terça-feira, 26 de setembro de 2023

As Grandes Navegações e a conquista do Brasil

A ERA DAS GRANDES NAVEGAÇÕES

Em 1415, os portugueses conquistaram Ceuta, cidade do norte da África e importante entreposto comercial e militar dos muçulmanos. Após essa conquista, os portugueses obtiveram informações sobre um reino africano situado ao sul do Saara que seria muito rico em ouro: o Reino do Mali. O governo português deu início, então, a uma série de empreendimentos com o objetivo de conquistar esse reino e se apoderar de suas riquezas.

O processo de expansão posto em prática pelo governo de Portugal pode ser dividido em duas fases. A primeira fase foi a da conquista da costa atlântica da África. Começou em 1418, quando os portugueses iniciaram as viagens pelo litoral africano, e terminou em 1487, quando alcançaram o extremo sul do continente africano.

A segunda fase é conhecida como Era das Grandes Navegações e abrange o processo de exploração dos oceanos em busca de novas riquezas, rotas comerciais e territórios coloniais. Começou em 1498, quando uma frota portuguesa comandada por Vasco da Gama (1469-1524) chegou às Índias, na Ásia, depois de percorrer a costa atlântica da África.

A chegada às Índias por um caminho marítimo tinha grande importância para os portugueses porque, depois da conquista de Constantinopla pelos turcos, os mercados europeus passaram a ter grandes dificuldades em conseguir produtos do Oriente. Dentre eles, destacam-se tecidos, objetos de porcelana e especiarias, como pimentas, noz-moscada, cravo e canela, os quais tinham grande procura no mercado europeu.

Pode-se dizer que a Era das Grandes Navegações terminou no início do século XVII, com as novas rotas de comércio já estabelecidas pelos europeus e praticamente todas as regiões do globo interligadas.

A Europa na época das Grandes Navegações já era capitalista na fase comercial (XV-XVIII). Nessa fase, já havia relações assalariadas de produção, e a atividade comercial constituía-se na principal fonte de acumulação de capital. A economia da Europa era conduzida por um conjunto de práticas econômicas conhecido como mercantilismo, que ficou marcado pelas seguintes características:· Acumulação de ouro e prata determinando o poder de uma nação.

· Desenvolvimento do comércio como principal atividade.
· Balança comercial superavitária.
· Protecionismo alfandegário.
· Intervenção estatal na economia.
· Monopólio comercial.
· Exploração colonial.
O que se costuma chamar usualmente de “descobrimento” na verdade representa um processo de conquista de novas áreas que viessem atender à expansão do capitalismo. Era preciso acumular metais preciosos, já que havia uma escassez desses metais na Europa. Era preciso conquistar novas regiões que pudessem ser, ao mesmo tempo, exportadoras de matérias-primas e produtos agrícolas e consumidoras dos produtos manufaturados europeus. A chegada dos portugueses ao Brasil, no fim do século XV, e sua permanência nos séculos seguintes, devem ser entendidas tanto sob o aspecto político como o econômico de uma Europa que estava em expansão capitalista e necessitava de novos mercados que atendessem à sua política mercantilista.

A Europa antes das Grandes Navegações (XIII e XIV)

Nessa época, o Mar Mediterrâneo constituía um eixo econômico por meio de rotas marítimas pelas quais chegavam à Europa produtos vindos do Oriente – perfumes, tapetes, seda e principalmente as especiarias (pimenta, gengibre, noz-moscada, cravo, etc.) –, que eram utilizados na preparação e conservação de alimentos.
Esses produtos oriundos do Oriente (Índia, Pérsia, China e Japão) vinham por rotas monopolizadas pelos árabes, que realizavam comércio no principal centro, Constantinopla (atualmente Istambul, Turquia). Os produtos comercializados em Constantinopla eram transportados por comerciantes e mercadores italianos, principalmente genoveses e venezianos.
Podemos dizer que os comerciantes detinham o monopólio da revenda das especiarias e de outros produtos na Europa. Por isso, era preciso buscar um novo caminho para conseguir os produtos orientais que não fosse via Mediterrâneo, e assim quebrar o monopólio italiano. Aí começa uma nova etapa na vida dos comerciantes da Europa, enfrentando o “Mar Tenebroso” para chegar diretamente à fonte de riquezas, mudando o eixo econômico da Europa. Seria o adeus ao domínio italiano. Mas quem reuniria as condições para desbancar os italianos?

As Grandes Navegações (XV)

Vários fatores econômicos, políticos e culturais impulsionaram as Grandes Navegações.
Vejamos alguns desses fatores:
- O monopólio italiano sobre as especiarias fazia que os comerciantes impusessem preços altos, e isso prejudicava os interesses comerciais de quem comprava dos italianos, pois para revender iriam cobrar mais caro ainda.
- A ação do Estado (monarquia) que desejava a consagração do poder político abre um processo de centralização que começa nos fins do século XIV, com Portugal. Esse Estado se aliou à camada mercantil, a quem garantiu monopólio do comércio sobre as áreas conquistadas. A burguesia mercantil viu a possibilidades de aumentar muito seus lucros se eles conquistassem o Oriente. Nesse caso, o acordo entre o Estado e a burguesia mercantil foi importante para garantir o sucesso na conquista do além-mar e tornar Portugal senhor dos domínios orientais.
- As inovações tecnológicas foram importantes no domínio das navegações.
O aperfeiçoamento da bússola e do astrolábio e a invenção da caravela garantiram o sucesso para a expansão marítima. O domínio do canhão, da pólvora e de outras armas fez que os europeus se impusessem sobre os povos do Oriente e, com isso, vantagens econômicas e políticas foram garantidas aos europeus.
- A primazia de iniciar as Grandes Navegações coube aos ibéricos, primeiro Portugal e depois a Espanha. Você imagina por que Portugal foi o pioneiro nas Grandes Navegações? Veja que razões o fizeram iniciar esse processo de conquista de além-mar.
· Apoio financeiro da burguesia mercantil interessadíssima em conquistar o Oriente para ter seus lucros quadruplicados.
· Boa localização geográfica.
· Domínio sobre o mar.
· Conhecimentos náuticos.
· Paz interna e externa.
· Centralização do poder nas mãos do rei.
Para que Portugal fosse o destaque era preciso exercer um poder centralizado. E como se deu esse processo de centralização política? Em Portugal, ocorreu por meio de lutas. A Revolução de Avis (1383-85) trouxe ao poder D. João I, que se aliou aos interesses burgueses para fortalecer o Estado moderno.
O início das Grandes Navegações deu-se em 1415, quando os portugueses conquistaram Ceuta, no norte da África. Isso nos leva a refletir sobre o plano de navegação portuguesa para alcançar o Oriente. Os portugueses, senhores dos mares, pretendem viajar contornando as costas africanas e atingir o Oriente.
Na luta para alcançar seus objetivos, os portugueses conquistam as Ilhas do Atlântico: Madeira, em 1419; Açores, em 1431 e Cabo Verde, em 1456. Nessa região, os portugueses desenvolveram o cultivo da cana-de-açúcar, que, no século XVI, será a principal economia do Brasil.
Por volta de 1488, o conquistador português Bartolomeu Dias chega ao extremo sul da África. Devido às condições do local, ele o batiza de Cabo das Tormentas. O Estado muda o nome para Cabo da Boa Esperança, pois certamente tinha esperança de concretizar seus sonhos navegadores de conquistar o Oriente. Com essa conquista ao extremo sul da África, os portugueses já se julgavam donos do Atlântico, e não admitiriam concorrência pelo controle do novo eixo econômico.
A Espanha foi o segundo país a se lançar em busca do caminho para as Índias orientais. Sua centralização monárquica ocorreu com o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela. Resolvida essa situação, a Espanha contratou os serviços do italiano Cristóvão Colombo para garantir sucesso nas navegações.
Mas Colombo adotou um plano diferente daqueles projetados pelos portugueses: ele pretendia navegar pelo Ocidente (oeste) para atingir o Oriente (leste). Convicto de que a Terra era redonda, fundamentado nos postulados de Ptolomeu, cujos cálculos reduziam as medidas de circunferência do Planeta, Colombo partiu com três caravelas: Santa Maria, Pinta e Nina. No dia 12 de outubro de 1492, chegaram à ilha de Guanaani (hoje República Dominicana). Colombo pensou ter alcançado as Índias orientais, e chamou os nativos de índios, erro que se comete até hoje. Cristóvão Colombo ainda realizou outras viagens no que seria chamado de Novo Mundo.
Mais tarde, outro navegador italiano, Américo Vespúcio, no século XVI, a serviço da Espanha, retorna às terras “descobertas” por Colombo e faz novas conclusões: Cristóvão Colombo não teria realmente chegado ao Oriente, havia chegado a novas terras. O novo continente recebeu o nome de América para homenagear Américo Vespúcio.
Com as Grandes Navegações, a expressão “Novo Mundo” foi utilizada para se referir à América. Em contraste, “Velho Mundo” passou a denominar as áreas banhadas pelo Mar Mediterrâneo, incluindo a Europa.
A expressão “Novo Mundo” popularizou-se graças às cartas do navegador florentino Américo Vespúcio (1454-1512). Essas cartas, publicadas em 1503, fizeram um sucesso enorme e ajudaram a divulgar a “descoberta” de um novo continente. Depois disso, foi publicado pela primeira vez na Europa um mapa-múndi que mostrava a América. 
Em suas cartas, Vespúcio descreveu o “Novo Mundo” como uma terra de natureza exuberante repleta de animais selvagens e homens e mulheres nus. Influenciado por ideias renascentistas e cristãs, o navegador comparou o continente americano ao paraíso. Segundo Vespúcio, os habitantes da América viviam muitos anos, da mesma maneira que os antigos homens descritos na Bíblia, na parte do Velho Testamento.
O “Novo Mundo” era, ao mesmo tempo, estranho e familiar aos europeus. Acreditava-se que nele haveria monstros e animais peçonhentos dignos do inferno. Mas também havia liberdade, inocência e fartura dignas do paraíso. O bem e o mal, o paraíso e o inferno foram projetados sobre a América e seus habitantes.
A ideia da América como um “Novo Mundo” deve ser entendida em seu contexto. Isso porque a América era uma novidade para os europeus, que tinham acabado de “descobrir” esse continente. Mas não era uma terra nova para os indígenas, que viviam aqui há milhares de anos.
A chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, gerou divergências entre as nações ibéricas (Portugal e Espanha), pois a Espanha metera-se numa região da qual Portugal se considerava dono: Atlântico. Na visão dos portugueses, ou a Espanha se retira do Atlântico ou será expulsa pela força das armas. Será que Portugal e Espanha entraram em guerra? O papa da época, Alexandre VI, em 1493, propôs um acordo para impedir o conflito armado. Este acordo ficou conhecido como Bula Inter Coetera. Ficou decidido que seria traçada uma linha imaginária a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras que fossem conquistadas a oeste seriam da Espanha, e a leste seriam de Portugal. O Estado português não aceitou esse acordo, ainda mais porque o papa era espanhol.
Somente em 1494, foi assinado o acordo que acalmou os ânimos belicosos entre os ibéricos: o Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu um novo meridiano, 370 léguas a oeste de Cabo Verde. Este tratado já atendia aos interesses portugueses no oceano Atlântico. Dez anos após chegar ao Cabo da Boa Esperança, a expedição portuguesa comandada por Vasco da Gama, em 1498, chega ao Oriente. Conquista a cidade de Calicute, na Índia. A sua volta para Portugal trazia boas perspectivas para o Estado e para a classe mercantil. A expedição levou para Portugal um carregamento de especiarias maior do que se vendia anualmente em Gênova. Essas especiarias vendidas na Europa geraram um lucro aos comerciantes portugueses de aproximadamente 6.000%.
Nessa mesma época, uma expedição comandada por Duarte Pacheco veio investigar terras no Atlântico Sul (futuras terras brasileiras) e retornou a Portugal dizendo da existência de tais terras. Era preciso que o Estado mandasse uma nova expedição para tomar posse das terras “descobertas”.
Para alcançar os objetivos sobre o comércio oriental e as terras no Atlântico sul, o Estado mandou a expedição de Pedro Álvares Cabral, que partiu de Lisboa em 9 de março de 1500 com duas metas:
- Tomar posse das terras no Atlântico Sul (futuras terras brasileiras).
- Consolidar o comércio das especiarias orientais garantindo monopólio para Portugal.

Os portugueses em terras brasileiras

Em 1500, o governo português enviou uma esquadra à Índia com a intenção de estabelecer comércio com os povos do Oriente. Em 9 de março daquele ano, treze navios partiram de Lisboa com destino a Calicute. Mais de mil tripulantes estavam a bordo, incluindo navegadores experientes. O comando dessa esquadra foi entregue ao nobre português Pedro Álvares Cabral (1467-1520).
No decorrer da viagem, os navios da esquadra se afastaram da costa africana, indo em direção às terras americanas. As razões desse afastamento têm sido motivo de debate entre os historiadores: a mudança de rumo foi intencional ou ocorreu por acaso?
Em 22 de abril de 1500 chegava 13 caravelas liberadas pelo Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram de Ponte Pascal. No dia 26 de abril foi celebrada a primeira missa no Brasil. Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta se tratava de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Com a exploração feita por outras expedições portuguesas, eles viram que se tratava de um continente e mais uma vez o nome foi mudado, chamando-se Terra de Santa Cruz.
Em 1511, com a exploração, eles descobriram o pau-brasil. Novamente o continente obteve um outro nome: Brasil, como é conhecido hoje. Os comerciantes dessa madeira foram chamados “brasileiros”, mas essa expressão passou a designar, com o tempo, os colonos nascidos no Brasil. As áreas do continente americano dominadas por Portugal também são chamadas de América Portuguesa.
A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores.
Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. 
De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária (200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha.
Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc.
Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas.

Exploração de Pau-Brasil

A primeira riqueza explorada pelo europeu em terras brasileiras foi o pau-brasil (caesalpinia echinata), árvore que existia com relativa abundância em largas faixas da costa brasileira. O interesse comercial nessa madeira decorria da possibilidade de extrair-se dela uma substância corante, comumente utilizada para tingir tecidos.
Antes da conquista da América indústria europeia de tintas comprava o pau-brasil trazido do Oriente pelos mercadores que atuavam nas rotas tradicionais do comércio indiano. Após a conquista do Brasil, tornava-se mais lucrativo extraí-lo diretamente de nossas matas litorâneas.
O rei de Portugal não demorou a declarar a exploração do pau-brasil um monopólio da coroa portuguesa. Oficialmente, ninguém poderia retirá-lo de nossas matas sem prévia concessão da coroa e o pagamento do correspondente tributo. A primeira concessão para explorar o pau-brasil foi fornecida a Fernão de Noronha, em 1501, que estava associada a vários comerciantes judeus. Os Franceses, que não reconheciam a legitimidade do Tratado de Tordesilhas, agiam intensamente no litoral brasileiro, extraindo a madeira sem pagar os tributos exigidos pela coroa portuguesa.
O esquema montado para a extração do pau-brasil contava, essencialmente, com a importante participação do indígena. Só as tripulações dos navios que efetuam o tráfico não dariam conta, a não ser de forma muito limitada, da árdua tarefa de cortar árvores de grande porte como o pau-brasil, que alcança um metro de diâmetro na base do tronco e 10 a 15m de altura.
A princípio, o trabalho do índio era conseguido "amigavelmente" com o escambo. Este consistia, basicamente, em derrubar as grandes árvores, cortá-las em pequenas toras, transportá-las até a praia e, daí, aos locais onde estavam ancorados os navios.
Escambo - troca de bens e serviços sem a intermediação do dinheiro. Logo após a chegada dos portugueses no Brasil, o escambo foi intensamente empregado nas relações entre europeus e ameríndios para carregamento do pau-brasil. Os índios cortavam a madeira e a deixavam na praia, para ser colocada nos navios, em troca recebiam facas, espelhos e bugigangas de fabricação europeia.
Feitorias - estruturas comerciais, em geral fortificadas e situados no litoral, que serviam de entrepostos com o interior da colônia.

População indígena

Quantas pessoas viviam na América no final do século XV, pouco antes da chegada dos europeus? Não há uma resposta exata para essa pergunta. O que existem são várias estimativas feitas pelos pesquisadores do assunto, que apontam entre 50 e 100 milhões de pessoas, distribuídas de forma desigual pelo continente.
Por volta de 1500, quando os portugueses chegaram ao atual território brasileiro, as terras eram habitadas por povos indígenas que podem ser divididos em quatro grupos de línguas principais: Tupi-guarani, Jê, Caraíba e Aruaque. Apesar das diferenças, pode-se dizer que esses povos viviam em aldeias autônomas e tinham profundo conhecimento sobre a flora e a fauna locais. Calcula-se que cerca de 60% das drogas medicinais de origem vegetal do mundo atual foram criadas com base no conhecimento dos povos ameríndios.
Os Tupi-guarani formavam uma população de, aproximadamente,1 milhão de pessoas. Estavam divididos em dezenas de grupos, com certa rivalidade: Tupinambá, Tupiniquim, Guarani, Caeté, Potiguar etc. De norte a sul, ocupavam trechos do litoral e partes do interior do território.
As áreas mais populosas do Brasil atual ficam no antigo território Tupi-guarani. Ali, surgiram cidades como Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal, Fortaleza e muitas outras. No entanto, a população indígena tornou-se minoria.
Em consequência do impacto da conquista europeia, calcula-se que essa população foi reduzida para menos de 200 mil indivíduos no final do século XVI.

Maias, incas e astecas

Além dos povos Tupi-guarani, vamos destacar alguns saberes e algumas técnicas de três outros povos americanos: os maias, os astecas e os incas.
Os maias e os astecas viviam em uma área chamada Mesoamérica, que corresponde atualmente a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e parte sul do México.
Os incas viviam nas regiões andinas da América do Sul, entre a Cordilheira dos Andes e o litoral do Oceano Pacífico, desde as atuais cidades de Quito, no Equador, até os arredores de Santiago, capital do Chile.
Dessas três civilizações, os maias tiveram seu apogeu entre 300 e 900 e, a partir daí, entraram em declínio. Por isso, não foram propriamente conquistados, no século XVI, pelos europeus. Já os astecas e os incas foram alvos da conquista espanhola da América.

Conquista ou descobrimento?

Durante muito tempo, a chegada dos europeus à América foi chamada de descobrimento. Os historiadores, porém, criticam o uso desse termo, pois ele considera apenas o ponto de vista do colonizador. A América não era um espaço vazio ou escondido da humanidade. Há milhares de anos o continente americano tem sido habitado por diversas sociedades. Assim, para os indígenas, a chegada dos europeus à América no século XVI representou mais precisamente uma invasão ou conquista.
A discussão sobre os termos descobrimento ou conquista é antiga. Em 1556, o rei da Espanha, Felipe II, proibiu o uso da palavra “conquista” e incentivou o emprego do termo “descobrimento”. O objetivo dessa troca de palavras era valorizar as realizações dos europeus e esconder a violência utilizada na conquista da América.
Após a chegada dos europeus ao continente americano, milhões de indígenas morreram ou tiveram seus modos de vida destruídos. Os primeiros cinquenta anos da conquista foram devastadores. Alguns estudiosos calculam que cerca de 50% da população indígena tenha morrido nesse período.

Guerras e doenças

Os conquistadores europeus tinham equipamentos militares mais eficientes do que os dos povos americanos. Utilizavam cavalos, armas de aço (como espadas, lanças, punhais e escudos) e de fogo (como mosquete, arcabuz e canhão). Essas armas eram desconhecidas pelos indígenas, que utilizavam arcos, flechas envenenadas, pedras, lanças, machados e atiradeiras.
Segundo historiadores, as doenças trazidas pelos europeus se transformaram em epidemias que mataram mais do que as armas. Milhares de indígenas morreram por não terem resistência contra a varíola, o sarampo, o tifo e a coqueluche. Sem imunização contra essas doenças, uma simples gripe foi capaz de matar populações inteiras da América.
As epidemias provocavam também impacto psicológico, pois muitas vezes os indígenas imaginavam que essas doenças fossem castigos dos deuses e, assim, ficavam apáticos e aflitos diante dos invasores.

Imposição religiosa

Após chegar às terras do Novo Mundo, os conquistadores fincaram a cruz cristã na América. Esse ato simbolizava a posse da terra em nome dos reis europeus e marcava o início de uma dominação religiosa sobre os povos originários. Os espanhóis, por exemplo, construíram igrejas católicas sobre os antigos templos indígenas e obrigaram os nativos a associar suas antigas divindades ao deus cristão e aos personagens da Bíblia.
A conversão dos indígenas ao cristianismo foi chamada de ação evangelizadora. Essa tarefa incluía batizar os indígenas e ensinar-lhes o catolicismo (catequese). Para tornar esse esforço mais eficiente, a partir de 1550, os religiosos católicos reuniram os nativos da América em locais denominados aldeamentos ou missões.
Os principais aldeamentos foram fundados e dirigidos por jesuítas, que eram sacerdotes da Companhia de Jesus. Nos aldeamentos, além de aprender a doutrina católica, os costumes e a língua dos europeus, os nativos eram obrigados a trabalhar para a Coroa e para os colonos.
Vários grupos não aceitaram viver nos aldeamentos. Eles promoveram fugas individuais e coletivas e resistiram ao trabalho que os colonizadores e os missionários lhes impunham.

Conflitos internos e escravidão

Havia rivalidades entre os povos indígenas da América, e os conquistadores europeus souberam tirar proveito desses conflitos. Incas e astecas, por exemplo, exploravam povos vizinhos, o que gerava ressentimento dessas populações. Os europeus se aproveitaram desses choques internos e estabeleceram alianças com alguns grupos indígenas.
Além disso, os europeus submeteram os nativos a formas de trabalho forçado como a escravidão e o repartimiento, que estudaremos no próximo capítulo. Populações inteiras foram retiradas à força do lugar onde viviam e foram obrigadas a trabalhar para os conquistadores. Esses deslocamentos forçados provocaram mudanças na forma de alimentação e no ritmo de trabalho dos povos indígenas, afetando suas estruturas produtivas e seus modos de viver.

Europa depois da conquista

A conquista da América aprofundou transformações que estavam ocorrendo na vida europeia desde o século XV. O contato com terras e povos até então desconhecidos pelos europeus teve repercussão nas artes e nas ciências da Europa.
A burguesia comercial, formada por grandes comerciantes e banqueiros, obteve altos lucros com a conquista e a colonização da América, sobretudo por meio da exploração de riquezas minerais (ouro, prata) e agrícolas (cana-de-açúcar). A economia europeia, antes concentrada no Mar Mediterrâneo, deslocou-se para portos do Oceano Atlântico como Lisboa (em Portugal) e Sevilha (na Espanha), que mantinham comércio direto com as colônias americanas.
Os países que participaram da expansão marítima, nos séculos XV e XVI, tornaram-se poderosos. Portugal e Espanha destacaram-se pelo pioneirismo. Posteriormente, sobressaíram a França, a Inglaterra e a Holanda. Disputando mercados, lucros e riquezas, os comerciantes desses países entraram num período de grande enriquecimento, concorrência e rivalidade.

A expansão marítimo comercial europeia

A grande expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI teve à frente Portugal e Espanha, conquistando novas terras e novas rotas de comércio, como o continente americano e o caminho para as Índias pelo sul da África.
Desde o Renascimento comercial da Baixa Idade Média até a expansão ultramarina, as cidades italianas eram os principais polos de desenvolvimento econômico europeu. Elas detinham o monopólio comercial do mar Mediterrâneo, abastecendo os mercados Europeus com os produtos obtidos no Oriente (especiarias), especialmente Constantinopla e Alexandria.
Durante a Idade Média, as mercadorias italianas eram levadas por terra para o norte da Europa, especialmente para o norte da França e Países Baixos. Contudo, no século XIV, diante da Guerra dos Cem Anos e da peste negra, a rota terrestre tornou-se inviável. Neste momento se inaugurou a rota marítima, ligando a Itália ao mar do Norte, via Mediterrâneo e oceano Atlântico.
Esta rota transformou Portugal num importante entreposto de abastecimento dos navios italianos que iam para o mar do Norte, estimulando o grupo mercantil luso a participar cada vez mais intensamente do desenvolvimento comercial europeu. No início do século XV, Portugal partiu para as grandes navegações, objetivando contornar a África e alcançar as Índias, para obter ali, diretamente, as lucrativas especiarias orientais.
A expansão marítima lusa foi acompanhada, em seguida, pela espanhola e depois por vários outros Estados europeus, integrando quase todo o mundo ao desenvolvimento comercial capitalista da Europa.

Navegações no Atlântico e no Pacífico

Entre os séculos XV e XVI, os europeus exploraram os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico em busca de rotas para comercializar com regiões do Oriente. Também procuravam controlar territórios extracontinentais e explorar suas riquezas.
A primeira etapa da expansão ultramarina europeia teve início nas viagens do navegador genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que acreditava ser possível chegar à Ásia atravessando o oceano Atlântico em direção ao oeste. Com o apoio dos reis da Espanha, Colombo liderou uma expedição que, em 1492, acabou desembarcando no continente americano. A partir de então, os europeus começaram o processo de conquista de regiões da América.
Enquanto isso, os portugueses chegaram ao Oriente em 1498. Navios portugueses comandados por Vasco da Gama contornaram o extremo sul da África e chegaram a Calicute, na Índia. Em 22 de abril de 1500, outro navegador português, Pedro Álvares Cabral (1467-1520), desembarcou em terras hoje pertencentes ao estado da Bahia, no Brasil.

As expedições se multiplicam

No início do século XVI, o navegador espanhol Nuñez de Balboa (1475-1519) iniciou a exploração do Pacífico, um oceano até então desconhecido pelos europeus. Para isso, ele cruzou o estreito sul da América e abriu caminho para novas explorações marítimas.
Na década de 1520, Fernão de Magalhães (1480-1521) liderou uma expedição espanhola em busca de um caminho até as Ilhas Molucas, atual Indonésia. O local era considerado
central para o controle do comércio com o Oriente. O navegador acabou morrendo durante a expedição, mas parte dos tripulantes seguiu até o destino e depois retornou à Sevilha, importante cidade portuária na Espanha.
A expedição de Fernão de Magalhães possibilitou a criação de rotas de ligação do atual território das Filipinas (na Ásia) ao atual território do México (na América Central). Além disso, ela teve um significado muito especial: foi a primeira viagem de circum-navegação, comprovando, assim, a esfericidade da Terra.
Ao final do século XVI, os ingleses começaram a explorar estratégias para ampliar sua participação no comércio com o Oriente. As navegações inglesas ganharam força no século seguinte, com as expedições de Francis Drake (1537-1596).
Os holandeses também participaram dos empreendimentos marítimos no período, estabelecendo relações comerciais com povos da Ásia, África, América e Oceania. Fundaram colônias nas Américas e ocuparam entrepostos comerciais na África e na Ásia, além de terem sido os primeiros europeus a alcançar a região da Tasmânia e a Nova Zelândia.

1. MOTIVOS PARA AS EXPANSÕES

Entre as principais razões que levaram a Europa à expansão, destacam-se as seguintes:
• visto que a rota do Mediterrâneo era monopólio das cidades italianas, havia a ambição de descobrir uma nova rota comercial que possibilitasse às demais nações da Europa estabelecer relações comerciais com o Oriente. Com isso, elas também poderiam usufruir do lucrativo comércio de especiarias (cravo, canela, pimenta, gengibre, noz-moscada, etc.). 
Uma nova rota poderia, ainda, baratear os preços demasiadamente altos dos produtos, intensificando o comércio europeu, já que as especiarias italianas passavam por vários intermediários no seu transporte do Oriente para o Ocidente;
• o acesso aos metais preciosos para cunhagem de moedas, muito escassos na Europa e essenciais para a manutenção do desenvolvimento econômico obtido nos séculos anteriores;
• o aumento do poder econômico dos mercadores (burguesia) e consequente ambição por ampliar os negócios;
• o aumento do poder real, fundamental para a organização das expedições marítimas;
• o desenvolvimento tecnológico europeu alcançado com o progresso comercial dos séculos anteriores, como a bússola, o astrolábio, a pólvora e a melhoria das técnicas de navegação e construção de navios, que possibilitaram o sucesso das empresas marítimas europeias.
Ë importante destacar que a tomada de Constantinopla (principal entreposto comercial entre o Ocidente e o Oriente), pelos turco-otomanos em 1453, bloqueou o acesso dos mercadores às valiosas especiarias orienta is. Isto veio apenas acrescentar um novo elemento às dificuldades comerciais que já se apresentavam. Na verdade, a expansão marítima tivera seu início muito antes, em 1415, quando os portugueses tomaram a cidade de Ceuta, no norte da África.

Os aventureiros do mar Tenebroso

Há muitos séculos o oceano Atlântico atraía a curiosidade dos navegantes europeus mais ambiciosos. Mas pouquíssimas expedições que se aventuraram mar adentro voltaram. Essas tentativas malogradas criaram na Imaginação popular as mais fervilhantes fantasias acerca do oceano desconhecido: monstros marinhos, águas ferventes e pedras-ímã, que puxavam as embarcações para o fundo, na altura do Equador. Por volta do ano 1400 não se conhecia o real formato da Terra. Era senso comum considerá-la plana como uma mesa, terminando em abismos sem fim. Mas havia aqueles que a imaginavam redonda e finita.
O desconhecimento completo dos oceanos nos dá uma medida dos riscos enfrentados pelos navegantes do século XV, que ousaram desbravá-los em precários barcos, com aproximadamente, ente 25 metros de comprimento.
As técnicas de navegação empregadas tradicionalmente no mar Mediterrâneo, no Báltico e na costa europeia eram insatisfatórias para as novas circunstâncias. Foi com o objetivo de aprimorá-las que o infante dom Henrique, filho do rei dom João I de Avis, reuniu os mais experimentados cartógrafos, astrônomos, construtores navais e pilotos da Europa. Essa reunião ficou conhecida como Escola de Sagres.

A expansão marítima portuguesa

Enquanto a Europa achava-se envolvida com os efeitos da crise do século XIV Portugal organizava um governo centralizado, forte e aliado da burguesia. A precoce centralização política lusitana, conjugada a outros fatores, valeu-lhe o pioneirismo no processo de expansão marítima comercial europeia.
O infante D. Henrique, filho do rei D. João, compreendendo a importância de uma modernização tecnológica para o desenvolvimento comercial português, fundou a Escola de Sagres, na qual se realizaram importantes avanços na arte de navegar. O infante reuniu no promontório de Sagres, no Algarve, os maiores especialistas em navegação, cartografia, astronomia, geografia e construção naval. Formando, assim, o mais completo e inovador centro de estudos náuticos da época.
Desfrutando de uma localização privilegiada, os navegadores lusos lançaram-se ao oceano Atlântico, visando, primordialmente, romper com o monopólio comercial italiano sobre as especiarias orientais.
Em 1415, os portugueses estabeleceram seu domínio sobre Ceuta, um importante entreposto comercial árabe no norte da África. A partir de então, Portugal deu início à conquista progressiva de toda a costa atlântica africana. Passo a passo, os portugueses foram contornando a África, estabelecendo feitorias e fortificações milhares por toda a costa, dando início ao périplo africano.
Durante o reinado de D. João II (1485-1495), os portugueses alcançaram o extremo sul africano, o cabo da Boa Esperança (1488), com a viagem de Bartolomeu Dias, definindo a rota a ser seguida para se atingir as índias, o principal celeiro das tão desejadas especiarias. Finalmente, em 1498, Vasco da Gama desembarcou em Calicute, na índia, passando Portugal a deter o controle sobre o comércio das mercadorias orientais. Dois anos depois, em 1500, Pedro Álvares Cabral e sua esquadra chegavam ao Brasil. Dessa forma, no limiar do século 16, a cidade de Lisboa transformara-se num dos mais importantes centros econômicos da Europa e o Atlântico Sul convertera-se numa região de predomínio português.

A expansão marítima espanhola

Antes que Vasco da Gama chegasse às Índias, também a Espanha decidiu entrar na corrida expansionista, motivada pêlos mesmos interesses dos portugueses. Uma série de acontecimentos políticos, decorrentes das guerras contra os árabes, tornara possível aos espanhóis, como acontecera com os portugueses, constituírem uma monarquia centralizada. No entanto, foi só com o casamento de Fernando II, do reino de Aragão, com Isabel I, de Castela, em 1469, que se acelerou o processo espanhol de centralização política. Os chamados "reis católicos" se esforçaram para organizar um Estado unificado e forte que vencesse os muçulmanos. Criaram um tesouro real capaz de financiar as ações do Estado; estabeleceram um direito comum, aplicável a todos os súditos do novo reino; mantiveram um exército forte, sob o controle dos monarcas; e estabeleceram seu domínio sobre o reino de Navarra. Uma de suas maiores conquistas foi a vitória contra os muçulmanos em Granada, recuperando o sul da península ao domínio espanhol, no ano de 1492.
Foi sob estas condições que a coroa espanhola iniciou seu processo expansionista. Procurando antecipar-se aos portugueses na descoberta de uma nova rota comercial para as Índias, patrocinou a viagem do genovês Cristóvão Colombo. O navegador italiano pretendia atingir o Oriente navegando para o Ocidente (ele defendia que a Terra era uma grande esfera, com mares navegáveis). A 12 de outubro de 1492, chegou às Antilhas, na América, convencido, porém, de que alcançara as índias. Por muitos anos, os europeus denominaram Índias Ocidentais as terras da América, pensando ser ela uma continuação da Ásia. A conclusão de que as terras que Colombo descobrira eram um novo continente só veio em seguida, a partir dos estudos do cartógrafo Américo Vespúcio, cujo nome serviu para balizar as novas terras: América.

A expansão inglesa e francesa

As guerras internas, como a das Duas Rosas, na Inglaterra, e a dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra, além do demorado pro­cesso de centralização do poder nas mãos do rei, atrasaram e dificultaram a conquista de novas terras por parte desses dois países. Mas, estimulados pelo êxito de portugueses e espanhóis, vários navegadores a serviço dos reis da França e da Inglaterra exploraram a costa atlântica da América do Norte. Contudo, a ocupação e exploração econômica dessas terras só aconteceria nos inícios do século XVII.
Os holandeses, enfim, puderam iniciar sua participação no processo de expansão marítima europeia quando, no século XVI, obtiveram sua independência em relação à Espanha. Entretanto, o papel mais importante que desempenhou a Holanda foi o de financiar a empresa oficial portuguesa no Brasil e o comércio de especiarias do Oriente.

As consequências da expansão ultramarina

A expansão marítima propiciou aos europeus o estabelecimento de contatos com todas as regiões do planeta, as quais passaram a integrar-se ao modo de vida europeu. A atividade comercial, que até então se desenvolvia lentamente, recebeu um grande impulso com o afluxo dos novos produtos americanos, especialmente os metais preciosos. Essa atividade passou a constituir-se no eixo da vida econômica da Europa da idade Moderna, estabelecendo o capitalismo comercial, em que a acumulação de capital se dá, principalmente, na esfera da circulação de mercadorias. A burguesia teve, então, aumentada sua riqueza e prestigio saciar e os monarcas ampliaram seus próprios poderes, transformando-se em governantes absolutistas, O eixo comercial deslocou-se do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico, com as cidades italianas perdendo a primazia comercial que desfrutavam desde a Baixa Idade Média. A difusão do cristianismo e das línguas ibéricas (português e espanhol) foi outra importante conseqüência do expansionismo.

Tratado de Tordesilhas

Na época das grandes navegações, os europeus acreditavam que os povos não cristãos e não civilizados poderiam ser dominados e por esta razão achavam que podiam ocupar todas as terras que iam descobrindo mesmo se essas terras já tivessem dono.
Começou assim uma verdadeira disputa entre Portugal e Espanha pela ocupação de terras. Para evitar que Portugal e Espanha brigassem pela disputa de terras, os governos desses dois países resolveram pedir ao papa que fizesse uma divisão das terras descobertas e das terras ainda por descobrir. Em 1493, o papa Alexandre VI criou um documento chamado Bula Inter Coetera. Nesse documento, ficava estabelecido que as terras situadas até 100 léguas a partir das ilhas de Cabo Verde seriam de Portugal e as que ficassem além dessa linha seriam da Espanha. O medo que Portugal tinha de perder o domínio de suas conquistas foi tão grande que, por meio de forte pressão, o governo português convenceu a Espanha a aceitar a revisão dos termos da bula e assinar o Tratado de Tordesilhas (1494). Então os limites foram alterados de 100 para 370 léguas.
De acordo com o Tratado de Tordesilhas, as terras situadas até 370 léguas a oeste de Cabo Verde pertenciam a Portugal, e as terras a oeste dessa linha pertenciam a Espanha. O Brasil ainda não havia sido descoberto e Portugal não tinha ideia das terras que possuía. Hoje sabemos onde passava a linha de Tordesilhas: de Belém (Pará) à cidade de Laguna (Santa Catarina). De acordo com o Tratado, boa parte do território brasileiro pertencia a Portugal, mesmo se fosse descoberto por espanhóis. Portugueses e brasileiros não respeitaram o tratado e ocuparam as terras que seriam dos espanhóis. Foi assim que o nosso território ganhou a forma atual.
Apesar dessa invasão, os espanhóis não se defenderam, pois estavam ocupados demais com as terras que descobriram no resto da América, ao norte, a oeste e ao sul do Brasil. Mesmo após 250 anos de descobrimento, os brasileiros continuavam avançando para o interior, não respeitando a linha de Tordesilhas. A maioria nem sabia que ela existia. E assim, terras que seriam da Espanha, foram habitadas por brasileiros.
Várias nações europeias mostraram-se totalmente insatisfeitas com as determinações do Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha.
O rei Francisco I da França, por exemplo, deixou claro que não respeitaria o Tratado de Tordesilhas, dizendo: “Desconheço a clausula do testamento de Adão que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha”.

EXPANSÃO ULTRAMARINA EUROPEIA

Nos séculos XV e XVI, os europeus fizeram perigosas viagens de longa distância em embarcações pequenas e sem muita segurança. Foram as chamadas Grandes Navegações. Os navegantes lidavam com barcos superlotados, pouco espaço para armazenar barris de água, alimentos que estragavam com facilidade, doenças, fome, ventos contrários, naufrágios, entre outras dificuldades.
Além dos perigos reais, eles conviviam com os imaginários. Acreditavam, por exemplo, que no Oceano Atlântico – chamado de “Mar Tenebroso” – havia criaturas terríveis, capazes de destruir as embarcações, e que os navios pegavam fogo ao se aproximarem da Linha do Equador.

O comércio oriental de especiarias

A partir do século XIII, mercadores que atuavam em cidades da península Itálica, como Veneza e Gênova, dominaram o comércio no mar Mediterrâneo e no mar Negro, de forma a monopolizar os negócios com o Oriente.
Tais mercadores compravam dos comerciantes árabes produtos trazidos de regiões mais distantes, conhecidas como Índias – que abrangiam os territórios dos atuais Sri Lanka, Índia, Malásia e China –, e os revendiam na Europa. Entre esses produtos estavam a seda, as pérolas, o marfim e as especiarias. Tanto árabes como genoveses e venezianos obtinham grandes lucros nessas transações.
A popularidade cada vez maior das especiarias e dos produtos orientais de luxo entre as cortes e a nobreza europeias aumentou a necessidade de ouro e prata para o pagamento dessas mercadorias. Além disso, despertou o interesse de mercadores de outras nações, os quais compravam esses itens diretamente na Ásia, ou seja, sem o intermédio dos comerciantes da península Itálica. Assim, podiam adquirir os produtos a preços menores e obter uma negociação mais vantajosa. Para isso, teriam de encontrar caminhos alternativos ao do mar Mediterrâneo.
Essa procura por novos caminhos influenciou o surgimento das Grandes Navegações, cujo resultado foi a expansão das relações comerciais por diversas regiões do mundo, como África, América e Ásia. Por esse motivo, também chamamos esse movimento de Expansão Marítima e Comercial Europeia.

O COMÉRCIO E AS COLÔNIAS DO MEDITERRÂNEO

Venezianos e genoveses haviam criado uma grande rede de colônias e entrepostos para comercializar seus produtos em todo o mar Mediterrâneo e também no mar Negro, como pode ser observado no mapa desta página. Em muitos lugares, a estrutura desses entrepostos era pequena, limitando-se a um bairro ou a alguns galpões em cidades pertencentes a outros reinos. Em outras localidades, no entanto, colônias completas foram estabelecidas: cidades foram fundadas, ou até mesmo ocupadas, e fortalezas foram construídas e munidas com tropas militares.
Os mercadores da península Itálica negociavam com comerciantes árabes em entrepostos situados ao redor do mar Negro, nas ilhas do mar Egeu (hoje parte da Grécia) e na costa do Levante (região dos atuais Líbano, Israel e Egito). Dali, levavam os produtos a pontos comerciais localizados em países da Europa, como Portugal, de onde parte das mercadorias seguia para o norte do continente.
A tomada de Constantinopla pelos otomanos em 1453, fato que pôs fim ao Império Bizantino (a porção oriental do antigo Império Romano), afetou os negócios dos mercadores genoveses e venezianos, que eram aliados dos bizantinos. No final do século XV, quase todas as colônias de Gênova e Veneza no leste do Mediterrâneo e no mar Negro haviam sido conquistadas por otomanos. Com isso, as frotas, as tropas e os lucros dos mercadores da península Itálica foram diminuindo.
Os monarcas e os mercadores da península Ibérica viram nesse enfraquecimento comercial uma oportunidade de participar do lucrativo comércio com o Oriente.
Nessa época, Portugal e Espanha já haviam começado a explorar o litoral africano.
Como a rota pelo mar Mediterrâneo se tornara desvantajosa após a conquista de Constantinopla, as frotas a serviço de monarcas portugueses e espanhóis planejavam contornar a África para chegar às Índias. Não por acaso, muitas dessas frotas foram comandadas por genoveses e venezianos, que conheciam o litoral africano.

UM OCEANO DE TEMORES

Embora uma parcela dos mercadores e dos monarcas da península Ibérica tivesse interesse em explorar lugares distantes em busca de riquezas, a viagem pelo oceano Atlântico era dificultada por temores e perigos.
Entre os séculos XIII e XV, as técnicas e os instrumentos de navegação usados pelos europeus foram aprimorados, por influência do contato com invenções chinesas trazidas por comerciantes genoveses, venezianos e árabes. No entanto, as embarcações ainda eram frágeis diante de tempestades, tormentas e demais obstáculos à navegação. Além disso, os navios a vela dependiam dos ventos para alcançar boa velocidade, o que tornava as viagens longas e os trajetos imprevisíveis.
A ocorrência de atrasos nas viagens aumentava os riscos de fome, desidratação e disseminação de epidemias entre a tripulação. Eram comuns doenças transmissíveis por vias aéreas, como a coqueluche, e causadas por parasitas, como o tifo. Havia também males causados pela falta de nutrientes. Nessas viagens, as tripulações alimentavam-se de forma precária, comendo carne e peixe secos e salgados, grãos, passas e biscoitos, pois os alimentos frescos se estragavam em pouco tempo e a água se contaminava com facilidade, tornando-se impróprios ao consumo.
Por falta de vitamina C, muitos desenvolviam escorbuto, doença que provoca sangramento, feridas e queda da imunidade. Pessoas infectadas com doenças mais temidas, como a peste bubônica, eram atiradas ao mar.
Além dos riscos relacionados à saúde e à segurança dos tripulantes, havia os temores relacionados ao mar desconhecido. De acordo com o imaginário europeu do período, o oceano Atlântico era povoado por seres fabulosos e monstros marinhos que devoravam tripulantes, além de apresentar abismos que tragavam embarcações e muitos outros perigos.

A FASCINAÇÃO POR OUTRAS TERRAS

Enquanto algumas histórias e lendas causavam temor em relação a terras distantes e inexploradas, outras, relacionadas à abundância de ouro e prata nesses locais, provocavam fascinação entre os europeus.
Uma das narrativas que mais despertou a curiosidade e a cobiça dos povos da Europa foi o relato do comerciante veneziano Marco Polo (1254-1324) a respeito da viagem que realizou até a China, pela Rota da Seda, publicado em seu Livro das maravilhas.
Além das narrativas de viagens reais, como a de Marco Polo e demais exploradores de sua época, os relatos de lugares místicos também faziam parte do imaginário europeu, como o país da Cocanha e a ilha de Atlântida. A crença na existência dessas localidades era tão forte que, em alguns casos, motivou doações de reis a navegadores que desejassem procurá-las, mesmo sem qualquer prova de que elas de fato existissem.
Além de servir de entretenimento, essas narrativas atiçavam planos de exploração e conquista alimentados por muitos comerciantes e navegadores europeus, entre os quais o genovês Cristóvão Colombo.

VISÕES DO PARAÍSO

Durante os tempos medievais, também se espalhou pela Europa a ideia de que haveria um paraíso terrestre em um local muito distante. De acordo com a visão cristã da época, esse paraíso consistiria em um lugar intocado pelo pecado original e no qual predominariam a pureza e a liberdade.
Posteriormente, com o avanço das navegações pela costa africana e a chegada às regiões tropicais do continente americano, navegadores e cronistas europeus viam nas exuberantes florestas encontradas, repletas de animais desconhecidos, um cenário próximo da ideia medieval do paraíso terrestre.

O AVANÇO DOS SABERES NÁUTICOS

A construção de navios destinados à navegação em alto-mar era algo recente em Portugal. Até o início do século XV, eram barcaças rústicas e pesadas destinadas à pesca, próprias para navegar no Mediterrâneo, não para navegações oceânicas.
Incentivados pelo governo português, estudiosos – cartógrafos, astrônomos, navegadores, entre outros especialistas – recuperaram informações náuticas de outros povos, principalmente dos fenícios, gregos, árabes e egípcios.
Essa iniciativa possibilitou o aperfeiçoamento dos instrumentos náuticos, a elaboração de cartas de navegação mais precisas e a construção de novos modelos de embarcações.

AS EXPEDIÇÕES MARÍTIMAS E OS NOVOS INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO

Em razão do domínio árabe e do intenso contato com navegadores que traziam produtos do Oriente, os portugueses, no século XV, adotaram instrumentos de navegação inventados pelos árabes e pelos chineses. Bússolas, astrolábios e embarcações foram sendo aperfeiçoados.
Nessa época, os portugueses criaram navios mais ágeis em manobras e que aproveitavam melhor o impulso dos ventos: primeiro, as caravelas, embarcações leves e rasas, apropriadas para viagens de exploração; depois, as naus, maiores e mais adequadas para o transporte de cargas.
Com instrumentos mais precisos e embarcações mais ágeis, foi possível aprimorar também os mapas. Assim, durante as expedições, os tripulantes responsáveis pela cartografia podiam indicar mais elementos nos portulanos – representações náuticas que detalhavam as distâncias e as características dos acidentes geográficos da costa, além de trazer recomendações de navegação.
Tanto as viagens feitas em naus quanto as realizadas em caravelas eram bastante insalubres e precárias, e muitos dos tripulantes eram vítimas de doenças ou naufrágios. De acordo com dados da época, 40% da tripulação morria durante o trajeto.
Com frequência, o estoque de alimentos era atacado por ratos e baratas. Os alojamentos eram pouco arejados, com pequenas passagens de luz, e apresentavam forte mau cheiro. A falta de segurança era bastante comum nessas expedições. Além de serem expostos ao risco de contrair doenças, os navegadores viajavam em navios cuja manutenção era precária (muitas embarcações tinham cascos apodrecidos e velas desgastadas, por exemplo). Havia, ainda, a possibilidade de ataques de piratas, que comprometiam o sucesso das expedições.

Novas embarcações e instrumentos

Uma das novidades do período foi a caravela, embarcação mais leve e apropriada para navegar tanto nos oceanos quanto em rios e enseadas. As caravelas eram impulsionadas
por velas triangulares, dispensavam os remos e atingiam velocidade. Começaram a ser usadas pelos portugueses por volta de 1440 e, em pouco tempo, sua fama se espalhou para outros países europeus.
As naus, por sua vez, eram maiores que as caravelas, tinham três ou quatro andares, podiam transportar mais pessoas e mais cargas. Nas viagens de ida, levavam mercadorias para serem trocadas por outras, além de provisões e armas, incluindo canhões. Na volta, traziam mercadorias valorizadas na Europa – como pimenta e gengibre.
Além disso, foram desenvolvidos e aperfeiçoados vários instrumentos náuticos. Antes desses recursos, os marinheiros navegavam somente durante o dia, orientando-se pelos acidentes geográficos da costa, como enseadas, rios, montanhas etc. Com os novos instrumentos, os marinheiros tinham condições de se localizar em alto-mar e até mesmo durante a noite. Bastava usar os instrumentos para calcular a posição do Sol ou das estrelas.
Na imagem que estamos analisando, estão representados dois instrumentos: a balestilha e o astrolábio. Os primeiros registros portugueses do uso da balestilha são de 1519; e do astrolábio são de 1500, durante a viagem de Cabral. Outro instrumento essencial para os navegadores da época foi a bússola, inventada pelos chineses mais de mil anos antes das Grandes Navegações.

A TRIPULAÇÃO DAS NAUS E CARAVELAS

O número de tripulantes variava conforme o tamanho e o objetivo da viagem, mas, em média, as caravelas levavam 50 pessoas e as naus, 100. Entre essas pessoas havia representantes do rei, nobres em busca de aventura ou de riqueza, estudiosos relacionados ao mundo náutico – cosmógrafos, cartógrafos e outros – e marinheiros encarregados das funções mais pesadas e perigosas.
Quem liderava as expedições era o capitão-mor, mas havia outros cargos, como o de mestre, contramestre e piloto. Nessas viagens, também havia um escrivão, representante direto do rei, encarregado de fazer os relatos da viagem e registrar, em um livro de contabilidade, as despesas e as mercadorias obtidas nela. Um dos primeiros documentos escritos em português sobre a chegada dos europeus à região que hoje corresponde ao Brasil foi redigido pelo escrivão Pero Vaz de Caminha (1450-1500).
Na época das Grandes Navegações, as relações entre a Igreja Católica e alguns reinos europeus, como os da Espanha e os de Portugal, eram muito próximas. Por isso, as viagens transoceânicas promovidas por esses governos também levavam representantes da Igreja, encarregados de dar assistência espiritual aos viajantes e, principalmente, converter ao catolicismo os povos das regiões conquistadas.

Os trabalhadores braçais

Grande parte dos viajantes era de trabalhadores pobres e analfabetos, com problemas de saúde e subnutrição; alguns eram prisioneiros levados à força para cumprir suas sentenças criminais, ou sob a promessa de se verem livres de suas condenações após um período nessas embarcações, e se dividiam em três grupos:
• O primeiro era formado pelos marinheiros (carpinteiros, despenseiros, cozinheiros,
entre outros) com experiência anterior de viagens marítimas.
• O segundo grupo era o dos grumetes – marinheiros de primeira viagem.
• O terceiro era o dos pajens – menores que deviam servir os oficiais, arrumar a mesa, limpar as cabines etc.
Além desses, havia os militares encarregados da defesa da embarcação e de promover guerras de conquista nas novas regiões.
Os oficiais tinham direito a aposentos especiais, mas o restante da tripulação dormia espalhada pela embarcação, sem nenhum conforto ou privacidade. As necessidades fisiológicas eram feitas sobre pequenos assentos pendurados nas bordas da embarcação ou em banheiros improvisados, o que piorava as condições de higiene do navio.

O dia a dia no mar

No dia a dia, a alimentação dos marinheiros era bastante precária, composta de bolachas de farinha; peixes, quando havia; e vinho. A falta de alimentos ricos em vitamina C (laranja e limão, sobretudo) ocasionava muitos casos de escorbuto – doença que provoca inchaço nas gengivas e queda dos dentes. Diarreias, vômitos, doenças pulmonares, cólera, infecção por gangrena e até mesmo doenças mentais eram algumas das moléstias que acometiam a tripulação desses navios.
Por causa das péssimas condições a bordo das embarcações, os motins e revoltas eram comuns, e essas manifestações eram punidas com extrema violência. Outro problema eram os naufrágios, nos quais morriam muitos marinheiros. As cartas de navegação ainda eram imprecisas e não indicavam todos os acidentes geográficos. Assim, era frequente que navios afundassem por colidirem com recifes ou bancos de areia.

Portugal, o pioneiro na expansão

Portugal foi o pioneiro na Expansão Marítima e Comercial, isto é, aquele que deu início às descobertas de novas rotas comerciais. Que fatores impulsionaram os portugueses?
Fator político. Portugal foi o primeiro país europeu a ter uma monarquia centralizada, como vimos anteriormente. Em consequência da centralização, Portugal não passava mais por guerras internas. Como o rei português tinha poder sobre todo o reino, pôde implementar suas políticas sem enfrentar tantos problemas, e uma delas foi apoiar o comércio marítimo a longas distâncias, pois sabia que poderia gerar muito lucro.
Fator econômico. As rotas de especiarias controladas pelos italianos tinham uma escala em Portugal (para reabastecimento e comércio) e continuavam em direção ao Mar do Norte. Os portugueses queriam ampliar sua participação nesse comércio e decidiram encontrar um novo caminho marítimo para o Oriente a fim de terem acesso direto ao comércio de especiarias.
Experiência e conhecimentos em navegação. Os portugueses eram navegadores experientes. Praticavam pesca em alto-mar (de bacalhau, baleia e sardinha) e buscavam desenvolver técnicas de navegação, aperfeiçoar embarcações e confeccionar mapas, além de ter acesso a equipamentos desenvolvidos em outras partes do mundo, como a bússola e o astrolábio.
Fator religioso. Os portugueses queriam expandir a fé cristã e combater os muçulmanos, na época considerados infiéis.
Nesse contexto, em 1415, D. João I iniciou a expansão portuguesa com uma expedição que tomou a cidade de Ceuta, um entreposto comercial e militar muçulmano, localizado no norte da África.
No século XV, os monarcas portugueses entendiam que a expansão comercial era a melhor forma de garantir riquezas e prestígio para o reino. Por isso, selaram uma aliança com a burguesia não apenas para estimular o comércio, mas também para expandir os territórios sob sua influência ou controle. Os portugueses tinham ampla experiência com navegação costeira, pois a pesca era uma importante atividade no reino.
Foi assim que, em 1415, influenciado por interesses econômicos, dom João I decidiu organizar uma grande expedição para conquistar a cidade de Ceuta, no norte da África. Essa cidade era um importante centro comercial de artigos de luxo – como o ouro, a prata e as especiarias – controlado pelos mercadores árabes. A tomada de Ceuta também tinha motivações religiosas: os portugueses queriam propagar o modo de vida cristão e combater o islamismo, que era praticado naquela cidade. Em agosto de 1415, Ceuta foi conquistada pelos portugueses. Assim, iniciou-se a primeira fase da expansão marítima de Portugal.
Após a conquista de Ceuta, os portugueses continuaram a expansão pelo oceano Atlântico. Em 1419, eles ocuparam as ilhas da Madeira; em 1443, chegaram à ilha de Arguim; e, quatro anos depois, em 1447, criaram seu primeiro entreposto comercial, mais conhecido como feitoria.
Em seguida, os portugueses passaram a navegar para o sul, contornando o litoral africano e chegando a arquipélagos mais afastados no oceano Atlântico. Conforme entravam em contato com os povos que habitavam a costa, os expedicionários fundavam feitorias.
Nesses postos comerciais, negociavam, estocavam e taxavam produtos; além disso, reabasteciam as embarcações de mantimentos. Na Costa da Mina ou Costa do Ouro (atual Gana), os portugueses trocavam armas de fogo, pólvora e vinho por ouro em pó, marfim e outros produtos trazidos do interior do continente africano. Foi também nessa região da África Ocidental que os europeus começaram a traficar africanos escravizados. Nas primeiras décadas, os escravizados eram vendidos na Europa ou encaminhados para os arquipélagos Cabo Verde e Açores e a ilha atlântica Madeira. Os portugueses haviam colonizado essas regiões e começaram a plantar cana para a produção e a venda de açúcar, um item raro e cobiçado na Europa.
Embora o comércio de produtos africanos e o tráfico de escravizados trouxessem lucros para Portugal, o objetivo maior desse reino com as navegações pela África ainda era encontrar uma passagem marítima para o Oriente. Após várias tentativas dos navegadores, Bartolomeu Dias contornou, em 1488, o cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, e chegou ao oceano Índico. Os portugueses sabiam que tinham descoberto o caminho por onde chegariam às lucrativas especiarias.

A ROTA DO CABO

Em 1498, três embarcações sob o comando do português Vasco da Gama contornaram o cabo da Boa Esperança. Com informações obtidas de mercadores árabes em Melinde (no atual Quênia), navegaram até a cidade de Calicute, na Índia. Estava aberta a chamada Rota do Cabo.
Apesar do grande número de perdas humanas – estima-se que mais da metade da tripulação inicial tenha falecido durante a viagem –, Vasco da Gama foi saudado ao chegar de volta a Lisboa. Ele trazia muitas informações sobre o Oriente, além de grande quantidade de pimenta-do-reino, cuja venda gerou um lucro altíssimo para a Coroa. O uso da Rota do Cabo finalmente permitiu aos portugueses levar para a Europa as especiarias e os produtos de luxo do Oriente sem intermediários.
Em 1500, entusiasmado com os ganhos gerados pela viagem,
o rei português enviou à Índia uma grande frota, com 13 embarcações, comandada por Pedro Álvares Cabral. A frota de Cabral desviou-se do caminho planejado e chegou ao território que hoje corresponde ao sul do estado da Bahia, no Brasil.
Embora a terra alcançada fosse ocupada havia muito tempo pelos povos nativos desse continente, os navegadores tomaram posse do território em nome do rei de Portugal, registraram o fato e seguiram para a Índia, chegando a Calicute. Essa grande esquadra também levou muitas especiarias para Portugal, confirmando o sucesso da Rota do Cabo. A partir de então, além de enviar novas expedições mercantis ao Oriente, que atingiram lucros de até 6 000% por viagem, Portugal começou a organizar missões de reconhecimento da margem oeste do Atlântico.
Portugal, no entanto, não chegou a dominar a região. Ao longo do caminho marítimo para o Oriente, estabeleceram feitorias, que eram entrepostos comerciais que contavam com proteção militar. Nelas, as mercadorias eram armazenadas e depois levadas para a Europa. Portugal tornava-se assim o centro de um império gigantesco: o Império Ultramarino Português.

A expansão espanhola

A expansão marítima da Espanha teve início em 1492, depois de finalizada a centralização política. Na expectativa de encontrar um caminho para o Oriente, os reis espanhóis organizaram uma expedição, comandada por Cristóvão Colombo.
Diante do enfraquecimento das cidades da península Itálica e
das tentativas dos portugueses de chegar às Índias contornando a África, os reis católicos da Espanha financiaram navegadores que se dispusessem a buscar novas rotas para o comércio de especiarias e outros produtos. Um desses navegadores foi o genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que afirmava ser possível chegar às Índias navegando pelo oceano Atlântico sempre na direção oeste.
Diferentemente do que planejava, em 1492, ele não chegou ao Oriente, e sim ao continente mais tarde denominado América, onde encontrou habitantes diferentes daqueles que conhecia na Europa, a quem denominou índios, por acreditar que havia chegado às Índias. 
Colombo realizou mais três viagens às novas terras, que ele acreditava serem as Índias, por isso chamou de “índios” os diferentes povos daquela região. Nessa época os europeus chamavam de “Índias” todas as regiões localizadas no extremo Oriente, como Japão, China, Indonésia, Molucas e a própria Índia. 
Somente em 1501 reconheceu-se que aquele território correspondia a um continente entre Europa e Ásia. Foi o geógrafo florentino Américo Vespúcio quem provou que as terras visitadas por Colombo não eram as Índias. Em sua homenagem, essas terras receberam o nome de América.
Como a Coroa espanhola seguia empenhada em encontrar uma rota até as Índias pelo Ocidente, outras expedições foram organizadas. Em 1513, Vasco Nunes Balboa chegou ao Oceano Pacífico. Seis anos depois, em 1519, Fernão de Magalhães, navegante português a serviço da Coroa Espanhola, partiu em uma viagem de volta ao mundo. Completada em 1522, por Juan Sebastián Elcano, esta expedição foi importante, pois a conquista do Oceano Pacífico permitiu que os espanhóis atingissem o Oriente sem ter de contornar o continente africano. Assim, uma nova rota comercial foi aberta.

EXPLORANDO OUTROS OCEANOS

As expedições portuguesas e espanholas proporcionaram a descoberta de novas áreas para a extração de metais preciosos e de novos produtos, bem como a ampliação do comércio. Além disso, incentivaram outras monarquias europeias, como as da França e da Inglaterra, a investir na exploração de territórios além-mar.
Apesar da motivação inicial de encontrar novos caminhos para o Oriente, as viagens marítimas possibilitaram um maior conhecimento e a exploração de regiões em outros oceanos.
Com o estabelecimento da Rota do Cabo, as navegações pelo oceano Índico tiveram especial importância para o comércio entre Índia e Portugal, além de permitir a formação de colônias no Sudeste Asiático.
O oceano Pacífico, por sua vez, se destacou mais para os europeus a partir da viagem de Fernão de Magalhães, em 1520, financiada pela monarquia espanhola. No século XVI, os espanhóis estabeleceram importantes pontos comerciais no Pacífico, como o das Ilhas Filipinas.
Na segunda metade do século XVI, os ingleses também voltaram a atenção ao Pacífico. Como vimos, uma das principais formas pelas quais a Inglaterra atuou no contexto das expedições marítimas do período foi o financiamento de piratas e corsários.
Assim, a monarquia inglesa poderia interceptar e tomar para si metais preciosos e demais produtos obtidos pelas monarquias rivais. Entre 1577 e 1580, frotas inglesas lideradas por Francis Drake atravessaram o estreito de Magalhães – passagem navegável entre os oceanos Atlântico e Pacífico, nomeada em homenagem a Fernão de Magalhães – e atacaram as possessões espanholas no oeste do continente americano.
Os portugueses e espanhóis chegaram à China e ao Japão no decorrer do século XVI e, da mesma forma que no Atlântico, estabeleceram relações comerciais nesses lugares. Entre 1515 e 1560, por exemplo, Portugal obteve grande poder com o estabelecimento de feitorias e comércio (madeira, seda, especiarias), além de uma diocese, com o objetivo de expandir o cristianismo pela região.
Essa lógica foi semelhante à implementada nas regiões atlânticas para a expansão do comércio e da fé cristã. No entanto, os contatos dos portugueses nessas regiões não duraram como os domínios na América. No Japão, eles foram acusados de expandirem o cristianismo entre os japoneses com o objetivo de querer colonizar o Japão, situação que deveria ser combatida, segundo os governantes japoneses. Em 1639, os portugueses foram expulsos do Japão.

Portugal e Espanha dividem o mundo

As conquistas espanholas acirraram a rivalidade com os portugueses. Nesse contexto, foram feitas várias negociações diplomáticas entre ambos os governos.
Em 1493, através da Bula Inter Coetera, acordo intermediado pelo papa Alexandre VI, a Espanha garantiu a posse da América, e Portugal assegurou o domínio sobre a costa africana e a rota oriental, que contornava a África.

Os portugueses reiniciaram as negociações e, em 1494, assinaram o Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu uma linha imaginária a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Com esse tratado, Portugal garantiu a posse de quase todo o Atlântico Sul, o que facilitava a defesa da rota oriental e parte da América.

INGLATERRA E FRANÇA NA DISPUTA COLONIAL

Embora não dispusessem de uma frota tão poderosa quanto a portuguesa e a espanhola na virada do século XV para o XVI, França e Inglaterra também tinham interesse em lucrar com a exploração e o comércio de produtos de outros continentes.
Ambos os países haviam saído recentemente de disputas pelo trono e, à medida que as monarquias se consolidavam e ganhavam mais poder, cresciam as condições de seguir os passos de Portugal e da Espanha, ignorando a divisão das terras do continente americano estabelecida por esses países em 1494, no Tratado de Tordesilhas. As notícias de descoberta de prata no território que hoje corresponde ao Peru e à Bolívia e também de ouro na região do atual México aumentaram ainda mais o desejo das monarquias francesa e inglesa de entrar na corrida colonial.
Em 1497, menos de um ano antes da chegada de Vasco da Gama a Calicute, o navegador veneziano Giovanni Caboto comandou uma frota inglesa com destino às Índias. Tal como Colombo, ele tentou encontrar uma rota seguindo para o oeste, mas navegando pelo norte do oceano Atlântico. Assim, Caboto chegou ao litoral do atual Canadá, provavelmente à ilha de Terra Nova. Os ingleses financiaram outras expedições de reconhecimento em seguida, mas só iniciaram a colonização desse território no final do século XVI e o comércio regular com as Índias Orientais em 1600.
Nesse meio-tempo, os navios ingleses, cada vez mais numerosos, atuaram principalmente no saque de embarcações espanholas.
Os franceses, por sua vez, chegaram ao continente americano em 1534. Em busca de uma rota para as Índias, a expedição liderada por Jacques Cartier chegou ao rio São Lourenço, no atual Canadá. Em sua terceira viagem, em 1541, Cartier fundou uma colônia onde atualmente fica a província canadense de Quebec.
No entanto, essa colônia não resistiu por muito tempo por causa do clima muito frio e dos ataques de povos indígenas que viviam no local. Apenas no século seguinte os franceses colonizariam com sucesso regiões nos atuais Canadá e Estados Unidos.
Ainda no século XV, piratas franceses promoveram diversos ataques às embarcações portuguesas e espanholas. No litoral
da América do Sul, na área onde atualmente fica o Brasil, saquearam cargas de pau-brasil e tentaram fundar colônias na baía de Guanabara (atual estado do Rio de Janeiro), entre 1555 e 1567, e na ilha em que hoje se localiza São Luís, capital do Maranhão, entre 1612 e 1615. Nas duas tentativas, foram derrotados pelos portugueses.

AS COMPANHIAS DE COMÉRCIO

O interesse dos europeus por especiarias e produtos do Oriente e da América preocupava os pioneiros no comércio marítimo. A exploração desse comércio era uma empreitada cara e, caso houvesse concorrência e aumento da procura, os preços de compra subiriam e os de venda cairiam, reduzindo o lucro nos negócios.
Por isso, os mercadores passaram a se associar em companhias de comércio para dividir os investimentos nos novos negócios. Eles reuniam recursos financeiros, construíam, compravam ou alugavam embarcações e contratavam pessoas para realizar as viagens e negociar as mercadorias. A principal característica dessas companhias era o monopólio comercial concedido pelo Estado, isto é, o direito exclusivo de comercializar determinados produtos ou de atuar em regiões específicas. A ideia dos governantes era garantir os lucros dos comerciantes, incentivando-os a ampliar os investimentos.
As companhias de comércio negociavam nas colônias produtos europeus tradicionais, como pescados, tecidos e vinho, e voltavam com mercadorias que eram raras e caras na Europa, como o cacau, o café, o chá e o tabaco.
Essas empresas também recebiam autorização do Estado para instalar povoamentos e fortificações nas regiões colonizadas e desenvolver o cultivo de produtos valorizados na Europa.
Algumas delas tinham poderes especiais, como fazer acordos diplomáticos com governantes e chefes locais, cunhar moedas e guerrear contra potências concorrentes e povos nativos que se opusessem à colonização.

OS DESDOBRAMENTOS DA EXPANSÃO ULTRAMARINA

A expansão marítima e comercial é um marco na história da humanidade. Ela permitiu o contato entre povos de diferentes continentes e estabeleceu um intenso intercâmbio de mercadorias, conhecimentos tecnológicos, hábitos e costumes de diversas culturas.
Para os europeus, a circulação de pessoas e produtos, até então restrita ao Mediterrâneo, deslocou-se para o Atlântico, e o sistema comercial da Europa integrou-se à África, à Ásia e à América. Além disso, possibilitou a formação de grandes impérios coloniais, resultado do processo de colonização, isto é, de ocupação, exploração e dominação de um ou mais Estados sobre outras regiões do mundo.
Espanhóis e portugueses estabeleceram domínios coloniais em regiões da América, do oceano Índico (como em Goa, hoje território indiano), do oceano Pacífico (como na região da Indonésia), e do mar da China (em Macau, hoje território chinês).
No século XVI, Inglaterra, França e Holanda também entraram na disputa por territórios e pelo controle do comércio marítimo. As principais colônias da Inglaterra situavam-se na América do Norte.
Os holandeses invadiram algumas colônias portuguesas no Oriente e ocuparam, durante 24 anos, parte do atual Nordeste brasileiro.
Os franceses colonizaram parte do atual Canadá, fundaram uma colônia no norte da América do Sul (a Guiana Francesa) e instalaram-se também nas Antilhas. Em 1555, tentaram estabelecer-se na região da baía de Guanabara, no atual estado do Rio de Janeiro, mas foram expulsos pelos portugueses.

As expansões inglesas, francesas e holandesas

Ingleses, franceses e holandeses também queriam participar das rotas comerciais alternativas inauguradas na Expansão Marítima. Chegar ao Oriente era um dos grandes objetivos, para isso buscaram diferentes caminhos. A Inglaterra e a França iniciaram suas navegações após Portugal e Espanha. O objetivo desses países era atingir o Oriente por uma passagem a noroeste da América.
O navegador Francis Drake foi o primeiro inglês a completar a viagem de circum-navegação do mundo, em 1580. Os ingleses tentaram fundar a primeira colônia inglesa na América do Norte (Carolina do Norte), em 1585, mas não obtiveram êxito. Já os franceses tomaram posse, em 1534, de regiões dos atuais Canadá e Estados Unidos e, em 1608, fundaram a cidade de Quebec, dando início à colonização do Canadá.
A Holanda foi o país que iniciou mais tarde suas navegações,
somente no final do século XVI. Mesmo assim, em apenas algumas décadas, os holandeses conquistaram territórios nos diferentes continentes. Ilhas Molucas, Java e Ceilão na Ásia; a região do Cabo, na África; Nova Amsterdã (atual Nova York), na América do Norte; Antilhas, na América Central; e o nordeste do Brasil, na América do Sul, por cerca de trinta anos.

A resistência ao domínio europeu no Oriente

A expansão colonial europeia teve grande impacto em muitos povos que viviam nos territórios conquistados. Para eles, as conquistas ultramarinas significaram violência, escravidão e intolerância. Uma vez integradas ao comércio global, as regiões colonizadas não podiam se desenvolver livremente, pois eram direcionadas a produzir somente o que interessava às metrópoles e sob condições impostas por elas.
Diante das guerras de conquista e das relações de exploração colonial, focos de resistência se insurgiram contra a presença europeia em regiões do Oriente. Na China, por exemplo, os portugueses tentaram se impor militarmente, conquistando entrepostos comerciais em 1521. Porém, forças chinesas destruíram embarcações portuguesas e se apropriaram de tecnologias militares, como canhões e armas de fogo.
Nas décadas seguintes, soldados portugueses fizeram novas investidas em território chinês e foram novamente derrotados. O governo chinês então proibiu a entrada de europeus em seus territórios e determinou a execução de muitos soldados capturados.
Foi apenas no final da década de 1550 que Portugal conseguiu negociar pacificamente a criação de um entreposto comercial em Macau, território no extremo sul da China.
O entreposto instalado em Macau cumpriu papel importante na organização do comércio português com o Japão durante o século XVI. No início do século XVII, contudo, ocorreu uma forte reação japonesa. O envio de missionários católicos para o Japão desagradou setores das elites locais, que iniciaram uma perseguição aos religiosos e promoveram a expulsão dos portugueses de seus portos.
Na metade do século XVII, apenas o porto da cidade japonesa de Nagasaki permitia a presença de comerciantes holandeses. O Japão permaneceu quase totalmente fechado ao Ocidente até o século XIX.









Renascimento urbano e comercial

Começa no século XI, no período conhecido como baixa Idade Média. O aumento da população, o desenvolvimento do comércio e das cidades e a ausência dos senhores feudais em virtude das Cruzadas provocam o enfraquecimento dos feudos e o crescimento do poder dos reis. Surgem as monarquias feudais de caráter nacional, multiplicam-se as guerras e ocorrem epidemias e surtos de fome.
Ganha impulso com a evolução dos transportes, o incremento das manufaturas, o aumento da produção de metais e a criação de uma economia monetária. A partir do século XI, aumenta o número de mercadores que realizam o comércio a longa distância entre os territórios da Europa Central, a Escandinávia e o Oriente. O transporte naval ganha impulso com a construção de caravelas, permitindo a navegação em alto-mar. Para proteger as caravanas, são construídas praças fortificadas, ou burgos. Eles se multiplicam nas rotas de comércio e próximo aos castelos feudais.

A Expansão Ultramarina Europeia

Várias foram as circunstâncias que determinaram a necessidade de a Europa expandir-se: os efeitos da crise dos séculos XIV e XV, o desejo da burguesia comercial em aumentar seu poder econômico, a centralização política que se deu na Baixa Idade Média, os avanços tecnológicos e, principalmente, a ambição das nações europeias em participar do lucrativo comércio oriental.
Portugal e Espanha foram os pioneiros da expansão ultramarina européia do século XV, e isso decorreu do fato de terem se constituído precocemente em estados centralizados.
Os portugueses dirigiram seus esforços expansionistas para o Atlântico Sul. Passo a passo os portugueses foram contornando a África, estabelecendo feitorias e fortificações militares por toda a costa africana. Finalmente, em 1498, Vasco da Gama desembarcou em Calicute, na Índia, passando Portugal a deter o controle sobre o comércio das mercadorias orientais. Dois anos depois, em 1500, Pedro Álvares Cabral e sua esquadra chegavam ao Brasil.
Uma vez unificada, a Espanha iniciou se processo expansionista. Patrocinando a viagem do genovês Cristóvão Colombo. O navegador italiano pretendia atingir o Oriente navegando para o Ocidente (defendia a esfericidade da terra). No dia 12 de outubro de 1492, chegou as Antilhas, na América, convencido, porém, de que alcançara as Índias. A conclusão de que as terras que Colombo descobrira eram um novo continente só veio em seguida, a partir dos estudos do cartógrafo Américo Vespúcio, cujo nome serviu para batizar as novas terras: América.
Portugal e Espanha dividiram o mundo entre si por meio do Tratado de Tordesilhas. Ocupadas com guerras, Inglaterra, França e Holanda lançaram-se as grandes navegações bem mais tarde; de início com atos de pirataria.

“Descobrimento do Brasil”

Há cinco séculos, no início de março de 1500, partiu de Lisboa, a principal cidade do Reino português, uma expedição de treze navios. Ia em direção a Calicute, nas Índias.
Era a maior e mais poderosa esquadra que saía de Portugal. Dela faziam parte mil e duzentos homens: famosos e experientes navegadores e marinheiros desconhecidos. Eram nobres e plebeus, mercadores e religiosos, degredados e grumetes. Parecia que todos os portugueses estavam nas embarcações que enfrentariam, mais uma vez, o Mar Tenebroso, como era conhecido o Oceano Atlântico.
A expedição dava prosseguimento às navegações portuguesas. Uma aventura que, no século XV, distinguira Portugal, por mobilizar muitos homens, exigir inúmeros conhecimentos técnicos e requerer infindáveis recursos financeiros. Homens, técnicas e capitais em tão grande quantidade que somente a Coroa, isto é, o governo do Reino português, possuía condições de reunir ou conseguir. Uma aventura que abria a possibilidade de obter riquezas: marfim, terras, cereais, produtos tintoriais, tecidos de luxo, especiarias e escravos. Uma aventura que também permitia a propagação da fé cristã, convertendo pagãos e combatendo infiéis. Uma aventura marítima que atraía e, ao mesmo tempo, enchia de medo, tanto os que seguiam nos navios, quanto os que permaneciam em terra.
O rei Dom Manuel I, que a seu nome acrescentara o título de "O Venturoso", confiou o comando da esquadra a Pedro Álvares Cabral. Dom Manuel esperava concluir tratados comerciais com o governante de Calicute, o samorim, para ter, com exclusividade, acesso aos produtos orientais. Sua intenção era, também, que fossem criadas condições favoráveis à pregação da religião cristã, por missionários franciscanos. A missão da frota de Cabral reafirmava, assim, os dois sentidos orientadores da aventura das navegações portuguesas: o mercantil e o religioso.
E, ao que parece, Dom Manuel esperava ainda, com essa expedição, consolidar o monopólio do Reino sobre a Rota do Cabo, o caminho inteiramente marítimo até as Índias, aberto por Vasco da Gama, em 1498. Era preciso garantir a posse daquelas terras do litoral atlântico da América do Sul. Terras que, de direito, pertenciam a Portugal, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494.
Quarenta e cinco dias após a partida, na tarde de 22 de abril de 1500, um grande monte "mui alto e redondo" foi avistado e, logo em seguida, "terra chã com grandes arvoredos", chamada de Ilha de Vera Cruz pelo Capitão, conforme o relato do escrivão Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal.
Em Vera Cruz os portugueses permaneceram alguns dias, entrando em contato com seus habitantes. Em 26 de abril, frei Henrique de Coimbra, o chefe dos franciscanos, celebrou uma missa observada, a distância, por homens "pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos, andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma coisa cobrir, nem mostrar suas vergonhas, e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto", na descrição de Caminha.
Os portugueses não puderam com eles conversar, porque nem mesmo o judeu Gaspar - o intérprete da frota - conhecia a língua que falavam. Neste momento de encontro, conhecido pelo nome de Descobrimento, a comunicação entre as culturas europeia e ameríndia tornou-se possível, somente, por meio de gestos. Duas culturas apenas se tocavam, abrindo margem às interpretações que ressaltavam as diferenças entre elas. Assim, quando um dos nativos "fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar", Caminha concluiu que era "como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra".

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O MUNDO MULTIPOLAR

 Na última década do século XX, o mundo bipolar, característico do antagonismo global entre EUA e URSS, foi substituído por uma nova ordem mundial, em que o confronto entre sistemas capitalista e socialista cedeu lugar à disputa dentro do próprio capitalismo. Essa disputa vem se desenvolvendo por meio da formação de blocos regionais de poder político e econômico.

Embora os EUA tenham emergido da Guerra Fria como única superpotência mundial, e ainda possuam a maior economia e o maior poder militar do globo, sua autoridade política no mundo está em declínio. Além disso, outras nações se desenvolveram de forma acelerada, como Japão, Alemanha, França e Inglaterra, passando de países dependentes a concorrentes dos EUA. Nessa nova conjuntura de distribuição do poder econômico, destacam-se três polos: o americano, liderado pelos EUA; o europeu, constituído pelos países da União Europeia; e o oriental, cujo centro é o Japão. Essa nova configuração do poder é conhecida como mundo multipolar.

A formação dos polos econômicos

A formação de diferentes blocos econômicos ocorreu por meio de tratados e acordos oficiais entre os governos ou de maneira informal, ou seja, não institucional. A finalidade de um bloco econômico é ampliar e facilitar as trocas comerciais entre os países-membros. Os meios para atingir esses objetivos implicam na regulação ou eliminação de tarefas alfandegárias e das taxas de impostos sobre os bens e serviços negociados, além da adoção de uma política que visa a solução comum para eventuais problemas comerciais que podem ocorrer entre os países de determinado bloco.
O mais antigo e bem estruturado bloco econômico formou-se na Europa Ocidental, ainda no período da Guerra Fria. A União Europeia, como é chamado esse bloco, começou a se formar logo após a Segunda Guerra Mundial. No início, limitava-se a um setor econômico, formando a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Ceca). Depois, sua expansão abrangeu toda a economia dos países-membros, surgindo a Comunidade Econômica Europeia (CEE) com a assinatura do Tratado de Roma, em 1957. Nessa época, seis países faziam parte da organização, que ao longo do tempo foi ampliada, recebendo a adesão de outros países europeus.
Em fins 1991, esses países assinaram o Tratado de Maastricht, mudando o nome da CEE para União Europeia (EU). O tratado também estabelecia a adoção de uma moeda única, o Euro, que passou a vigorar a partir de 2002 na maioria dos países, com exceção do Reino Unido, Dinamarca e Suécia. Para o controle cambial da nova moeda, foi criado o Banco Central Europeu, sediado em Frankfurt, na Alemanha.
A integração dos países europeus continua ocorrendo de forma progressiva, com a criação de uma legislação social e ambiental comum, assim como um sistema de defesa unificado. O órgão político de maior autoridade da União Europeia é o Parlamento Europeu, no qual são tomadas as decisões que afetam os países-membros.

Outros blocos econômicos

Além da União Europeia, existem outros blocos econômicos criados mais recentemente. Veja a seguir alguns deles.
Acordo Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), formado em 1922 por EUA, Canadá e México. Com esse acordo, entre outros objetivos, esses países se comprometeram a derrubar barreiras alfandegárias e ampliar as exportações e as prestações de serviço entre si.
Mercado Comum do Sul (Mercosul), união aduaneira entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, criada em 1991, que posteriormente teve a adesão de outros países na condição de associados, como Chile, Bolívia e Venezuela.
Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), criado em 1989. Na região conhecida como bacia do Pacífico, está localizado um dos mais dinâmicos polos da economia capitalista. Composta por mais de vinte países da Ásia, Oceania e América, esse bloco econômico é liderado pelo Japão, embora sua hegemonia seja ameaçada pela participação de países como EUA e China. O bloco asiático não se constitui como um processo de integração institucionalizado, tal como a União Europeia, mas sim um conjunto de economias articuladas que tendem a ser complementares.

A globalização

De maneira geral, a globalização designa a crescente integração e interdependência da economia mundial, que se manifesta na expansão das transações comerciai, no rápido avanço tecnológico dos meios de comunicação e de transporte, e também na disseminação em escala planetária dos valores morais e políticos originários do mundo ocidental. Assim, a globalização pode ser definida como o aceleramento da formação de um sistema mundial cada vez mais integrado nos níveis da produção (de mercadorias, de serviços e de conhecimento), da comercialização e das transações financeiras.
A globalização não é um fenômeno recente, mas seu desenvolvimento se acelerou no início da década de 1990. Seu estágio atual pode ser caracterizado pelo aumento vertiginoso dos fluxos de rocas de mercadorias, capital e serviços entre as nações e entre os blocos econômicos.
Embora possa parecer, a globalização não criou uma mundialização homogênea da vida econômica e social, pois ela é seletiva e visa integração apenas de algumas regiões, atividades econômicas e grupos sociais, enquanto exclui a maioria da população mundial, deixando-as às margens do sistema. Isso causa uma grande concentração de riquezas, aumentando as desigualdades entre os Estados. Enquanto no Japão, por exemplo, muitos têm acesso a aparelhos de última geração, na Índia, grade parte da população vive sem fazer o uso dessas novas tecnologias.

CONFLITOS RECENTES NO MUNDO

A configuração do mundo multipolar na eliminou as enormes desigualdades sociais e econômicas entre os países, nem as que existem no interior deles. Além disso, por todo o mundo, vêm ocorrendo conflitos pela autonomia política e também de ordem étnica e religiosa. Veja.

Conflitos na Caxemira

No território da Caxemira, na Índia, vários grupos étnicos mulçumanos lutam pelo reconhecimento de suas nacionalidades, geralmente por meios pacíficos. Outros, entretanto, recorrem ao terrorismo a fim de transformar a Caxemira em um Estado independente, governado sob leis islâmicas.
Alguns desses grupos terroristas são acusados pelo governo indiano de receberem apoio do governo paquistanês, que é um tradicional aliado dos EUA. Por causa dessas acusações, a Índia e o Paquistão enfrentam conflitos diplomáticos, o que preocupa a comunidade internacional, já que ambos possuem arsenal atômico. Além disso, a Caxemira transformou-se em rota de tráfico de armas, que chegam a diversos grupos terroristas do Oriente Médio.

Tensões entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte

Desde o final da Guerra da Coreia, em 1953, permanece uma tensão entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. A violência dessa guerra, que possuía caráter ideológico (capitalistas contra socialistas), gerou grandes empecilhos para que as duas nações convivessem pacificamente. Atualmente, a Coreia do Sul, capitalista, é um grande polo industrial e tecnológico da região, aliado ao capital do Japão e dos EUA.
A Coreia do Norte, por sua vez, é um país socialista que desenvolve um programa nuclear, causando preocupações em outras nações, principalmente em seus vizinhos japoneses e sul-coreanos. Os testes nucleares realizados em 2006 e em 2009 foram repudiados pelo governo de vários países, que temem a retomada da guerra entre as duas nações rivais. Apesar disso, tentativas de negociar a paz entre as duas Coreias vêm sendo promovidas pela comunidade internacional.

Lutas pela independência do Tibete

O Tibete foi anexado pela China em 1951, tornando-se um Estado nominalmente autônomo, mas governado pelos chineses. A partir de então, o governo socialista chinês passou a enfrentar vários grupos tibetanos, como proprietários de terra, que lutavam contra a desapropriação e coletivização de suas terras. Em 1959, um levante de tibetanos contra o governo chinês foi duramente reprimido, deixando milhares de mortos.
Nessa época, grupos de chineses radicais realizaram um “genocídio cultural”, destruindo templos e monastérios budistas do Tibete. Atualmente, muitos tibetanos têm reivindicado a independência de seu país de forma pacífica, acusando a China de cometer atos violentos contra seu povo. Um deles é Tenzi Gyatso, o Dalai Lama, monge budista que é herdeiro do trono do Tibete.

Conflitos étnicos em Ruanda

Tutsis e hutus são dois grupos étnicos, culturalmente semelhantes, que habitam a África Central. Em Ruanda, essas duas etnias entraram em conflito por causa da segregação implantada pelo governo colonial belga, no início do século XX. Nessa época, os tutsis foram escolhidos pelos colonizadores para comporem a elite governamental, relegando os hutus à servidão.
Em 1959, os hutus iniciaram um levante popular, que derrubou a aristocracia tutsi para, em 1962, proclamar a independência do país. Diante disso, milhares de tutsis se refugiaram na República Democrática do Congo e em outros países da região. A minoria tutsi de Ruanda passou a ser cada vez mais hostilizada, até que uma guerra civil eclodiu no início da década de 199. Em 1994, hutus radicais assassinaram cerca de 800 mil pessoas, entre hutus moderados e tutsis. Depois de muitos massacres e migrações forçadas, o poder central foi tomado por um grupo paramilitar tutsi – a Frente Patriótica Ruandesa. Atualmente, Ruanda é uma democracia multipartidária, governada por uma coalizão de ambas as etnias que tenta reorganizar o país.

Grupos paramilitares na Colômbia


A Colômbia é uma das regiões mais tensas da América do Sul, onde atuam grupos paramilitares como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), de orientação socialista. Fundada na década de 1960, as FARC vêm disputando o poder político da Colômbia desde então com o apoio de parte da comunidade rural.
As FARC dominam várias regiões da floresta amazônica, entrando em constantes choques com o exército colombiano e com outros grupos paramilitares. A situação no país é agravada pela forte influência de narcotraficantes e pelos interesses estratégicos dos EUA, que têm buscado aumentar sua influência militar na região.

Movimento libertário no México

Em 1994, formou-se no estado mexicano de Chiapas o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), formado por mexicanos excluídos da sociedade, principalmente indígenas. De ideologia libertária e anticapitalista, o movimento critica a situação dos indígenas e exige maior participação política para o povo mexicano.
No ano da sua formação, o EZLN lutou contra o exército mexicano e conquistou a autonomia para os indígenas mexicanos. Atualmente, o grupo atua pacificamente, percorrendo todo o país, a fim de divulgar os problemas do povo e reivindicar o respeito aos direitos dos indígenas.

Guerras nos Bálcãs

A Iugoslávia era habitada por povos de várias etnias que viviam espalhadas pelas diversas repúblicas que formavam esse país, o qual também abrigava três religiões (católica, cristã-ortodoxa e mulçumana). Toda essa multiplicidade de povos e culturas se manteve unida enquanto durou o regime centralizado pelo Partido Comunista, mas, com a crise dos regimes socialistas no Leste Europeu, os sentimentos nacionalistas e separatistas desses povos foram despertados.
Em 1991 começou a desagregação do país, mesmo com a oposição da Sérvia, que desejava manter a Iugoslávia unida e sob a sua direção. Em 1992, as lideranças muçulmanas e croatas da Bósnia-Herzegóvina declararam sua independência. No entanto, nessa república havia uma importante minoria sérvia (31,4%) que, contando com apoio iugoslavo, formou milícias para combater os mulçumanos e croatas.
Teve início, então, uma sangrenta guerra civil em que morreram cerca de 300 mil pessoas em combates e em práticas de limpeza étnica,, realizadas principalmente pelos bósnio-sérvios. Com a intervenção de forças da ONU, em 1995, um acordo de paz foi firmado, e a Bósnia-Herzegóvina se tornou independente, mas dividida em duas repúblicas autônomas: uma para os muçulmanos e croatas, e outra para os sérvios-bósnios.
Em 1998, surgiu novo conflito, dessa vez na província sérvia de Kosovo. A Iugoslávia, que a essa altura contava apenas com as repúblicas da Sérvia e Montenegro, tentou reprimir o movimento separatista dos albaneses mulçumanos, a maioria da população do Kosovo. A guerra acabou com o bombardeio da Sérvia pelas forças da OTAN lideradas pelos EUA, 1999. Com o fim da ocupação pela OTAN, kosovo ficou sob a tutela da ONU, declarando sua independência em 2008.

Disputas no Cáucaso

Desde o início dos anos 1990,ocorreram conflitos na região do Cáucaso envolvendo grupos étnicos que, com a extinção da URSS, passaram a exigir o reconhecimento de suas nacionalidades e a formação de repúblicas independentes. Isso vem ocorrendo na Geórgia, república independente que fazia parte da antiga URSS. No território georgiano, etnias da Ossétia do Sul e da Abkházia lutam pela sua independência, com o apoio do governo da Rússia.
Em 2008, o exército russo interveio em defesa dos interesses separatistas dos ossetas que habitam a Ossétia do Sul. Iniciou-se, então, uma guerra entre a Geórgia e a Rússia, que resultou na morte de centenas de pessoas. As montanhas do Cáucaso continuam sendo palco de conflitos entre grupos separatistas, inclusive no território russo, onde a etnia dos chechenos luta pela formação da República da Chechênia.

Produção de energia no Brasil

Movimentar máquinas, cargas e pessoas por longas distâncias demanda muita energia. No Brasil, usam-se combustíveis derivados de fontes não r...