram aos seus aliados enormes quantidades de equipamento bélico, tanques, navios e aviões de boa qualidade.
Em junho de 1942, os norte-americanos venceram os japoneses nas batalhas navais de Midway e Mar de Coral, conseguindo barrar a ofensiva nipônica no Pacífico. No final desse mesmo, enquanto os ingleses venciam os alemães e italianos, na batalha de El Alamein (Egito), tropas anglo-americanas desembarcaram no Marrocos e, em pouco tempo, dominaram o norte da África.
Os meses finais
Partindo do norte da África, as tropas aliadas desembarcaram na ilha da Sicília, em julho de 1943, lançando-se à invasão da Itália. Logo em seguida, Mussolini foi deposto e o novo governo italiano assinou a paz com os aliados em 8 de setembro de 1943. Mas a Itália continuou sendo palco de intensos combates, pois a maior parte de seu território permaneceu sob o controle dos nazistas.
Em abril de 1945, 25 mil combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) integraram as tropas aliadas que esmagaram a resistência nazista na Itália. Dias depois, Mussolini foi preso e fuzilado em praça pública.
Em 6 de junho de 1944 – o Dia D – os aliados desembarcaram na Normandia (norte da França). Em apenas 75 dias, conseguiram libertar Paris, logo depois a marcha sobre a Alemanha.
Na frente oriental, o exército soviético vinha avançando sem cessar desde 1943. Nessa escalada foi desalojando os nazistas na Bulgária, Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Polônia. Em fevereiro de 1945, já se encontrava a 150 km da capital alemã. Consta que Hitler tenha dado ordem a um cabo que o matasse com um tiro e enrolasse seu corpo em pneu, incinerando-o e tornando qualquer identificação impossível para os recursos científicos da época. Há quem diga que cometeu suicídio (difícil ter certeza histórica quanto a este ponto, porém seus restos mortais jamais foram encontrados) em 30 de abril, com a chegada das tropas soviéticas a Berlim, e o almirante Doenitz forma novo governo e pede o fim das hostilidades. A capital alemã é ocupada em 2 de maio. A Alemanha se rende incondicionalmente em 7 de maio, em Reims.
Os japoneses insistiam na luta, mesmo com a marinha e a aviação destruídas. Os aliados ainda sofriam perdas devido a ação dos pilotos suicidas, os kamikazes, que se atiravam com seus aviões os encouraçados. A guerra poderia prolongar-se.
Os Estados Unidos exigiram rendição incondicional do Japão, mas isso não ocorreu. O presidente Harry Truman resolveu lançar sobre cidades japonesas um tipo de arma até então desconhecido, a bomba atômica. A primeira, sobre Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, matou em poucos segundos 100 mil pessoas e feriu outro tanto; três dias depois, outra bomba causou mais 200 mil vítimas em Nagasaki. O terror nuclear liquidou a resistência japonesa. Em 2 de setembro de 1945, a bordo do encouraçado Missouri, os japoneses renderam-se perante o general Mac Arthur.
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL matou mais pessoas, destruiu mais propriedades, devastou mais vidas, e provavelmente teve mais consequências de longo prazo que qualquer outra guerra na história. O desenvolvimento da bomba atômica durante a guerra abriu a era nuclear.
O número exato das pessoas mortas por causa da SEGUNDA GUERRA MUNDIAL nunca será conhecido. Mortes de militares provavelmente passaram dos 17 milhões. Mortes de civis eram até maiores em resultado da fome, bombardeios, invasões, massacres, epidemias, e outras causas relacionadas à guerra.
Entre quatro e seis milhões de judeus foram vitimados pelos nazistas nos campos de concentração, fornos crematórios e trens da morte. Esse genocídio (crime contra um grupo humano nacional, étnico ou religioso) ficou conhecido com Holocausto.
Os campos de batalha esparramaram-se por quase toda parte do mundo. Tropas lutaram nas selvas cozinhando no vapor do Sudeste da Ásia, nos desertos de África do norte, e em ilhas no Oceano Pacífico. Foram empreendidas batalhas em campos congelados na União Soviética, debaixo da superfície do Oceano Atlântico, e nas ruas de muitas cidades europeias.
Com o fim da guerra, Alemanha, França e Itália e Japão estão destruídos; a Grã-Bretanha se encontra à beira da exaustão. Os grandes impérios coloniais desmoronam, os países da África e da Ásia passam por processos de descolonização. Estados Unidos e União Soviética emergem como as grandes potências do planeta. Em pouco tempo, a tensão entre as potências se acirra. A polarização das disputas internacionais entre o bloco ocidental e o bloco soviético vai marcar o compasso nas décadas seguintes. É a Guerra Fria que começa.
O avanço do totalitarismo: Nazismo e Fascismo
No pós-guerra, assistiu-se em diversas partes do mundo ao desenvolvimento das democracias liberais e à ascensão vertiginosa dos regimes totalitários.
Chamamos de totalitário o regime político que considera os interesses do Estado infinitamente mais importantes do que os direitos do indivíduo: “Nada pelo indivíduo, tudo pelo Estado”
As razões gerais da ascensão e consolidação dos regimes totalitários em diversos países do mundo no pós-guerra são semelhantes:
- os efeitos da crise econômica do pós-guerra (aumento da dívida externa, desemprego, fome) agravado pela crise mundial de 1929;
- a intensificação dos conflitos sociais e a incompetência dos governos democráticos na administração desses conflitos;
- o receio que os grupos dominantes (empresários, banqueiros, oficiais das forças armadas) nutriam com relação ao avanço do socialismo (daí o apoio que o nazi-fascismo recebeu desses grupos).
Dois exemplos de regimes totalitários surgidos no pós-guerra foram o fascismo, na Itália, e o nazismo na Alemanha .
O fascismo italiano e o nazismo alemão possuíam inúmeras características comuns:
- o nacionalismo extremado. Consideravam a nação (Itália, no caso do fascismo; Alemanha, no caso do nazismo) como uma das criações mais elaboradas do espírito humano. Por isso a vontade pessoal devia estar submetida à vontade nacional;
- o unipartidarismo. Em cada nação, deveria haver apenas um partido ;
- o emprego da violência. Tanto os fascistas quanto os nazistas faziam uso sistemático da violência para aterrorizar e eliminar seus adversários;
- o expansionismo. Diziam que a nação que não se expandisse territorialmente fatalmente acabaria por desaparecer. O ditador alemão Adolf Hitler afirmava, por exemplo, que os alemães precisavam conquistar um espaço vital – para se realizarem plenamente.
FASCISMO – Regime político de caráter totalitário que surge na Europa no entreguerras (1919-1939). Originalmente é empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini entre 1919 e 1943
Origens – Na Itália, depois da guerra, reinava descontentamento, desemprego, inflação, miséria. Os camponeses, arruinados, ocupavam as terras. Os operários, as usinas. O governo era impotente para deter a anarquia e o caos econômico.
Benito Mussolini (1883–1945) – Jornalista, antigo membro do Partido Socialista, redator do jornal Avanti, concretizou as correntes políticas, econômicas e sociais que agitaram a Europa de após-guerra: crescimento do nacionalismo, desprezo pelas formas democráticas de governo, conciliação entre o capital e o trabalho. Fundou em 1919, em Milão, o “Partido Fascista” de caráter político-militar.
A Marcha Sobre Roma (1922) – Com a retirada do ministério Facta, o rei Vítor Emanuel foi obrigado a aceitar a colaboração dos fascista, que marcharam sobre Roma. Mussolini, à frente dos "camisas pretas", entrou na capital, e foi nomeado por Vítor Emanuel III primeiro ministro.
O Governo Fascista – Criou numerosas milícias de voluntários e obteve maioria nas eleições de 1924. Assassinaram o líder socialista Matteotti, opositor de Mussolini. Foram dissolvidos os partidos políticos, cassados os mandatos de deputados, suprimida a liberdade de imprensa. O governo, revestido de autoridade concentrada, combateu também as sociedades secretas e a concepção individualista da sociedade e do Estado e a economia liberal. O seu ideal era o "Estado Total". Liquidou a "Questão Romana" pelo Tratado de Latrão de 1929.
O Estado Fascista – Foi criado pelo partido fascista, cujo Grande Conselho determinou, como comissão eleitoral, a composição do parlamento. O chefe do governo é o Duce.
Características do Fascismo
a) Corporativismo: as classes sociais ficavam sob a tutela do Estado.
b) Totalitarismo: o Estado controla todos os setores da sociedade.
c) Nacionalismo.
d) Militarismo.
e) Monopartidarismo.
NAZISMO – Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República de Weimar, entre 1919 e 1933.
Origens – O presidente Frederico Ebert, socialista, foi substituído em 1925 pelo Marechal Hindenburg, de grande prestígio e representante da aristocracia agrária. Formou-se um novo partido, em Munique, "Operário Alemão", que se transformou em Partido Nacional Socialista (abreviado para Partido Nazista) com Adolfo Hitler, influenciado pelas idéias anti-semitas, totalitárias e racistas de Gottfried Feder. Numa cervejaria de Munique, foram apresentados os princípios fundamentais do partido, entre outros: eliminação dos judeus da vida publica, nacionalização das indústrias, participação do Estado no lucro das grandes indústrias, pena de morte para os traidores.
Adolf Hitler (1889-1945?) – Nasceu na Áustria. Foi soldado na Primeira Guerra Mundial, chegando ao posto de cabo. Bom orador recebeu o apoio de oficiais do exército e de homens como Rudolf Hess, Hermann Goering e Alfred Rosenberg. Na prisão, escreveu o livro Mein Kampf (Minha Luta). Em 1930 teve notável ascensão com a vitória obtida nas eleições parlamentares, conquistando a maioria no parlamento. Em 1933, Hindenburg, encarregou Von Papen (falecido em 1969) de organizar um gabinete, chefiado por Hitler.
Hitler no Poder – Convocou eleições imediatas. Forçou a dissolução dos partidos políticos, exceto o seu; fechou sindicatos, encheu os campos de concentração de socialistas, comunistas e judeus; arregimentou as forças morais, intelectuais, educacionais e religiosas sob a vigilância da Gestapo (a temível polícia política do Estado nazista). Passou a usar o nome "Fuehrer".
O Estado Nazista – Criado por Hitler, era mais totalitário do que o fascísta. "As massas são como uma mulher que se submeterá ao homem forte, em vez de dominar o fraco", dizia Hitler. O regionalismo foi abolido. A economia dirigida visava à indústria bélica. O nazismo combatia o socialismo, o comunismo e os ideais marxistas. É diferente do fascismo pelo seu anti-semitismo.
Características do Nazismo:
a) Racismo.
b) Ideologia divulgada pelo Estado que os alemães pertencem a uma raça superior, a raça ariana.
c) Antissemitismo.
d) Nacionalismo exacerbado.
e) Anticomunismo.
f) Unipartidarismo.
g) Governo totalitário.
A economia nazista
As principais medidas econômicas do governo nazista foram:
· Orientação de produção para atender às necessidades gerais da população;
· Fixação de horário máximo de trabalho, bem como dos salários máximo e mínimo e da margem de lucros das empresas;
· Programas de treinamento para a melhoria da qualidade profissional dos trabalhadores;
· Contenção do êxodo rural, mediante a criação de propriedades familiares indivisíveis e invendáveis, transmitidas hereditariamente a um único herdeiro;
· Supressão das indústrias de baixo rendimento;
· Construção de numerosas obras públicas, para combater o desemprego;
· Início do rearmamento do país, desobedecendo à determinação do Tratado de Versalhes;
· Estímulo às relações econômicas da Alemanha com os países da Europa central;
· Estímulo ao desenvolvimento de indústrias especializadas (produtos químicos, têxteis, maquinário, etc.) e à exportação de seus produtos.
Com essas medidas, a produção da indústria alemã, por volta de 1939, passou a ocupar o segundo lugar no mundo, atrás apenas da indústria norte-americana. Com isso a Alemanha sentia-se em condições de sustentar uma nova guerra.
Neonazismo – A partir dos anos 80, na Europa, há uma retomada de movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas, principalmente na Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles são favorecidos, entre outros motivos, pela imigração, pela recessão, pelo desemprego e pelo ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais. Manifestam-se de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Em determinados países, os movimentos neonazistas valem-se também da via institucional parlamentar, como o partido político Frente Nacional, na França. No Brasil, carecas, skinheads e white power são alguns dos grupos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migrantes nordestinos.
O totalitarismo na Espanha
De 1936 a 1939, a Espanha esteve envolvida numa das mais cruéis guerras civis dos últimos tempos. A origem dessa guerra está na proclamação da república espanhola, em 1931.
Após as eleições de 1931, a república espanhola começou a ser dirigida por um governo liberal, com forte oposição de partidos de esquerda e de direita. Os movimentos de esquerda se impuseram e, em 1936, a república era dominada por uma frente popular composta por republicanos, socialistas e comunistas.
Como reação, as forças mais conservadoras planejaram um golpe militar. Um de seus líderes, o general Francisco Franco, que o governo republicano exilara nas ilhas Canárias, tomou o comando das forças espanholas no Marrocos e invadiu a Espanha.
Em pouco tempo, o país estava dividido: de um lado os partidários de Franco e do Exército, chamados nacionalistas; de outro, os partidários do governo, os republicanos. As forças nacionalistas venceram e entraram vitoriosas em Madri no dia 1º de abril de 1939. Cerca de 750 mil pessoas perderam a vida nesse conflito.
Franco, com o apoio da Falange – partido fascista espanhol –, do exército e da igreja católica, governou ditatorialmente a Espanha até 1975, usando o título de caudilho.
A vitória dos nacionalistas contou com o apoio de Mussolini e de Hitler, que forneceram armas e soldados. Os aviões nazistas chegaram a bombardear o território espanhol, atingindo diversas cidades e vilas, entre elas a de Guernica, que foi totalmente arrasada.
Os republicanos tiveram a ajuda de voluntários das chamadas Brigadas Internacionais, organizadas pelo movimento comunista mundial.
Pela internacionalização do conflito, muitos estudiosos consideram que a Guerra Civil Espanhola foi um ensaio para a Segunda Guerra Mundial, que dava então seus primeiros sinais.
Portugal: a ditadura de Salazar
Em Portugal, Antônio de Oliveira Salazar assumiu, em 1932, a presidência do Conselho de Ministros. A partir de então, passou a conduzir a vida política do país como chefe do governo até 1968.
Salazar implantou uma ditadura autoritária, tendo como base jurídica a Constituição de 1933. Acabou com a atividade dos diversos partidos políticos portugueses existentes, instituindo a União Nacional como partido único. O movimento dos trabalhadores foi severamente controlado pelo Estado.
A libertação política de Portugal deu-se somente após a morte de Salazar, em 1970.
Período entre guerras: crise e totalitarismo
A crise de 1929
Com o fim da Primeira Guerra, os Estados Unidos da América se colocam na condição de primeira potência do globo, como o "celeiro mundial", abastecendo os mercados europeus, afetados pela guerra, além dos seus, internos.
Assiste-se na lavoura e na indústrias americanas uma notável expansão, os bancos tornaram-se credores da reconstrução europeia; a sociedade americana torna-se mundialmente respeitada e admirada. Vise-se aos anos 20 o período da "Grande Euforia".
Poucos se apercebem que a expansão, entretanto, tem como destino um abismo profundo e abrupto; a euforia desenfreada é o caminho para uma crise sem precedentes na história de todo o mundo capitalista e que desemboca em 1929.
As origens da crise:
À medida em que a Europa se recupera dos efeitos da grande guerra, reconstruindo fábricas, recuperando campos, gerando empregos, etc, fica menos dependente do dinheiro e dos produtos norte americanos. O ritmo acelerado da produção dos Estados Unidos, com a crescente redução do mercado europeu (e gradativa concorrência com o mesmo), gera um descompasso entre produção e consumo, fazendo-se notar uma superprodução no país, sem consumidores.
A solução é, no correr dos anos 20, recorrer à necessária redução da produção, o que leva ao desemprego. A escala crescente de desemprego desestimula ainda mais a produção pois diminui o poder aquisitivo médio da população.
A crise:
Em 1929, fazendas e fábricas, sem condições de sobreviver face ao restrito mercado consumidor, vão à falência, ampliando para milhões o número de desempregados. Bancos credores perdem seus capitais investidos no processo produtivo e também falem (o número de falências no sistema bancário norte americano chaga à impressionante cifra de 5 mil bancos).
A situação da ruína conduz à quebra da Bolsa de valores de Nova York, em outubro de 1929. A crise se torna mundial porque as filiais de bancos e indústrias americanas quebram em diversos pontos do globo e a instabilidade levam os governos a se precaverem, adotando uma postura protecionista nos anos 30, através da elevação das taxas alfandegárias e contenção dos gastos com importações.
Assim, a redução do comércio internacional é uma das características do período da Grande Depressão, que o mundo capitalista assiste na década de 30. Essa situação aflige também as nações periféricas, dependentes das compras das grandes potências, sobretudo de produtos primários, agora sem condições de efetuá-las.
No Brasil, a cafeicultura é drasticamente afetada, pois o café, único grande produto nacional não é mais comprado pelos Estados Unidos. Os cafeicultores, detentores inclusive do poder político, perdem muito de sua força econômica, o que abala substancialmente também seu prestígio político, possibilitando a Revolução de 20 que faz emergir novas forças no cenários político nacional.
Apenas a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas não é afetada pela crise por não possuir vínculo com o mundo capitalista.
O New Deal: Uma proposta para amenizar a crise
New Deal, termo aplicado ao programa do presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt, entre 1933 e 1938, pelo qual ele procura recuperar a economia dos Estados Unidos (EUA) e acabar com a Grande Depressão. O termo, que significa "novo acordo", é cunhado pelo juiz Samuel Rosenman e utilizado por Roosevelt em seu discurso de 1932, quando aceita a indicação como candidato a presidente da República. A incapacidade de resolver os problemas surgidos após a Depressão leva à derrota do presidente republicano Hoover para Roosevelt, democrata, em 1933.
A legislação do New Deal é proposta por políticos progressistas, administradores e especialistas a serviço do presidente. A inspiração vem de economistas da escola de Keynes, que prega a intervenção do Estado na economia para diminuir os focos de tensão social, por meio de grandes investimentos públicos: construção de estradas, usinas, escolas etc. O objetivo é melhorar a distribuição de renda, a fim de aumentar a capacidade de absorção do mercado interno.
O plano é aprovado por maioria esmagadora no Congresso. Suas principais medidas são: fechamento temporário dos bancos e a requisição dos estoques de ouro para sanear as finanças; a desvalorização da moeda por meio de uma inflação moderada, com o objetivo de elevar os preços dos produtos agrícolas e permitir que os fazendeiros paguem suas dívidas; emissão de papel-moeda e o abandono do padrão-ouro, que permitem ao Banco Central financiar o seguro-desemprego, para atender a população mais carente.
A legislação emergencial de 1933 acaba com a crise bancária e restaura a confiança pública. As medidas de alívio do chamado primeiro New Deal, de 1933 a 1935, como a criação da Autoridade do Vale do Tennessee, estimulam a produtividade, e a Administração de Projetos de Trabalho reduz o desemprego.
A falência das agências do governo central provoca o segundo New Deal, de 1935 a 1938, devotado à recuperação por meio de medidas como o Ato de Seguridade Social, que garante o seguro-desemprego, dá cobertura previdenciária aos assalariados e estabelece a liberdade sindical. O New Deal estende a autoridade federal em todos os campos e dá atenção imediata aos problemas trabalhistas. Apóia trabalhadores, fazendeiros e pequenos empresários e, indiretamente, negros, que são beneficiados pela legislação, que propõe equiparar as oportunidades e criar padrões mínimos de salário, carga horária, descanso e seguridade. O problema do desemprego, no entanto, só é resolvido às vésperas da II Guerra Mundial, com a reativação da indústria bélica, a partir de 1937, em função do rearmamento dos países da Europa.
O avanço do totalitarismo
No pós-guerra, assistiu-se em diversas partes do mundo ao desenvolvimento das democracias liberais e à ascensão vertiginosa dos regimes totalitários.
Chamamos de totalitário o regime político que considera os interesses do Estado infinitamente mais importantes do que os direitos do indivíduo: “Nada pelo indivíduo, tudo pelo Estado”
As razões gerais da ascensão e consolidação dos regimes totalitários em diversos países do mundo no pós-guerra são semelhantes:
· os efeitos da crise econômica do pós-guerra (aumento da dívida externa, desemprego, fome) agravado pela crise mundial de 1929;
· a intensificação dos conflitos sociais e a incompetência dos governos democráticos na administração desses conflitos;
· o receio que os grupos dominantes (empresários, banqueiros, oficiais das forças armadas) nutriam com relação ao avanço do socialismo (daí o apoio que o nazi-fascismo recebeu desses grupos).
Dois exemplos de regimes totalitários surgidos no pós-guerra foram o fascismo, na Itália, e o nazismo na Alemanha.
O fascismo italiano e o nazismo alemão possuíam inúmeras características comuns:
- o nacionalismo extremado. Consideravam a nação (Itália, no caso do fascismo; Alemanha, no caso do nazismo) como uma das criações mais elaboradas do espírito humano. Por isso a vontade pessoal devia estar submetida à vontade nacional;
- o unipartidarismo. Em cada nação, deveria haver apenas um partido;
- o emprego da violência. Tanto os fascistas quanto os nazistas faziam uso sistemático da violência para aterrorizar e eliminar seus adversários;
- o expansionismo. Diziam que a nação que não se expandisse territorialmente fatalmente acabaria por desaparecer. O ditador alemão Adolf Hitler afirmava, por exemplo, que os alemães precisavam conquistar um espaço vital – para se realizarem plenamente.
Nazismo
Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República de Weimar, entre 1919 e 1933. Baseia-se na doutrina do nacional-socialismo, formulada por Adolf Hitler, que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP). De caráter nacionalista, defende o racismo, a superioridade da raça ariana e a luta pelo expansionismo alemão e nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista. A essência da ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (Mein Kampf).
Ao final da I Guerra Mundial, além de perder territórios para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são obrigados pelo Tratado de Versalhes a pagar altas indenizações aos países vencedores. Essa penalidade faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos, gerando falências, inflação e desemprego em massa.
As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo no país. O NSDAP, utilizando-se de espetáculos de massa (comícios e desfiles) e dos meios de comunicação (jornais, revistas, rádio e cinema), consegue mobilizar a população por meio do apelo à ordem e ao revanchismo. Recebe ajuda da grande burguesia, que teme o movimento operário. Favorecidos por uma divisão dos partidos de esquerda, os nazistas são vitoriosos nas eleições de 1932. Em 1933, Hitler é nomeado primeiro-ministro, com o auxílio de nacionalistas, católicos e setores independentes. Um ano depois se torna chefe de governo (chanceler) e chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de führer, o guia do povo alemão, criando o III Reich (III Império).
Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos, exceto o nazista; dissolve os sindicatos; cassa o direito de greve; fecha os jornais de oposição; e estabelece a censura à imprensa. Apoiando-se em organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo (polícia política), realiza perseguições aos judeus, aos sindicatos e aos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos. O intervencionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminam, no entanto, o desemprego e impedem a retirada do capital estrangeiro do país. Há um acelerado desenvolvimento industrial, que estimula a indústria bélica e a edificação de obras públicas. Esse crescimento se deve em boa parte ao apoio dos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a Adolf Hitler.
Em desrespeito ao Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório, em 1935, remilitariza o país e envia tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936. Nesse mesmo ano promove o extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração. Anexa a Áustria e a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à II Guerra Mundial.
Terminado o conflito, instala-se na cidade alemã de Nürenberg um tribunal internacional para julgar os crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Realizam-se 13 julgamentos entre 1945 e 1947, 25 alemães são condenados à morte, 20 à prisão perpétua, 97 a penas curtas de prisão e 35 são absolvidos. Dos 21 principais líderes nazistas capturados, dez são executados por enforcamento em 16 de outubro de 1946.
Neonazismo – A partir dos anos 80, na Europa, há uma retomada de movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas, principalmente na Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles são favorecidos, entre outros motivos, pela imigração, pela recessão, pelo desemprego e pelo ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais. Manifestam-se de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Em determinados países, os movimentos neonazistas valem-se também da via institucional parlamentar, como o partido político Frente Nacional, na França. No Brasil, carecas, skinheads e white power são alguns dos grupos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migrantes nordestinos.
Fascismo
“Um minuto no campo de lutavale uma vida inteira de paz.”Mussolini
Regime político de caráter totalitário que surge na Europa no entreguerras (1919-1939). Originalmente é empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini entre 1919 e 1943. Suas principais características são o nacionalismo, que tem a nação como forma suprema de desenvolvimento, e o corporativismo, em que os sindicatos patronais e trabalhistas são os mediadores das relações trabalhistas.
O fascismo nasce oficialmente em 1919, em Milão, quando Mussolini funda o movimento intitulado Fascio de Combatimento, cujos integrantes, os camisas pretas (camicie nere), se opõem à classe liberal. Em 1922, as milícias fascistas desfilam na Marcha sobre Roma. Pretendem tomar o poder militarmente e ocupam prédios públicos e estações ferroviárias, exigindo a formação de um novo gabinete. Mussolini é convocado para chefiar o governo do país, que atravessa profunda crise econômica, agravada por greves e manifestações de trabalhadores. Por meio de fraudes, os fascistas conseguem maioria parlamentar. Em seguida, Mussolini dissolve os partidos de oposição, persegue parlamentares oposicionistas e passa a governar por decretos. As características do regime são cerceamento da liberdade civil e política, unipartidarismo, derrota dos movimentos de esquerda e limitação ao direito dos empresários de administrar sua força.
O totalitarismo na Espanha
De 1936 a 1939, a Espanha esteve envolvida numa das mais cruéis guerras civis dos últimos tempos. A origem dessa guerra está na proclamação da república espanhola, em 1931.
Após as eleições de 1931, a república espanhola começou a ser dirigida por um governo liberal, com forte oposição de partidos de esquerda e de direita. Os movimentos de esquerda se impuseram e, em 1936, a república era dominada por uma frente popular composta por republicanos, socialistas e comunistas.
Como reação, as forças mais conservadoras planejaram um golpe militar. Um de seus líderes, o general Francisco Franco, que o governo republicano exilara nas ilhas Canárias, tomou o comando das forças espanholas no Marrocos e invadiu a Espanha.
Em pouco tempo, o país estava dividido: de um lado os partidários de Franco e do Exército, chamados nacionalistas; de outro, os partidários do governo, os republicanos. As forças nacionalistas venceram e entraram vitoriosas em Madri no dia 1º de abril de 1939. Cerca de 750 mil pessoas perderam a vida nesse conflito.
Franco, com o apoio da Falange – partido fascista espanhol –, do exército e da igreja católica, governou ditatorialmente a Espanha até 1975, usando o título de caudilho.
A vitória dos nacionalistas contou com o apoio de Mussolini e de Hitler, que forneceram armas e soldados. Os aviões nazistas chegaram a bombardear o território espanhol, atingindo diversas cidades e vilas, entre elas a de Guernica, que foi totalmente arrasada.
Os republicanos tiveram a ajuda de voluntários das chamadas Brigadas Internacionais, organizadas pelo movimento comunista mundial.
Pela internacionalização do conflito, muitos estudiosos consideram que a Guerra Civil Espanhola foi um ensaio para a Segunda Guerra Mundial, que dava então seus primeiros sinais.
Portugal: a ditadura de Salazar
Em Portugal, Antônio de Oliveira Salazar assumiu, em 1932, a presidência do Conselho de Ministros. A partir de então, passou a conduzir a vida política do país como chefe do governo até 1968.
Salazar implantou uma ditadura autoritária, tendo como base jurídica a Constituição de 1933. Acabou com a atividade dos diversos partidos políticos portugueses existentes, instituindo a União Nacional como partido único. O movimento dos trabalhadores foi severamente controlado pelo Estado.
A libertação política de Portugal deu-se somente após a morte de Salazar, em 1970.
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