No pós-guerra, assistiu-se em diversas partes do mundo ao desenvolvimento das democracias liberais e à ascensão vertiginosa dos regimes totalitários.
Chamamos de totalitário o regime político que considera os interesses do Estado infinitamente mais importantes do que os direitos do indivíduo: “Nada pelo indivíduo, tudo pelo Estado”
As razões gerais da ascensão e consolidação dos regimes totalitários em diversos países do mundo no pós-guerra são semelhantes:
- os efeitos da crise econômica do pós-guerra (aumento da dívida externa, desemprego, fome) agravado pela crise mundial de 1929;
- a intensificação dos conflitos sociais e a incompetência dos governos democráticos na administração desses conflitos;
- o receio que os grupos dominantes (empresários, banqueiros, oficiais das forças armadas) nutriam com relação ao avanço do socialismo (daí o apoio que o nazi-fascismo recebeu desses grupos).
Dois exemplos de regimes totalitários surgidos no pós-guerra foram o fascismo, na Itália, e o nazismo na Alemanha .
O fascismo italiano e o nazismo alemão possuíam inúmeras características comuns:
- o nacionalismo extremado. Consideravam a nação (Itália, no caso do fascismo; Alemanha, no caso do nazismo) como uma das criações mais elaboradas do espírito humano. Por isso a vontade pessoal devia estar submetida à vontade nacional;
- o unipartidarismo. Em cada nação, deveria haver apenas um partido ;
- o emprego da violência. Tanto os fascistas quanto os nazistas faziam uso sistemático da violência para aterrorizar e eliminar seus adversários;
- o expansionismo. Diziam que a nação que não se expandisse territorialmente fatalmente acabaria por desaparecer. O ditador alemão Adolf Hitler afirmava, por exemplo, que os alemães precisavam conquistar um espaço vital – para se realizarem plenamente.
FASCISMO – Regime político de caráter totalitário que surge na Europa no entreguerras (1919-1939). Originalmente é empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini entre 1919 e 1943
Origens – Na Itália, depois da guerra, reinava descontentamento, desemprego, inflação, miséria. Os camponeses, arruinados, ocupavam as terras. Os operários, as usinas. O governo era impotente para deter a anarquia e o caos econômico.
Benito Mussolini (1883–1945) – Jornalista, antigo membro do Partido Socialista, redator do jornal Avanti, concretizou as correntes políticas, econômicas e sociais que agitaram a Europa de após-guerra: crescimento do nacionalismo, desprezo pelas formas democráticas de governo, conciliação entre o capital e o trabalho. Fundou em 1919, em Milão, o “Partido Fascista” de caráter político-militar.
A Marcha Sobre Roma (1922) – Com a retirada do ministério Facta, o rei Vítor Emanuel foi obrigado a aceitar a colaboração dos fascista, que marcharam sobre Roma. Mussolini, à frente dos "camisas pretas", entrou na capital, e foi nomeado por Vítor Emanuel III primeiro ministro.
O Governo Fascista – Criou numerosas milícias de voluntários e obteve maioria nas eleições de 1924. Assassinaram o líder socialista Matteotti, opositor de Mussolini. Foram dissolvidos os partidos políticos, cassados os mandatos de deputados, suprimida a liberdade de imprensa. O governo, revestido de autoridade concentrada, combateu também as sociedades secretas e a concepção individualista da sociedade e do Estado e a economia liberal. O seu ideal era o "Estado Total". Liquidou a "Questão Romana" pelo Tratado de Latrão de 1929.
O Estado Fascista – Foi criado pelo partido fascista, cujo Grande Conselho determinou, como comissão eleitoral, a composição do parlamento. O chefe do governo é o Duce.
Características do Fascismo
a) Corporativismo: as classes sociais ficavam sob a tutela do Estado.
b) Totalitarismo: o Estado controla todos os setores da sociedade.
c) Nacionalismo.
d) Militarismo.
e) Monopartidarismo.
NAZISMO – Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República de Weimar, entre 1919 e 1933.
Origens – O presidente Frederico Ebert, socialista, foi substituído em 1925 pelo Marechal Hindenburg, de grande prestígio e representante da aristocracia agrária. Formou-se um novo partido, em Munique, "Operário Alemão", que se transformou em Partido Nacional Socialista (abreviado para Partido Nazista) com Adolfo Hitler, influenciado pelas idéias anti-semitas, totalitárias e racistas de Gottfried Feder. Numa cervejaria de Munique, foram apresentados os princípios fundamentais do partido, entre outros: eliminação dos judeus da vida publica, nacionalização das indústrias, participação do Estado no lucro das grandes indústrias, pena de morte para os traidores.
Adolf Hitler (1889-1945?) – Nasceu na Áustria. Foi soldado na Primeira Guerra Mundial, chegando ao posto de cabo. Bom orador recebeu o apoio de oficiais do exército e de homens como Rudolf Hess, Hermann Goering e Alfred Rosenberg. Na prisão, escreveu o livro Mein Kampf (Minha Luta). Em 1930 teve notável ascensão com a vitória obtida nas eleições parlamentares, conquistando a maioria no parlamento. Em 1933, Hindenburg, encarregou Von Papen (falecido em 1969) de organizar um gabinete, chefiado por Hitler.
Hitler no Poder – Convocou eleições imediatas. Forçou a dissolução dos partidos políticos, exceto o seu; fechou sindicatos, encheu os campos de concentração de socialistas, comunistas e judeus; arregimentou as forças morais, intelectuais, educacionais e religiosas sob a vigilância da Gestapo (a temível polícia política do Estado nazista). Passou a usar o nome "Fuehrer".
O Estado Nazista – Criado por Hitler, era mais totalitário do que o fascísta. "As massas são como uma mulher que se submeterá ao homem forte, em vez de dominar o fraco", dizia Hitler. O regionalismo foi abolido. A economia dirigida visava à indústria bélica. O nazismo combatia o socialismo, o comunismo e os ideais marxistas. É diferente do fascismo pelo seu anti-semitismo.
Características do Nazismo:
a) Racismo.
b) Ideologia divulgada pelo Estado que os alemães pertencem a uma raça superior, a raça ariana.
c) Antissemitismo.
d) Nacionalismo exacerbado.
e) Anticomunismo.
f) Unipartidarismo.
g) Governo totalitário.
A economia nazista
As principais medidas econômicas do governo nazista foram:
· Orientação de produção para atender às necessidades gerais da população;
· Fixação de horário máximo de trabalho, bem como dos salários máximo e mínimo e da margem de lucros das empresas;
· Programas de treinamento para a melhoria da qualidade profissional dos trabalhadores;
· Contenção do êxodo rural, mediante a criação de propriedades familiares indivisíveis e invendáveis, transmitidas hereditariamente a um único herdeiro;
· Supressão das indústrias de baixo rendimento;
· Construção de numerosas obras públicas, para combater o desemprego;
· Início do rearmamento do país, desobedecendo à determinação do Tratado de Versalhes;
· Estímulo às relações econômicas da Alemanha com os países da Europa central;
· Estímulo ao desenvolvimento de indústrias especializadas (produtos químicos, têxteis, maquinário, etc.) e à exportação de seus produtos.
Com essas medidas, a produção da indústria alemã, por volta de 1939, passou a ocupar o segundo lugar no mundo, atrás apenas da indústria norte-americana. Com isso a Alemanha sentia-se em condições de sustentar uma nova guerra.
Neonazismo – A partir dos anos 80, na Europa, há uma retomada de movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas, principalmente na Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles são favorecidos, entre outros motivos, pela imigração, pela recessão, pelo desemprego e pelo ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais. Manifestam-se de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Em determinados países, os movimentos neonazistas valem-se também da via institucional parlamentar, como o partido político Frente Nacional, na França. No Brasil, carecas, skinheads e white power são alguns dos grupos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migrantes nordestinos.
O totalitarismo na Espanha
De 1936 a 1939, a Espanha esteve envolvida numa das mais cruéis guerras civis dos últimos tempos. A origem dessa guerra está na proclamação da república espanhola, em 1931.
Após as eleições de 1931, a república espanhola começou a ser dirigida por um governo liberal, com forte oposição de partidos de esquerda e de direita. Os movimentos de esquerda se impuseram e, em 1936, a república era dominada por uma frente popular composta por republicanos, socialistas e comunistas.
Como reação, as forças mais conservadoras planejaram um golpe militar. Um de seus líderes, o general Francisco Franco, que o governo republicano exilara nas ilhas Canárias, tomou o comando das forças espanholas no Marrocos e invadiu a Espanha.
Em pouco tempo, o país estava dividido: de um lado os partidários de Franco e do Exército, chamados nacionalistas; de outro, os partidários do governo, os republicanos. As forças nacionalistas venceram e entraram vitoriosas em Madri no dia 1º de abril de 1939. Cerca de 750 mil pessoas perderam a vida nesse conflito.
Franco, com o apoio da Falange – partido fascista espanhol –, do exército e da igreja católica, governou ditatorialmente a Espanha até 1975, usando o título de caudilho.
A vitória dos nacionalistas contou com o apoio de Mussolini e de Hitler, que forneceram armas e soldados. Os aviões nazistas chegaram a bombardear o território espanhol, atingindo diversas cidades e vilas, entre elas a de Guernica, que foi totalmente arrasada.
Os republicanos tiveram a ajuda de voluntários das chamadas Brigadas Internacionais, organizadas pelo movimento comunista mundial.
Pela internacionalização do conflito, muitos estudiosos consideram que a Guerra Civil Espanhola foi um ensaio para a Segunda Guerra Mundial, que dava então seus primeiros sinais.
Portugal: a ditadura de Salazar
Em Portugal, Antônio de Oliveira Salazar assumiu, em 1932, a presidência do Conselho de Ministros. A partir de então, passou a conduzir a vida política do país como chefe do governo até 1968.
Salazar implantou uma ditadura autoritária, tendo como base jurídica a Constituição de 1933. Acabou com a atividade dos diversos partidos políticos portugueses existentes, instituindo a União Nacional como partido único. O movimento dos trabalhadores foi severamente controlado pelo Estado.
A libertação política de Portugal deu-se somente após a morte de Salazar, em 1970.
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